Capitulo 17
Capítulo 17 °
Virgínia
Ficar frente a frente com Isabella mexeu com os meus demônios. Sei que ela nem ao menos se lembra de mim, afinal eu era uma criança quando ela e Alana foram casadas. Foram pouquíssimas as vezes que nos vimos. Mas tê-la em minha frente me fitando como se quisesse descobrir meu lado mais obscuro me deixava receosa.
Em minha última conversa com a Alana, me lembro bem de ela dizer que havia reencontrado Isabella e que estava disposta a reconquistá-la. Mas nada saiu como o planejado. Dias depois a minha mãe faleceu, e eu precisei ir morar com a minha avó. E Alana me prometeu que em alguns dias me levaria para morar com ela. A notícia da morte de Alana me abalou profundamente. E durante anos a verdade foi escondida de mim. Depois de adulta descobri de fato a tragédia que havia acontecido.
Consegui ficar mais calma quando Alice e eu já estávamos no carro, a caminho do meu apartamento. Mas ainda ecoava na minha cabeça a voz de Alice me dizendo que a mãe iria puxar minha fixa, apenas para saber quem eu era. E isso me deixa muito assustada. Não que eu tivesse alguma culpa pelo que aconteceu, mas acredito que a advogada não ficaria nada satisfeita ao saber que sua filha estava se envolvendo comigo.
Estou mesmo gostando de Alice. E sei que se a mãe dela descobre quem eu sou, fará de tudo para nós separar. E a ideia de que isso possa acontecer me atormenta. Ao chegarmos ao meu apartamento eu precisava de um momento sozinha. Pedi licença a minha convidada e fui até o banheiro. Mas a campainha tocou e eu pedi para que ela atendesse.
Quando voltei para a sala, havia uma cesta em cima da mesinha. Não fiquei tão feliz com a cesta como fiquei ao notar que Alice estava com ciúmes. Apesar de negar, sei bem que ela estava curiosa para saber de quem era o presente. Procurei o cartão, e sorri ao ver a letra de Amélia.
“Bom dia, só queria agradecer por ter cuidado de mim ontem. Juro que não sou tão fraca para bebidas. Enfim. Obrigada mais uma vez. Beijos A. C.”
Alice me fitava esperando que eu dissesse de quem era, e vê-la com ciúmes foi impagável. Mas ela logo mudou de assunto quando questionei se ela estava enciumada. Pediu meu celular para mandar mensagem para o Matheus e em seguida me mandou agradecer a Amélia pela cesta.
“ Oiê, só queria agradecer pela cesta. E nem vou dizer que não precisava, afinal comer está entre as minhas coisas preferidas. Rsrs. Beijos”
Após perguntar o que Alice queria fazer a seguir como resposta ela me pediu uma aula de culinária. E por mais que eu esteja nervosa, me surpreendi o quanto ela consegue aprender rápido. Porém, como tudo que é bom dura pouco ela me questionou sobre a Alana. Queria saber o que havia acontecido com ela.
- Me diz uma coisa, sua irmã morreu de quê? – Não precisa me contar se não quiser. Só achei que você já sabe muita coisa sobre mim. E nada mais justo eu te conhecer melhor.
Eu travei, no mesmo instante recordei da conversa com Carlos Eduardo dizendo que talvez a reação de Alice não fosse das melhores quando eu contasse o que havia acontecido. De alguma forma eu sentia que aquele era o momento certo. Mas a incerteza de qual seria a reação dela me deixava desesperada.
- Eu não me importo em te contar. Na verdade, tem a ver com aquela história que eu ia falar antes da Amélia me ligar.
- Entendi.
- Nem sei se você lembra afinal acho que pela sua idade. Suas mães haviam acabado de te adotar. – respirei fundo tentando me acalmar. – Minha irmã morreu com um tiro de arma de fogo.
- Nossa! Mas o que aconteceu?
- Alice, eu preciso que você entenda que não tive culpa de nada. – tentei me justificar.
- Como você poderia ter culpa? O que aconteceu com a sua irmã? Você está me assustando, Virgínia.
- A minha irmã era a Alana. – contei de uma só vez.
Alice arregalou os olhos surpresa. Abriu e fechou a boca como se tentasse formular alguma frase, mas nada saiu. Aquele silêncio estava me matando. Nos fitávamos como se tentássemos ler o pensamento uma da outra.
