Capitulo 56
A Última Rosa -- Capítulo 56
Michelle ficou paralisada por um bom tempo, os olhares de ambas fixos uma na outra. A boca da mulher se abriu deixando escapar um som rouco, um gemido que soou como um desespero.
-- Você?-- Michelle sussurrou, sua atenção estava toda concentrada na mulher, imóvel na cama -- Pensei que estivesse morta.
Augusta gem*u de dor ao se ajeitar na cama.
-- Por favor, Michelle. Não conte a ninguém que eu estou aqui -- Augusta praticamente implorou.
-- O que aconteceu?
Com os olhos cansados pela falta de sono, Augusta olhou para cima e a fitou. Atordoada e lutando contra o medo, ela começou a tentar se erguer.
Michelle imediatamente a acomodou de volta nos travesseiros.
-- Você não está bem, quer que eu chame uma enfermeira?
Cerrando as pálpebras com força, a médica lutou para manter a compostura, sabendo que aquela conversa seria muito difícil. Sua voz era fraca quando abriu a boca para falar mais uma vez.
-- Eu só quero que pegue um analgésico que está sobre aquela mesinha.
Michelle fez o que ela pediu, pegou o comprimido, um copo d'água e entregou para ela. Disfarçando, para que Augusta não percebesse, ela pegou o celular na bolsa e depositou-o cuidadosamente em cima de uma cadeira, ao lado da cama.
-- Maicon me disse que matou você, inclusive, a polícia está procurando pelo seu corpo -- começou Michelle, mas a outra mulher a cortou com apenas um olhar. E um olhar, que ela percebeu à primeira vista, arrogante.
-- Ele tentou, mas como você deve ter percebido, não conseguiu.
Augusta tinha uma expressão impassível, mas os olhos estavam repletos de emoção.
-- Você me prometeu que contaria a verdade para o delegado, então, porque fugiu? Você está mancomunada com o Maicon?
-- Eu estou tão arrependida, meu Deus, como eu estou arrependida -- ela colocou dois comprimidos na palma da mão. Pôs as pílulas na boca, pegou o copo cheio de água e bebeu -- Eu vejo a Marcela o tempo todo, em todo lugar. Ficarei maluca!
Dessa vez, Michelle foi capaz de ler a expressão no rosto da mulher com extrema facilidade: Dor.
"Não tem prisão maior que uma consciência pesada". Pensou, Michelle.
-- Pensei que você amasse a Marcela.
-- Eu amava, mas tudo tem um limite. Marcela amava demais a Jessica, a cada dia que passava, tornava-se mais difícil suportar aquela obsessão.
-- Então, contratou o Maicon para matá-la.
-- Não! -- ela negou veementemente -- O encontro com o Maicon foi uma grande coincidência. Os nossos motivos eram diferentes, mas no fim, o objetivo era o mesmo.
-- Você precisa depor, Augusta. Se não fizer isso, Maicon em breve vai ser colocado em liberdade e virá atrás de você -- Michelle esfregou os braços e olhou fixamente para ela -- Você nunca mais terá uma vida.
-- Eu vou depor, juro -- Augusta ergueu a mão e passou pelo rosto molhado -- No dia que você me procurou no consultório e ameaçou me denunciar por tentativa de assassinato, eu já estava decidida a confessar tudo.
-- Então, porque não foi?
-- Maicon me impediu, ele me agrediu violentamente -- o músculo contraído no rosto dela mostrava claramente que sentia dor -- Estava desacordada quando ele me colocou dentro do carro e jogou no rio.
-- Meu Deus! Como você conseguiu escapar?
-- Por sorte, um pescador que praticava pesca submarina assistiu a tudo, me tirou do carro e me trouxe para o hospital. Fui atendida por amigos, pedi sigilo e eles me atenderam.
-- Por isso está neste lugar isolado.
-- Exatamente.
Michelle estava tão ansiosa, tão animada, que queria resolver tudo naquele exato momento.
-- Vou chamar o delegado.
