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Striptease por Patty Shepard

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Palavras: 4922
Acessos: 4001   |  Postado em: 30/08/2021

Notas iniciais:

Ooooi gente, eu sei, eu sei, um pouco (bem) atrasada. Mas cá estou com um capítulo fresquinho, preparem o coração! O capítulo pode ser um pouco incômodo para a maioria, mas é muito necessário. De qualquer forma, eu espero que gostem... Não esqueçam de me seguir no Twitter! Lá sempre tem avisos, spoilers e chameguinho comigo: @Patty5hepard

AVISO: O capítulo pode conter cenas que podem causar gatilhos para pessoas sensíveis a abuso psicológico e violência doméstica.

Capitulo 32

“Já era tarde da noite, mas Helena não tinha a mínima ideia de que horas eram exatamente, havia mais uma vez se enfiado na própria bolha depois de uma sessão de terapia por que precisava pensar em tudo o que estava acontecendo, sentia uma sensação muito estranha e com o cenho franzido olhou um pouco em volta, Vadia não estava por ali, o que era um tanto estranho, a TV estava ligada em um canal qualquer, mas não ouvia absolutamente nada vindo dela, como se estivesse no mudo. Respirou um pouco fundo e esticou-se um pouco para pegar o celular em cima da mesinha, estava sentada no chão e seus materiais de desenho espalhados na mesinha, quando pegou o aparelho eletrônico ouviu o barulho da porta da frente abrindo e imediatamente olhou em direção ao corredor que dava para a porta.

— Cheguei! — a voz extremamente grave soou por toda a casa e o estômago de Helena gelou enquanto ela remexia-se no chão, olhou em volta novamente, buscando entender o que estava acontecendo. Trevor apareceu em seu campo de visão, a expressão cansada, um sorriso pequeno nos lábios barbados, usava aquela camisa xadrez vermelha que ele amava, era a preferida dele, o inseparável boné também vermelho foi tirado da cabeça e pendurado na cabideira. — O que foi? — ele questionou enquanto retirava a carteira do bolso e colocava-a na mesinha abaixo do cabideiro, colocou as chaves do carro e da casa logo ao lado.

Helena negou com um aceno de cabeça, de repente sentiu como se aquele fosse só mais um dia comum e não teve medo da presença de Trevor, apesar de ainda sentir aquele frio no estômago como se algo estivesse prestes a acontecer.

— Como foi seu dia? — questionou enquanto largava o celular em cima da mesinha e dava um sorriso sem mostrar os dentes.

— O mesmo de sempre, estou cansado e faminto. O jantar está pronto? — questionou enquanto adentrava de uma vez a sala e ia diretamente para onde Helena estava, a mão grande tocou a cabeça de Helena e a fez pender a cabeça suficientemente para trás, assim o homem grande inclinou-se até selar seus lábios nos de Helena em um selinho estalado, em seguida olhou para a mesinha, vendo o caderno de desenhos e o celular recém largado.

— Está, está no forno, é só esquentar. — respondeu-o, apesar de a mão dele já ter saído de sua cabeça, mantinha-a ainda na mesma posição e o encarava de forma atenta, como se esperasse algo.

Repentinamente um estalo em sua cabeça e um arrepio que percorreu toda a sua coluna a alertou que havia dado a resposta errada e quando Trevor voltou a encarar-lhe com o cenho um pouco franzido, Helena sentiu o coração saltar dentro do peito e aquele frio na barriga crescer de uma vez, era medo, medo puro.

— Toma um banho primeiro, quando você sair mais relaxado à mesa já vai estar posta pra você, o que acha? — indicou e deu um sorriso mais caloroso para o marido e isso pareceu ter funcionado por que o homem deu um sorriso satisfeito com as palavras da esposa.

— Perfeito. — ele falou enquanto ainda sorria e logo em seguida se afastou.

Foi como retirar um grande peso das costas de Helena e ela fechou os olhos por alguns segundos com o alívio imenso que sentiu por ver que havia conseguido corrigir o próprio erro, mas aquele medo em seu interior ainda não havia passado, precisava medir todas as palavras que saíssem de sua boca, ou isso lhe custaria muito caro. Devagar ergueu-se do chão e foi andando diretamente para a cozinha, assim que se aproximou do fogão e ia se abaixar para ver o forno sentiu aquela presença tão conhecida chegando por trás, totalmente ameaçador e dominante.

