Amkaly virava de um lado para outro na cama. Em uma dessas viradas, derrubou Nara, que acordou com o impacto do seu corpo no chão. Levantou assustada, olhando para os lados em sentido de alerta, quando percebeu ruiva inquieta, falando coisas desconexas, rolando de um lado a outro. 

Nesse momento, Maya entrou no quarto como um furacão, indo direto para a ponta da cama onde sua irmã virava a cabeça descontrolada, para segurar sua mão.

r13; Entre na mente dela pela ligação de vocês - disse Maya. - Eu vou segurar a ponta que une vocês aqui até Esther chegar. Elas já estão chegando, vá logo. Quando se encontrar com ela, abram a mente. Nós estamos ligadas pelo DNA e você pelo laço. Temos que ver o que estão vendo e, se ela quiser fugir, chame-a com uma lembrança que só vocês tenham. Converse com o pensamento. Ela vai te ouvir e se lembrar. Ela verá as imagens. Agora, vá.

Nara Shiva segurou na outra mão de Amkaly e fechou os olhos, conectando-se com a naorada. Uma fumaça fina na cor azulada tomou conta do quarto. A janela abriu com uma rajada de vento e Nara pulou a janela, correu na mata. Podia ver a cabeleira vermelha correndo muito lá na frente, já fora da reserva. Chamou alto, mas ela estava muito distante, não dava para ouvir. Aumentou a velocidade de seus passos. Quando estava bem próximo, curvou o corpo e deu impulso para cima, subindo com a fumaça, continuou correndo, seguindo as batidas do coração da ruiva e pensando o quanto era lindo seu cabelo, como gostava do seu sorriso, da sua inocência e do gosto do beijo. Nesse momento, sentiu alguém segurar sua mão e entrelaçar os dedos nos seus. Tinha encontrado sua namorada e futura companheira, estavam juntas e continuaram correndo ao encontro do som de motor de carro pesado que vinha em sua direção. Precisavam ver o perigo que estava vindo.

Muito longe da reserva, dois caminhões cada um com dois tanques de gasolina vinham e uma velocidade considerada para quem transporta carga inflamável, a estrada levava à reserva, mais com uma distância de 80 quilômetros, segundo a placa na estrada avisando a distância para a reserva florestal Teenwolf e levando em conta que essa auto estrada levava para dentro da zona da agricultura.

r13; Vamos voltar, minha linda. Precisamos avisar meu pai antes que seja tarde.

Segurou com força a mão de Amkaly, que lutava para se soltar e continuar seguindo para o local onde estava o caminhão, talvez achando que pudesse interferir nas ações. Quando, na verdade, tudo que ela podia fazer era assistir ao desfecho ou se perder no mundo dos sonhos, tentando mudar a realidade. Amkaly conseguiu soltar sua mão e já estava desaparecendo quando Nara lembrou o dia que se conheceram. Ela estava com tanta raiva daquela garota que só sabia reclamar e do medo que ela sentiu quando viu a cobra quase em cima dela.

r13; Eu não fiquei com medo da cobra, até porque eu nem vi. Fiquei com medo de você, que pulou em cima de mim e eu me assustei. r13; Aproximou-se e entrelaçou as mãos. Uma camada fina de fumaça as envolve e flutuavam na névoa. Nara a abraçou e, juntas, sentiram uma lufada de vento frio e abriram os olhos, assustadas com o local onde estavam.

Sandy tinha ficado na frente da casa, riscando uma cabala. Kessa, um dos gêmeos, estava em cima dos pés da cabala, com o pé em cima de cada pé do desenho, prendendo a morte para que não carregasse as garotas quando acordassem. Ziam trouxe Nara adormecida e a deitou em cima do braço direito do desenho. Anael trouxe Amkaly e fez o mesmo que seu gêmeo, no braço esquerdo do desenho. Esther veio em seguida, distribuindo as séfiras em cada extremidade do desenho. Colocou Maya na cabeça, representando a vida e, no tronco do desenho, foi colocado o pentagrama de Lilith e Agatha, representando a visão do amor e a visão do ódio e da destruição.

Esther cantava um poema celta no momento em que as garotas acordaram assustadas por estarem no meio do tempo e com a família toda reunida.

r13; Nara, Amkaly, vocês estão bem? r13; A voz de Esther era de alívio ao ver as garotas olhando para ela assustadas.

r13; Estamos. Por que estamos aqui?

r13; Amkaly estava sonhando e você viajou no tempo para ver o que ela estava vendo. Sandy e Jana, que já estão acostumadas com esse tipo de sonho, nos disseram o que fazer para vocês voltarem em segurança. Vamos entrar. Saiam com cuidado da mandala para não estragar o desenho. Todos vocês, vamos lá para a sala de reunião.

r13; Não temos tempo. Está vindo...

r13; LÁ DENTRO AGORAAAA r13; Esther gritou, interrompendo o que Nara ia contar, sem dar chance a ela de continuar o que dizia. r13; Desculpe. Mil perdões, minha alfa, mas as palavras viajam no vento. r13; Esther se ajoelhou e curvou a cabeça próximo ao chão.

