Capitulo 13
- Adoro fazer parte de encontros assim, prazer te rever Melissa. – Brenda apareceu do nada, arrastou uma cadeira e se sentou.
- Que merd.... – Melissa não conseguiu terminar, sendo interrompida por Brenda.
- Você vai me ouvir. – Brenda excluiu Bruna e olhava fixamente para Melissa. – Eu não tive culpa, entendeu? Eu não tive culpa. Tenta entender isso, você tinha tanta insegurança aí dentro. – Apontou para o peito da outra, estava com tanta raiva. – Que não me deu nenhuma chance de explicar, não quis saber a verdade, será mesmo que me amava Melissa? Amanda estava na minha casa porque eu estava tentando ajudar ela, fui dormir e esqueci de trancar a porta, eu estava feliz porque estávamos bem, eu e você. Quando acordei ela estava na minha cama e você na porta. Eu não fiz nada, você sabia como Amanda era. Mas quer saber Melissa, você não merece saber de mais nada. Te procurei, esperei por você, fui idiota e pra quê? Você está aqui com outra. Bom jantar pra vocês – Olhou para Bruna, para Melissa e saiu sem dizer mais nada. Na mesma velocidade que chegou, saiu.
Bruna
Eu não estava crendo naquilo, de onde aquela mulher tinha brotado? Ouvia todas aquelas palavras e foi inevitável a tristeza que senti vendo os olhos de Melissa cheios de lagrimas. Era pra ser uma noite linda, eu iria me declarar, iria dizer coisas que ela nunca tinha ouvido de mim, mas algo me dizia que ela não iria ouvir.
Melissa
Não podia ser verdade, aquilo não estava acontecendo. Porque eu tinha que ser tão ingênua a ponto de acreditar que não iriamos nos encontrar. Só não imaginava que ia ser ali. Vendo Brenda, meu coração acelerou de um jeito, parecia que ia sair pela minha boca. Será que era verdade? Será que realmente ela não tinha culpa? Minha cabeça doía. Olhei para Bruna, não sabia o que falar, o que fazer.
Narrador
Bruna e Melissa haviam voltado para o ap, desde aquele momento com Brenda, o silencio reinava entre elas.
- Não vai falar nada? – Bruna não aguentou mais, estava com medo.
- Não sei o que dizer. – Melissa estava atordoada.
- Tudo bem. Vou dar uma volta.
- Não, por favor. Preciso de um abraço. Fica comigo. – Melissa pediu quase suplicando.
- Vamos terminar né – Bruna falou enquanto abraçava a outra. Melissa não falou nada, mas Bruna entendeu a resposta pelo choro incontido da outra.
***
Brenda
Eu sabia que não deveria ter saído de casa, mas não sabia que ia ser tão ruim ter saído. Eu precisava de uma festa, precisava trans*r com alguém. Quanto mais eu caminhava, mais sentia uma mistura de raiva, saudade, mágoa, desejo. Minha cabeça estava uma confusão. Parei em um barzinho que tocava pagode. Passou algum tempo, eu já sentia os efeitos do álcool, recebi uma mensagem de Gabriel e pedi para ele ir me buscar.
***
Narrador
Naquela noite ninguém dormiu direito. Bruna pensava em como iria conviver com Melissa. Melissa pensava nos sentimos que tinha por Breda e por Bruna, e quanto mais pensava, mais difícil aquilo tudo se tornava. Brenda deu um trabalho para Gabriel que ficou a noite quase toda cuidando da amiga. Luna engolia seu pedido de socorro enquanto o marido dormia despreocupado.
***
Quarta-feira chegou agitada, as modelos não haviam conversado mais sobre aquela noite, continuavam namorando, mas sabiam que precisavam conversar. Por sorte ou azar, Fábio tinha tomado todo o tempo delas, tanto que Melissa não havia tido tempo de visitar Dona Carla. Brenda resolveu focar no trabalho para esquecer o encontro com Melissa, enquanto Gabriel e Amanda tentavam distrai-la.
***
- Está atrasado mocinho. – Amanda falou abrindo a porta para seu pai.
- Desculpa, tive dificuldade para dormir ontem. Cadê meu garoto?
- Terminando de se arrumar. Está tudo bem? Parece abalado. – Amanda se preocupou.
- Não se preocupa filha, tá tudo bem. – Sua boca falava uma coisa, mas seu semblante dizia outra completamente diferente.
- Vô vô – Gael falou correndo pra abraçá-lo. – Vai me levar hoje? – Perguntou ansioso.
- Claro que vou, gostou da surpresa?
- Simmmmmmmmmm – Gael era pura felicidade.
- Meu amor, sua dinda vai te buscar mais tarde. Nada de aprontar, certo? – Amanda falou se despedindo depois de um abraço apertado no filho. – Pai, tá tudo bem mesmo? – Tentou novamente.
- Claro que sim, se cuida e não fica encucada. – Magno se despediu.
- Espera pai, esqueci de te avisar. A moça do hospital, dona Carla, ela acordou.
- Sério Amanda? Como ficou sabendo? – A filha percebeu seu semblante mudar.
- Sério, mas vai com calma. Brenda recebeu uma ligação mais cedo de uma tal de Maria Liz avisando que Dona Carla havia acordado. Ela e Gabriel vão visita-la amanhã, pelo que fiquei sabendo ela terá alta na sexta.
- Posso ir com eles?
- Tem certeza? Isso não vai te fazer mal pai?
- Tenho sim, por favor.
- Vou pedir a Gabriel pra te levar junto.
- Obrigada filha – Magno havia mudado até seu tom de voz, estava mais feliz de repente. Como se estivesse aliviado.
***
- Tô me sentindo importante, a primeira coisa que fez foi vir aqui? – Carla falava animada, vendo Andressa ali.
- Você sempre foi importante. Não tem ideia da saudade que senti de vocês duas, estou muito feliz em te ver bem Carlinha.
- Falando assim me apaixono. – Carla brincou, mas percebeu um certo incomodo em Liz.
