Narrador

- Nossa que lugar lindo. – Luna morava ali a anos, mas aquele lugar era novo.

- É lindo né, sempre venho aqui pra pensar. - Estavam na praia de Barra do Rio, onde o mar e o rio eram separados apenas pela areia. Brenda adorava aquele lugar, na maioria das vezes era extremamente deserto. Só existia o mar e ela.

- Por que me trouxe aqui?

- Senti que precisava de algo assim, pra ficar um pouco sozinha consigo mesma. Não sei por que, mas sinto uma necessidade de proteger você. Entende?

- Acho que não. Você está dando em cima de mim? – Arqueou a sobrancelha.

- Claro que não, se eu estivesse dando em cima, no mínimo você estaria sem sutiã nesse momento. – Brincou.

- Vou fingir que não escutei isso. – Riu - Você mal me conhece... – Algo naquela última frase soou triste.

 - Você se chama Luna, tem um filho e uma irmã chata. Você é linda, forte, uma guerreira. – Parou como se tivesse pensando. – Então acho que te conheço. – Sorriu.

- Você é um anjo disfarçado?

- Não, mas eu posso ser o seu. – Sorriu despreocupada. – Agora fica quieta, vamos aproveitar essa paisagem linda. – Brenda falou encarando o horizonte e não percebeu quando Luna a olhou de relance, estava sem palavras.

 

***

João Pessoa

- Pai? Mãe? O que cês tão fazendo aqui? Juntos? – Amanda não estava entendendo nada.

- Desculpa filha, acabai esquecendo que vocês vinham hoje. – Barbara explicou. – Seu pai e eu estávamos resolvendo umas coisas.

- No mínimo estranho. – Falou desconfiada.

- E já estou de saída. Cadê os garotos? – Magno perguntou.

- Gabriel os levou pra dar uma volta antes de entrarem. – Explicou. – Muita energia acumulada, ele e o amiguinho não paravam de falar. – Sorriu. – Mãe espero que não seja problema, trouxe um amiguinho do Gael junto.

- Claro que não. – Barbara adorava criança. – Magno fica mais um pouco, vamos aproveitar esse momento os três juntos. – Olhou para o ex marido.

- Certo, alguma coisa tá rolando aqui e tá me assustando. O que aconteceu com vocês dois? – Amanda não entendia nada, viu os pais trocarem um olhar cumplice, de entendimento, como a muito tempo não via.

- Vamos sentar. – Barbara chamou os dois.

Amanda

   A cada palavra que saia da boca dos meus pais eu ficava com mais raiva. Como alguém tinha coragem de largar uma criança daquela forma? Eu tinha uma irmã e depois de todos esses anos, só agora eles resolveram me contar. Meu mundo desabou quando eles falaram o nome Melissa. Será que era a mesma que conhecia? Não demorou para minha dúvida ser sanada, meu pai contou como a encontrou pela primeira vez e só liguei os pontos. Minha cabeça doía, pensei em como havia prejudicado ela. Eu só queria fugir dali, mas tinha o Gabriel e os meninos.

Narrador

- Sinceramente, depois de tudo isso, eu não sei mais se conheço vocês. – Amanda não segurou as lagrimas.

- Filha, somos nós, seus pais. Mas também somos seres humanos e erramos. – Barbara estava emocionada.

- Éramos muito jovens Amanda, a criança não iria ser feliz com a gente. – Magno estava nervoso.

- Vocês tem noção que eu conheço ELA, EU A CONHEÇO CARAMBA. – Estava fora de si.

- Tudo bem por aqui? – Gabriel apareceu com os garotos. Notou as lagrimas nos olhos de todos ali. – Eu volto depois, desculpa interromper. – Queria abraçar Amanda, saber o que estava acontecendo, mas deu a volta para sair.

- Espera. – Amanda chamou. – Vamos ficar, mas amanhã como o combinado eu vou embora. – Olhou para a mãe. – Vocês dois podem ficar com os meninos? Preciso sair um pouco. – Amanda precisava respirar, sair dali. Barbara e Magno ficaram com as crianças enquanto ela e Gabriel saíram.

   Jonny e Gael estavam confusos, mas não tinha nada para entender. O dever deles era brincar e se divertir, e foi isso que fizeram. Barbara e Magno trataram de distrair os dois.

- O que aconteceu linda? – Gabriel já estava ficando preocupado, Amanda chorava de soluçar.

- Eles... ela. – Não conseguia falar.

- Calma amor, vem aqui. – Gabriel a abraçou como se quisesse proteger. – Respira, tenta se acalmar.

