Capitulo 20
Capítulo 20°
Alice
Enquanto dirigia até em casa sorrio recordando o quanto me fez bem ficar ao lado de Virgínia. E nem apenas pelo sex*, que sem dúvidas alguma foi maravilhoso. Mas pelas longas horas de conversa onde nos conhecemos ainda mais.
Parei o carro na garagem aproveitei que Virgínia me acordou mais cedo do que eu precisava e resolvi passar em casa antes de sair para faculdade. Ao adentrar a sala dei de cara com mamma.
- Bom dia filha.
- Oi mamma. Tudo certo por aqui?
- Se você quer saber se sua mãe e eu nos acertamos a resposta é sim. – sorriu beijando o topo da minha cabeça. – Como foi na casa da Virgínia?
Posso jurar que meu rosto corou. Assim que escutei essa pergunta me lembrei de todas as intensas horas de sex*. A mamma me fitava esperando uma resposta. Enquanto eu tentava formular uma resposta que não nos entregássemos tanto.
- Foi bom, os meninos apareceram por lá. – comentei tentando parecer que de fato foi apenas um final de semana entre amigos.
- Sei! – me fitou curiosa. – Deixa eu te falar uma coisa...- se aproximou um pouco mais. – Ela parece uma ótima garota. Mas se prepara, a sua mammy está ainda mais enciumada do que quando nos apresentou o Matheus.
- Nós somos amigas. – respondi rápido. Mas fiquei com receio de ela já saber quem era Virgínia.
- Não estou te julgando. Fico feliz que esteja com alguém que se importe com você. E por falar nisso, acho melhor você não ir a aula hoje. A história da foto ainda está rendendo.
- Mas eu não fiz nada. Preciso me esconder?
- Não é se esconder, é apenas cuidar de você. Sabemos como os repórteres são quando querem alguma fofoca.
- É, pensando por esse lado você tem razão.
- Tenho sim. E eu estou atrasada. Beijos. – soltou um beijo com as mãos e saiu.
Me virei encarando a casa vazia. Possivelmente apenas Maria estaria aqui. Peguei o celular e mandei mensagem avisando a Anna que não iria para a faculdade. Aproveitei para dormir. Afinal o fim de semana foi intenso.
Despertei quase meio dia. Iria encontrar Virgínia para almoçarmos juntas como havíamos combinado. Peguei o celular na esperança de ter alguma mensagem dela, mas até agora nenhuma notícia dela.
Me vesti e fui para o Santé. Um garçom me acompanhou até a mesa que havia reservado. E esperei cerca de trinta minutos. Até que decidi ligar para saber se havia acontecido algo. No terceiro toque alguém atendeu.
- Virgínia?
- Não. Quem fala?
- Alice. Ela está ocupada?
- Acredito que sim. Saiu há horas com a Amélia. E nem reparou que esqueceu o celular aqui. – eu senti meu sangue ferver.
Como ela se atrevia a me deixar esperando enquanto estava com a Amélia? Respirei fundo tentando manter minha calma. Para não acabar descontando a minha raiva em alguém que não tinha culpa.
- Quer deixar recado? – a voz indagou.
- Não. – encerrei a ligação. – Droga! – bati o celular com força sobre a mesa.
- Alice. Será que podemos conversar?
Era só o que faltava para completar o meu dia. Ao escutar a voz olhei em sua direção e me deparei com o rosto conhecido. Matheus estava diante de mim, com os olhos fundos aparência típica de quem não dormia há dias.
- Matheus, acho que não é um bom momento. – falei já me levantando e pegando a bolsa.
- Espera! – segurou meu braço. - Prometo não tomar seu tempo. Apenas alguns minutos, podemos conversar enquanto nosso almoço chega. – insistiu. Eu e esse meu coração mole, acabamos cedendo.
Fizemos nossos pedidos e ele me fitou como se procurasse as palavras certas para iniciar uma conversa.
- Eu sinto muito. – falou com pesar e eu notei o quanto estava sendo torturante para ele toda aquela situação.
- Não precisa. – apertei sua mão por cima da mesa. Ela esboçou um sorriso. Eu simplesmente não poderia julgá-lo por algo que eu também fiz. – Só preciso saber se você está bem.
- Vou ficar. Assim que tudo isso acabar.
