Fronteiras por millah
Capitulo 17 no fim a festa sempre acaba
--Mari. Mari!—alguém me chamou na multidão e em uma mesa alguns metros a minha esquerda eu vi Rita e o Russo. Fui ate eles e vi que o casal também estava aproveitando a festa.
Russo comia e bebia satisfeito alguns pratinhos e Rita já me esperava cheia de perguntas com suas fabulosas pernas cruzadas e seus maravilhosos e lindos vestidos.
--adorei ver você na tv.—disse ela e tive que bufar.a fama que Marga estava me arranjando só servia para ouvir sermões.
--não começa.—falei e aproveitei para me sentar na cadeira vaga da mesa dela.
--Marga não perdeu a oportunidade de envolver você e sua mãe nessa merd* mais uma vez né.se tivesse levado um tiro? Ou morrido??Ela ia estar dando essa mesma festa sem se importar.
--tenho minha parcela de culpa. Desci preocupada com minha mãe e Marga estava lá no meio do tiroteio.eu tive que fazer alguma coisa.
--você sempre com essa frase. Marga não precisava de você movendo um dedo para se safar e pode ter certeza que eu gostava mais de você quando não defendia ela.—Rita fechou a cara e não entendi esse ódio todo.
--eu não to defendendo Marga.—falei mas ganhei o olhar dela e o de Russo. O que eles viam de estranho em mim??
--ta passando um pano legal pra ela.—disse Russo depois da mordida grande no hambúrguer.
--(rs) esta mais próxima dela não significa que precisa dela. Vocês nunca precisaram e estavam melhores.—Rita não escondia o que pensava e era obvio que me senti representada por ela dizendo aquilo. Pois era a imagem perfeita que eu tinha da Marga ou pelo menos a mais parecida.--Sua mãe fez de tudo para se manter afastada de toda essa vibe de Robin Hood que Marga tem aqui no morro para não se esquecer de que o voar é bom mas que o chão também é bem duro quando se cai. Agora olha pra ela..Helena ta se iludindo de novo com a Marga e ela mais uma vez vai plantar suas raízes, suas vontades e teremos mais uma dona do morro.—olhei para elas conversando e como Marga movia sua boca ao ouvido da minha mãe. O meu coração disparou com aquela possibilidade. Minha mãe sempre foi uma pessoa boa e justa desde que me entendo por gente e essa indignação de Rita me preocupou. Certeza ela conhecia seu lado mais obscuro para se prestar a ver tanta maldade.
Minha mãe parecia bem interessada ao que ela falava. Até percebi minha mãe verificando se eu estava por perto mas com tanta gente no meio e eu sentada ali naquela mesa com Rita e o Russo sei que passei despercebida.
--é uma ideia que não te agrada né?—perguntou Russo parando de comer ao me ver verificando elas dali.
--claro que não.—respondi prontamente e Rita riu.
--(rs) não pelo mesmo motivo.—disse ela me encarando com um sorriso no rosto.
--do que ta falando??—perguntei me irritando pelo modo como ela conseguia me ler.
--que ela não é a única iludida. Ta se apegando a Marga..—disse ela tão surpresa quanto eu ao ouvir aquilo. Não podia ta tão nítido.
--(rs) engraçado você querer me julgar. Porque se estivemos bem antes eu não lembro de nenhum de vocês nos ajudando quando não estávamos. Marga pelo menos nos estendeu a mão.
--não precisa ficar com raiva garota.—Russo tentou me acalmar mas eu já estava impaciente com aquele papo.
--não Russo. Marga pode ser quem for mas ela não me julga como vocês. Como todo o morro!
--por que julgar é muito fácil né? Difícil é saber do que ta falando e ter provas disso.Marga com toda certeza conhece bem vocês.—era obvio que Rita não gostava nadinha da Marga mas hoje ela tava insuportável.
--Minha mãe não vai voltar para essa vida de crime.
--aham.continue passando pano pra ela.
Me ergui da cadeira e me afastei daquele barulho da praça e preferi subir as escadarias de um dos becos onde dali eu podia ver tudo de um pouco e ninguém ia me incomodar. E que merd*.nem mesmo eu acreditava que todo aquela minha cisma com Marga estava desaparecendo e vendo ela ali conversando com minha mãe arrancando dela sorrisos só me deixava mais mal com meus sentimentos. Elas eram boas amigas e se davam super bem.O que era que eu tinha??Por que eu não conseguia sentir mais aquela raiva da Marga?
De repente Marga parecia ter dito algo mais sério a ela, algo tentador que de tão interessante minha mãe teve as mãos tomadas por ela e ficou ali cheia de expectativas com o olhar domado pelo sorriso dela e não era a toa. Marga a beijou e nada ia mudar o fato que minha mãe muito bem retribuiu.