- Pensei que já era apaixonada. – Andressa entrou na brincadeira. – Por falar nisso, aconteceu algo estranho, uma das enfermeiras quando me ajudou a encontrar seu quarto, falou que você estava com sua esposa. – Nesse momento Liz se engasgou.
- É... então.. Carlinha, desculpa. Eu ia te contar, no dia do acidente, saiu sem querer que você era minha esposa. Não sei o que me deu. – Falou sem jeito, nem se lembrava disso, naquele dia estava tão nervosa.
- Eu sei o que te deu. – Andressa brincou.
- Tá tudo bem Liz, graças a isso, pude ter você ao meu lado. – Sorriu.
- É impressão minha ou tô sentindo um clima aqui? – Andressa não tinha limites.
- O único clima que está sentindo é o calor, para de ser chata. – Liz mudou de assunto. – Então Dessa, já tem onde ficar? Quer ficar lá em casa? Nós três, como nos velhos tempos?
- Tem certeza? – Andressa adorou a ideia, tinha feito uma reserva em um flat, mas iria tratar logo de cancelar.
- Claro, vamos ajudar essa mocinha a se recuperar. – Liz estava toda animada.
- Tenho que pedir uma coisa, preciso de ajuda. – Falou séria. Andressa juntou todas as suas forças e contou sobre sua adolescência, seu amor por Frances, sobre a criança que tiveram, sobre tudo que aconteceu depois.
- Como não sabíamos disso? Por que guardou tudo isso sozinha? – Liz estava pasma.
- Vai ficar tudo bem Dessa, vamos te ajudar. – Carla disse segurando a mão da amiga. – Pode esperar até sexta? Vou ter alta e podemos ir nós três até o endereço que mostrou.
- De jeito nenhum Carlinha, você vai ficar em casa, vou pedir para Melissa ficar cuidando de você e eu vou com a Dessa.
- Quero ver quem vai me obrigar, sou adulta, vacinada e vou ajudar vocês sim. – Carla disse firme.
- Depois dessa se eu fosse você ficaria calada. – Andressa não perdia a oportunidade.
***
- Mel, podemos fugir um pouco? Ir a praia? – Bruna estava exausta de tanto trabalho.
- Vamos sim. – Saíram de fininho sem Fábio perceber.
Melissa e Bruna chegaram até a praia que ficava a poucos minutos de onde trabalhavam. Sentaram-se na areia, uma do lado da outra, com os braços colados.
- Como tá se sentindo? – Bruna quebrou o silencio.
- Um grande lixo. – Abaixou a cabeça. – Eu estava bem, a gente estava bem e agora tudo está uma bagunça. Você não tem ideia da mágoa que sinto.
- Ei, primeiro de tudo você não é um lixo. E de onde você tirou a ideia que não estamos bem? – Bruna engoliu toda a insegurança, gostava demais daquela mulher para ver ela daquele jeito.
- Você falou em terminar. – Percebeu que a certeza que tinha antes sobre Bruna se transformou em confusão. – É isso que espera?
- Eu espero que você fique bem e se encontre. O que aconteceu entre a gente foi uma das melhores coisas da minha vida. Mas vi como você ficou ontem, senti sua dor, e senti mais ainda que entre vocês existe muitas coisas pra serem resolvidas. Não quero ser motivo de escolhas erradas. Tenho uma proposta... – Respirou fundo.
- Humm, qual? – Melissa sentia seu coração apertar.
- O que você acha de darmos um tempo, você vai poder conversar com Brenda, entender o que aconteceu. Primeiro de tudo, antes de ser sua namorada, sou sua amiga e independente de qualquer coisa, vou continuar sendo.
- Simples assim? O que vivemos não significou nada? – Estava nervosa, não sabia como agir.
- Significa tanto, que tô te dando espaço. Amar você, não significa que eu tenho que te pressionar, amar você significa te deixar respirar.
- Tem certeza que é isso que quer?
- Mel, se continuarmos vou acabar sendo traída ou você vai se segurar tanto que vamos brigar e brigar até você ter coragem de terminar. – Apesar de ser brincalhona e muitas vezes atrapalhada, Bruna era madura o suficiente pra entender que era hora de parar.
- Eu nunca te trairia. – Se sentiu mais triste do que já estava e até um pouco ofendida.
- Talvez eu não, mas você se trairia. Não vai mudar nada, vamos continuar morando juntas e trabalhando juntas. – Estava tentando ser otimista, tinha que fazer com que ela se sentisse tranquila.
- Então vai ser assim? Na mesma velocidade que começamos, vamos terminar?
- É um tempo Melzinha, assim você vai sentir saudade e voltar pra mim. – Piscou brincando.
- Ai Bruna, é sério. – Melissa se irritou.
- Calma Bad girl, vem aqui – Abraçou Melissa o mais forte que conseguia, queria gravar aquele momento. Se fosse possível queria congelar o tempo. Melissa foi se afastando para se aproximar da boca de dela, estavam cada vez mais próximas quando o celular de Mel tocou quebrando aquele momento.
- É o Fábio, acho melhor voltarmos. – Melissa não atendeu.
- Vai primeiro, preciso ficar uns minutinhos aqui. Vou logo atrás de você. – Bruna estava se segurando ao máximo para não chorar. Melissa não insistiu e voltou.
Bruna
Aquela sensação de perda era péssima, até onde eu me lembrava não tinha sentido aquilo com ninguém, e pra falar a verdade, não sei da onde tirei tanta força pra deixar Melissa livre. Jamais iria me perdoar se eu fosse algum tipo de obstáculo pra ela. Doeu? Sim, mais do que eu imaginava. Naquela noite no restaurante eu estava pronta pra dizer que a amava, meu coração fica dolorido toda vez que penso que não consegui falar. E se eu falasse? E se eu escolhesse lutar por ela? Será que seria uma luta perdida? Lembrei de Brenda, dos olhos delas duas. Não iria ganhar essa luta. Eu precisava me acalmar, voltar para o trabalho e tentar sufocar esse sentimento. Talvez algum dia, eu consiga achar alguém como ela... Iria ser difícil conviver com ela, tentar esquecer nossos momentos, mas eu faria de tudo pra ela sentir que está tudo bem, eu a amava. Vê-la feliz seria como aquele pôr-do-sol. Liguei pra Luna, precisava conversar com alguém, mas ela não atendeu. Desde a última vez que nos encontramos ela não atendia minhas chamadas e nem respondia as mensagens. Algo estava errado e eu ia descobrir.