- Espera! Você está me dizendo que é irmã da primeira esposa da minha mãe? – indagou pausadamente.
- Sim. – respondi receosa.
- Nossa! – passou as mãos nos cabelos. – Eu sinto muito. – me fitou seria. – Sinto muito por você ter passado por isso sozinha, e por de certa forma as minhas mães terem contribuído para essa tragédia. – segurou minha mão.
Ela estava com os olhos marejados. Não sei se pelo choque da notícia ou por se sentir culpada pelo que aconteceu no passado.
- Você assim como eu não tem culpa de nada. – comentei apertando seus dedos aos meus. – Claro! Não temos culpa de nada. – acariciou meu rosto. – Poderia ter sido a minha mãe a morrer naquele dia. – falou baixo. – Eu sinto muito. – me abraçou apertado.
- Poderia sim. Mas eu sinto muito pelo que a Alana fez com a sua mãe. Acho que o amor virou ódio.
- A minha mãe nunca contou sobre o primeiro casamento dela.
- Alana traiu Isabella. E assim veio o divórcio. Depois de anos elas se reencontraram e a minha irmã ficou feliz, dizendo que ia reconquistá-la.
- Mas a mammy já estava namorando com a mamma. – concluiu.
- Exatamente. – confirmei.
- Podemos não falar mais sobre isso? – questionou me fitando.
- Claro. Acho que nosso almoço está pronto.
- Ótimo, estou morrendo de fome. – abriu um largo sorriso.
Arrumamos a mesa e fizemos nossa refeição. O clima que havia se instalado anteriormente já acabou se dissipado. Alice me contava animada sobre como eram suas saídas com os amigos.
- Mas agora a Anna está namorando, o que significa que de alguma forma acredito que ela tenha sossegado.
- Normal. Quando encontramos alguém para dividir a vida é normal diminuirmos as saídas.
- Mas e você?
- O que tem eu? – questionei confusa.
- Quero saber se gosta de sair.
- Na maioria das vezes sou arrastada por Cadu. – confessei.
- Então somos vítimas.
- Isso. Eu amo ficar em casa, ver um filme. Ou ir andar de skate.
- Detesto música alta. – confessou.
- Mesmo que seja para dançar a duas? – sorri ligando o som e aumentando o volume.
- Sendo para dançar assim. Eu posso até gostar. – comentou recostando sua cabeça em meu ombro.
Naquele momento exista apenas nós duas e aquela música ecoando junto aos nossos batimentos descompassados. Alice acariciava minhas costas, fazendo movimentos leves o que me arrancava alguns suspiros. Beijei seu pescoço e vi sua pele arrepiar.
- Seu cheiro é delicioso. – sussurrei.
- E o seu é maravilhoso. Sabia que eu sonhei com você...
- Sonhou?
- Sim. Lembro de ter te visto dançando em uma noite que fui para uma boate com os meninos. Alguma coisa em você me chamou atenção. – confessou e eu amei escutar aquilo. – Não cheguei a ver o seu rosto, te vi apenas de costas, dançando. Eu fiquei presa em você.
- Mesmo?
- Mesmo. Depois disso, varias noites sonhei com você dançando. Até que te vi aquela manhã na padaria. E você era...é ainda mais linda do que nos meus sonhos. – acariciou minha bochecha e eu senti meu rosto corar. – Aquele dia, seu perfume invadiu o ambiente e eu fiquei embriaga.
- Nossa, eu não fazia ideia de que você se sentia assim.
- Acho que eu traí o Matheus antes mesmo de te beijar. – comentou pensativa. – Eu nunca acreditei nessa coisa de paixão à primeira vista. Mas não tem outra explicação para o que eu senti quando te vi.
- Está dizendo que se apaixonou desde a primeira vez que me viu? – sorri vitoriosa.
- Sim. Mas não fica se achando. – revirou os olhos e voltou a apoiar a cabeça em meu ombro.
- Claro que vou me achar. Tenho uma garota linda, no meu apartamento, dançando comigo, e diz que é apaixonada por mim. Eu preciso me vangloriar. – ela deu uma gargalhada me apertando ainda mais.
Dançamos mais algumas músicas. E durante esse tempo não houve a necessidade de utilizar palavras, nos conectamos pelo nosso contato durante a dança. Depois resolvemos assistir um filme, mas para minha surpresa Alice dormiu antes mesmo da metade. Dormia pesadamente. Parecia cansada, e não era para mesmo tendo em vista tudo que aconteceu. Passei meus dedos em seus cabelos loiros e ela se ajeitou em meus braços.
