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Tomboy - Seja você! Não deixe o preconceito te ocultar por May Poetisa

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Palavras: 4592
Acessos: 681   |  Postado em: 01/10/2021

Capitulo 1

 

Tomboy - Seja você! Não deixe o preconceito te ocultar

 

Num espelho, que demorei para encontrar na minha mochila lotada, preciso até fazer uma faxina nela, retirar alguns pertences, que só estão ocupando espaço e não estou nem os utilizando com frequência, conferi se o vento não tinha me descabelado muito. Era a única com cabelo raspado de um lado só, terninho azulado, sem as unhas feitas e nenhuma maquiagem, no hall de um dos hotéis mais sofisticados de São Paulo, aguardando o início do evento daquele dia, prefiro os encontros da minha galera da tatuagem, sem formalidades e ótimas oportunidades para trocarmos experiências, conhecer novas técnicas e dialogar com inúmeros profissionais; mas, além de tatuadora, também sou herdeira de uma empresa, que é referência no mercado financeiro, minha irmã mais velha é uma renomada médica, meu irmão mais novo é músico, mora no exterior e não pretende retornar tão cedo para o Brasil, então venho aos poucos estudando, assumindo as responsabilidades e me inteirando dos negócios da família, para a total satisfação dos meus pais e decidi participar deste congresso, com intuito de me aprimorar nessa área, que eu nem imaginava que iria gostar tanto.

- Layra Tonelli (a recepcionista chamou).

- Eu! Bom dia (respondi me aproximando do balcão).

- Bom dia! O palestrante pediu para a senhora comparecer no auditório (avisou toda gentil).

- Obrigada e bom trabalho.

O diálogo com o pesquisador durou cerca de quinze minutos, com o objetivo de demonstrar seu interesse, em realizar um case contando com o meu apoio institucional e por se tratar de algo que pode agregar valores para a empresa, concordei e agendamos a melhor data para início do projeto. O último dia de simpósio foi excelente e produtivo, com uma única pausa para o almoço e terminou no começo da noite. Assim que entrei no carro, ainda no estacionamento, liguei para a minha namorada.

- Alô!

- Nine, desculpa pela demora, acabou só agora.

- Vem me buscar?

- É provável que tenha trânsito, consegue esperar?

- Sim, enquanto isso vou continuar adiantando várias coisas, tenho umas traduções para revisar.

- Então até logo.

- Venha com cuidado.

Ela é sempre paciente e cuidadosa, já são três anos de namoro, eu tenho trinta e sete anos e ela recentemente completou trinta e nove, nos conhecemos por intermédio de amigos em comum e somos duas bobas apaixonadas. Sintonizei o som na minha rádio favorita, depois de quarenta minutos estacionei em frente da editora, que a Janine é uma das sócias e mandei uma mensagem avisando que aguardava por ela, que não demorou para sair, nos cumprimentamos com beijos e decidimos jantar em um restaurante ali do bairro mesmo.

- Foi a semana inteira com roupa formal, adoro as minhas roupas sociais, mas, já estou com saudade de usar camiseta e bermuda.

- Você fica linda de qualquer forma.

- A senhorita só diz isso porque me ama.

- Muito! Vamos pedir? Estou faminta.

- Não nega o signo que tem mesmo, essa minha taurina. Explicado por ter escolhido esse local, bem mais próximo, até chegar na sua casa, você ficaria com mau humor, devido a fome.

- Adoro que você me conhece tão bem (brincou, chamou o garçom e realizamos os pedidos).

- Amanhã, vou precisar sair por volta das oito.

- Vai trabalhar até que horário?

- Só pela manhã, o primeiro cliente é só para retocar uma tattoo pequena e em seguida marquei com a Gabi.

- Ela vai fazer aquele dragão que você estava desenhando?

- Sim e você vai trabalhar da sua casa mesmo?

- Isso, sábado é mais tranquilo.

- E domingo você tem o churrasco nos seus pais (comentei lembrando da nossa programação para o final de semana).

- Vem comigo, eles te convidaram e sem você vai ser chato.

- Não sei, fico toda sem jeito em encontros familiares.

- Pensa com carinho.