- Chega Bruna, hora de trabalhar – Levantei, bati no meu bumbum pra tirar a areia e fui caminhando até o trabalho. Pensei no primeiro dia que vi Mel, em como nos tornamos amigas, nosso primeiro beijo, nossa primeira noite...
Narrador
Brenda estava do outro lado da rua, olhava para os lados, para a escola, via as pessoas indo e voltando. Estava esperando dar a hora da saída de Gael. Sempre chegava 40 minutos antes e ficava ali observando as coisas, as vezes ficava numa sorveteria próxima. Mas naquele dia queria só observar, tentar pensar em outra coisa que não fosse Melissa.
- Mas que porr* é essa... – Brenda falou em voz alta, cerrou os olhos pra ver se era aquilo mesmo que estava vendo. – Em pleno século 21 – Pensou em voz alta e atravessou a rua.
***
- Anda devagar, ou quer que eu te ensine aqui mesmo?
- Para por favor, estamos na rua. Lembra, o Jonny vai gostar de ver nós dois juntos vindo buscar ele. – Luna se retraia sem perceber. Ela e o marido andavam pela calçada, estavam a poucos passos da escola. O ônibus havia passado cedo demais naquele dia. – Eu vou embora. – Como um lampejo, Luna soltou essa frase baixinho.
- Como é, repete que não ouvi. – Luna sentiu seu braço ser segurado com toda força e se arrependeu de ter falado aquelas palavras.
- Nada, esquece por favor, não foi nada. – Já ganhava ares de desespero.
Luna
Ele não esperou chegarmos em casa, pegou em meu braço e me arrastou para uma rua estreita que mais parecia um beco, ficava perto de onde estávamos. Eu não conseguia parar de chorar, já era o terceiro soco que ele me dava na barriga. E quanto mais eu chorava, com mais força ele fechava o punho e batia em mim. Queria gritar, queria fugir, mas e o Jonny? O que iria vir depois? Foi quando escutei aquela voz...
Narrador
- SOLTA ELA CARA – Brenda falou assustando o casal.
- Saí daqui vagabunda, em briga de marido e mulher ninguém se mete. – O homem falou indo em direção a ela.
- Tenho uma novidade, eu me meto. – Sem pensar nas consequências, Brenda deu um soco no homem que cambaleou caindo, segurou o queixo, perplexo. – Se eu souber que está vindo atrás, chamo a polícia.
- Vem Luna, antes que ele levante. Anda, vem comigo – Brenda agiu muito rápido, segurou Luna, pegou em seu braço, apoiou ela e saíram.
- O Jonny, por favor, o Jonny. – Luna estava desesperada e com muita dor. Sentou-se no banco do carro.
- Calma, ele não vai voltar - Brenda tentava acalmar a mulher – Vou pedir pra um amigo buscar Gael e pegar o Jonny também. Fica tranquila, seu marido não vai tentar nada. – Brenda pegou o celular, mandou mensagem para a diretora da escola e mandou mensagem para Gabriel ir buscar os meninos. – Vai ficar tudo bem, vamos cuidar desses machucados. – Brenda percebeu os hematomas nos braços dela.
- Não quero ir pro hospital. Eu quero o Jonny BRENDA – Gritou.
- Luna, calma. Vamos encontrar o Jonny daqui a pouco. Você quer mesmo que ele te veja assim? Vamos, vou cuidar de você. – Brenda naquele momento só queria ajudar, não tinha noção da dor daquela mulher.
Não demorou para Brenda chegar em casa, estacionou o carro e desceu para ajudar Luna, notou que ela andava com dificuldade. Abriu a porta, deixou Luna no sofá e caminhou até a cozinha pra pegar gelo.
- Deixa eu cuidar de você, tá tudo bem agora. – Brenda se aproximou colocando uma bolsa de gelo no braço de Luna. – Tem mais machucados? – Perguntou com certo receio. Luna não respondeu nada, levantou a blusa mostrando o estado da sua barriga. Brenda se assustou com o volume e o tamanho dos hematomas. Percebeu que alguns deles não tinham sido de minutos atrás.
- Ele bate aqui porque ninguém vai ver. – Luna falou como se aquilo fosse natural, mas por dentro estava destruída.
- Tá tudo bem agora. – Brenda pegou em sua mão. – Vou pegar mais gelo. – Ia se levantar.
- Espera, desculpa por aquele dia. – Luna se referiu ao primeiro encontro delas.
- Eu que te devo desculpas, fui rude e não te respeitei. Eu meio que joguei tudo pro alto, eu amava alguém e não acabou bem, chutei o pau da barraca. Mas isso não é assunto pra hoje nem pra agora. – Levantou indo pegar mais gelo. – Você tem alguém pra ligar? – Brenda perguntou voltando e colocando o gelo na barriga da outra.
- Minha irmã, mas ela não sabe de nada. – Abaixou a cabeça com vergonha.
- Luna, tá na hora dela saber, não acha? Desculpa me meter assim na sua vida, a gente mal se conhece, mas tudo isso é uma luta nossa. Entende?
- Você tem razão, posso pegar seu celular emprestado? Acho que perdi o meu. – Se lamentou.
- Pode sim. – Brenda pegou seu celular. – Espera, boas notícias. Meu amigo já está com o Jonny. Ele e o Gael estão brincando juntos. Olha... – Brenda virou a tela para Luna. Gabriel mandou uma foto onde os dois amiguinhos brincavam com alguns carros. – Se sente mais tranquila?
- Só quando eu tiver ele comigo. – Forçou um sorriso.
- Porque não deixa ele dormir na casa do amigo, você se resolve com sua irmã e qualquer coisa pode ficar aqui em casa. O que acha?
- Acho que você está sendo gentil demais, eu não mereço tanto.