Me sentia melhor depois de ter contado sobre Alana. O que me surpreendeu ainda mais foi a empatia de Alice ao se colocar no meu lugar e entender que tudo não passou de uma tragédia. Sorri lembrando que ela confessou estar apaixonada por mim desde a primeira vez que me viu.
Mas foram quase três meses até nosso primeiro beijo. Mas valeu a pena ter esperado. Casa segundo ao lado dela valia a espera pelo momento certo. Agora ela estava ali, na minha casa e isso me deixa imensamente feliz. Meu celular começa a tocar e eu levanto com cuidado.
- Alô. – falo fechando a porta da varanda.
- Estava preocupado. Você está bem?
- Sim. Estou bem. – tranquilizei meu amigo.
- E a Alice?
- Está adormecida no meu sofá. – falei rindo.
- Nossa! Se eu bem te conheço está sorrindo igual uma otária. – implicou.
- Não me julga. – supliquei. – Ela veio dormir aqui.
- Caramba! Conseguiu sair sem ser vista?
- Não, fiquei cara a cara com a sua adorável tia.
- Essa não. Mas e aí?
- Como eu imaginava, ela não se lembra de mim.
- Mas é uma questão de tempo até que ela descubra.
- Eu sei. – ficamos em silêncio alguns segundos. – Contei a Alice sobre a Alana.
- Virgínia! Você tem o dom de estragar as coisas. – ralhou comigo.
- Não estraguei nada. Alice foi compreensiva. Ela entende que não tenho culpa de nada.
- Alice foi compreensiva, mas vamos esperar o que a tia Isa vai fazer. – suspirou pesadamente. – Eu me preocupo contigo.
- Mas eu estou bem.
- Agora. Mas e se as coisas derem errado?
- Se, e somente se isso acontecer você vai ficar ao meu lado. Certo?
- Certo. – concordou mesmo a contra gosto.
- Chega de falar de mim. Quero saber se vai sair com o Rick hoje.
- Ele até me convidou. Mas não quero ficar sozinho com ele.
- Trás ele para cá, podemos tomar umas cervejas e conversar.
- Mas e a Alice?
- Ela precisa se distrair.
- É. Acho que eu vou aceitar.
- Ótimo, te espero as oito.
Encerrei a ligação, mas permaneci na varanda. Olhei o sol que começava a se esconder. Fechei os olhos sentindo o vento tocar minha face. Até que pequenas mãos me enlaçaram a cintura.
- Você me deixou sozinha. – reclamou com a voz rouca.
- Precisava atender uma ligação. – acariciei suas mãos.
- Não vai me dizer que é a sua chefe tentando te roubar de mim mais uma vez. – eu comecei a rir de seu ciúme.
- Não era a Amélia. Era o Cadu. Ele vai vir para cá, vamos rir, beber e você se distrai.
- Ele vem sozinho?
- Não. Vai trazer um amigo. – não iria dizer que Rick e ele eram mais que isso, afinal não era da minha conta.
- Posso chamar os meninos? – Ótimo, como eu iria negar esse pedido?
- Claro. – concordei.
Mesmo sem olha-la sabia que ela esboçou um sorriso. E eu sinto que seria capaz de mover os céus para vê-la sorrir.
Deixei-a sozinha para que pudesse ligar para eles. Já passava das sete horas quando decidi que precisava de um longo banho. Mas confesso que me concentrar no meu banho estava difícil quando ao quarto ao lado Alice fazia o mesmo. E o simples pensamento de que ela estava nua em um cômodo ao lado me deixa completamente louca e culpada.
Culpada por saber que ela ainda era virgem e eu aqui com esses pensamentos nada decentes. Fitei minha imagem no espelho e sorri. Desde que havia terminado com Charlote não tinha ficado com mais ninguém. Mas Alice mexe comigo, me tira da zona de conforto que me enfiei desde que fiquei solteira.
Escutei a porta da sala se abrir e sabia que era Cadu. Como de costume ele foi direto para o meu quarto.
- Como você entra sem saber se eu estaria acompanhada no banho? – reclamei fitando-o.
- Com a Alice? Não teria a menor chance.
- O que isso quer dizer?