-- Estou muito cansada, Michelle. Por favor, vamos deixar para quando eu estiver melhor -- ela esboçou um sorriso triste e percorreu as mãos pelo cabelo despenteado -- Mal posso me virar na cama devido às costelas fraturadas. Não quero me apresentar nesse estado.
-- Sim, claro -- Michelle deu-lhe uma palmadinha de leve na mão -- Mas não fuja, eu lhe peço. Não estrague de vez a sua vida.
-- Na verdade, você está preocupada com a Jessica e não comigo -- Augusta esboçou um sorriso triste -- Jessica, sempre Jessica.
-- Eu só quero o bem dela. A minha felicidade é ver ela feliz! Isso se chama amor, doutora.
Jessica caminhava pelo corredor do hospital com seu passo rápido e silencioso, enquanto um funcionário da empresa de segurança a seguia de perto.
-- Que absurdo! -- reclamou zangada -- Até parece que sou uma criminosa. Você sabe quem eu sou?
-- Não -- o segurança respondeu com pouco interesse em conversar.
-- Eu sou a Jessica Parker.
Ele sacudiu os ombros.
-- Parente do Homem Aranha? -- ele franziu as sobrancelhas.
Jessica bufou, irritada.
-- Você é um ridículo.
-- Não sei quem você é, mas sei quem são os seus amigos. Recebi uma denuncia de que está havendo uma festa no quarto 202. O mesmo quarto que a senhora quer visitar.
-- Nossa, não faço a mínima ideia sobre isto. Gente abusada! -- Jessica parou diante da porta fechada do quarto 202. Lá dentro o silêncio era completo. E esse silêncio a perturbou. Não era normal.
-- Por favor, Deus, que eles não tenham destruído o quarto. Se esse vigilante chamar a minha atenção mais uma vez, dou uma voadora no saco dele -- murmurou e colocou embaixo do braço os papéis que levava para Michelle assinar. Inclinando-se, escutou atentamente. Então, ouviu a voz melosa do Pepe, depois, o som de um secador de cabelo. E por último, um "gostosa", dito em coro. Gostosa?
Aquilo era muito estranho. Jessica abriu a porta. Os cinco estavam em pé ao redor da cama, com os olhos fixos em Inês.
-- O que significa isso? -- ela olhou para Pepe, depois para Inês.
-- Dia da beleza! -- o rapaz mal pode conter a euforia -- Tia Inês estava tão acabadinha, coitada. Então resolvemos dar uma melhorada nela, tipo assim," Lata Velha". Loucura, loucura.
-- Pepe!
-- Desculpa, tia. Sabe que eu a amo demais né, a senhora não tem um coração, tem um potinho de Nutella no lugar, de tão doce que é! Mas a senhora parecia o Wesley Safadão.
-- Pessoal, vamos sair -- disse o segurança -- Apenas uma pessoa por vez no quarto.
-- Ah, não! A francesinha da tia ficou pela metade. Ainda falta a mão esquerda.
-- Saindo, saindo -- o homem foi empurrando.
-- Que cara mais grosso! -- reclamou Valquíria.
Jessica sentou-se na cama e colocou os papéis sobre a mesinha de cabeceira.
-- O médico já vem dar alta para a senhora. Muito ansiosa?
-- Não sou o tipo de mulher que fica de molho por causa de qualquer doença. Quero ir para casa e assumir o meu lugar de chefona -- ela deu uma gargalhada -- Pelo menos em minha cozinha.
-- A senhora vai ter que esperar um pouquinho antes de voltar para casa. Não vou deixá-la sob os cuidados de empregados, somos a sua família e uma família de verdade cuida um do outro.
Inês envolveu as mãos da sobrinha com as dela e balançou a cabeça emocionada.
-- Você é uma menina de ouro Jessica, Michelle tem muita sorte por tê-la. Ela deve segurá-la com força e nunca mais soltar.
-- Espero que sim, tia.