Foi encurralada, os braços grandes de Trevor lhe rodeando e as mãos se espalmando no fogão a sua frente, automaticamente se encolheu, engoliu em seco e fechou os olhos com força. Merda.

— O que está acontecendo? — ele questionou em tom baixo, próximo ao seu ouvido, mas o terror que estava sentindo era tão grande que parecia que ele estava gritando. — Com quem você estava falando quando eu cheguei?

— Com ninguém, eu estava desenhando apenas. — respondeu com urgência, desejando do fundo do coração que a resposta fosse a resposta certa. Os olhos se abriram e arderam, enchendo-se de lágrimas enquanto olhava para as mãos grandes de Trevor bem na sua frente.

— Seu caderno estava fechando e você guardou o celular assim que me viu, Helena. Com quem você estava falando? — o tom de voz foi muito mais firme dessa vez e o desespero dentro de Helena cresceu a níveis em que ela tinha certeza de que não conseguiria suportar.

Não respondeu, não sabia o que responder, não estava falando com ninguém, qual era a resposta certa? Havia resposta certa?

Seu corpo foi virado em um movimento extremamente brusco e arregalou os olhos no momento em que a mão envolveu o seu pescoço com uma força acima do normal...”

Acordou em um pulo ao puxar o ar com força, como se tivesse parado de respirar por um tempo, os olhos arregalados olharam por toda a sala a procura de qualquer coisa que desse indício de que aquilo não fora só um sonho.

— Meu Deus. — reclamou e encolheu-se um pouco enquanto apoiava as costas no sofá atrás de sí, as mãos foram até o rosto e o esfregaram um pouco como se quisesse acordar ainda mais. Olhou para a mesa de centro a sua frente onde estavam vários desenhos abertos e o seu celular logo ao lado, havia dormido sobre os próprios desenhos. Seu coração ainda batia com força dentro do peito, inclinou-se em direção a mesinha onde apoiou os cotovelos e suspirou, quanto tempo fazia que havia sonhado daquele jeito com Trevor? Os dedos passaram pelos fios escuros e quando o celular tocou, esticou a mão para pegar o mesmo e viu o nome de Mia aparecendo no visor, imediatamente atendeu:

— Oi, Amélia. — falou baixo e olhou em volta novamente, desta vez viu Vadia deitada de barriga para cima em um sono pesado bem no meio da poltrona, isso fez Helena sorrir fraco.

— Está tudo bem? — Mia questionou de imediato.

— Está, acabei dormindo do nada e acordei há alguns minutos. — respondeu devagar e suspirou enquanto erguia-se do chão devagar, seu coração ainda não havia acalmado dentro do peito.

— Estava preocupada, você disse que ia para a terapia e então sumiu. — Mia explicou e então suspirou claramente aliviada.

Helena sorriu fraco enquanto ia até a porta de casa e verificava se estava realmente trancada, estava se sentindo extremamente vulnerável naquele momento.

— Desculpe... Cheguei pensativa em casa, fui desenhar e dormi sobre os meus próprios desenhos. — franziu o cenho enquanto voltava para a sala, olhou para o cabideiro onde tinha apenas um casaco seu e na mesinha apenas as suas chaves. Foi para a cozinha a passadas lentas, apesar dos olhares atentos para cada canto da casa. — Não sei nem que horas são.

— São 20:30h. Como foi a terapia? Como você está?

Helena verificou se a porta da cozinha estava fechada, não estava, mas fes questão de trancá-la e verificar se estava bem trancada logo em seguida ao tentar abrir a porta e empurrar, não teve afeito algum e por isso se deu por satisfeita, olhou para o fogão logo em seguida e a sensação ruim que passou por seu corpo a fez desviar o olhar.

— Sinceramente não sei que resposta dar para ambas as perguntas. — falou com honestidade e voltou a andar, acabou suspirando com as próprias palavras. — Então podemos ignorar isso por hoje, por favor? — pediu com sinceridade, de verdade não queria falar sobre o que havia acabado de acontecer, só queria falar sobre qualquer outra coisa.