Brenda
Amanhã te conto mais detalhes, por favor, cuida do Jonny
Gabriel
Pode deixar comigo, sou uma ótima babá, Gael vai amar a notícia. Se cuidem, se precisar me chama.
- Só quero te ajudar. Toma, liga pra ela. – Mandou mensagem para Gabriel e entregou o celular nas mãos de Luna. – Qualquer coisa só me chamar, vou fazer alguma coisa pra comermos. – Saiu.
***
- DESGRAÇADA. – Estava transtornado. Quebrou a mesa de vidro que tinha na cozinha, deu um suco quebrando a tela da tv. – Você vai pagar caro Luna. – Falou olhando a foto no porta retrato em cima do rack.
***
- O que houve Lua, por que tá chorando? Onde você tá? Fala comigo Luna. – Bruna atendeu e mal deixou Luna falar, só de escutar o choro do outro lado da linha, já ficou desesperada.
- Tá trabalhando? – Não queria incomodar a irmã.
- Luna, onde você tá? – Trabalho era a última coisa que Bruna queria saber.
- Anota aí. – Luna falou o endereço.
- Me espera, chego já já minha Lua. – Desligou.
- O que houve? – Melissa perguntou preocupada, estavam finalizando o dia de trabalho.
- Tem problema se você for sozinha pra casa? Vou pedir um uber. – Não queria prolongar a conversa.
- De jeito nenhum, vai no carro. Eu pego um uber. Tá tudo bem? – Melissa insistiu.
- Uhum, depois a gente se fala. Eu tenho que ir, desculpa. – Ia saindo.
- Espera. – Melissa a puxou pra um beijo cheio de saudade de ambos os lados, mas um lado sabia que era saudade, o outro estava distante de saber. – Desculpa. – Mel se tocou do que tinha feito.
- Tudo bem Mel, tenho que ir. Se cuida. – Se fosse a minutos atrás, aquele beijo não iria sair da sua cabeça, mas naquele momento só Luna ocupava espaço na sua mente.
***
- Então, deu tudo certo? – Brenda voltou da cozinha. – Toma, você precisa comer. – Deu um sanduiche pra Luna.
- Acho que sim, eu não parava de chorar e ela não me deixava falar. Então acho que deu certo. – Forçou um sorriso.
- Quer conversar?
- Não, mas aceito ver um filme. – Luna queria esquecer tudo.
- Você que manda. – Brenda colocou um filme para as duas.
***
- Está tudo bem? – Amanda falou baixinho para Gabriel. Todos estavam na sala.
- Parece que a mãe do Jonny teve problemas e Brenda estava na hora e conseguiu ajudar. Não sei muito bem o que aconteceu.
- Quer apostar quanto que Brenda vai dormir com ela?
- Amanda, por favor, ela é hetero, mãe e casada. Tá com ciúmes?
- Primeiro não estou com ciúmes, tenho um namorado lindo, charmoso que adoro. Segundo, desde quando casamento e filho é empecilho pra algo? – Sorriu.
- Prefiro nem pensar nisso e se eu apostar e perder? Não quero nem imaginar a confusão. – Gabriel sabia muito bem a fama de Brenda.
- Espero que esteja tudo bem. – Amanda tentou pensar em coisas boas. - Nunca tinha percebido isso antes, mas eles se parecem tanto um com o outro... – Amanda olhou atentamente para os garotos que brincavam no chão.
- Realmente... – Gabriel observou. – Eu sei que existem pessoas parecidas no mundo, mas assim, nunca tinha visto. – Comentou e estranhamente Amanda sentiu um frio na espinha.
- O que acha de fazermos um jantar em família? – Falou tentando espantar aquela sensação.
- Lasanha? – Gabriel sugeriu vendo Amanda confirmar em um gesto. – Vou começar a preparar, fica com eles?
- Claro. – Amanda confirmou, ganhou um selinho de Gabriel e ficou ali vendo os meninos brincarem.
***
- Fica aqui, não se mexe, daqui a pouco o remédio pra dor vai fazer efeito. Fica quieta, vou abrir a porta. – Brenda pediu quando escutou a campainha tocar.
- VOCÊ? – Brenda e Bruna falaram em uníssono.
- Tá brincando com minha cara, você é a irmã da Luna? – Brenda estava em choque.
- Olha, não quero brigar, só quero saber da Luna. Seu assunto é com a Melissa, não comigo. – Foi madura, mesmo querendo dizer que Mel era sua e que iria lutar até o fim.
- Entra. – Brenda engoliu em seco, não espera aquela reação da outra.
- Minha Lua – Bruna correu para a irmã. – Desde quando você entra em brigas? - Estava surpresa vendo-a toda machucada daquele jeito.
- Precisamos conversar. – Luna falou segurando o choro, ver Bruna ali tinha desencadeado tudo.
- Vou deixar vocês duas sozinhas, qualquer coisa pode me chamar. – Brenda foi saindo.
- Espera, deixa eu te apresentar. Essa é Bruna minha irmã. Bruna essa é a Brenda, me ajudou hoje, se não fosse ela nem sei... – Apresentou as duas.
- A gente já se colhesse, aliás, ela está trans*ndo com minha ex. – Brenda foi extremamente desnecessária. – Enfim, qualquer coisa me chama Luna. – Ignorou Bruna. Saiu não dando tempo de ninguém falar nada.
- Desde quando você fica com mulheres? – Luna até esqueceu sua dor.
- Não me sinto a vontade aqui, podemos ir embora? Cadê o Jonny? – Estava desconfortável.
- Já percebeu que são muitas perguntas e ninguém responde nada.
- Luna, por favor. – Suspirou. – Eu estava namorando uma mulher, minha melhor amiga. Mas acabou. Aconteceu, me senti atraída por ela e ponto. Tem algum problema com isso?
- Nenhum, só quero que seja feliz, mas pelo jeito as coisas não vão muito bem.
- Tá tudo bem Lua. As coisas acontecem, Brenda era namorada dela, mas isso não é coisa pra falar agora. Vamos embora? Por favor.
- Desculpa Ninha, preciso conversar com você e tem que ser agora. O Jonny tá na casa de um amiguinho.