- Matheus. Eu preciso te contar uma coisa. – precisava diminuir essa culpa que ele carregava, e a única saída era contar sobre o meu interesse em Virgínia. Que nesse momento resolveu dar o ar da graça e me ligou.
Sua foto apareceu na tela do celular e eu sorri, lembrando que ela havia tirado no sábado à noite e colocou como foto de contato. Mas logo lembrei do bolo que ela me deu e fiquei com raiva. Recusei a chamada e voltei minha atenção para Matheus.
- Olha, eu acho que nenhum de nós foi honesto um com o outro.
- Eu sei. E se pudesse teria feito diferente.
- Não teria. Você tem que manter as aparências para agradar sua mãe. Eu acredito que aquele não tenha sido o seu primeiro beijo em um garoto. – ele fez menção em falar algo. – Não precisa se explicar. Não estou aqui para te apontar o dedo ou algo do tipo. Nós somos diferentes. Eu tenho o apoio da minha família, você não. E agora pensando com mais clareza consigo perceber que nosso namoro sempre foi algo superficial. Era apenas para parecer que você era alguém que você não é. E na verdade, Mat. Nem eu sou. – ele tinha os olhos marejados. Nem consigo imaginar o quanto deve doer ele ter que se esconder, viver infeliz, apenas para manter a aparência para agradar a mãe e ao pai. – Eu descobri muita coisa sobre mim.
- Dá para notar.
- Descobri que gosto de sex*. – ele arregalou os olhos. – Sim, eu transei. E foi com uma mulher, nem sei se sou lésbica ou bissexual então não me pergunta. Também isso nem me importa agora. O que eu estou tentando te dizer é que eu posso ser quem eu quiser. Por que ninguém pede de mim algo que eu não posso ser. Você vive em função da boa aparência. Para ficar bem na foto ao lado dos seus pais. Mas a que custo? Sua felicidade?
- É complicado. – concordou. – Eles sabem, já sabem há anos. Mas insistem em fingir que nada acontece. – isso explicava todas as vezes que ele fugia quando o assunto era sex*. – Aquele garoto na foto, foi alguém que namorei antes de você. Nos nós reencontramos aquela noite e parecia que o tempo não havia passado. Eu não sei o que me deu, apenas não me importei aonde estava.
- Aproveita a chance. Todos já sabem. Você foi tirado do armário. Agora escolhe sua melhor roupa e vai desfilar por aí com o cara que você ama. - ele me sorriu. – E já que estamos sendo honestos, eu beijei a Virgínia antes da foto vasar.
- Claro! A Virgínia, como não notei? Mas e aí, foi bom?
- Sim, mas no momento não quero falar sobre ela. – tomei um gole do suco.
- Já está com problemas no paraíso?
Dei de ombros e fomos falar sobre como havia sido o seu namoro com o Caleb. Matheus me contou que o garoto era filho de um ex-funcionário de Sodré. E assim que o prefeito descobriu que os dois estavam se envolvendo tratou de demitir o pai do garoto, fazendo com que eles precisassem ir para outra cidade. Não tinha como não sentir repulsa por aquele casal. Como poderiam causar a infelicidade do próprio filho?
Nesse ponto sei que tenho muita sorte. Minha família não é lá o exemplo que a sociedade costuma chamar de tradicional. Penso que se caso chegue a me relacionar com Virgínia, não terei problema. Já a quanto ela ser irmã da Alana, com certeza será motivo para a mammy não aceitar. Após almoçarmos nos despedimos no estacionamento.
- Obrigada pela conversa. – sorriu me dando um abraço e beijando minha bochecha.
- Eu que agradeço. E pensa no que eu falei. – dei uma piscadela e entrei no carro.
Havia mais uma ligação de Virgínia e algumas mensagens que eu nem fiz questão de ver. Não estava com humor no momento, um fato sobre mim: sempre que fico com raiva de algo eu prefiro me acalmar antes de conversar, é uma forma de não acabar dizendo coisas que depois posso me arrepender. Naquele momento eu precisava ficar sozinha, afinal não custava nada ter me avisado que não iria conseguir almoçar comigo. Eu compreenderia, já que ela está prestes a conseguir uma promoção e isso requer muita dedicação. Batuquei os dedos no volante acompanhando o ritmo da música.