— É claro, não tem problema. — Mia falou, mas obviamente que ficara preocupada.

— Como você está? — Helena devolveu a pergunta.

— Cansada, exausta na verdade, conciliar minha rotina com o restaurante está difícil. — suspirou, há alguns dias tivera que começar a se desdobrar daquela forma quando um dos subchefes fora demitido após alguns problemas e por isso Mia estava sempre ajudando até que contratassem um sub chefe novo, o que não era algo tão fácil.

— Eu devo me preocupar e começar a sentir ciúme do restaurante? — brincou apenas para descontrair um pouco e sorriu fraco quando ouviu a risadinha gostosa de Mia do outro lado da linha, isso lhe trouxe um breve alívio para a angustia que estava sentindo dentro do peito. Quando chegou no próprio quarto, foi até a janela do mesmo para verificar se estavam trancadas.

— Mamma me prometeu que isso não iria durar mais que uma semana, hoje mesmo ela entrevistou mais um, mas ela é absurdamente exigente. — Mia gem*u de forma descontente e Helena sorriu fraco antes de encostar a testa na janela e respirar um pouco fundo, havia se dado conta agora que estava com tanto medo que estava verificado todas as portas da casa, céus, fazia tanto tempo que não fazia aquilo.

— Hmmm, isso realmente me lembra alguém. — falou baixinho e sorriu fraco enquanto tentava a todo custo segurar o turbilhão de sentimentos que percorriam por seu corpo e por sua mente para não preocupar Mia e além do mais, não queria falar sobre o que estava sentindo.

Percebeu que mentir era fácil, esconder a própria dor, os próprios sentimentos por que botava na cabeça que não importava, era muito fácil pelo simples fato de ter sido obrigada a fazer isso por anos a um ponto em que começou a ser natural. Por isso foi fácil manter uma conversa com Mia sem permitir que ela percebesse que havia um grande montante de problemas nas costas de Helena que estavam a afundando mais a mais e assim, alguns minutos depois quando a ligação findou-se e Helena se viu só mais uma vez, o peso pareceu ficar ainda maior em suas costas, enquanto caminhava pela casa lembrava das palavras de Samantha e de tudo o que foi discutido na sessão de mais cedo.

Chegaram à conclusão de que Helena precisava começar a enfrentar um pouco os seus medos e não apenas se render a eles como absolutamente sempre fazia e bom, mais uma vez ela estava ali cedendo aos próprios medos e indo em todos os cômodos da casa apenas para verificar se as portas estavam trancadas enquanto lembrava que Trevor estava preso, não havia motivo para ela estar fazendo aquilo e mesmo assim, ela não parava.

Estava extremamente inquieta enquanto andava pela casa, suas mãos estavam meio frias e sempre que as passava pelo rosto, sentia um certo incômodo com a sensação. O coração estava batendo mais rápido do que deveria bater e isso estava a deixando um pouco ofegante. Era como se estivesse perdida dentro da própria casa e principalmente dentro de si mesma. Cruzou os braços devagar assim que parou em frente á porta que dava para a garagem e acabou suspirando. De certa forma estava surpresa, diferente da outras vezes, naquela noite tivera apenas um sonho com Trevor, sonho este que facilmente poderia ser considerado como uma lembrança, afinal, não conseguiria sequer contar quantas vezes passara por momentos exatamente como aquele retratado em seu sonho. E mesmo assim, sendo um simples sonho, os efeitos pareciam estar sendo piores que os pesadelos aterrorizantes que já tivera antes.

Encarou a madeira da porta por mais tempo do que gostaria enquanto pensava se deveria entrar ou se deveria se afastar e tentar distrair-se de alguma forma. Ligar para Amélia com certeza parecia uma ideia muito melhor, entretanto imediatamente recordou-se que Mia estava cansada, estava trabalhando demais nos últimos dias e por isso Helena não queria cansar ainda mais a namorada, que naquele horário já deveria estar dormindo, ao menos foi o que Helena pedira para Mia fazer ao findar o telefonema a bons minutos atrás. A mão direita tocou a maçaneta da porta e a envolveu de maneira firme, mas travou, apertou a maçaneta com mais força, sentiu certo enjoo com o alvoroço que sentiu em seu estômago e em todo o seu interior e inclinou-se até colar a testa na madeira, suspirou, não conseguia. Afastou a mão da maçaneta e cerrou o punho com força antes de socar a porta de maneira firme como se estivesse se castigando por não ter coragem o suficiente, abrir aquela porta seria como viajar para o próprio passado e seus maiores medos.