Jantamos, papeamos amenidades, chegamos na casa da Janine por volta das nove horas da noite, tomamos banho juntas e assistimos mais um episódio da série que estamos acompanhando.

- Amor, estou com sono, minha semana foi puxada.

- Lay, então vamos dormir, amanhã é sábado teremos mais tempo para curtirmos juntas.

- Nine, boa noite e durma bem.

- Bom descanso meu bem (disse beijando meus lábios).

Na minha opinião, é incrível a noite ao lado de quem se ama, o sono é até mais sereno e leve, por isso, tenho que casar com essa mulher, a vida com ela é mais completa. Desliguei o alarme do celular e fiquei admirando ela brigando com a preguiça até decidir levantar.

- Bom dia! Dormi bastante e queria dormir mais, ainda bem que amanhã é dia de acordar sem despertador.

- Bom dia! Nine, é tão bom acordar do seu lado.

- Você sabe que pode ter isso todos os dias, é só vir morar comigo (afirmou me abraçando).

- É que gosto tanto do meu apartamento e fica tão próximo do estúdio.

- Linda eu entendo, só que aqui é bem maior, tem espaço tranquilo para nós duas, tenho meu escritório quando fico de home office, já te falei que como a garagem é enorme, se você quiser pode construir um novo estúdio para você, ainda mais depois que você assumir completamente a empresa e tatuar com menos frequência, mas, sem pressa, tenha o tempo que necessitar, não precisamos nos precipitar, temos todo o tempo do mundo e por enquanto, concordo com o revezamento que fazemos entre as nossas casas, mas, saiba que sinto falta de dormir e acordar todos os dias ao seu lado.

- Quem diria, a moça que nem pretendia se casar novamente, me propondo casamento antes do café da manhã.

- Tudo culpa do amor que sinto por você e também o longo tempo fazendo terapia, nada como superar traumas e ser feliz, agora preciso de um cafezinho para despertar totalmente.

- E eu de um banho.

Levantei e fui até a parte do guarda-roupa onde ficam as minhas coisas, ainda não moramos juntas, mas, já tem aproximadamente mais de um ano que temos vários itens uma na casa da outra, nós cansamos de ficar carregando mala de um lado para o outro e de sempre acabar esquecendo algo. Tomei uma ducha pensando em aceitar essa mudança, que acredito que será assertiva, desta vez tenho até me estranhado, não costumo ser tão cautelosa, mas, no âmbito amoroso sou de ‘oito a oitenta', no meu primeiro relacionamento, muito empolgadas, mal nos conhecíamos e em pouco tempo juntamos as escovas, durou só cinco meses, devido tantas incompatibilidades, por conta de muitas brigas e terminamos para o nosso próprio bem. Os acontecimentos no decorrer da vida além de nos ensinar, nos mudam, a maturidade me deixou menos impulsiva e muito mais responsável, gosto tanto da Janine, que procuro sempre ter responsabilidade emocional, fazer de tudo para não errar com ela, que é traumatizada, por já ter passado por desilusões amorosas, por pressão familiar casou muito nova, depois que os pais dela descobriram sobre seu primeiro amor, não aceitaram que a filha única estava apaixonada por uma mulher, foram radicais, até de cidade mudaram com vergonha do que os vizinhos e amigos pensariam, no novo município o pai dela conheceu um homem na igreja, ela conta que infelizmente durante o matrimônio foi submissa, não conseguia se impor e lamenta que na época não teve coragem de se assumir, no tempo casada, sofreu violência patrimonial e moral, só teve apoio da família, quando o indivíduo que no começo da relação se dizia bom moço, que mentia sobre viagens a trabalho, era na realidade um estelionatário, que acabou preso pela polícia, acusado de ter realizado diversos golpes. Foi todo um transtorno, tiveram que lidar com prejuízo financeiro e finalmente aprenderam que estavam errando feio com a filha, querendo que ela tivesse a ‘vidinha perfeita' que eles sonharam, mas, que na realidade estava totalmente infeliz, por tudo isso, tenho um pé atrás com meus sogros e não gosto nem um pouco do olhar avaliativo deles, talvez seja só excesso de proteção, por não querer que ela volte a sofrer, depois de tanta decepção.