   Amanda chorou, chorou, até ir se acalmando nos braços do namorado. Quando conseguiu falar, contou o que havia acontecido.

- Por favor, a Brenda não pode saber de nada ainda. Pelo que entendi, só eu, você, meus pais e Dona Carla sabem.

- Que bagunça, o que acha de pegarmos o primeiro avião e sairmos do país. – Brincou.

- Só você pra me fazer rir numa hora dessas.

- Tudo vai ficar bem amor. Eu sei que vocês duas não se dão nada bem. Mas vocês mudaram, pode ser que nela você encontre uma amiga e vice versa.

- Não sei não Biel, eu fiz aquela garota sofrer muito.

- Passou amor, pelo que entendi, Brenda e ela já superaram e estão se entendendo.

- Fico feliz em saber. Elas merecem ser felizes. – Foi sincera.

- E você também, merece muito.

- Não quero voltar pra lá.

- O que acha de tomarmos um sorvete e depois voltar? Brincamos um pouco com as crianças, amanhã acordamos cedo, vamos pra praia, vamos passear com eles. Vai ser bom, o que acha?

- Perfeito. Você é lindo, sabia? – Estava cada vez mais apaixonada.

- Você que é. – A beijou com todo sentimento que existia dentro dele.

 

***

      A noite surgia, Brenda e Luna nem se davam conta do quanto estava ficando tarde.

- Acho melhor voltarmos. – Luna reparou na hora.

- O que acha de irmos beber um pouco? Comemorar. – Brenda adorava uma festa.

- Comemorar o quê garota? – Luna não tinha muitas coisas pra comemorar.

- A vida, você, eu, nossa nova amizade. Comemorar o fato de você está bem, está com o Jonny, ter ganhado novos amigos... – Ia continuar a falar, mas foi interrompida.

- Certo certo, já vi que tem muitas coisas pra comemorar. Deixa só eu avisar a Bruna. – Luna pegou o celular mandando mensagem para a irmã. – Prontinho, onde vamos?

- Pra minha casa. – Brenda falou o mais natural possível.

- Pensei que íamos pra uma festa.

- Você está bem pra ir a uma festa?

- É... tem razão, prefiro beber com alguém que eu conheço. – Lembrou dos machucados que ainda doíam.

   Caminharam até o carro e saíram.

 

***

- Pensei que tinha aceitado o convite da tal Sabrina. – Melissa falou vendo que Bruna estava na sala.

- Preciso descansar.

- Cadê a Luna? O Jonny? – Questionou.

- Luna saiu com a Brenda. – Respondeu sem maiores problemas. – O Jonny viajou com o amiguinho.

- Posso assistir com você? – Perguntou pedindo para sentar ao seu lado, Bruna apenas fez um gesto afirmativo. – Tá difícil conhecer esse garoto. – Fez drama.

- Ele vai te amar. – Sorriu.

- Então, elas viraram amigas? – Perguntou displicente. – Não está chateada?

- Ciúmes?

- Nenhum pouco. – Disse firme, encarando a outra.

- Por que eu estaria chateada? Tô preocupada com tudo que ela tá passando, mas feliz por ter feito essa amizade nova. Tenho que reconhecer que se não fosse a Brenda, nem sei onde Luna estaria agora. – Tratou de espantar seus pensamentos.

- A cada dia que passa, te admiro mais. Como você consegue não ficar chateada ou magoada com algumas coisas?

- Eu sinto mais do que você imagina. Só que as vezes a gente tem que reconhecer algumas coisas.

- Te entendo. E a Sabrina?

- O que tem ela?

- O que achou?

- Achei ela linda, facilmente poderia roubar meu emprego. – Bruna brincou.

- Espero que ela não tente roubar outra coisa. – Falou como quem não quer nada.

- Nem que ela tentasse mil anos não conseguiria roubar essa coisa. – Bruna encarou Melissa como se quisesse descobrir tudo que aqueles olhos guardavam.

- Não quero joguinhos entre a gente, acho que você também não quer. Eu não tenho nada com a Brenda.

- Ainda. – Pensou alto demais, quando percebeu já tinha falado, Melissa fingiu que nem ouviu.

- Você é minha melhor amiga... – Mel travou, não sabia mais o que dizer.

- E você a minha. – Suspirou. – Vamos parar com esse drama. Quer fazer alguma coisa que não envolva sex*? – Bruna brincou, já estava cansada de tanto drama. As coisas dali em diante tinham que ser claras. Pelo que Melissa falou, não iam voltar a ficar, ou pelo menos era isso que Bruna achava.