Se afastou de uma vez, como se a porta tivesse lhe machucado e deu logo as costas para se afastar mais rápido, seu corpo inteiro parecia extremamente instável, tremia dos pés a cabeça, o coração batia rápido demais e não estava conseguindo nem ao menos se situar como se realmente estivesse perdida e ter noção disso fazia até com que o ar se tornasse mais escasso.

— Helena? — ouviu a voz extremamente conhecida de Alysson, mas naquele momento ela realmente não teve a mínima ideia se havia sido coisa de sua cabeça ou não, por isso mesmo não respondeu, mas a dúvida a fez se encolher e somente quando sentiu mãos quentes tomando o seu rosto foi que pareceu ser puxada para fora de sua perdição com força. — Helena, olha pra mim! Helena! — piscou os olhos algumas vezes, tão desnorteada em meio a própria angústia que demorou alguns segundos para conseguir focar nos olhos verdes que sempre lhe trouxeram conforto.

— Ally! — arfou e ergueu as mãos rapidamente e segurou os pulsos da amiga na tentativa de se certificar que ela estava mesmo ali, o alívio de sentir ela, de sentir o calor da ruiva, foi tão grande que quase fez o corpo de Helena ceder a pressão que aquele momento havia causado em seu psicológico.

— Calma... Eu estou aqui. — Ally a puxou para perto e a abraçou em seguida, abraçou-a com força e a apertou o máximo que conseguia. — Eu estou aqui. — virou o rosto e deu um beijo nos cabelos de Helena enquanto sentia os braços de Helena lhe envolvendo a cintura. Estava vindo de mais um encontro fracassado e como sempre trazendo algum doce para Helena para que ela comesse enquanto ouvia Ally reclamar do encontro como acontecia absolutamente todas às vezes, porém, assim que entrara na casa de Helena se deparara com a Artista plástica totalmente perdida em um canto da sala claramente tendo mais uma de suas crises de ansiedade que facilmente evoluía para um ataque de pânico.

E as duas ficaram ali, imóveis, em um abraço tão apertado que chegou um momento em que a respirações sincronizaram e Ally sentiu contra seu próprio peito o momento em que o coração de Helena começou a se acalmar e isso imediatamente lhe trouxe alívio, desde a vez que vira a facilidade com a qual Mia conseguiu acalmar Helena, começou a pesquisar sobre os episódios que Helena tinha e formas de acalmá-la e tirar ela daquela bolha em que ela sempre se metia e o alívio de estar conseguindo por isso em prática era enorme.

— Posso soltar? — Ally questionou em tom baixinho.

— Ainda não. — Helena sussurrou em resposta e suspirou, estava tão aliviada e finalmente enxergando tudo claramente outra vez que tinha medo de largar Ally e acabar voltando para a mesma situação de antes.

— Você tem namorada agora, não pode ficar me agarrando dessa forma por muito tempo. — a ruiva falou ainda no mesmo tom baixo, apenas para descontrair de alguma forma e sorriu quando sentiu contra seu pescoço, que Helena também sorriu.

— A culpa é sua por estar tão cheirosa. — Helena rebateu e se afastou um pouco para encarar o olhar atento da amiga, cheio de compaixão.

— Mais uma noite se arrumando tanto em vão. — confessou enquanto as mãos iam para o rosto de Helena mais uma vez, espalmou-as nas laterais do rosto e os polegares, com muito cuidado, enxugaram algumas poucas lágrimas que molharam o rosto de Helena. A mexicana tinha uma expressão extremamente cansada, sinal que fazia algum tempo que ela estava daquele jeito. — O que foi que te deixou assim?

Helena deu de ombros e fechou os olhos, apesar de ter dormido bastante, sentia-se completamente exausta, como se a sua energia tivesse sido completamente sugada no meio da crise.