Eu não ia ficar ali vendo elas. Eu não queria sentir toda aquela merd* borbulhando dentro de mim,me fazendo surtar pensando do porque me preocupar tanto com o que faziam.se beijavam, se trans*vam. Eu estava talvez irritada, furiosa e confusa subindo correndo aquelas escadas para bem longe daquela festa, daquela lembrança. Eu só queria matar Marga.
Voltei para casa e Lina ainda estava assistindo series na sala e estava bem entretida ali no escurinho da sala sob as luzes da tv quando me viu entrar.
--ainda tem vaga para mais uma?—perguntei e ela me lançou o olhar a brilhar.
--(rs) claro que tem! Chega ai.—animada por me ver Lina conseguiu arrancar um sorriso meu.
Sentei do seu lado no sofá e retirei meu tênis para cruzar minhas pernas e me aconchegar melhor ali do seu lado. O cobertor e o balde de pipoca estavam a minha disposição mas minha cabeça ainda tava na festa, naquele beijo. Estava fácil de me sentir fora de mim e tão distante. Eu tava fodida.
--to começando uma série nova. É bem legal. Tem uns espíritos na mansão e..você ta bem? –Lina logo notou meu silencio e acho que ate minha cara colaborou.
--...to.—respondi sem nem ao menos saber o quê.
--não ta não. O que aconteceu na festa?
--nada.
--aconteceu sim (rs) elas finalmente se pegaram??(rs)deve ter sido bem traumatizante para você sair de lá correndo.(rs)
--foi só um beijo! Um..beijo!!e eu tô afim de matar a Marga! Sabe, agarrar ela pelo pescoço e socar!!
--como fez com Lucas?
--aarrggr!!!ela tinha dito pra mim que não ia rolar e minha mãe também e lá estavam elas se beijando!!—eu estava indignada falando aquilo e estava deixando isso claro pra Lina mesmo não querendo.
--e quem começou??
--ora quem??a dona do morro!
Lina gargalhou alto e eu deveria estar muito engraçada morrendo de ciúmes.
--sua mãe deve ter arrasado com os tiros pra Marga cadelizar por ela.—ela tava se acabando de rir mas eu não achei graça nenhuma.
Lina parou de rir e me entregou o balde de pipoca.
--esquece garota. Toca uma siririca e encerra essa assunto.
--eu não vou fazer isso.
--por que não? Não se nega uma siririca garota. acredite, é melhor do que ficar louca pela dona do morro.
--eu não to gostando da Marga! Eu não tô!!eu tô..com raiva dela!!Ódio!!elas...—eu não conseguia entender porque me incomodava tanto e doía tanto.eu não entendia.
--Olha, essas coisas são confusas no começo e você vai tentar a todo custo impedir de ter esses sentimentos tentando encaixar eles em outros para se justificar mas da pra ver que isso ta te incomodando. Ainda mais quando você gosta da mesma pessoa que sua mãe gosta.—Lina falando isso ate me fez pensar. Seria essa minha confusão?
--como posso gostar? Eu nunca pensei em nenhuma garota, eu nunca pensei em nada disso e agora eu quero matar ela. Eu vou matar a Marga!
--não vai.
--vou sim, se ela entrar aqui eu vou voar nela.to avisando. O que eu to sentindo é puro ódio dela!
--podemos comprovar?—olhei para ela e sua pergunta e percebi o quão perto estávamos.—se tem uma coisa que nós lésbicas somos capazes de fazer é compartilhar a fantástica aventura que é a..descoberta.
Sua mão veio ao meu queixo e eu deveria ter adivinhado quando vi seus olhos focados na minha boca, que dali ela me beijaria, mas diferente das outras vezes que eu fugi dessa parte minha que queria saber, que queria enfim comprovar, mesmo sendo pela boca de outra pessoa ali estava eu prestes a ser beijada por Lina.
E foi cuidadoso no começo. Lina tinha os lábios macios e o gosto salgado da pipoca com manteiga me fez querer um pouco mais, algo a mais que um simples encostar de bocas e foi aos poucos que eu fui abrindo, dando espaço para que ela me invadisse com sua língua. Tendo toda a liberdade de me puxar para mais perto para me fazer acreditar que eu gostava e realmente era muito fácil se iludir com aquele teste. Fazer minha mente voar. A vontade em abrir mais a boca, meu corpo todo relaxado e entregue. o que era isso??? Eu queria mais.
--to atrapalhando?—a voz fria da minha mãe veio como um facão cortando toda e qualquer vontade que eu poderia pensar em ter e devo admitir que Lina e eu nos levantamos em uma velocidade sem igual.
Nossas caras de culpadas nem se escondiam e minha mãe estava lá nos encarando obviamente surpresa pelo que encontrou, mas nitidamente tinha desaprovado tudo que viu já que sua cara permanecia naquele ar pensativo indo de mim a Lina.
Logo Marga entrou e estranhou todo o silencio.
--ta vendo? Ela tava aqui o tempo todo.—disse ela se aproximando do silencio constrangedor que fazíamos.