- É uma pena, tudo que pensei pra hoje envolvia sex*. – Entrou na brincadeira.

- Você tem duas mãos e uma mente criativa, vai lá brincar. – Bruna gargalhou.

   Ficaram naquele clima descontraído, assistiram filme, comeram besteira e simplesmente aproveitaram aquele momento sem pensar em mais nada, só na companhia uma da outra.

 

***

- Pelo jeito ela te contou tudo. – Barbara falou para Gabriel, os dois estavam na sala. Quando Amanda voltou para a casa da mãe, pegou os garotos e foi para a piscina, queria ficar o menos possível ali. Magno havia ido embora com a promessa de um novo encontro com a ex esposa, só que dessa vez em Natal, tinham que conversar com Carla e achar o melhor momento para conversar com Melissa, naquele dia no hospital, antes de se despedir, Magno entregou seu cartão para Carla, dali em diante iriam esperar ansiosos por um retorno, mas antes Carla tinha que se recuperar. – Vocês fazem um casal lindo. – Barbara comentou. Apesar de Amanda não ter falado nada, tinha percebido o envolvimento. Gostava de Gabriel.

- Desculpa dona Barbara.

- Me chame apenas de Barbara. – Interrompeu.

- Desculpa Barbara – Sorriu. – A gente está namorando, ela queria te contar oficialmente. Mas a senhora é danadinha, percebeu tudo. – Brincou. – Desculpa, você é danadinha. – Corrigiu tirando o ‘’senhora’’ da frase. Barbara não segurou o riso.

- Gosto de você Gabriel. – Falou e Gabriel retribuiu a frase.

- Sabe Barbara, não vou me meter nesse assunto. Mas sempre vou apoiar e escutar a Amanda. Imagino como ela está confusa.

- Eu entendo e nada do que eu falar agora vai mudar o que ela pensa de nós. O que resta é esperar. – Barbara conhecia muito bem a filha e sabia que insistir não adiantaria nada.

- Podemos beber um vinho enquanto eles não voltam, o que acha? – Foi simpático. – Eu trouxe um maravilhoso, a senh... você vai amar.

- Acho que meu dominó está guardado em algum lugar, você joga?

- Eu jogo pra ganhar. – Piscou para a sogra.

- Essa eu quero ver, pega o vinho, vou procurar o dominó.

   Gabriel e Barbara já se davam bem quando ele era apenas amigo de Amanda, mas as coisas só iam melhorar entre eles.

 

***

- Eu tenho uma cachaça muito boa, mas você preferiu a cerveja. – Brenda reclamou. As duas estavam na sala, o som tocando com uma altura mediada para não incomodar os vizinhos.

- Eu não preferi a cerveja, eu comecei pela cerveja. – Piscou. As duas já estavam na quinta latinha cada uma. Brenda nem sentia cocegas, já Luna começava a rir demais. – Agora podemos ir para a cachaça. – Falou dando um último gole e terminando a cerveja.

- Você tá doida? Se misturarmos, amanhã eu vou acordar com dor de cabeça, você provavelmente não vai conseguir nem andar.

- Trás logo. – Ria até pro vento.

- O que é um peido pra quem está todo cagado né. – Brenda falou indo até a prateleira onde guardava algumas bebidas. Pegou dois copinhos de shot entregando um a Luna. – Essa aqui é uma das melhores cachaças da vida. – Falou pegando a garrafa de Gabi: Cravo e Canela.

- Por que a garrafa tem peitos? – Luna riu.

- Tinha a garrafa normal, mas eu gostei dessa. – Colocou as doses nos copos. – Toma no três. – Avisou. – Um, dois, três. – As duas viraram juntas.

- Eita que negócio forte. – Luna falou sentindo o líquido arder. – Quero mais – Riu estendendo o copo na direção de Brenda.

   As duas tomaram duas, três, sete doses da Gabi, naquela altura Brenda ria junto com Luna.

- Acho que quero experimentar esse. – Luna falou olhando e apontando para uma garrafa de vinho, Casal Garcia.

- Seu pedido é uma ordem. – Brenda pegou duas taças e a garrafa.

- Obrigada por me ajudar. – As duas tomavam o vinho devagar enquanto conversavam.

- Você já agradeceu demais.

- Tenho tanto medo de ser julgada, não quero que o Jonny me ache fraca. – Do nada seu rosto ficou triste.

- Garota, você pode ser tudo, menos fraca.

- Você tá é querendo me agradar.

- Luna, nessa altura do campeonato eu não consigo agradar ninguém. – Se referia ao tanto de bebida que tomou. – Como você conheceu seu marido?