Entrei em casa e Maria conversava animada com Pâmela. Ao me virem as duas mudaram de assunto, o que me fez acreditar que possivelmente eu era o assunto. Entendia bem aquele olhar de pena que as pessoas lançam em minha direção ao saber o que Matheus fez. Mas o que eles não sabem é que eu fiz antes dele.
- Oi! Só vim pegar água. – sorri para elas.
- Quer comer alguma coisa? – Maria indagou.
- Não, eu vou nadar um pouco. Foi um prazer te ver de novo. – sorri para Pâmela.
- Alice, espera. Posso te acompanhar?
- Claro. – concordei.
- Eu só queria dizer que sinto muito pelo que aconteceu. – falou com pesar.
- Não precisa sentir. As coisas não são como a mídia pinta. Eles apenas querem uma manchete nova e não se importam quem vão ferir no processo. – suspirei sentando no sofá.
- Só não entendo como ele teve coragem de fazer algo do tipo com você.
- Pâmela, na verdade, Matheus não me traiu. Tá! Ele traiu, mas eu também. A diferença é que minha foto não virou capa de site de fofoca. – ela me fitou atônita. – Somos humanos e estamos sujeitos ao erro.
- Eu sei, só não imaginei que...
- Eu fosse capaz de ficar com outra pessoa estando namorando? – ela acenou concordando. – Nem eu pensei que pudesse. Você já sentiu como se conhecesse uma pessoa, e naquele instante ela parece ser tão diferente de todos que é impossível pensar em qualquer outra coisa que não seja nela?
- Sim.
- Foi assim que me senti. Nem mesmo o fato de namorar me importou. Por que quando eu a conheci tudo que estava adormecido em mim despertou. – conclui lembrando as sensações que Virgínia me causa.
- Isso é paixão.
- Sim. Estou perdidamente apaixonada. – suspirei pesadamente. – Mas por enquanto não posso assumir nada com ela, por que isso seria mais uma matéria para os fofoqueiros de plantão.
- Nossa! Sinto muito. Deve ser difícil ter que esconder o que sente. – concluiu.
Sim é extremamente difícil não poder de fato assumir para todo mundo que gosto de Virgínia e que estamos juntas. Mas faço isso apenas para mantê-la fora das fofocas que tal anuncio causaria. Odeio ter que me esconder, entretanto, essa era a única alternativa ao menos por enquanto.
Conversei alguns minutos com Pâmela. Até que ela se despediu dizendo que precisava ir para a faculdade. Eu continuei na parte externa disposta a ignorar as notificações do meu celular que apitava a cada segundo. Perdi a noção do tempo até que uma voz falou:
- Alice! Você por acaso está pirando? – Anna estava diante de mim com uma cara nada amigável.
- Como assim?
- Isso! – me mostrou o celular.
Peguei o aparelho e na tela aparecia uma foto do meu almoço com o Matheus. E a matéria era sobre um possível entendimento entre nós. O que resultou em um beijo no estacionamento do Santé. Pelo ângulo qualquer pessoa que visse acreditaria que o beijo havia sido na boca.
- Isso não é verdade!
- A volta de vocês, o almoço ou o beijo?
- A gente almoçou junto, mas não foi algo combinando. Estava lá para encontrar a Virgínia. – nesse momento me toquei que possivelmente ela já havia visto a foto. – Droga! A Virgínia. – saltei da cadeira.
- Ei! Aonde você vai?
- Explicar isso a ela. – peguei o carro e dirigi até seu apartamento.
No caminho tentei ligar algumas vezes, mas sem resposta alguma. Bem no fundo eu sentia uma esperança de que ela estivesse dormindo o que teria evitado que ela visse aquela matéria absurda. Como o porteiro já me conhecia não se opôs a me deixar subir sem ser anunciada.
Toquei a campainha e a espera me deixou ainda mais nervosa. Aquela foto era uma grande mentira, mas sei que se fosse eu no lugar de Virgínia ficaria muito irritada com a situação. Minhas mãos doem do tanto que eu as aperto esperando que a fotografa apareça.
- Alice!? – falou com a voz rouca.
- Desculpa ter vindo sem avisar. – entrei sem esperar que ela o mandasse.
- Não tem problema. Aconteceu alguma coisa? Você está nervosa. – sentou-se e eu fiz o mesmo.
