- Preciso falar com você ainda hoje. – Magno ligou para Barbara.

- Tá louco Magno, você vai chegar aqui tarde e a estrada a noite é perigosa. – Se preocupou.

- Amanhã na primeira hora vou estar aí, por favor não me ataque, é um assunto importante – Pediu.

- Te espero. – Barbara não estendeu o assunto. Desligaram.

 

***

- Que carinha é essa? Cadê a Melissa? – Luna perguntou assim que Bruna entrou no ap.

- A gente pode conversar? Cadê o Jonny?

- Tá vendo filme no quarto, vou trocar ele de escola. Mas vou esperar a poeira abaixar primeiro. O que tá acontecendo?

- Vi a Melissa com a Brenda. – Foi a única coisa que conseguiu falar, abraçou a irmã e ficou ali o maior tempo que podia.

- Vamos dar uma volta? Sair um pouco com o Jonny?

- Uhum. – Bruna não imaginou que ia ser tão difícil sentir e ver elas duas juntas. Toda aquela firmeza, maturidade, caiu por terra.

 

***

   Algumas horas se passaram, Melissa chegou em casa e estranhou o fato de não ter ninguém ali. Olhou o celular e não tinha nenhuma mensagem de Bruna. Foi para o quarto, tomou banho e se deitou para esperar elas, estava louca para conhecer o tão falado Jonny.

 

Melissa

   Eu queria xingar, queria gritar com Brenda, mas naquele momento, vendo-a ali, me deu uma vontade doida de encerrar aquela história. Eu estava pronta pra me perdoar. Não sabia o que iria acontecer entre a gente, sentia algo forte por ela. Deixaria rolar, seriamos amigas. Me deitei pensando no nosso encontro, me surpreendi em como ela ainda conseguia me fazer rir. De repente estava pensando em Bruna, em todos os momentos legais que vivemos.

Narrador

   Já era tarde da noite, Bruna entrou com Jonny no colo e Luna fechou a porta.

- Deixa que eu levo ele – Luna pegou o filho no colo. – Vai ficar tudo bem. – Piscou pra irmã. O passeio tinha sido ótimo, Bruna desabafou sobre tudo que sentia, Luna a acolheu, Jonny brincou tanto que não tinha mais energia e acabou dormindo na volta.

- Vai sim, te amo Lua. – Sorriu.

- Também te amo Ninha.

   Bruna estava tão exausta, bastou sentar no sofá e caiu no sono. Eram quase meia noite quando Melissa acordou desorientada, estava tudo silencioso, deduziu que todos dormiam. Foi até a sala e não foi surpresa nenhuma ver Bruna ali, buscou um lençol e a cobriu.

- Você está me deixando doida sabia – Falou baixinho, acariciou lentamente os cabelos de Bruna. Suspirou como se a confusão estivesse cada vez mais aflorada em sua cabeça.

 

***

Brenda

   Eu estava tão feliz, finalmente a gente estava se entendendo. A gente trocou telefones e isso me deu mais esperança. Estava louca pra beijar aquela boca, sentir aquele corpo outra vez. Eu iria demorar a dormir, só pensava nela.

Narrador

- Nem acredito que hoje vou receber alta e estão todos aqui. – Carla estava pura felicidade, principalmente por ver Melissa, Liz e Andressa ali com ela. – Pena que Bruna não conseguiu vir – Carla sentiu falta da modelo.

- Fábio nosso ‘’chefe’’ – Fez aspas com as mãos. – Precisou dela pra algumas coisas. – Melissa explicou.

- Não se preocupa Carlinha, depois vamos fazer um churrasco para comemorar. – Liz comentou.

- Ótimo, vamos logo. Não aguento mais esse hospital. – Carla estava quase correndo.

- Calma Carlinha. – Andressa ria da situação.

   Demorou poucos minutos para Carla receber alta. Todos estavam muito felizes.

- Liz, você pode me deixar no trabalho? – Melissa pediu.