A cada palavra que Luna falava era uma facada que Bruna sentia na sua pele. Nunca imaginou que a irmã que tanto amava passava por tanto sofrimento. Se questionava o porquê dela não ter pedido ajuda e tentava entender que não o fez por medo. Se abraçaram com cuidado para não machucar Luna. Choraram juntas, sentiam a dor juntas.
- Eu tô aqui agora. Ninguém vai te fazer mal minha Lua, desculpa por não estar aqui antes. – Bruna chorava. Chorava por não ter conseguido ajudar a irmã antes, chorava pela dor dela, chorava por Jonny, e no meio disso tudo, chorava por Melissa.
Depois de alguns minutos, Luna se despediu de Brenda e foi embora com sua irmã. Bruna insistiu para irem ao hospital, mas sem sucesso, Luna só queria dormir e descansar, estava um pouco mais calma, pois sabia que Jonny estava seguro.
- Mel me ajuda aqui. – Bruna pediu ajuda vendo Melissa na sala.
- O que aconteceu? – Correu para ajudar a apoiar a irmã da amiga.
- Explico já já, vamos levar ela pro meu quarto. Luna essa é a Melissa, minha amiga. Mel, essa é Luna, minha irmã chata. – Brincou. O fato de Bruna ter falado ‘’Amiga’’ incomodou Melissa.
- Agora tá explicado por que você virou a casaca. – Luna não se aguentou.
- Se controla. – Bruna pediu vendo Melissa ficar vermelha.
Passou alguns minutos, Luna dormia no quarto da irmã, enquanto as duas mulheres estavam na sala. Bruna explicou tudo que tinha acontecido, menos a parte que Brenda ajudou Luna. Melissa se praguejou mentalmente por não estar com ela.
- Vem dormir comigo hoje, te faço carinho até você dormir. – Melissa queria cuidar dela.
- Mel, acho melhor eu ficar por aqui. Vou dormir na sala hoje, é melhor e aproveito pra ficar observando a Luna vez ou outra. – Respirou fundo. – Desculpa.
- Tudo bem. Se você não quer ficar comigo, eu fico aqui com você. – Sorriu.
- O que eu faço com você?
- Eu pediria um beijo, mas como sei que não vai dar. – Soltou no ar.
- Quer ver um filme até dar sono? Lembra que amanhã temos que ir ao hospital, quero muito conhecer Dona Carla. – Mudou de assunto.
- Não seria melhor ficar aqui com a Luna? – Se preocupou.
- Era sobre isso que queria falar com você, tem problema se ela ficar aqui alguns dias? Ela e Jonny?
- Claro que não, são sua família.
- Você também é minha família Mel. – Segurou na mão da outra. O clima entre elas era inegável. Mas Bruna estava firme. – Muito obrigada pela ajuda. – Agradeceu. – Então, bora de filme? – Mudou novamente de assunto.
- Bora né – Melissa suspirou.
***
O dia amanheceu mais que agitado. Melissa estava doida pra acordar Bruna com beijos, mas respeitou o tempo que estavam dando. Bruna acordou cansada, passou uma boa parte da noite indo ver se estava tudo bem com Luna. As três tomaram café, Melissa foi trabalhar com a promessa que Bruna iria buscá-la para irem ao hospital, enquanto Luna e Bruna foram buscar Jonny.
- Tem certeza que está tudo bem? – Bruna perguntou, estavam dentro do carro no caminho para a casa do amiguinho de Jonny.
- Tô sim, o primeiro dia é o pior, mas depois melhora. – Aquelas palavras doeram em Bruna. – Você não vai ter problemas no trabalho?
- Tá tudo bem Lua, Melissa vai explicar tudo lá.
- Por falar em Melissa, que mulher linda hein. Até eu deixaria de ser hetero por ela. – Brincou. – Me conta qual o drama dessa novela.
- Não tem novela nenhuma aqui e nem drama. Ela é minha amiga, uma noite ficamos juntas, decidimos namorar, mas depois que ela encontrou a ex, eu decidi dar um tempo pra ela poder resolver as coisas. – Vomitou tudo sem respirar.
- Você é idiota Bruna? Como você abre mão de alguém dessa forma? – Estava indignada.
- Luna me deixa, tenho meus motivos. – Se chateou.
- Você a ama né, essa é a única explicação...
Silencio
- Então, quando pretende denunciar seu marido? – Bruna mudou de assunto, percebeu um desconforto em Luna. – Lua por favor, você precisa denunciar. Não vou deixar você voltar pra casa com o Jonny, nem que eu tenha que te prender.
- Não penso em voltar pra aquela casa. Só que estou sem roupas, eu e o Jonny. – Estava triste.
- Não se preocupa, esse trabalho novo está pagando muito bem. Vamos comprar roupas pra vocês e um celular novo.
- Está tudo bem financeiramente? Não quero incomodar.
- Agora está tudo bem, mas antes estava péssimo. Não quero falar sobre isso. E a denuncia Lua? Não me enrola garota.
- Ninha, por favor, não vou denunciar ele. Tenho meus motivos, manter distância já basta.
- Não consigo entender. – Estava com raiva.
- Não preciso que entenda Bruna, só preciso que respeite.
- Hummm, vocês são casados oficialmente?
- Não
- Graças ao Senhor. – Bruna soltou. – Desculpa, não quis ofender.
- Tudo bem, eu também agradeço por isso.
- Chegamos. É esse endereço mesmo? – Bruna estacionou em frente a casa.
- Sim, número 32. – Luna confirmou.
- Oi, tudo bem. Me chamo Luna, mãe do Jonny. – Amanda atendeu a porta.
- Prazer Luna, sou Amanda, mãe do Gael. Engraçado que nossos filhos são super amigos e a gente nunca se encontrou. Na maioria das vezes é meu namorado, a dinda ou o avô que vai buscar ele. Eu costumo deixar ele na escola antes do trabalho. – Fez um gesto para que entrassem.
- Te entendo Amanda. – Estava sem graça. – Essa é minha irmã Bruna.
- Prazer Bruna. – Amanda foi gentil.