- Aconteceu. Isso. – entreguei o celular e ela leu atentamente a falsa notícia.
- Vocês voltaram? Se bem que nem terminaram. – ficou de costas para mim.
- Nós não voltamos. E essa última foto foi tirada de um ângulo maldoso. Esse beijo não existiu, quer dizer existiu, mas foi no meu rosto. Não na boca. – justifiquei atropelando as palavras.
- Hum! Entendi.
- Você acha mesmo que se essa foto fosse verdade eu teria vindo até aqui? – ela me fitou em silêncio. - Não tive a intensão de almoçar com ele. Estava te esperando e ele apareceu pedindo para conversar. E foi o que aconteceu, almoçamos, conversamos e depois fui embora.
- Por isso não me atendeu? – acenei com a cabeça.
- Eu estava brava contigo, aliás eu estou. Você me deixou esperando, nem avisou que não iria. E ainda por cima saiu com a Amélia. Nem se importou de ter esquecido o celular na agência. Afinal aonde você foi com ela? – questionei já aborrecida apenas por lembrar do bolo que levei, o que resultou em meu nome novamente nas mídias de fofocas.
- Para a casa dela.
- Essa história só fica melhor. Você vai para a casa da sua chefe, que digamos aparenta ter uma queda por você, esquece de me avisar que não pode me encontrar, deixa o telefone na empresa e nem se importa com isso. – ela continuava em silêncio. - Eu acho melhor ir embora. – peguei a bolsa para sair.
- Alice! Não seja infantil. Você vem até aqui pedindo que eu acredite que essa foto é uma montagem. Mas não consegue confiar em mim?
- Virgínia, a foto não é uma montagem. Foi tirada em um ângulo maldoso. E como posso confiar em você se a única coisa que me diz é que foi para a casa da Amélia? Não faço a menor ideia do que aconteceu entre vocês.
- Mas nada aconteceu. A moça que atendeu meu telefone é a ex-esposa dela.
- Ótimo, além de tudo gosta de mulher e esta solteira. – revirei os olhos.
- Não precisa ficar com ciúmes. – se aproximou com ar de riso. – Amélia ficou transtornada quando viu a ex, e eu inventei uma desculpa para evitar que as duas conversassem. Amélia pediu que eu a levasse em casa.
- Não estou com ciúmes, estou furiosa. – fitei seus olhos. – Você me deixou esperando, Matheus apareceu e agora tem mais uma fofoca me envolvendo.
- Está dizendo que é minha culpa? – enlaçou minha cintura.
- Lógico. – respondi com dificuldade sentindo sua boca tocando meu pescoço.
- Desculpa. – sorriu me encarando. – Acho que acabamos de ter nossa primeira briga.
- Verdade.
- Sabe o que é melhor de brigar?
- Existe algo bom? – questionei confusa, já que não era algo que acontecia quando eu namorada o Matheus.
- Sim. – aproximou a boca do meu ouvido. – O sex* da reconciliação. – sussurrou e eu me arrepiei inteira.
- Eu ainda estou brava. – tentei revidar.
- Você pode ficar brava enquanto rebol* para mim. O que me diz? – sorriu com malicia.
- Você não presta.
- Mas você adora. – riu aberto.
Colou nossas bocas em um beijo quente. Suas mãos passeavam pelo meu corpo. Ela me sustentou em seus braços, minhas pernas presas em sua cintura. Sem interromper o beijo me levou até o quarto.
Esbarrou em algumas coisas pelo caminho. Não demorou e eu senti minhas costas tocarem o colchão. A cama estava bagunçada o que indicava que ela havia dormido até a hora que cheguei. Afastou-se retirando sua própria blusa, sem parar de olhar nos meus olhos.
Seu abdômen ficou a mostra e eu dei um longo suspiro ao ver seus seios completamente enrijecidos pela excitação. Manter a minha raiva por ela se tornou uma tarefa mais difícil ao tê-la completamente nua em minha frente.
Tirou minha blusa e percorreu minha pele depositando beijos por onde passava, o que me fez arrepiar. Eu nunca pensei que pudesse perder tanto o controle das minhas decisões e ações, quanto acontece ao ficar diante de Virgínia. Minha entrega é completa. Sem receios, medos, dúvidas. Até a raiva que sentia deu lugar a um tesão absurdo.