- Posso sim.

- Alias, depois que deixar ela, vamos direto resolver a questão de Andressa. – Carla tratou de deixar claro o que queria e Liz nem insistiu contra, apenas aceitou.

 

***

   Depois de quase duas horas e meia Magno chegou em João Pessoa.

- Você parecia bem agitado ontem. O que aconteceu? – Barbara estava preocupada e aquilo deixou o coração de Magno acelerado. Apesar dos anos separados ainda a amava.

- A Carla acordou e eu conheci nossa filha, eu conheci. – Falava mais para si mesmo do que para a ex esposa. As pernas de Barbara perderam as forças, praticamente caiu na poltrona que tinha perto dela.

- Não pode ser verdade. – Barbara não acreditava.

- Ela é linda. Tão educada. – Ele falava todo bobo.

- Me conta essa história direito. – Estava nervosa.

   Magno contou tudo que tinha acontecido desde o encontro com Melissa até a conversa com Carla. Não deixou nenhum detalhe de lado.

- Vou voltar com você pra Natal. – Foi a única coisa que Barbara falou.

- Precisamos ter calma, Carla vai conversar com ela. Vamos nos encontrar de forma tranquila, por favor. – Ele não queria assustar Melissa.

- Você tem razão, mas faz tanto tempo. Ela deve nos odiar. – Sentia uma mistura de tristeza, ansiedade, nervosismo.

- Ela não vai nos odiar. Mas talvez a gente não consiga recuperar o tempo que não tivemos juntos. – Foi realista.

- Quer ficar para o almoço? – Surpreendentemente Barbara convidou.

- Não quero incomodar. – No fundo estava torcendo para ficar.

- Fica, não vai incomodar. Precisamos conversar mais. – Barbara era outra pessoa.

 

***

- Tá tudo bem Pretty? Saudade da gente. – Melissa chegou por trás agarrando Bruna em um abraço. Bruna reuniu todas as suas forças pra sair daquele aconchego. A respiração de Melissa na sua nuca a estava deixando louca.

- Que susto Mel, tive que sair cedo hoje, o Fábio me mandou mensagem precisando de ajuda. Desculpa não ter deixado o carro. Conseguiu conhecer o Jonny?

- Você não respondeu, está tudo bem? Ainda não consegui conhecer ele, também saí cedo, hoje Dona Carla teve alta, aliás, ela sentiu sua falta.

- Assim que eu tiver um tempinho vou visitar ela. Ontem te vi com a Brenda. – Silencio – Conseguiram se entender? – Perguntou como quem não quer nada.

- Decidimos começar do zero.

- Hummm, fico feliz por você Mel. – Disse aquela frase com dor no peito. – Tenho que ir resolver umas coisas. Volto já. – Tratou de sair dali o mais rápido possível.

- Tomara que a gente consiga ser como antes... – Melissa falou baixinho. Respirou fundo e foi fazer as tarefas definidas para aquele dia.

 

***

- Você é louca sabia? Deveria estar na minha casa descansando, mal saiu do hospital. – Liz reclamava.

- Vou te jogar desse carro se não parar de reclamar. – Carla fingiu estar irritada.

- Não joga não, tá doida? Eu não sei dirigir muito bem e você eu nem preciso falar que deveria estar repousando. – Andressa falou.

- Até tu Brutos? – Carla olhou para trás.

- Chegamos, até que enfim. Não pensei que seria tão longe. – Liz já estava com dor nas costas de tanto tempo que estava sentada.

- Gente, temos um problema. Não consigo sair do carro. – Andressa estava muito nervosa.

- Vamos com você, estamos juntas. – Liz apoiou.

   Em poucos minutos as três amigas estavam dentro do orfanato, esperando a diretora. Não demorou para ela aparecer, Liz assumiu o controle da situação, explicou o motivo de estarem ali.