Enquanto a Nine por vários anos, não quis mais saber de se envolver com ninguém, ficou concentrada nos seus estudos, em toda a sua formação e depois na sua carreira profissional; fiz o oposto, escolhi me aventurar, não ter mais nada sério, fui sincera com todas as mulheres que conheci, visando evitar problemas, para não confundir paixão com amor e principalmente não magoar ninguém. A vida de solteira foi boa enquanto durou, não me arrependo de nada, vivi como bem quis, segui somente as minhas próprias regras, totalmente livre, me diverti, me joguei no mundo, aproveitei tanto que até enjoei e comecei a não ter limites em alguns momentos, quase me perdi, parei de abusar da bebida quando tive um coma alcoólico e com receio de todas as consequências, resolvi que precisava ser mais moderada, até para não se tornar um vício e temendo sofrer algum tipo de abuso em caso de embriaguez. Quando passei a ter uma vida mais sossegada, o amor me pegou de jeito, nem tenho saudades da vida que levava, foi uma fase de curtição e agora quero que seja duradouro.

Confesso que tenho medo de não dar certo, já conversamos bastante sobre isso e decidimos que só vamos saber se vai ter futuro se tentarmos, temos o mais importante que é o amor e a disposição para fazer acontecer.

- Cheiro bom (comentei entrando na cozinha).

- Café, waffle e torradinhas.

- Que delícia. Quer ir de moto amanhã?

- Oba! Você vai, pode ser, só temos que ver a previsão do tempo.

- Ouvi ontem na rádio que será um final de semana ensolarado.

- Que bom, trás almoço da rua?

- Sim, passo para pegar marmitex e a noite quero preparar um molho gostoso para aquela massa congelada que compramos.

- Vai ficar muito bom! Adoro esse seu boné da puma, quando nos conhecemos você estava usando ele.

- É tão velhinho, já até saiu de linha e é um dos meus favoritos. Ah, e você estava usando um vestido florido.

- Errou.

- Impossível, tenho certeza.

- Droga, nem consigo ficar séria (falou caindo na gargalhada).

- Engraçadinha. Linda, já vou indo, até mais tarde (depositei um beijo na testa dela).

- Bom trabalho!

- Para você também. É uma fruta para você levar, já lavei (falou me entregando uma sacola).

- Obrigada!

Cheguei no estúdio organizei minhas coisas e minutos depois o primeiro cliente chegou, foi tranquilo como já imaginava. Depois, comi a maçã e fiquei desenhando até o meu próximo compromisso.

- Ei, gostei dessa sua camiseta.

- Claro, você que me deu (afirmei dando um abraço na minha amiga de longa data).

- Tudo certo contigo?

- Bem e você Gabi?

- Tudo em ordem e bora rabiscar!

- Vai ser na perna mesmo?

E começamos a conversar, já que devido ao tamanho da tatuagem a sessão promete ser longa.

- Lay, aconteceu um episódio chato ontem, eu até travei, ainda bem que a Bruna foi ligeira e respondeu na lata.

- Me conta.

- Na fila do cinema, um troglodita passou por nós e todo preconceituoso lançou "sair com mulher que parece macho, melhor ficar com homem" e deu risada.

- Que tosco. O que a Bru falou?

- Nós amamos mulheres e não apenas a feminilidade imposta pela sociedade.

- Perfeita! Não tinha resposta melhor e ele?

- Ficou vermelho, sem graça e um grupo que estava ao nosso lado ainda tirou sarro dele, dizendo que poderia ter dormido sem levar essa voadora e que era bom para ele aprender a não falar asneira.

- Queria ter esse bate pronto da tua namorada viu, eu fico pensando depois, nossa poderia ter falado isso ou aquilo, algumas vezes bate até arrependimento por ter ficado quieta.