Um a um, foram se encaminhando para dentro da sala ampla, que antes era usada para reuniões dos líderes da reserva, mas, agora, a liderança vinha mudando. Por último, chegaram Barbara e Ananya, empurrando dois carrinhos de bebês. Em cada carrinho adaptado havia quatro cestinhos com as crianças dentro. Cada madrinha pegou seu afilhado e sentou em um sofá, pufe ou até mesmo no chão.

r13; Os seus poderes Nara estão crescendo e, com a chegada das bruxinhas, só tendem a aumentar. Por enquanto, as afilhadas da Nara e da Amkaly conseguem viajar entre mundos. Foram elas que vieram até mim e disseram o que fazer para trazê-las com segurança. O que vocês viram é o que vai acontecer no futuro. Ainda não sabemos a data, mas está perto.

r13; E como agir agora? r13; Ziam perguntou.

r13; Nara pode dizer o que viu? Não esqueça nada r13; pediu Esther.

r13; Vi dois caminhões-tanque com dois tanques de gasolina em cada na estrada que dá acesso à zona da agricultura. Vêm em velocidade. A impressão na hora era de que eles iriam incendiar a zona da agricultura. As placas eram amarelas: 33 3475 e 33 11 70. Achei estranho porque não tinha letra, só números. Lembra de algo, minha Amkaly? r13; Olhou para a garota, que balançava a cabeça negativamente.

r13; Não lembro. Tudo que sei é que queria arrastar os motoristas e matar eles ali mesmo.

r13; Você lembra a cidade em que estava? Quanto os números da placa? Os dois primeiros números indicam o nível de segurança, e os outros, o tipo de inflamável. No caso desses, era gasolina. Eu já tenho informações de onde vêm esses carros. Vêm de um magnata dono de vários postos de combustíveis e investidor em pesquisas científicas r13; foi Anael que falou agora, com dois celulares, um em cada ouvido, falando com a central de informática.

r13; A placa dizia que faltavam 80 quilômetros para a reserva florestal.

r13; Anael, eu quero a mesma quantidade de carros na estrada. Quando os caminhões entrarem, adormeça os motoristas, desligue o GPS, esvazie os tanques transferindo o conteúdo para nossos carros e tire todo mundo de lá. Quando saírem, exploda os dois carros com os homens dentro. Em seguida, o socorro se encarregará de pegar as carcaças dos veículos, levar para um lugar seguro e enterrar no meio da mata. A equipe de conservação da estrada passará em seguida, removendo o solo e fazendo o recapeamento. Ficará como novo. Quando o dono começar a procurar sua carga, nós pegamos ele. r13; Anael, que a tudo ouvia, afastou-se dando ordens.

r13; Ziam, eu vou precisar que construa um ginásio à prova de som para treinar os bruxos e ser treinada por eles. Eu ainda não sei. Estamos aumentando em quantidade e poder, temos que nos conectar e aprender juntos. Antes era só eu, agora tem todos os filhos da Ananya, que passou a ser uma bruxa também por estar conectada com os filhos.

r13; Às vezes, acho que meu pai sabia o que viria quando declarou Nara Shiva a futura alfa mais poderosa do que qualquer alfa que já tinha visto. E, quando fez de você, Esther, a parabatai da Ananya, ligando vocês duas em alma, porque seriam mais que poderosas. r13; Perdeu-se em pensamentos como sempre fazia quando se lembrava do pai.

r13; Tem outra coisa, pai. Ninguém sabe onde o louco mora, mas descobrimos que ele já foi casado com a esposa do segundo beta. Quando ela era humana, ela morava na Floresta da Tijuca. Ela não conhece ele agora, mas teve uma filha com ele, que abandonou quando foi laçada. Ela pode ser a mãe da Jana ou não. Ninguém sabe. Mas estamos pensando em irmos para o Rio de Janeiro procurar por ele.

r13; Acho perigoso, minha filha. r13; Nadia passava a mão na barriga, já nervosa.

r13; Tá vendo, madrinha, por isso eu não queria dizer, mas a gente não podia levar as meninas escondido. Ia ser pior, por isso eu falei.

r13; O quê?! E vão levar as crianças para onde, posso saber?

r13; Mãe, elas vão com a gente. Foram elas que escolheram.

r13; É verdade, senhora. A Lilith conversava comigo ainda na barriga da Cledia, assim como eu conversava com a Nara através dos sonhos da Amkaly e, quando pensamos em ir atrás dele, ela disse que elas iam junto.

r13; Certo, mas, daqui, só saem quando essas crianças estiverem maiores. Enquanto isso, seu pai vai

tentando ver o que consegue daqui. E acabou o assunto.

Fim do capítulo