- Oi meninas, tudo bem? – Gabriel apareceu. Amanda fez as apresentações e pediu para as garotas se sentarem, enquanto Gabriel foi buscar Gael e Jonny que brincavam no quarto.
- Tá tudo bem Luna? Precisa de algo? Se quiser pode deixar o Jonny aqui, cuidamos dele até você resolver tudo. – Amanda ofereceu ajuda.
- Muito obrigada Amanda, nem sei como agradecer. – Luna estava sem jeito. – Vamos ficar com a Bruna, mas obrigada pelo apoio.
- Então Bruna, o Jonny falou que você é modelo. – Amanda mudou de assunto percebendo que Luna estava com vergonha. Bruna olhou pra Luna sem entender, pois seria a primeira vez que iria ver o Jonny pessoalmente.
- Sempre mostro suas fotos e vídeos pra ele. Conto que você é uma superstar. – Luna tratou de explicar. Todas riram.
- Nem sou essas coisas todas. – Bruna foi modesta, coisa que não fazia com frequência.
- Luna, correu tudo bem lá na Brenda? Ela te tratou bem? – Amanda brincou na última pergunta.
- Espera. – Bruna parou pensativa. – Você é a Amanda? Amanda da Melissa? – Arregalou os olhos.
- Dá Melissa eu não sei, mas se for a Amanda que namorou com a Brenda e fez muita cagada no passado e infernizou a vida da Melissa... sou eu sim. – Amanda não entendeu muito bem no início.
- Certo, calma aê... você ficou com a Brenda? – Luna apontou para Amanda. – Que ficou com a Melissa, que ficou com você? – Apontou para Bruna.
- Sim. – As duas responderam juntas.
- Valha, nem vou falar mais nada. – Luna estava perplexa.
- Mainhaaaaaaaa – Jonny correu ao ver sua mãe. Luna sabia que o filho estava com muita saudade, só a chamava assim quando estava sentindo sua falta.
- Meu menino lindão – Luna o abraçou com tanta força, ignorou a dor que começava a incomodar.
- Nossa, vocês são gêmeos? – Bruna não conseguiu deixar de reparar a semelhança entre os garotos.
- Titia? – Jonny saiu do abraço da mãe.
- Titia não, prefiro titia superstar. – Bruna brincou puxando ele para um abraço. – Você é lindo demais sabia?
- Sabia. – Jonny respondeu provocando risos nos adultos.
- Eu também sou lindo. – Gael falou.
- Claro que é, muito gato. Acho que vocês dois serão modelos no futuro. – Bruna elogiou o amigo do sobrinho. Estava encantada com eles. Gael olhou para Amanda e ela entendeu aquele olhar, falou baixinho que depois explicava o que era ser modelo.
Luna, Jonny e Bruna, ficaram mais um pouco. Adoraram a companhia de Amanda e Gabriel e os meninos adoraram poder brincar mais um pouco. Depois de quase uma hora conversando e trocando ideias, Bruna levou a irmã e o sobrinho para o apartamento e saiu para buscar Melissa. Mas antes de sair, verificou tudo pro conforto dos dois, queria ter certeza que estavam seguros.
***
- Demorei? – Perguntou quando Melissa entrou no carro.
- Não, deu tudo certo?
- Perfeitamente, só tem um probleminha. Não quis te contar ontem, mas quem ajudou minha irmã foi a Brenda, e quem ficou com o Jonny foi a Amanda.
- Para o carro agora. – Melissa quase gritou. – COMO É QUE É?
- Calma Mel, eu não fazia ideia que quem tinha ajudado minha irmã era Brenda. E só descobri hoje que Amanda era A AMANDA.
- O mundo deixou de ser pequeno e virou um ovo de codorna, só pode ser isso. – Estava irritada.
- Você sabe que eu não tenho culpa de nada né, coincidências acontecem. – Bruna estava exausta e não queria discutir.
- Desculpa, vamos embora. Sei que você não tem culpa, mas porque isso tá acontecendo?
- Talvez seja melhor você conversar com a Brenda, entender o lado dela. – Disse com certa tristeza.
- E você?
- Eu o quê?
- E a gente Bruna?
Silencio.
***
- Deu tudo certo? – Carla perguntou quando Liz entrou no quarto.
- Deu tudo mais que certo, ela já se instalou. – Se referiu a Andressa. – Deixei ela arrumando as coisas.
- Ótimo, agora você pode finalmente me contar o que aconteceu com meu orfanato? – Carla perguntou impaciente. Desde que havia acordado, sempre que tocava no assunto do orfanato, Liz desconversava e pedia para ela focar na recuperação. Mal sabia ela, que Liz havia cuidado de tudo, conseguiu entrar em contato com alguns conhecidos e conseguiu colocar uma pessoa de confiança no lugar de Carla. Tudo caminhou e caminhava muito bem, Liz sempre pedia relatórios mensais de tudo que era feito lá, queria se manter informada sobre tudo.
- Cuidei de tudo pra você, fica tranquila Carlinha. Eu entendo que você quer muito voltar, mas antes precisa se recuperar, terminar a fisioterapia. Entende?
- Acho bom você ter cuidado muito bem das minhas crianças dona Maria Liz. – Fingiu estar brava.
- Confia em mim Carlinha – Encarou aqueles olhos que tanto amava.
- Sempre. – Carla retribuiu aquele olhar com a mesma intensidade. O momento foi interrompido por batidas na porta.
- Podemos entrar? – Melissa perguntou.
- Nem precisa perguntar minha menina. – Carla ficou toda animada.
- Desculpa Dona Carla, demorei porque estamos com muito trabalho. – Se justificou.
- Não precisa se desculpar, sei que é ocupada.
- Vou deixar vocês sozinhas, volto já. – Liz cumprimentou as meninas e saiu.
- Então dona Carla, essa é minha namo... minha amiga Bruna. – Melissa apresentou.
- Prazer Dona Carla, tô muito feliz que a senhora acordou. – Aonde Bruna chegava encantava todo mundo com sua beleza.
- É um prazer conhecer a moça que fisgou o coração da minha menina. – Não se fez de rogada. Melissa e Bruna ficaram vermelhas.