- Eu entendo toda a situação, mas algumas informações são sigilosas. Não posso fornecer. – A diretora explicou. Carla nem insistiu, sabia das regras. Liz tentou, mas sem sucesso. Andressa estava travada. – Sinto muito senhoras, tenham um bom dia. – Saiu, pois foi chamada para resolver um problema. As três iam saindo, cada uma mais desanimada que a outra.

- Ei, esperem. – A recepcionista chamou. – Por favor, eu nunca falei com vocês, certo? – Estava tentando ajudar. – Ele saiu com dezoito anos, sempre conversávamos, tinha o costume de dar em cima de mim, acreditam? – Riu com a lembrança. Pegou um pedaço de papel fazendo uma anotação. – Peguem, espero que ajude. – Entregou o papel para Liz.

- Não sabemos nem como agradecer. – Carla estava muito grata.

- Não foi nada. Tenham um ótimo dia. – Saíram.

- Vamos pra lá agora. – Andressa despertou.

- Tem certeza Dessa? – Liz estava preocupada tamanho era o nervosismo da amiga.

- Tenho sim. – Foi firma.

- Vamos por favor Liz. – Carla pediu colocando a mão na coxa da amiga. Liz olhou para Carla, olhou para a mão. Estava assustada com aquele gesto e adorou aquilo.

 

***

- Meninas, precisamos de tudo pronto até sábado. Domingo será um sucesso. – Fábio estava empolgado. – Vocês têm que sonhar com o ensaio, respirar o ensaio, foco total. Entendido?

- Sim – Falaram juntas.

- Então vamos, antes quero apresentar minha sobrinha Sabrina, ela está ajudando na organização e também criou algumas peças que vocês vão usar. – Ele apresentou a moça. Sabrina era linda, olhos extremamente verdes, pele morena. Uma tentação.

- Pessoalmente vocês são mais lindas ainda, principalmente você – Falou descaradamente olhando para Bruna e aquilo incomodou Melissa de um jeito que não estava esperando.

- Obrigada Sabrina, não precisa exagerar né. – Bruna foi simpática.

- Tem uma festinha hoje na minha casa, estão convidadas. Agora preciso ir, tenho mil coisas pra fazer antes do evento. - Se despediu.

- Que cara é essa? – Bruna olhou a cara enfezada da de Melissa.

- Você não percebeu ela dando em cima de você?

- Ciúmes?

- Não Bruna, isso se chama cuidado. – Estava irritada. – Vamos logo, temos muita coisa pra fazer. – Saiu pisando duro e Bruna a seguiu, mas por dentro estava morrendo de rir.

 

***

- Quem são vocês? O que querem aqui? – As três foram recebidas com grosseria.

- Estamos procurando um rapaz chamado Tiago. É você – Liz perguntou. De um lado estava Carla e do outro Andressa.

- Até onde eu sei não estou devendo dinheiro pra ninguém.

- Tá tudo bem, só queremos conversar um pouco. Podemos entrar?

- Vocês são da polícia? Porque se for, eu não fiz nada. – Tiago não estava entendendo nada daquela visita estranha na sua porta.

- Se fossemos da polícia iriamos estar fardadas. – Carla usou a lógica.

- Então rapaz, podemos entrar? – Liz franziu o cenho.

- Não sei de onde vocês vieram, mas não é normal deixar estranhos entrarem em casa. – Estava impaciente. – O que vocês querem? – Ficou parado na porta sem permitir a passagem delas.

- Parece que passou um furacão aqui. – Carla conseguiu ver um pouco da bagunça atrás do homem.

- Não é da sua conta dona, ou vocês falam logo o que querem, ou param de encher meu saco. Tá claro? – Bufou.

- Olha como fala rapaz – Liz protegeu Carla.

- Você é meu filho. – Andressa soltou sem nenhuma cerimônia ou enrolação.

- A senhora bebeu foi? – Ele não entendeu nada.

- Podemos entrar agora? – Liz praticamente empurrou Tiago.