— Todas as vezes que eu volto da terapia eu volto completamente vulnerável por estar perdida com todas as novas revelações e aí, absolutamente tudo parece ser capaz de me ferir. — falou baixinho e em tom cansado antes de abrir o olhos e encarar a amiga novamente.

— Isso é sinal que as sessões estão surtindo efeito. — Ally alegou e se afastou mais da amiga antes de segurar-lhe a mão e começar a puxá-la devagar para o sofá, quando Helena sentou se afastou apenas para pegar sobre a poltrona a sacola que havia trago. — Você comeu hoje?

— Apenas almocei. — respondeu enquanto se ajeitava no meio do sofá e em seguida olhava em volta como e procurasse algo, apesar de não saber o que estava procurando. — Sonhei com o Trevor, não pesadelos como sempre, mais como... Lembranças do cotidiano. — franziu o cenho com as próprias palavras.

— Lembranças ruins ou boas? — Ally questionou enquanto voltava para a sala com um prato com uma boa fatia de torta de chocolate meio amargo e dois garfos.

— Traumáticas. — respondeu de forma simples e ergueu o olhar assim que viu a amiga novamente e principalmente quando viu o que ela carregava em mãos. — Você é incrível.

Ally sorriu.

— Eu sei. — respondeu de forma convencida enquanto sentava ao lado da amiga e cruzava as pernas de forma confortável, lambeu o polegar sujo.

— Obrigada, Ally. De verdade. — Helena sussurrou enquanto se ajeitava um pouco ao lado da amiga e deitava a cabeça em seu ombro, mas isso é claro não a impediu de pegar um dos garfos e assim pegar um bom pedaço da torta.

— Fico feliz por finalmente ter conseguido ser útil de alguma forma nesses momentos. — Ally respirou um pouco fundo e encarou a gatinha preta que aparecera em seu campo de visão e vinha caminhando em direção as mulheres farejando o cheiro de comida. — E estranhamente mais feliz ainda por o encontro não ter dado certo e eu acabar aqui na hora certa.

— Qual foi o problema dessa vez?

— Ele passou a maior parte do jantar olhando para os meus peitos. — abocanhou o garfo devagar e suspirou enquanto saboreava o sabor meio amargo. — Eu amaria que ele olhasse para os meus peitos, ele é um gostoso, mas que olhasse no momento apropriado, parecia que ele só estava ali para isso e eu não estou tão desesperada assim por sex*.

Mesmo cansada, Helena não deixou de rir das palavras da amiga e principalmente não deixou de perceber como aquilo era bom, não os encontros fracassados de Alysson, mas sim a forma como a amiga levava tudo o que havia acontecido há minutos atrás com tanta naturalidade, isso a fez pensar que Alysson era completamente familiarizada a ver Helena em situações muito piores, crises de ansiedade e ataques de pânico não assemelhavam-se aos terrores de momentos em que Ally tivera que socorrer Helena as pressas para o hospital mais próximo.

— Ally... — Helena começou após alguns minutos, a torta já havia acabado para a tristeza da mexicana.

— Hm?

— Você acha estranho o fato de eu não ter me mudado daqui?

— Acho muito, mas acredito que tem algo aí dentro que justifique muito bem o motivo de você nunca ter saído daqui, por isso nunca te questionei. — Alysson ficou em silêncio por alguns segundos antes de continuar. — Tem lugares dessa casa que me trazem péssimas lembranças e detalhes que fazem cenas passarem pela minha cabeça vivamente. Acredito que com você é pior e eu queria de verdade que você saísse daqui.

— Acho que tenho medo de fazer isso. — Helena sussurrou enquanto os olhos ficavam fixos em um ponto qualquer. — Tenho medo de me livrar de qualquer coisa dele, só o simples fato de pensar nisso me causa uma sensação estranha... Essa casa foi o primeiro lugar aqui nesse País que fez eu me sentir segura, em casa, um lar de verdade. Cada detalhe, cada cômodo me trás conforto ao mesmo tempo que me trás medo... Sinto como se... Como se eu não fosse capaz de me sentir bem em qualquer outro lugar.

— É por que você realmente acha isso ou por que ele te forçava a aceitar a ideia errada que você só seria feliz com ele e aqui?