- Somos só amigas dona Carla. Eu e Bruna nos conhecemos fora do Brasil, trabalhamos juntas.
- Sei, minha filha, eu conheço quando pessoas são só amigas e isso aqui não é nem de longe só amizade. – Riu faceira.
- Gostei da senhora. – Bruna não segurou o riso. Enquanto Melissa revirava os olhos.
- Agora quero saber como você está, como vocês estão?
Melissa, Bruna e Carla ficaram conversando por um tempo que ninguém sabia definir. Melissa contou uma boa parte de suas aventuras com Bruna, contou sobre alguns trabalhos que fizeram juntas. Falou sobre como era morar fora do país. A conversa entre as três estava fluindo muito bem, Carla amou Bruna e Melissa amou elas duas terem se dado tão bem.
***
- Oi Liz, desculpa o atraso esse rapaz aqui demorou pra se arrumar. – Brenda explicou apontando para Gabriel.
- Tudo bem Brenda, só espera um pouco, a Carlinha está com visitas. – Liz falou causando ansiedade em Brenda, sabia muito bem quem era a visita. – Vejo que trouxe mais alguém... – Liz percebeu a presença de Magno.
- Desculpa não ter avisado sobre isso. – Brenda já estava começando a se arrepender de ter trazido Magno junto. Gabriel só escutava e observava tudo.
- Tá tudo bem. – Sorriu tranquilizando a outra. – A Carlinha vai receber ele, não é de hoje que ela comenta que quer conhecer... você sabe... – Não concluiu, mas Brenda entendeu.
Liz ficou conversando com Brenda e Gabriel, enquanto Magno ficou quieto. Vez ou outra Liz lhe dirigia a palavra e ele respondia educadamente.
- Tá de sacanagem comigo. – Brenda falou olhando para Gabriel, quando viu Melissa e Bruna se aproximarem.
- Se controla. – Gabriel pediu.
- Pode entrar primeiro Brenda. – Liz indicou o quarto.
- Vou ficar aqui. – Gabriel disse. Brenda passou por Melissa e foi inevitável não encarar aquela mulher. E o climão se instalou.
- Não acredito, vamos tomar um café? – Gabriel chamou Bruna, tinha adorado ela.
- Aceito – Bruna falou animada. – Quer vir junto? – Olhou para Melissa. - Ah Mel, esse é Gabriel namorado da Amanda e amigo da Brenda. – Bruna apresentou o rapaz deixando claro quem ele era.
- Prazer Melissa, era pra gente ter se conhecido antes. – Sorriu gentil.
- O prazer é meu. – Retribuiu e por algum motivo sentiu um alívio quando Bruna falou que ele era namorado de Amanda. – Podem ir, vou ficar um pouco com a Liz.
- Mel, esse é o Magno. – Liz apresentou, sem dizer mais nada.
- Prazer, Melissa. – Mel estendeu a mão para o senhor. Os dois ficaram se olhando até que Liz pigarreou e soltaram as mãos.
- Vou tomar um ar, volto já. – Magno falou. – Obrigada Liz. – Agradeceu novamente e saiu.
- Estranho, Dona Carla nunca falou dele. É seu amigo? – Perguntou curiosa vendo o senhor se afastar.
- Nunca, foi ele que causou o acidente. – Liz respondeu.
- E você fala nessa tranquilidade? – Se assustou. – Por que ele está aqui?
- Calma, são muitas perguntas. – Sorriu. – Mel, ele já sofreu demais, percebi que ficar culpando-o constantemente não iria ser saldável pra ninguém.
- Dona Carla sabe que ele está aqui?
- Não, assim que Brenda sair vou avisá-la. Mas fica tranquila, ela quer ver ele também. – Falava com calma.
***
- Tá tudo bem? Sei que a gente se conhece a poucas horas, mas tô percebendo algo errado. – Gabriel era solicito.
- Eu amo uma pessoa que ama outra. – Bruna despejou.
- Eita – Não esperava que ela fosse falar aquilo. – Tem certeza que essa pessoa não te ama?
- Me diz você, tem certeza que a Melissa não ama a Brenda?
- Complicado...
- Muito. – Bruna concordou.
***
- Quanto tempo Brenda, você continua a mesma moça linda que eu me lembro. – Carla estava adorando aquela visita.
- Você que é linda dona Carla.
- Você e Melissa se resolveram?
- Não exatamente. – Falou triste.
- Sabe Brenda, a gente perde muito tempo pensando no ‘’Se’’, engole seu orgulho e encerra essa história. Vai ser feliz, você merece.
Carla foi sincera em cada palavra, Brenda sabia que ela tinha razão. Ficaram conversando pouco tempo. Até Liz bater na porta.
- Carlinha, ele está aqui. – Não precisou entrar em detalhes, Carla entendeu perfeitamente.
- Pode pedir pra entrar, e você Brenda, juízo. – Se despediu de Brenda com um abraço.
***
- É... Melissa.. podemos conversar? – Brenda reuniu todas as forças pra falar aquilo.
- Sim.
- Pode ser em outro lugar?
- Claro, vou só avisar a Liz. Espera um pouco. – Brenda estranhou tanta amabilidade naquela voz.
Melissa avisou a Liz que iria sair um pouco e pediu para ela avisar a Bruna, enquanto isso, Brenda mandava mensagem para Gabriel avisando que ele não precisaria esperar e podia ir embora quando Magno terminasse. Mel e Brenda saíram do hospital e foram caminhando até uma lanchonete que ficava do outro lado da rua.
***
- Eu te conheço de algum lugar – Carla forçava sua memória enquanto observava Magno.
- Me perdoa, eu não te vi aquela noite. Eu sei que nada justifica, mas eu estava passando por dias difíceis. Me perdoa Carla. – Era nítido seu sofrimento.
- Magno, está tudo bem, eu tô bem. Não te culpo de nada, pode ficar tranquilo. Não preciso te perdoar, as coisas aconteceram. – Aquelas palavras eram um alívio para os ouvidos de Magno.