- Ahhh! – senti seus dedos me tocando intimamente.
- Rebola para mim? – sussurrou em meu ouvido. Passando a ponta língua.
Não havia outra coisa a fazer se não o que ela me pediu. Movimentei meu corpo em direção ao contato dela. Meu coração batendo acelerado, a respiração cada vez mais pesada. E escutar os gemidos dela no meu ouvido, enquanto chama meu nome é uma música completamente delirante.
Eu não conseguia e nem queria controlar meu corpo. Não demorei a goz*r intensamente enquanto ela me penetrava. Arranhei suas costas e ela sorriu, deixando o corpo cair ao lado do meu. Sabia que ela havia goz*do comigo, afinal seu sex* tocava minha coxa e ela rebol*va no mesmo ritmo que me penetrava.
- Nossa! A gente precisa brigar outras vezes. – ela comentou sorrindo, acariciando minha barriga.
- Sai com a sua chefe mais vezes, me deixa esperando que com certeza isso vai acontecer. – comentei voltando a me irritar.
- Regra número um sobre o sex* de reconciliação: não pode brigar por alguns dias.
- Idiota! – atirei a almofada em sua direção.
- Ei! Aonde você vai? – questionou ao me ver levantar.
- Tomar banho e ir embora.
- Alice, você veio aqui apenas me usar? – questionou se fingindo de ofendida.
- A única pessoa que foi usada nesse quarto fui eu. – dei de ombros e fui em direção ao banheiro.
Tratei de trancar a porta, pois sabia que ela iria atras de mim. E eu precisava estar em casa antes das minhas mães chegarem. Tomei meu banho e quando sai Virgínia não estava mais na cama.
Procurei-a pela casa e a avistei na varanda. Conversava ao celular com alguém. A pessoa do outro lado disse algo e ela abriu um largo sorriso, piscou para mim ao notar minha presença. Encerrou a ligação e veio até aonde eu estava.
- Está indo embora?
- Sim. Mas podemos nos ver amanhã. – comentei abraçando-a.
- Infelizmente terei que trabalhar dobrado amanhã, já que hoje não trabalhei.
- Culpe a sua chefe.
- Já culpei. Era ela ao telefone. – não pude evitar minha cara de poucos amigos ao escutar aquilo. – Ela viu a matéria e queria saber se eu estava bem.
- Isso era para me deixar menos irritada? Se for o caso não funcionou. – enlaçou minha cintura. – E espera um pouco, você contou sobre nós?
- Amélia é uma ótima pessoa. E sim eu contei, por que ela viu meu desespero quando percebi que não tinha como te avisar que não ia conseguir ir almoçar com você. – não pode segurar o sorriso de satisfação ao saber que Virgínia contou sobre nós.- Algum problema?
- Não. Só pensei que íamos manter em segredo.
- Eu confio na Amélia. – confessou. - Vamos marcar de sair um dia desses, assim você tira essa ideia de que ela tem interesse em mim, o que diz?
- Vou pensar. Mas agora me beija que eu preciso ir. – nos beijamos e eu segui para casa.
Não faço ideia do porquê de não gostar de Amélia. Na verdade, acredito que seja o fato de achar que ela tem interesse em Virgínia. E saber que ela gosta de mulher ajuda ainda mais minha teoria. Quem em sã consciência não teria interesse em Virgínia? Ela é linda, talentosa, inteligente, um pacote perfeito. Mas ao menos saber que Virgínia contou que estamos juntas me deixa de certa forma mais aliviada.
Entrei em casa e fui para o quarto. Para minha surpresa encontrei Anna deitada na minha cama. Ela dormia pesadamente.
- Você não tem casa? – comentei me atirando ao lado dela.
- Tenho. – bocejou e se ajeitou na cama. – Mas queria saber de primeira mão como foi a conversa com Virgínia. Mas pela sua cara de quem transou posso até imagina que tudo correu bem. – riu e eu senti meu rosto corar. – Tá, eu esperei dois dias para saber as fofocas. Então nem adianta só dizer que você transou. Preciso dos detalhes.
- Não vou te dar detalhes. – falei caindo na risada pela cara que ela fez.
- Alice! Pensei que fossemos amigas.