Helena não soube responder aquela pergunta, mas realmente sentiu o impacto dela.

“Os olhos dourados estavam completamente fixos no balcão da cozinha que brilhava de tão limpo que estava, o pano umedecido ainda estava na mão direita de Helena, agora parada e apenas apoiada sobre o balcão. Havia parado a limpeza quando se perdera nos próprios pensamentos diante a própria situação após uma longa ligação com uma das irmãs, o lado esquerdo do rosto estava inteiramente dormente, assim como o antebraço esquerdo doendo pelos apertões que recebera a algum tempo atrás. Até quando ela iria aguentar aquilo? A mesma pergunta ressoava por sua mente várias e várias vezes depois que tivera que mentir para a irmã ao alegar que estava tudo bem. Apesar de tão perdidas em pensamentos, seu corpo já parecia ter um alerta natural que sempre lhe avisava quando Trevor aparecia e não foi diferente dessa vez, assim que o homem apareceu na cozinha, o corpo da mexicana ficara tenso. Os olhos de ambos se encontraram por breves segundos, ele ainda tinha uma expressão de sono, mas Helena baixou logo o olhar, não exclusivamente por medo, também havia mágoa.

— Está com raiva de mim? — ele questionou, a voz mansa, cautelosa enquanto se aproximava da esposa.

Helena não respondeu, era como se todos os seus sentidos gritassem para ela que se respondesse aquela pergunta, qualquer resposta seria a resposta errada. O toque em sua cintura a fez encolher-se um pouco e foi forçada a virar-se, apesar de não ter apresentado resistência alguma ao toque do marido, quando ficou de frente para ele, ergueu a cabeça para tentar sustentar o olhar de seu agressor.

— Eu sinto muito. — ele desculpou-se enquanto erguia a mão direita para tocar o machucado no rosto de Helena, ela queria correr para longe dele, mas estava tão travada que nem conseguia mexer-se. — Eu realmente sinto muito, eu sei que eu perdi a cabeça, morena... Eu só tenho tanto, tanto medo de perder você. — ele segurou repentinamente o rosto de Helena com ambas as mãos de maneira forte demais e colou sua testa a dela.

— Não se machuca desse jeito quem se ama, Trevor... Você tinha me prometido que nunca mais faria isso. — a voz embargou-se no final, estava tão magoada que as mãos se espalmaram no peito do marido e o empurraram um pouco, não queria o toque dele naquele momento.

— Eu sei que eu prometi... Mas você precisa entender, morena... O simples pensamento de outro homem dando em cima de você me deixa possesso, você precisa entender, precisa parar com isso, você não pode vestir aqueles vestidos, você não... — ele parou de falar, como se estivesse prestes a ceder para a própria raiva novamente enquanto tentava persuadir Helena de que ela era a culpada naquela história.

— Ninguém deu em cima de mim, Trevor. Quantas vezes eu vou precisar repetir isso? Ninguém deu em cima de mim!

— Eu vi ele olhando pra você, Helena! — a voz do homem alterou-se alguns tons quando ele se afastou um pouco e Helena ergueu a mãos e tocou os próprios cabelos, como se estivesse tão cheia daquilo que precisava segurar a própria cabeça na tentativa de conter tudo o que se passava por ela para não falar o que não deveria e por isso os olho encheram-se de lágrimas, estava tão farta de ser culpada por algo que não tinha culpa, ela não conseguia controlar o olhar dos outros e por que era culpada até por isso? Quis tanto gritar naquele momento, as lágrimas a cegaram por alguns segundos até sentir as mãos grandes do marido tomando o seu rosto novamente e a abraçando logo em seguida para lhe acalentar em seus braços. Era acalentada pelos próprios braços que a machucaram. — Olha só o que você está fazendo, Helena... Me fazendo perder a cabeça novamente.

— Você realmente me ama? — perguntou de forma repentina, foi algo que deveria ter só pensado e não falado e por isso mesmo arrependeu-se imediatamente, ainda mais quando Trevor se afastou e a olhou com um semblante que dividia-se entre confuso e indignado.