As duas estão juntas por mais de cinco anos, elas se conheceram em uma caminhada na Avenida Paulista, mais precisamente na militância lésbica, numa marcha que pedia menos violência, mais respeito e visibilidade; elas também são ‘butches' e nunca permitiram que a heteronormatividade prejudicasse o lindo relacionamento que possuem. A Bruna é feminista, uma fotógrafa muito talentosa, que acha um absurdo definir roupas por gêneros e se intitula sáfica, ou seja, independente da sua sexualidade, ela ama mulheres e luta por diversas pautas, visando o combate ao preconceito. Já a Gabrielle é minha amiga desde a infância, ela é um ano mais nova e moramos no mesmo bairro até a fase adulta, a gente sempre gostou de jogar bola juntas, temos uma irmandade muito forte e mesmo com a correria diária, procuramos nos encontrar com frequência, ela é formada em educação física e tem uma academia, atualmente possui uma dúzia de tatuagens e fez todas comigo.

- Mana, esse assunto a gente até evita comentar, mas e você já sofreu muito preconceito?

- Infelizmente, até por parte da minha família mesmo, primeiro achavam que era rebeldia de adolescente, mas, na verdade desde criança preferia muito mais algumas roupas do meu irmão do que as minhas, quando eu era mais nova, minha mãe reclamava muito, segundo ela meu estilo é ‘desleixado', discordo completamente e gosto do meu jeito de ser, já fez tanta comparação com a minha irmã, queria que eu fosse diferente, ela e a minha avó, tiveram a capacidade de jogar no lixo algumas roupas minhas, era bem complicado quando eu morava com elas. Na mentalidade delas, mulher tem que se comportar de forma feminina, ao meu ver isso é retrógrado, foi ruim ter sido repreendida neste sentido, foram muitos atritos, até que cansei de me importar, passei a ignorar e elas desistiram, perceberam que a enxurrada de críticas não estava levando a lugar algum, apesar de me atingir de alguma forma, não mudaria só para agradar, gosto de fugir do padrão, tiveram que acabar se conformando que sou a ovelha tomboy da família, atualmente elas são bem mais tranquilas e me amam com as minhas particularidades. Na rua é chato quando implicam ou fazem brincadeiras de mau gosto e acredito que só não enfrentei preconceito profissional por ser autônoma. Ainda bem que as nossas namoradas nem tentam nos mudar, nos aceitam e nos amam, como somos.

- Verdade e o respeito é essencial. Como funciona na empresa da tua família?

- Quando se tem um cargo elevado, as pessoas são mais cautelosas, por lá uso só social, mas, quando assumir mesmo a Tonelli Serviços Financeiros, vou implementar ao menos uma vez na semana, o casual day, bem provável que seja numa sexta-feira.

- Boa, tem que fazer a diferença e aposto que os funcionários vão gostar. Seu pai deve estar muito feliz com a tua decisão sobre os negócios.

- Bastante, sempre sonhou em nos ver tocando seu legado e estou entusiasmada.

- Que bom, só não posso perder a minha tatuadora predileta.

- A Nine disse que posso montar um estúdio na casa dela, assim, continuo atendendo alguns amigos e clientes.

- Que notícia boa.

Continuamos conversando, até concluir toda a tatuagem como tínhamos planejado.

- Bom, todos os cuidados você já conhece bem.

- Sim e ficou perfeito! Lay, não esqueça da nossa viagem no próximo feriado prolongado.

- Pode deixar, sou esquecida e me atrapalho com datas, mas, a Nine está super empolgada e contando os dias.

- Também estou animada, vai ser muito bom. Mana, já vou indo, tenho que passar numa loja para ver uns itens esportivos.

- Vai lá, se cuida e já sabe precisando de qualquer coisa me liga.

- Você também minha amiga.

Nós nos despedimos, fechei meu estúdio e passei num restaurante para comprar o almoço.

- Amor (chamei assim que entrei).

- Eu! Ouvi o portão da garagem e já vim ver o que temos de bom para comer.

- Então vamos almoçar, também estou com fome.

- Vi a foto no status da Gabi, parabéns! Ficou incrível.

- Muito obrigada e seu trabalho tudo certo?

- Sim, terminei por hoje, quero aproveitar o sábado contigo.

- Ótimo e merecemos.

- Cheiro bom, vamos ver o que temos aqui. Mentira que você comprou parmegiana, faz tempo que não comemos.

- E é daquele restaurante que você adora.

Almoçamos arroz, feijão, batata frita, salada e frango à parmegiana.

Passamos o restante da tarde jogadas no sofá, assistindo filme.