- Eu não queria que fosse assim, mas já que vai ser... – Andressa e as amigas entraram. – Eu tive você muito jovem, mais jovem do que você pode imaginar. – Andressa começou a falar, Tiago estava assustado, em dado momento pensou até que fosse pegadinha de um dos seus amigos do orfanato. – Eu queria ficar com você, estava disposta pra isso, mas eu era tão nova, não consegui ter poder de decisão.

- Você tá doida, preciso que saiam daqui. – Estava nervoso.

- Não vou sair, preciso que entenda que sou sua mãe. Procurei você por muito tempo, não vamos perder mais tempo, por favor.

- Quero um exame de sangue, depois disso, pode ser que alguma coisa faça sentido. – Tiago começou a pensar em tudo que viveu. O sentimento de ser abandonado era doloroso demais.

- Não será problema. – Liz pegou seu celular e em menos de 15 minutos conseguiu uma coleta domiciliar.

- Tão rápido assim? – Ele se assustou.

- Tenho alguns amigos. Agora só precisamos esperar. – Liz sem cerimônia, sentou-se no sofá.

- Não mexam em nada, querem alguma bebida? – Foi ríspido. As três recusaram.

- Então, a briga foi feia hein garoto. – Liz comentou olhando ao redor. Aquela casa não via uma vassoura a um bom tempo.

- Já falei que não é da conta de vocês. – Estava no limite da irritação com aquelas três. Andressa, depois de ter falado tudo aquilo, ficou quieta, apenas com seus pensamentos, sendo observada atentamente pelo rapaz.

- É sua família? – Carla olhou o porta retrato.

- Vocês são curiosas demais. – Estava impaciente - São minha família sim. – Respondeu seco.

- São lindos, qual o nome deles? – Carla estava encantada com aquela criança na foto.

- Luna e Jonny, acabou o interrogatório? – Foi grosso.

- Meninas, acho melhor esperarmos lá fora. – Liz levantou indo em direção a porta sendo seguida pelas amigas. Estava cansada de tanta grosseria por nada.

- Dona, foi a melhor ideia que teve hoje. – Tiago fechou a porta com tanta força que do outro lado elas sentiram o vento.

- Esse vai ser bem difícil, você sabe né? Talvez não seja do jeito que imaginou. – Liz olhou para Andressa. As três voltaram para o carro enquanto aguardavam o laboratório.

- Estamos aqui com você e mesmo que nada saia do jeito que pensou, você conseguiu achá-lo.- Carla segurou na mão da amiga.

- Tenho muita sorte por ter vocês. Nem sei como consegui ficar tanto tempo longe. – Estava emocionada e com mil pensamentos aflorados em sua mente.

   Demorou quase duas horas até o pessoal do laboratório chegar. Colheram o material genético e cada um foi para um lado, com a promessa de um resultado em até 12 dias.

 

***

- Que carinha é essa? – Gabriel perguntou, ele e Brenda estavam no escritório.

- Carinha de quem se reconciliou com Melissa. – Estava toda feliz.

- Não brinca.

- Sério, eu tô tão feliz. Acho que vamos voltar. – Estava animada.

- Vai com calma. – Estava com uma pontinha de preocupação, não queria ver a amiga sofrendo tudo de novo. – Mudando de assunto, lembra que hoje, vamos viajar com o Gael. Amanda quer me apresentar oficialmente como namorado para dona Barbara.

- Vocês não podem deixar para próxima semana? Domingo é o evento.

- Marcamos no início da semana. Você sabe que Amanda odeia desmarcar as coisas. Tava pensando, você tem o número da Luna? Queria perguntar se ela deixaria o Jonny ir com a gente.

- Ela perdeu o celular, mas tenho o número da Bruna registrado – Fez cara de poucos amigos.

- Posso falar com ela?

- Claro, acho uma ótima ideia o garoto ficar longe disso tudo. Espero que Luna consiga resolver tudo. – Pegou o celular.