— Por que está me perguntando isso? Você duvida do meu amor? — ele questionou e Helena viu o momento em que a indignação tomou conta do semblante do homem. — Você duvida do meu amor? — ele perguntou novamente, de forma ainda mais pausada e em seguida se afastou, deu as costas para Helena enquanto erguia as mãos na altura da cabeça como se estivesse se segurando para não fazer uma grande besteira. — Eu te dou casa, comida, dinheiro e tudo o que você quer, Helena! — desta vez ele já não mais falou e sim gritou enquanto apontava para Helena a cada palavra dita como se estivesse a acusando do pior crime já cometido. — Eu te dou um lar, eu não te deixo faltar absolutamente nada e você ainda duvida do meu amor?! Eu cuido de você, te protejo daqueles homens, tento abrir seus olhos todos os dias e você faz essa merd* de pergunta? — a cada nova palavra ele ia se aproximando mais e mais até o ponto em que seu dedo já encostava em Helena, bem em seu rosto. — Eu não dou tudo isso a você para que você duvide de qualquer coisa vinda de mim, você me entendeu? Quem merd* você pensa que é? Você acha que iria conseguir tudo isso em algum outro lugar? Que maior prova de amor se não essa?

— Trevor...

— Calada! — ele rosnou em um grito tão feroz que fez Helena contorcer-se em agonia e consequentemente encolher-se por esperar um tapa, mas ele não veio, mas não sentiu alívio por isso, sentiu uma tensão tão grande que seu coração parecia que iria explodir a qualquer momento. — Você acha que algum outro homem conseguiria te dar mais do que eu te dou? Você acha que alguém conseguiria te amar mais? Você seria vista apenas como alguma especiaria importada que serviria apenas para ser degustada uma única vez antes de ser jogada fora e eu, apenas eu te dou muito mais do que só isso, sem mim você não é capaz de nada Helena, sem mim você é ninguém, eu te dou tudo isso e você ainda é capaz de duvidar da porr* do meu amor.”

Os olhos dourados abriram-se devagar e encararam a janela iluminada pela lua, o coração batia forte dentro do peito, mas diferente de mais cedo não parecia tão assustada, apesar do sonho ter lhe trazido lembranças que ela não queria lembrar de forma alguma. Virou-se na cama até ficar de barriga para cima e suspirou com aquele sentimento angustiante que parecia não querer passar de forma alguma enquanto o rosto contorcia-se em uma careta de choro, por que aquilo estava acontecendo? Por que estava tendo que lembrar daquela forma de tudo o que Trevor fazia com ela? Já não bastava as cicatrizes que tinha marcadas em seu corpo? As lágrimas grossas escorriam em abundância pelo canto dos olhos, sentiu-se totalmente insignificante e incapaz de livrar-se daquela angustia que lhe sufocava cada vez mais. Quanto mais queria livrar-se daquelas memórias, mais sufocada ficava por elas e estava começando a chegar em seu limite.

Alysson havia se voluntariado a passar a noite com ela, mas Helena alegou que não precisava, mais uma mentira. Só não queria se sentir ainda mais vulnerável e dependente do que estava se sentindo, teria conseguido evitar aquilo se tivesse aceitado a companhia da amiga?

Não quis pensar mais nisso, recusou-se a pensar em justificativas e motivos, recusou-se a pensar em qualquer coisa e permitiu-se se desligar mais uma vez da própria vida de forma automática como se nem mais tivesse controle de sí mesma tamanho era seu desespero e medo por estar tão perto de seu limite.

E quando se deu conta de tudo, quando permitiu-se sentir novamente e pensar novamente, o dia já começava a amanhecer e o quarto e iluminava com alguns raios tímidos do sol. Seu corpo inteiro parecia doer quando ela se mexeu na cama e ergueu-se até sentar na beirada da mesma e com um grande peso na consciência e no coração encarou o sobretudo jogado no chão ao lado da máscara, havia tirado ambos assim que chegara e não dormira mais.

— Merda. — sussurrou para sí mesma e sentiu vontade de chorar enquanto desabava na cama novamente com o único pensamento que lhe vinha a mente depois de ter ido ao bar novamente: Amélia.

Fim do capítulo


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Comentários para 32 - Capitulo 32:
Dressa007
Dressa007

Em: 28/09/2021

deve ser horrível essa sensação que helena sente ainda bem que ela tem a namorada e a amiga....

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