- Nós somos. Mas só posso dizer que se existe algo melhor do que fazer sex* com a Virgínia, eu desconheço.
- Meu bebê cresceu. – falou apertando minhas bochechas. – Mas e aí? É exclusividade?
- Como assim?
- Vocês não estão namorando, mas ficando. Então significa que não podem ficar com mais ninguém?
- Não sei. Não falamos sobre isso. – fiquei pensativa. – Eu até falei em namorar, mas acho que não é o momento. Tem toda essa questão com o Matheus, e a imprensa iria adorar isso. – foi aí que lembrei sobre Alana. – Anna, tem mais uma coisa.
- Odeio quando você faz essa cara de quem vai destruir o mundo com a próxima frase que disser.
- A Virgínia é irmã da Alana.
- E quem é Alana? – ela pensou alguns segundos. Quando a ficha caiu, ela abriu a boca surpresa. – Puta que pariu!! – gritou.
- Eu sei.
- Alice, isso vai dá merd*. Sua mãe vai surtar.
- Você acha que eu não sei?
- E agora? Você perdeu a virgindade com ela, está apaixonada.
- Fala mais alto, a mammy não escutou da empresa. – revirei os olhos.
- Desculpa. Só estou surpresa. Ei! Ela te contou isso assim do nada?
- Foi, no sábado depois que ela veio me buscar aqui.
- Ela te ama. – concluiu.
- Não viaja.
- Alice, a pessoa não contaria algo do tipo se não tivesse a intenção que o relacionamento dure. Ela te ama. Aceita isso.
- Você enlouqueceu.
- Eu? Não sou eu que estou trans*ndo com a irmã da mulher que tentou matar a minha mãe.
- Você é mesmo minha amiga?
- Sim. – respondeu. – Qual foi sua reação?
- Eu senti pena por ela ter ficado sozinha.
- Nenhum pouco de raiva por saber que sua mãe quase morreu? – neguei com a cabeça.- Você também a ama. - me fitou como se esperasse que eu negue a afirmação.
Mas eu paralisei, não faço a menor ideia do que sinto. Não se chega a ser amor, mas com certeza estou apaixonada por ela. Suspirei fechando os olhos. Contar isso a Anna só tornou meu medo ainda maior. O que eu esperava era que ela me acalmasse, dizendo que com certeza a minha mãe iria entender. Mas não foi isso que Anna fez.
Já era noite quando Anna foi embora. Minhas mães chegaram um pouco tarde aquela noite. Desci para o jantar e os meninos estavam conversando. O que me fez sorrir, pelo visto o final de semana na casa dos nossos avós resultou no fim do desentendimento dos dois.
- Oi meninos.
- Alice! Você está bem?
- Sim, Bê. Por quê?
- Nós soubemos o que o Matheus fez.
- Ah! Isso. Deixem para lá. Tudo bem?
- Você tem certeza que não quer se vingar? Sei lá pichar o carro dele, secar os pneus, ou algo do tipo?
- Não meninos. Melhor a gente não se meter em confusão.
- Verdade. – Arthur completou. – Eu ainda nem sai do último castigo.
- Que tal uma partida de vídeo game enquanto esperamos o jantar? – indaguei e eles concordaram.
Jogamos três partidas até que nossas mães desceram para o jantar. E pela cara de felicidade delas a demora não teve nada de descente. Dona Isabella exibia um largo sorriso enquanto os meninos contavam animados como havia sido o final de semana deles.
- A vovó deixou a gente dormir tarde. – Bernardo contou.
- Você é péssimo em guardar segredo. – Arthur sacudiu a cabeça.
- Bom saber, depois terei uma conversinha com Dona Helena. – ela riu da cara de desespero dos meninos. – E o seu final de semana? Até agora só escutamos os meninos falarem. – A mamma me lançou um olhar se divertindo da minha cara de desespero. Por mais que eu não tivesse confirmado nada, eu sei que ela já desconfia que temos algo.
- Foi legal.
- Legal? Nada mais? – a mammy insistiu.
- Sim. Reunimos o pessoal, conversamos. Foi um encontro de jovens.
- Espero que sem sex*. – eu me engasguei ao escutar sua fala.
- Amor, não exagera. – a mamma saiu em minha defesa e eu agradeci.
- Não falei nada demais.