-  Lay, temos que levar algo?

- Para o preparo do jantar já ficou tudo por lá.

- Vou no escritório tirar os aparelhos da tomada.

- Ok, vou conferir as janelas e para casa dos seus pais não precisa levar nada?

- Não.

- Olha lá hein, para não precisarmos voltar aqui, por ter esquecido alguma coisa.

- Pode deixar. Posso dirigir?

- Claro!

A Janine não dirigia antes de me conhecer, tinha receio, utilizava transporte público ou chamava algum carro por aplicativo, fui a sua principal incentivadora, ela encarou como um desafio tirar carta e teve êxito.

- Poxa, tira o carro da garagem.

- Você consegue!

- Tenho medo de arranhar.

- É algo que pode acontecer, mas, você é cuidadosa e se for um caso de emergência, que eu esteja machucada e não possa dirigir?

- Credo, nem fala isso. Entra, vamos lá.

E ela conseguiu sem problemas e dentro de alguns minutos chegamos no meu apartamento.

- Vamos cozinhar juntas?

- Sim, é provável que seja nosso último jantar por aqui. Estou pensando em colocar para alugar.

- E não precisa temer, vai continuar dando tudo certo entre nós (garantiu).

- Quer beber vinho?

- Sim! Vamos brindar ao nosso futuro juntas.

Brindamos ao nosso amor, com a certeza da relevância deste sentimento em nossas vidas, é tão intenso que nos motiva, para vencer a tudo e todos, unidas vamos superar os desafios, obstáculos e problemas do cotidiano. Preparamos o nosso jantarzinho, ouvindo músicas, num clima muito bom, conseguimos até passar a nossa alegria para a comida, pois, ficou deliciosa. Foi também a última noite que fizemos amor no meu apartamento, talvez seja por isso, que começamos a nos provocar quando ainda estávamos na cozinha; ao chegarmos no sofá, as roupas começaram a ser retiradas na sala mesmo, depois de muitos amassos e carícias desejosas, terminamos a noite na minha cama, não consegui pensar em mais nada, mas, ao mesmo tempo sentia tudo, cada toque suave, os beijos ardentes, as pegadas mais fortes, toda a intensidade do momento, tudo que estava proporcionando para a minha amada e que ela correspondia com muito afeto, entrega e volúpia. Não sei ao certo por quanto tempo ficamos nos amando e satisfazendo todas as nossas vontades, é tão bom arder de paixão.

No domingo acordarmos por volta das dez horas, antes de sair tomamos banho e café da manhã. Adoro pilotar a minha moto, tendo a Nine abraçada no meu corpo. A viagem transcorreu bem, até a cidade do interior que os pais dela moram atualmente, chegamos em Taubaté no início da tarde e meus sogros estavam na varanda aguardando a nossa chegada. Felizes em rever a única filha, a abraçaram e beijaram muito. Depois dos cumprimentos, eles avisaram que já estavam com tudo adiantado para o almoço em família, ficamos na sala por alguns minutos, enquanto eles contavam as novidades dos últimos dias.

- Muito boa a prosa, vai ficar ainda melhor de barriga cheia, vou acender a churrasqueira (comentou meu sogro).

- O senhor quer ajuda?

Ofereci e ele aceitou, enquanto ele acendia fiquei só olhando, comecei mesmo a ajudar quando ele pediu para pegar as carnes.

- Layra, eu tive uma criação muito rígida e a da minha esposa não foi muito diferente, olha nós temos nossas reservas, mas, o que quero te dizer é que você tem nosso respeito, claro que sempre vamos querer o melhor para a nossa menina e temos consciência que você faz ela feliz.

Fiquei emocionada com as palavras dele, não esperava ouvir tudo aquilo e foi muito bom.

- Amo muito a sua filha e sempre vou prezar pela felicidade dela (garanti).

O almoço foi muito agradável e antes de servir a sobremesa foi a vez da minha sogra se pronunciar.

- Agenor, enquanto vocês estavam lá fora, a Janine me contou que elas vão morar juntas, não sou muito boa com as palavras, só quero desejar muitas alegrias, que Deus abençoe e que tenham muita sorte nesta nova fase.