- Fazia poucos meses que Bruna tinha ido embora, eu fui a uma festa com uns amigos e conheci ele. Tiago era muito amoroso, ficamos juntos um mês e em quatro meses já estávamos morando juntos, depois veio o Jonny. – Apesar do álcool no sangue, Brenda ouvia atentamente e aquele nome não lhe era estranho.

- Então vocês não são casados? – Brenda perguntou, mas no seu íntimo, olhando para Luna, se perguntava como alguém conseguia fazer aquilo com ela ou com qualquer outra mulher.

- Não

- Então eu tenho chances. – Brincou

- Não – Luna voltou a rir por nada.

- Adoro essa música. – Luna parou a conversa. – Vem... – Largou a taça na mesinha de centro e saiu puxando Brenda que não se fez de rogada, também adorava aquela música.

You've been runnin' 'round, runnin' 'round, runnin' 'round

Throwin' that dirt all on my name

'Cause you knew that I, knew that I, knew that I'd call you up

You've been going 'round, going 'round, going 'round every party in LA

'Cause you knew that I, knew that I, knew that I'd be at one, oh

   As duas se entregaram, estavam bêbadas, felizes e só queriam dançar. Começaram a dançar separadas, cada uma no seu espaço, mas estranhamente foram se aproximando, se olhando, até que Brenda segurou a cintura de Luna e começaram a dançar juntas.

You just want attention, you don't want my heart

Maybe you just hate the thought of me with someone new (–one new)

Yeah, you just want attention (oh), I knew from the start (the start)

You're just making sure I'm never gettin' over you (over you), oh

- Você tem um cheiro tão bom. – Luna falou, estavam dançando despreocupadas.

- Seu olfato com certeza tá afetado. – Sorriu.

- Não não, deixa eu sentir. – Luna afundou seu rosto no pescoço de Brenda como se fosse a coisa mais natural do mundo. Brenda achou graça naquele gesto, mas não ignorou o fato de ter sentido um arrepio gostoso pelo seu corpo. – Tá vendo, meu olfato tá muito do bom, você cheira bom demais.

- Minha vez, deixa eu sentir o seu. – Brenda imitou o mesmo gesto de Luna. Foi inevitável não se afetar com aquele cheiro cítrico delicioso. Ficou ali alguns segundos até chegar na orelha de Luna a mordiscando. Como não houve recusa, continuou o carinho.

Luna

   Quando senti Brenda cheirar o meu pescoço, minhas pernas tremeram, os arrepios foram incontroláveis quando senti aquela boca quente na minha orelha. E quem disse que eu tinha forças para sair daquele contato? Eu podia colocar a culpa na bebida, mas na realidade eu estava gostando. Depois me preocuparia com o fato dela ser mulher. Mas se Bruna ficou e gostou, por que não experimentar também? Senti quando ela parou de morder minha orelha pra alcançar minha boca, meu Senhor, que beijo era aquele? Bruna não tinha contado que mulher beijava tão bem. A língua de Brenda explorava minha boca, ch*pando minha língua tão deliciosamente que com certeza aquilo seria proibido para menores. Naquela altura a playlist tinha mudado para sertanejo e não seria eu que iria reclamar. Ela me pegou no colo, enlacei sua cintura com minhas pernas, senti ela ir andando até o sofá. Como ela conseguia fazer aquilo sem tirar a boca da minha? Deixei um gemido escapar quando sua mão invadiu meu short sem nenhuma cerimônia. Senti ela massagear meu clit*ris e foi impossível não soltar vários gemidos quando ela entrou em mim, tão forte, tão intenso que meu corpo relaxou em um gozo delicioso.

Narrador

- Fica por cima, não quero te machucar. – Brenda falou deitando-se no sofá dando seu peito para Luna dormir. Não queria que ela sentisse dor, seus machucados estavam muito recentes.

Brenda

   Alguém poderia me explicar o que tinha sido aquilo? O que eu estava fazendo? A mulher era casada, com um filho e um marido nada amigável. Só você mesmo Brenda, pra se meter em tanta confusão, mas que confusão gostosa. Percebi o quanto Luna estava cansada, mal se deitou em cima de mim e pegou no sono. Fiquei acariciando seus cabelos. Que loucura... Comecei a pensar em várias coisas. Por que eu não parei quando dava tempo? Senti como se Luna fosse um imã, ela era diferente de todas as mulheres que fiquei nas minhas várias noitadas. E eu e a Melissa? E toda a esperança que eu tinha de voltar com ela? Que ninho de gato...