- Sério? Eu fiquei destruído, tive tanto medo. – Não aguentou o choro.
- Ei, está tudo bem. – Carla falava com tanta ternura na voz. – Saia desse quarto com a certeza que não teve culpa de nada.
- Você não tem ideia do quanto estou feliz por você ter acordado, te roubei anos Carla. – Ainda sofria.
- Para, você não me roubou nada. Eu também tô muito feliz por ter acordado. – Sorriu.
- Bem... não quero ficar te incomodando. Acho melhor eu ir. – Se despediu sem jeito e foi saindo.
- Espera... – Carla chamou e Magno sabia o que viria a seguir. – Eu não sei por que tá acontecendo dessa forma e nessa situação, mas estou feliz por você ter voltado Magno. Ela vai ficar feliz em conhecer vocês. – Finalmente Carla tinha lembrado de onde conhecia ele.
***
Anos atrás
- Somos jovens, não temos condições de criar uma criança, por favor, precisamos que a aceite. – Uma jovem mulher quase suplicava.
- Gente, não é assim que funciona. Existem regras. – Carla explicava.
- Se você não aceitar, iremos tentar em outro, em outro, até conseguir. – Dessa vez foi o rapaz que falou. Carla percebeu o quanto aquele casal era imaturo.
- Por favor, estamos suplicando. Pesquisamos sobre esse lugar, ela vai ser feliz aqui. – A mulher insistia.
- Como uma criança vai ser feliz sem os pais?
- Ela vai conseguir encontrar pessoas que cuidem dela como não podemos cuidar. – O jovem falou.
- Eu nem sei o nome de vocês, como vou receber uma criança nessas condições?
- Iremos voltar para buscá-la, só queremos que as coisas melhorem. Não suportaria ver meu bebê passando fome. – A mulher falou.
Carla segurou o bebê no braço, olhou aquele rostinho, se encantou. Estava perdida... iria quebrar várias regras, mas algo dizia que aquela criança iria lhe dar muita alegria.
- O nome de vocês? Agora. – Foi a última pergunta de Carla.
- Magno
- Barbara
- Espero que um dia voltem e que não seja tarde demais...
***
Dias atuais
- Pensei que não iria lembrar. – Magno retornou virando para Carla.
- Nunca esquecerei aquele dia.
- Ela vai nos odiar. – Falou com apreensão.
- Talvez, mas vocês nunca vão saber se não tentarem.
- Como ela é? – Estava curioso, sabia que não ia ser mil maravilhas, mas queria conhecer a filha.
- A pessoa mais linda e encantadora. Acho até que se esbarraram, ela estava aqui a pouco tempo. – Aquilo pegou Magno de surpresa.
- Melissa? – Era a única pessoa possível.
- Melissa. – Carla confirmou e os olhos de Magno se encheram de lagrimas.
- Preciso contar para Barbara, preciso falar com a Meli... – Estava eufórico.
- Calma, uma coisa de cada vez. Vamos contar no momento certo.
- Você tem razão. – Tentou se acalmar, pensando em várias coisas ao mesmo tempo.
- E sua esposa? Está bem?
- Nos separamos, depois do.. bem.. é você sabe. – Magno falou e Carla percebeu a tristeza nele.
- Tudo vai ficar bem, vamos com calma. Certo?
- Uhum, preciso ir agora... Obrigada por tudo. – Magno era a exata mistura de vários sentimentos.
***
- Então... – Brenda quebrou o silencio.
- Então?
- Muitos anos né. – Brenda tinha imaginado mil coisas para aquele momento.
- Vários. Não preciso nem falar que aquela cena no restaurante foi desnecessária, mas não quero discutir isso agora. Quero entender o que aconteceu.
- Desculpa por aquilo, mas eu precisava, não consegui me controlar. – Se desculpou. – Eu não tive culpa Melissa, não tive mesmo. Eu estava dormindo e quando acordei não entendi nada. Você não tem noção de como briguei feio com Amanda.
- Mas agora estão amigas. – Questionou.
- Ela sofreu muito, fez escolhas que causaram dor, mas também fez muitas escolhas boas. Ela mudou. Tem um filho, o Gael, sou madrinha dele. E ela acabou se apaixonando pelo meu melhor amigo, que você conheceu agora a pouco. O pai dela o Magno, a abandonou quando soube da gravidez, ela só tinha eu e Gabriel para acolhê-la. Faz poucos anos que eles voltaram a se falar.
- Espera, o pai da Amanda causou o acidente da Dona Carla?
- Exatamente, mundo pequeno né.
- Até demais. – Melissa estava pasma. – Bê, vamos encerrar esse assunto, esquecer essa mágoa. Pensei muito, eu era muito insegura, nosso relacionamento tinha problemas sérios de ciúmes, de confiança e tinha a Amanda. Acredito em você. – Finalmente Melissa se perdoou.
- Podemos começar do zero? – Brenda pegou em sua mão.
- Vamos com calma, podemos ser amigas. O que acha? – Melissa sugeriu.
- Amigas com benefícios? – Brincou.
- Vejo que não mudou nada.
- E Bruna, é sua namorada? – Perguntou curiosa e cheia das intenções.
- Não quero falar sobre isso agora.
- Preciso saber, tenho que conhecer meus oponentes. – Brincou, Melissa sentia saudade daquele jeito brincalhão.
- Não sei se você percebeu, mas não sou um troféu.
- Claro que não. – Sorriu debochada.
Dali em diante, a conversa fluiu tranquilamente. Conversaram muito sobre várias coisas.
- Acho que perdi essa... – Bruna pensou em voz alta quando olhou para o outro lado da rua e viu Melissa e Brenda rindo e conversando. Deu partida no carro e saiu.
Fim do capítulo
E se você falasse pra pessoa que gosta, que está gostando dela? E a coragem? E tudo que vem depois? Será que você é forte o suficiente pra aguentar uma recusa ou uma aceitação?
Sim, você é forte. Não precisa viver dentro do ''Se'', vai lá pra fora e se joga em todas as possibilidades que suas ações podem trazer.
E-mail: cameliaazucenad@gmail.com
Instagram: @cameliaazuc
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