- E podem sempre contar conosco para o que precisarem. Joana, suas preces foram ouvidas, olha esse brilho no olhar delas e como a nossa filha está bem.

Minha namorada ficou radiante, depois de ter enfrentado tantos problemas no núcleo familiar, finalmente estão em harmonia e claro que fico muito feliz por ela. Decidimos retornar antes de escurecer e o casal prometeu nos fazer uma visita em breve.

O final de semana foi melhor do que imaginávamos, com a minha família sempre foi bem tranquilo, a Nine é apaixonante e os conquistou com facilidade, quando contei que estava namorando fizeram questão de conhecê-la e apoiam muito o nosso relacionamento.

- Amor e a sua mudança, vamos conseguir fazer nesta semana?

- Não sei, estou com a agenda bem comprometida.

- Estou com prazos apertados, vamos precisar planejar.

- É vai ser puxado.

- Tua mãe é cheia dos contatos, foi ela que dobrou meus clientes e se você pedir ajuda.

- Bem pensado, a dona Glória vai adorar a notícia e como nem vai ter um casamento para ela organizar, já que nem faz o nosso estilo e não queremos nada tradicional assim, ela vai gostar de participar de alguma forma, vai ficar animada e não vamos ter dor de cabeça.

Foi como imaginava, minha mãe ficou toda empolgada e fez questão de resolver tudo. Nossa semana foi produtiva em nossos trabalhos e bem tranquila em casa, na nossa nova rotina, como nos conhecemos muito bem, acreditamos que vamos nos adaptar rápido e já tínhamos o hábito de passar bastante tempo juntas.

- Amor, minha mochila já está pronta, separei algumas roupas suas e deixei em cima da cama, para você decidir o que vai levar.

- Obrigada meu bem.

- Falou com as meninas?

- Sim, o cunhado da Gabi vai nos levar até o aeroporto.

Chegamos em Guarulhos com antecedência e ficamos aguardando na sala de embarque da companhia aérea.

- Lay toda vez que vou viajar de avião, me recordo da primeira vez, nossa fiquei morrendo de medo e você me acalmando. Lembra?

- Gabi, claro que lembro, você suava, tremia e quase desistiu, mas, te convenci, falei que seria uma viagem inesquecível e não menti. Curtimos muito.

- Agora fiquei curiosa e quero saber de tudo (Bruna comentou olhando para nós duas).

- Já até imagino que não vou gostar de ouvir, aposto que é mais uma das histórias da Layra toda devassa.

- Nine nem precisa sentir ciúmes, sou doida por você.

- Viu só, nem começaram a contar e a senhora já começou a tentar amenizar (reclamou fazendo bico).

Minha companheira não estava errada, eu já tinha aprontado muito e no caso específico que a minha amiga tinha acabado de comentar, foi uns anos atrás, quando conhecemos o carnaval de Salvador, por isso, preferi contar por cima, sem muitos detalhes, para não chatear a Janine, sei que quem não tem passado, não tem história, mas, tem certas coisas que a gente prefere não revelar, é aquilo a sinceridade e a boa comunicação, são alicerces de todo relacionamento, tudo que ela me questiona, respondo sem firulas, todavia, têm coisas que podem de alguma forma atrapalhar, gerar insegurança ou plantar a semente da discórdia, surgindo assim os receios, prefiro que ela confie no que estamos construindo e sempre demonstro a minha lealdade. Acredito que também é importante saber calar, nem sempre é viável contar tudo, isso não quer dizer que sou mentirosa, pelo contrário falamos sobre tudo, mas, não preciso alimentar o monstro do ciúmes, acho relevante filtrar, não fico valorizando minha solteirice e muito menos dando atenção para o que é retroativo, sendo que amo a vida que tenho hoje.

Embarcamos e o nosso destino é o Ceará, a ideia de viajar para o nordeste foi da Gabi, ela é muito fã de parques aquáticos, do nosso quarteto é a única que conhece o Beach Park e fala tão bem do local, que nos deixou com vontade de visitar. Chegamos em Fortaleza a noite e a viagem foi muito tranquila, nos hospedamos num resort, depois de deixar tudo nos quartos, descemos para jantar e nunca tinha saboreado um caranguejo tão gostoso. Decidimos não dormir tarde, já que o dia seguinte promete ser repleto de atividades e adormeci abraçada na minha amada. O dia amanheceu lindo e ensolarado.