Narrador

   O dia amanheceu com uma chuva leve, o tempo estava nublado. Brenda e Luna ainda dormiam no sofá, na verdade Brenda já estava acordada, mal conseguiu dormir com seus pensamentos. O que faltava era a coragem de acordar Luna. Não precisou esperar muito tempo, pois ela se remexeu abrindo os olhos, seu abdômen começava a incomodar.

- Te machuquei? – Brenda perguntou preocupada, Luna levantou devagar e as duas sentaram.

- Não, tá tudo bem. Mas parece que alguém deu uma paulada na minha cabeça. – Estava sonolenta, a ressaca havia batido feio.

- Vem, você precisa de um banho e um kit ressaca, vou buscar. – Sorriu.

- Espera. – Puxou Brenda de volta. – Sobre ontem...

- Não precisamos falar se não quiser. – Brenda se antecipou.

- Bê, eu nunca tinha ficado com mulher antes. Foi muito gostoso experimentar, mas eu sou a perfeita definição de confusão. Até ontem eu era hetero e nem cogitava a possibilidade de ser bi. Tenho um filho, tenho o Tiago, se ele descobrir algo assim, vai matar todo mundo que aparecer na frente dele. – Falou com temor. – Foi só uma trans*, espero que a gente possa continuar construindo uma amizade.

- Você tem razão, não vai se repetir, prometo. – Brenda concordou, sabia que algo assim poderia acontecer, já esperava isso. Não iria ser a garotinha apaixonada pela amiga hetero. – Se for te ajudar, não precisa dar nomes, seja hetero, bi ou qualquer outro nome. Foi só uma pessoa ficando com outra pessoa. – Não queria ver Luna perdendo o sono por aquilo.

- Acho melhor eu ir, Gabriel combinou de deixar o Jonny e ainda tenho que arrumar algumas coisas.

- Eu te levo. – Levantou.

- Não, pode deixar. Vou pedir um uber, fica tranquila. – Estava querendo sair dali o mais rápido possível, estava sem jeito.

- Tá bom, mas leva o kit ressaca, não quero levar a culpa. – Brincou.

***

   Demorou quase 40 minutos para Luna chegar no apartamento.

- A noite foi boa hein mocinha. – Bruna mal deixou a irmã entrar.

- Cadê a Mel?

- Dormindo.

- Vocês ficaram?

- Não não, passamos a noite vendo filme e comendo besteira.

- Ainda bem, assim posso conversar melhor, vem, senta aqui. – Falou baixinho a chamando para se sentar no sofá.

- Por que tá falando baixo? Cometeu algum crime? – Brincou.

- Eu dormi com a Brenda.

- VOCÊ O QUÊ – Arregalou os olhos.

- Eu dormi com a Brenda, fala baixo. E eu gostei mais do que deveria ter gostado. – Mordeu os lábios.

- Luna meu amor, só porque eu transei com uma mulher, não significa que você tinha que fazer a mesma coisa. – Debochou.

- Para de fazer chacota. O que eu faço? Eu disse a ela que foi só uma trans* e ela disse que tudo bem.

- Você tá lascada, mas vou deixar você perceber que não foi só uma trans*. Você abriu a porta do vale.

- Que vale? Que porta Bruna?

- Eu sei lá, foi Melissa que falou isso um dia, eu só tô repetindo. – Fez cara de sapeca.

- Bom dia meninas. – Melissa apareceu.

- Não fala nada pra ela. – Luna sussurrou para a irmã.

- Bom dia... –Responderam juntas.

- Tô com uma ressaca terrível, vou tomar banho gente, volto já – Luna saiu quase que fugindo.

- Não vai perguntar nada? – Bruna estranhou.

- Sobre?

- A Brenda e a Luna terem saído ontem.

- Pra quê? Você disse que elas estão virando amigas e por mim tudo bem. Não tô preocupada com isso. – Por essa Bruna não esperava, mas significava que Melissa estava realmente bem.

- Quer tomar café agora ou esperamos Luna? – Bruna perguntou.

- É claro que vamos esperar, não quero apanhar da minha cunhada. – Melissa brincou.

- Cunhada?

- Brincadeirinha. – Piscou pra ela.

   As três tomaram café, conversaram amenidades, Luna deixou claro que não queria falar sobre sua situação com Tiago e foi respeitada pelas meninas. Melissa e Bruna foram trabalhar e Luna ficou esperando o Jonny. Aquele dia havia passado tranquilamente. Estava quase anoitecendo quando as modelos voltaram para o ap e finalmente Melissa conheceu Jonny, o garotinho ficou encantado pela mulher a apelidando de princesa.

 

Fim do capítulo