   Gabriel ligou para Bruna que atendeu sem saber quem era, ficou animada ao saber que Gabriel estava do outro lado da linha.

- Tô trabalhando agora, só vou ver ela a noite. Mas anota aí. – Bruna deu o novo número de Luna, havia comprado um celular para a irmã.

- Nem sei como agradecer. Um cheiro gata. – Gabriel realmente havia simpatizado com ela. Se despediram.

- Desde quando você é amigo dessa mulher? – Brenda estava indignada.

- Para com isso, ela é gente boa. Por falar nisso, você sabe que as modelos internacionais são ela e Melissa né?

- Como você sabe disso e eu não? – Arqueou a sobrancelha.

- Tá pra nascer uma pessoa mais desligada que tu. Lembra que Fábio falou em modelos internacionais e em poucos dias você dá de cara com a Mel? Sem contar que descobri que Bruna também é modelo. Usa a lógica criatura. – Debochou rindo dela.

- Assim você me magoa – Fez drama. – Estranho a Mel não ter me contato nada.

- Vai com calma, vocês se reencontraram agora. Ela não te deve satisfação, iniciar um relacionamento com cobranças não é legal.

- Faz sentido, o que seria de mim sem seus conselhos que eu nunca peço. – Brincou.

- Você estaria perdidinha.

   Gabriel ligou para Luna e precisou usar todo seu charme para que ela deixasse Jonny viajar com eles.

 

***

   Já eram quase duas da tarde, Luna foi de uber deixar Jonny na casa do amiguinho e quase não conseguia largar o garoto. Jonny estava empolgado, adorava brincar com Gael.

- Fica tranquila, vamos cuidar bem dele. – Amanda tentou acalmar Luna.

- Pronto, todas as malas estão no carro. – Gabriel conferiu.

- Promete que vai se comportar? – Luna pegou Jonny no colo e o abraçou.

- Promete sim – Jonny falou balançando a cabeça.

- Cadê o abraço da dinda? – Brenda estava com eles, havia levado Gabriel de volta para casa. Gael abraçou a madrinha com toda a força que tinha.

- Então gente, precisamos ir. – Gabriel se preocupou com a hora.

- Se cuida por favor – Foi a última coisa que Luna falou. Todos se despediram para depois entrarem no carro e sair.

- Quer carona? – Brenda ofereceu a Luna.

- Aceito.

 

***

- Tá tudo bem Dessa? – Liz perguntou, já estavam em casa.

- Sim, preciso só dormir um pouco. Vejo vocês mais tarde. – Forçou um sorriso. As amigas sabiam que ela não estava nada bem, mas iriam respeitar seu espaço.

- Precisa de alguma coisa? Gostou do quarto? – Liz estava preocupado com Carla.

- Está tudo perfeito, como você consegue ser tão gentil?

- Só com você Carlinha – Estava toda boba por aquela mulher.

- Senti sua falta Liz. – Foi em direção a ela a agarrando em um abraço cheio de saudade.

- Opa, cuidado mulher. – Liz falou quando percebeu que Carla estava um pouco tonta. – Eu sabia, você forçou demais. – Estava preocupada.

- Tô bem, acho que preciso deitar um pouco. – O esforço que Carla não fez quando estava no hospital, fez em menos de um dia.

- Vem, eu te levo. – Liz a conduziu para o quarto.

- Fica aqui comigo? Essa cama é grande demais. – Carla não sabia ou fingia não saber o poder daquela frase. Liz queria ouvir muito aquilo, mas imaginou de outro jeito.

- Você sabe que sempre faço o que quer. – Sorriu e se juntou a Carla.

- Como as coisas mudam, dormi vendo você e acordei vendo você. Tantos anos sendo amigas, a gente escondeu tanta coisa umas das outras. – Carla refletia.

- Como assim? – Se fez de doida.