- Amor, tem tanta opção que estou até perdida.

- Nine, eu vou começar com essa salada de fruta, toda colorida, têm as minhas favoritas e umas diferentes que sempre tive vontade de provar.

- Eu vou descobrir se esse croissant é bom.

Começamos a tomar o café da manhã e logo as meninas se juntaram a nós.

Desfrutamos o dia todo das atrações do Beach Park, os ‘toboáguas' são incríveis e como não tenho medo de altura, fui em todos, inclusive no ‘insano', o mais famoso e mais radical, apenas a Gabi me acompanhou, a Janine não quis e a Bruna prefere os mais moderados, elas ficaram de plateia na piscina, assistindo as nossas reações, foi tão rápido que nem deu tempo de sentir medo. O preferido da Nine foi o ‘kalafrio', que é bem rápido e conseguimos ir juntas, já o meu favorito foi o ‘vaikuntudo', maior tobogã do tipo tornado do mundo, achei muito emocionante e fomos em grupo, já que a boia é para quatro pessoas.

Na hora do almoço, optamos por lanchar, já que nosso desjejum foi reforçado e com objetivo de aproveitar ao máximo, depois nos acomodamos nas boias da ‘correnteza encantada', uma piscina que dá volta no parque. Em seguida continuamos curtindo até o final da tarde, deixamos o local, felizes e de mãos dadas, apesar de todos os avanços e conquistas, grande parte da população homoafetiva tem medo ou se sente desconfortável, por demonstrar seu afeto em público, é compreensível, já que no noticiário com frequência relatam casos de violência psicológica e física, por isso, não largar a mão de quem amamos é considerado um ato de resistência. Para o meu casal de amigas, que ressignificam o termo ‘caminhoneira', não seguir o que é imposto socialmente, quebrar regras arcaicas e misóginas, é revolucionário, em suma, duas ‘caminhão' juntas, é um nocaute no patriarcado. O conceito de feminilidade é plural e não deve ser imposto de forma machista, qual a necessidade de julgar a aparência das pessoas? E o padrão? Que lute, pois, vamos continuar amando as nossas mulheres, ninguém tem que determinar como devemos nos comportar, ou seja, cada cidadão tem seu livre arbítrio, logo não precisa ser um tabu as escolhas de roupas e acessórios; enquanto a minha namorada, quebra todos os estereótipos de ser sapatão, eis a diversidade, as lésbicas não precisam se portar visualmente da forma como os outros esperam, é opressor determinar modelos e é libertador romper padrões preestabelecidos.

É muito complicado lidar com todo o preconceito, na história notamos o quão nociva é a intolerância, a lesbofobia é uma realidade cruel, existir e resistir é o nosso lema.

Na praia Porto das Dunas, felizes assistimos ao espetáculo do pôr do sol, aos beijos em frente ao mar.

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Feliz Outubro!


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Comentários para 1 - Capitulo 1:
Nath D
Nath D

Em: 03/10/2021

Parabéns! Você conseguiu abordar vários temas importantes em um único texto. 

Eu sou lady porque me sinto bem sendo desse estilo, mas se há um tipo de mulher que me atrai mais sem dúvidas são as garotas tomboys, são sexys demais rs. 

Infelizmente percebo que algumas não percebem o quão lindas são. Uma vez vi uma tomboy no shopping quando era bem nova. Não consegui esconder como fiquei tão encantada com ela, mas infelizmente a menina pensou que eu meu olhar era de preconceito ou julgamento.

 


Resposta do autor:

Nath, muito obrigada pela leitura e por ter deixado seu comentário.

Poxa que pena, tem umas situações chatas que não esquecemos né 

A ideia foi essa mesma abordar temáticas importantes para reflexão.

Beijos e abraços, May. Feliz semana!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Nay Rosario
Nay Rosario

Em: 03/10/2021

É um conto que traz a luz alguns importantes questionamentos e um lembrete.


Resposta do autor:

Nay, grata por seu comentário. Beijos, abraços e muito sucesso! May

Responder

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