O jantar seguiu sem mais surpresas. Há alguns meses não sentíamos o clima tão leve como hoje. Ao terminarmos nossa refeição fomos para a sala e começamos um dos muitos jogos que gostamos de jogar para passar o tempo.
A mammy discutia com os meninos insistindo que eles haviam trapaceado. A mamma e eu apenas riamos da situação. Meu celular acendeu indicando uma nova mensagem e eu sorri ao ver a foto de Virgínia com o ombro marcado pela minha mordida.
- Podemos conversar? – a mamma indagou. Acenei e a segui para o escritório. – Eu sei que você já é maior de idade, mas eu ainda sou sua mãe. E me preocupo. Sei que essa situação com o Matheus foi algo chato. Mas também vi sua foto de hoje.
- Mamma, não foi nada disso.
- Eu pedi para você ficar em casa.
- Você me pediu para não ir para aula. Eu sai para almoçar com a Virgínia.
- Então como acabou virando notícia em um almoço com o Matheus?
- Eu não sei. Ele apareceu lá, Virgínia não pode ir. E acabamos conversando.
- Você sabe que eles são capazes de tudo para tentar manter a boa aparência, não é?
- Sei.
- Essa foto foi enviada pela Marcela. – eu abri a boca surpresa. – Então possivelmente o Matheus sabia que tinha alguém de prontidão para tirar a foto no momento exato.
- Filho da mãe!
- Eu sei que você está irritada. Assim como sei que está se relacionando com a Virgínia. – fiquei surpresa pela forma direta. – Filha, eu já tive a sua idade. E sei que o ato de Virgínia ao vir até aqui é de uma pessoa completamente apaixonada.
- Mamma...
- Não precisa me dizer nada. Só quero saber se você está feliz.
- Sim.
- Estão dispostas a assumir o namoro para que as especulações acabem?
- Não sei. Acho que é recente.
- Alice, ela literalmente invadiu nossa casa. Não tem nada de recente nisso. Vocês precisam decidir o que querem, afinal para que uma foto de vocês vase igual a de Matheus não seria surpresa. A mídia está em cima de você.
- Eu sei. E odeio isso. – suspirei.
- E sua mãe já notou que algo está rolando. E por algum motivo que eu desconheço ela não parece gostar muito de Virgínia.
Engoli em seco. Ela sabia. Ela de alguma forma havia descoberto. Ou quem sabe lembrou-se de Virgínia. Mas seria possível ela lembrar? Talvez tenha mandado investigar a vida dela, e isso me assusta. O que farei caso ela não aceite nosso relacionamento?
Fim do capítulo
Oiêêêê. Voltei.
Estou imensamente feliz com o número de acessos e todos os comentários. Isso é maravilhoso e eu não tenho palavras para agradecer. Gratidão Sapekas
Espero que gostem desse novo capítulo. Por aqui continuamos escrevendo a todo vapor, até agora tenho 45 capítulos prontos. Eba!!!
Um bom final de semana a todxs
Beijos
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lay colombo
Em: 16/09/2021
Caralho Mateus eu tava aqui torcendo por vc e tu vem qrer usar a Ali de Novo ??? Vai se fude irmão.
Lari como sempre um nenê compreensivo, quero só ver HR q a Ali e a Virgínia decidirem assumir o namoro como a Isa vai reagir, se ela já não gosta agora imagina depois
Resposta do autor:
kkk. Matheus vive para fazer o que a mãe manda.
Baiana
Em: 12/09/2021
Rapaz! Olha o Mateus caindo no meu conceito.
O desencontro delas, só não deu ruim,por causa da sinceridade, então, acredito que enquanto elas forem sinceras,não haverá problemas maiores,a não ser o que o problema,ou problemas respondam pelos nomes de Emília e Pâmela.
Resposta do autor:
Sinceridade é a base de toda relação.
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Mille
Em: 12/09/2021
Alice tem que ficar de olho, acho que o Matheus vai expor ela com a Virgínia e a mãe dele usar isso para "limpar" a imagem do filho.
A Alice não devia esconder da Isabela a verdade de quem é a Virgínia.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Menina, setrá mesmo que a megera seria capaz de jogar tão baixo?
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Marta Andrade dos Santos
Em: 11/09/2021
Esse Matheus é um mala.
Resposta do autor:
E sem alça. kk
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