Uma batida suave na porta interrompeu a conversa. Sem esperar pela resposta, o cardiologista entrou. Era um homem alto, por volta dos trinta anos e de cabelos escassos.
-- Bom dia, dona Inês. Como está se sentindo essa manhã? -- ele sentou-se em uma das cadeiras perto da cama com uma prancheta sobre a perna.
-- Estou me sentindo muito bem, doutor.
Ele passou os olhos pela ficha dela e sorriu levemente.
-- Muito bem -- ele se virou para Jessica -- Ela está se recuperando magnificamente. Não há motivo para continuar aqui. Pode ir para casa, nada melhor que o ambiente familiar.
-- Obrigada -- disse Inês, animada.
Jessica agradeceu ao médico, que sorriu para ela com simpatia. Depois disso ele saiu do quarto.
-- Está pronta para irmos embora, titia?
-- Sim, estou pronta.
-- Já volto -- Jessica deu um sorriso carinhoso à ela e saiu buscar uma cadeira de rodas. Quando já estavam no corredor, perguntou à tia: -- A senhora sabe onde está a Michelle?
Michelle caminhava rapidamente pelo corredor em direção ao quarto em que Inês estava quando deu de cara com o segurança do hospital. Parou com um sorriso formal no rosto, esperando que ele passasse. Em vez disso, ele parou e ficou observando-a com aquele seu olhar sério.
-- Posso saber para onde a senhora está indo?
-- Ao quarto 202.
Ele balançou o dedo indicador e sorriu ironicamente.
-- Na na ni na não.
Enquanto isso na recepção...
-- O filme que eu mais me identifico é "Meu nome não é Johnny".
-- Você se identifica com o filme porque também teve problemas com drogas?
-- Não! É porque realmente meu nome não é Johnny.
-- Hãn.
-- Chega! -- Valquíria perdeu a paciência -- Cara, vocês falam demais!
-- Não fala assim comigo, se não eu volto para o armário, tranco a porta com cadeado e não saio nunca mais!
-- Pois faça isso.
-- Que toda sua maldade vire gordura, demônia.
-- Idiota! -- Valquíria levantou a mão para batê-lo, mas parou no meio do tapa ao ver a amiga entrar na recepção.
-- Inferno! -- Michelle resmungou, muito irritada.
-- O que foi meu doce? -- perguntou Pepe, passando o dedo mindinho sobre a sobrancelha.
-- Aquele segurança mequetrefe me impediu de voltar para o quarto da dona Inês.
-- Hum, ele fez bem pior com a gente, o vassourinha chegou no quarto e varreu a gente de lá.
-- Praticamente à ponta pé, né Pepe -- Valquíria inflou o peito, indignada.
-- Eu preciso encontrar a Jessica urgentemente -- disse Michelle, virando-se para o corredor.
-- Para quê? -- indagou Pepe, curiosamente.
-- Nada não, besteira -- Pepe podia ser um grande amigo, mas por garantia não contaria nada a ele.
-- Se é assim... -- ele fez sinal com o dedo para uma cadeira vazia ao lado de Valquíria -- Senta e aguarda, elas já devem estar saindo.
Michelle sentou-se na beira da cadeira com uma certa hesitação. Precisava impedir a todo custo que Augusta fugisse novamente.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
NovaAqui
Em: 02/10/2021
Precisa contar para Jéssica e deixar uns seguranças tomando conta da Augusta
Precisam contar para o delegado também
Bom ver você aqui novamente
Que você esteja bem
Obrigada!
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Olá NovaAqui
Estou bem sim. Alguns probleminhas pessoal, já resolvidos. Então, vamos ao que importa.
Abraços fraternos.
Mille
Em: 02/10/2021
Oi Vandinha
Que segurança chatinho, acabou com a algazarra da turminha.
Michele está certa não pode deixar a Augusta vai que ela some novamente.
Feliz por sua volta, espero que esteja tudo bem.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille.
Está tudo bem amiguinha. Alguns probleminhas, mas já resolvido. Estou na área de novo.
Beijos. Até.
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