--eu só queria ter certeza.—minha mãe respondeu e com certeza estavam a minha procura.
--podemos voltar? Estava ficando maravilhosa a festa sem ninguém estragar.
Aquela cara de pau me olhou lançando uma indireta e foi inevitável. Eu me vi avançando em sua direção correndo escapando da mão de Lina e derrubando Marga no chão depois de um agarrão tudo que eu queria era matar aquela desgraçada para por fim aquele sentimento.
Contudo só pensei em fazer isso.
E pegando minha bombinha deixei pra lá essa ideia.
--então??—perguntou Marga mais uma vez e minha mãe ainda continuava com aquela cara séria sobre mim.
--acho que por hoje já valeu Marga.—para minha surpresa e a de Lina minha mãe falou.
--sério? Tem bebida de graça, comida e a festa só ta começando..—insistiu Marga mas minha mãe nem se mexeu.
--se quiser voltar pode ir.—retrucou ela com um sorriso no rosto.
--chata.—Marga olhou para cada uma naquela sala estranhamente e como se duvidasse de nós permaneceu em silencio.
Marga saiu e minha mãe ainda ficou ali nos encarando.
--isso não vai sair daqui.—sussurrou ela vindo para mais perto de nós.--Nem pra Marga nem pra ninguém.—disse ela a gente seriamente e minha nossa, aquele semblante dela espantado era de dar calafrios. Nem ela estava conseguindo raciocinar o que viu.
--eu só tava..testando uma coisa.—falei corada de vergonha.
--eu vi.eu vi bem!—respondeu ela e que droga eu nem conseguia olhar direito pra ela.
--desculpa Helena a gente só tava curtindo.(rs)—Lina tentou animar aquela conversa mas minha mãe estava fria como gelo.
--não com minha filha Lina.
--claro, eu sei que ela é DEMAIS para mim.—eu senti seu sarcasmo mas eu preferia ela de boca calada. Aquela seriedade na mamãe ficou assustadora pra mim depois de ver ela detonar aqueles policiais.
--ta tudo bem mãe. Foi só uma curiosidade.—falei tentando diminuir toda a tensão daquele papo mas minha mãe acenou e cruzou os braços.
--sobe. Precisamos conversar.—disse ela duramente.
Olhei para Lina e ela apesar do olhar solidário voltou ao sofá e a sua pipoca e eu tive que subir com minha mãe para o meu quarto.
--que historia é essa?—disse ela botando pra fora sua surpresa.--Eu chego aqui e você ta com a Lina?ta gostando dela agora? Você sabe que ela é uma malandra né?—ela tava desesperada com essas perguntas.
--eu só quis saber como era!—respondi e minha mãe simplesmente parou e confusa olhou para mim.
--...só isso?—perguntou ela e quase senti uma pontada do seu alivio.
--é.
--nada mais?
--e quanto a você?—perguntei e não ia recuar agora que estávamos tentando entender o que era isso que ambas sentíamos.
--o que tem eu?—retrucou ela e percebi o quanto isso soou falso. Ela sabia bem o que eu ia perguntar.
--com tantas perguntas esta me dando liberdade de também fazer as minhas.
--eu sou sua mãe garota.
--é só uma pergunta. Que mal teria? Não esta fazendo nada de errado né?
--sabe que não gosto que fique insinuando algo..
--então vou considerar seu beijo com Marga também uma curiosidade.
--eu não beijei Marga.
--sério mãe?!ok então.
--eu já disse para você que não vou voltar para ela. Não importa o que aconteça....ela me beijou mas..ela só esta..feliz pela vitória!Pela minha ajuda e ninguém do morro morreu. Ela começou a falar do quanto estava satisfeita por nos ter por perto e dos planos que teríamos se aceitássemos ficar. Ela sonhou alto e foi tentador..foi só isso. Sei que debaixo daquela carinha linda e de Lina também existe duas feras que se cutucadas ou provocadas, esqueceriam todo esse carinho da gente com um estalar de dedos.
Minha mãe tentou, mas da minha cabeça não saia a imagem dela e Marga se beijando e era como seu fosse um enorme gatilho para minha raiva e toda essa ansiedade acabava com minha bombinha.
Era como se há tempos esperassem por aquele momento, pelos olhares, pelo toque. A noite virou e passei cada segundo me lamentando. Não por elas, isso eu tinha certeza mas por mim por gostar tanto daquele beijo de Lina. O que só me enchia de mais raiva em saber que não era ódio o que eu sentia por Marga.
Fim do capítulo
esse capitulo teve tudo. Mari pode não entender que ela ta com os dois pés dentro do vale mas isso ta cada dia mais evidente. Marga afeta ela demais mas quem teve a sorte grande foi Lina que testou bem isso, e que beijo foi aquele e com direito a um flagrante da dona Helena.eu ficaria maluca.
digam ai nos comentários o que vocês acharam do capitulo.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 19/09/2021
Eita Mari partiu para o brejo kkkk
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