- Éramos pra ter ajudado a Dessa antes, era pra eu ter me declaro pra ela, era pra eu ter te dado uma chance. A gente perdeu muito tempo fingindo que não era nada. Andressa até entendo que não sabia dos meus sentimos... – Sorriu. – A gente era um trio bem complicado – Lembrou das aventuras que passaram juntas. Liz ouvia atentamente, não conseguia mexer um musculo sequer. – O que quero dizer, é que se você quiser tentar, eu quero tentar também. Eu sei que não faz sentido nenhum falar isso agora, você provavelmente deve ter alguém, mas eu preciso deixar claro que tô aqui e quero você.

Silencio

- Desculpa, acho que exagerei. – Carla se remexeu incomodada e com vergonha.

- Não exagerou. Desculpa, tava tentando digerir isso tudo. Eu tenho alguém, tenho você. – Respondeu toda amorosa. Carla não imaginava o quanto ela tinha sonhado com aquele momento. As duas estavam viradas uma para a outra na cama.

- Aceita tentar? – Carla estava surpresa consigo mesma, na verdade, tinha cansado de perder tempo, Liz era a escolha certa.

- Aceito conseguir. – Os olhos de Liz brilhavam mais que o sol. – Posso te beijar? – Carla não respondeu com palavras, mas sim com um gesto. Foi se aproximando até alcançar a boca da outra. E que beijo perfeito, tinha demorado tempo demais para acontecer e as duas aproveitaram cada segundo.

 

***

- Então, você está bem? – Brenda dirigia atenta.

- Bem bem, não. Mas vou ficar. – Suspirou.

- Luna, já fez a denúncia?

- Desculpa, não quero ser grossa. Não quero tocar nesse assunto agora. Só queria que o Jonny não tivesse passando por isso. Ele não fala, mas eu sinto que ele sabe. – Estava com o coração partido.

- Tudo bem. Você está fazendo o seu melhor. Ele vai ficar bem, e você ganhou uma ruma de amigos pra te ajudar e eu coloquei meu nome nessa lista. – Foi fofa.

- Você não tem ideia do quanto está me ajudando. – Silencio - Brenda?

- Hum

- Sei que não é da minha conta. Mas acho que você e Bruna seriam boas amigas.

- Agora sou eu que não quero falar sobre isso. – Fez uma curva.

- Entendo, nem sei por que falei isso. – Ficou sem jeito. – Desculpa.

- Relaxa

- Posso saber pra onde está me levando? – Luna percebeu que aquela rota era totalmente diferente do endereço que havia passado para ela.

- Quero te mostrar um lugar.

- Brenda, você é estranha, mas uma estranha legal. – Luna não disfarçou um sorriso. Realmente ela era encantadora e o fato de querer ajudá-la aquecia seu coração.

 

***

- EI ESPERA – O garçom saiu gritando atrás do cara que esqueceu de pagar a conta.

Tiago

   Eu me perguntava onde aquela vagabunda tinha ido com meu filho. Enquanto aquele maldito resultado não saia, eu iria até o fim do mundo atrás de Luna. Iria fazer ela gritar de dor. Estava concentrado demais nos meus planos quando vi ela e aquela escrota que me bateu, paradas no semáforo. Saí quase voando, acho que derrubei até a cadeira do bar. A conta era o de menos. Meu ódio só aumentou quando o semáforo abriu e vi o carro se afastar. A desgraçada havia conseguido escapar, mas os seus dias estavam contados. Voltei para o bar, paguei a conta e saí. Comecei a pensar em cada detalhe. Eu sabia que Luna era inteligente demais e não ia voltar com o Jonny pra aquela escola. Talvez aquela mulher que me bateu seja amiga da Luna, então pode ser que ela tenha filho e que estude no colégio do Jonny.

- Te peguei Luna... – Falei em voz alta comemorando, eu estava feliz demais com minha inteligência. Eu iria dia após dia observar aquela escola, acharia aquela escrota que me socou, iria achar Luna através dela. Eu iria fazer ela beijar meus pés.

 

Fim do capítulo