- Que você está diferente. Fazendo as coisas irem mais devagar. – ele sorriu.
- Verdade. Aonde está o Rick?
- Deve está chegando com a Nanda.
- Legal. – precisava dizer que o Miguel também viria. – Eu preciso te contar uma coisa.
- Odeio quando você começa uma frase assim. – resmungou.
- A Alice convidou a Anna e o Miguel.
- O quê? – espantou-se.
- Shiii! Fala baixo. – fechei a porta do quarto. – Ela perguntou se podia e eu não tive como negar.
- Virgínia, isso não vai prestar. – falou caminhando de um lado para o outro.
- Mas não é você que vive dizendo que não são exclusivos, então qual o problema de ele vir? – Cadu se calou.
- Nenhum. – deu de ombros. – Eu vou beber. – abriu a porta. – Ah! Oi.
- Oi Cadu, vim ver se a Virgínia está pronta. – escutei a voz de Alice.
- Quase. Pode entrar. Eu vou beber.
Ela entrou e eu literalmente babei em toda sua beleza. Os cabelos em cachos perfeitos na altura dos ombros, ainda estavam molhados. Ela usava uma camiseta preta e shorts jeans rasgado, as pernas torneadas.
- Desculpa, ele disse que você estava pronta. – virou-se rapidamente.
Só então percebi que estava nua da cintura para baixo. Para mim era normal me vestir na frente de Carlos Eduardo, e nem ao menos notei que ainda estava apenas de calcinha quando ela entrou.
- Eu vou só vestir meu short. – falei embaraçada. – Pode virar.
Me sorriu e eu caminhei acabando com o espaço que havia entre nós. Segurei sua cintura e a beijei. Ao nos afastarmos notei que ela sorria. Aquele sorriso que me faz quase perder o ar por alguns segundos.
- Você está bem? – questionei fitando seus olhos.
- Sim. E vou ficar melhor depois que você me beijar de novo. – falou enlaçando minha cintura.
Quando saímos do quarto escutei vozes vindas da sala. Cadu, Rick e Nanda, estavam conversando animados. A garota nem disfarçou sua curiosidade ao ver minha mão entrelaçada com a de Alice.
- Oi. – sorri simpática.
- E aí, beleza? – Rick retribuiu o cumprimento. – Trouxe a Nanda, espero que não tenha problema.
- Não, imagina. Eu estava devendo essa saída desde aquele dia do bar. – comentei e senti Alice apertar minha mão com mais força. Percebi então que precisava apresenta-la aos dois. – Que indelicadeza a minha, Rick e Nanda essa é a Alice.
- Prazer. – o homem barbudo sorriu simpático.
- Prazer. – Alice retribuiu envergonhada.
- Espera, você não é a garota que namora, ou namorava o filho do Sodré? – Nanda indagou com o ar curioso.
- Fernanda! Isso são modos? – o irmão da garota repreendeu.
- Tá! Desculpa, não quis ser indelicada. Mas não se fala de outra coisa nessa cidade. – deu de ombros.
- Não tem problema. – Alice sorriu. – E eu sou sim. – completou.
- Eu falei que era ela. – olhou para o irmão que apenas sacudiu a cabeça.
- Eu vou atender a porta. Deve ser os meninos. – Alice soltou minha mão e foi até a porta.
Não pude deixar de notar o nervosismo do meu amigo ao saber que do outro lado estava Miguel. Sei que o lance dos dois é sem compromisso, mas também percebi que o sentimento dele para com o rapaz tem mudado desde que o viu com outro no bar. Talvez seja isso, as pessoas só conseguem perceber a real importância de alguém em sua vida, quando se depara com a possibilidade de não mais a tê-la.
Me sentei ao lado de Nanda que me ofereceu uma cerveja e eu prontamente aceitei tomando um longo gole.
- Ela é ainda mais linda pessoalmente. – comentou baixinho.
- É sim. – concordei olhando-a fechar a porta. Possivelmente para avisar ao amigo que Cadu não estava sozinho.
- Qual o lance de vocês? – questionou Fernanda e eu não soube o que responder.
- Somos amigas. – comentei. Não sabia ao certo o que éramos, e não conheço Fernanda suficiente para contar que estamos ficando preferi dizer isso.
- Amigas, sei. – deu um sorriso sarcástico e tomou um gole de sua cerveja.
Meus olhos fitavam a porta ansiosa. Queria Alice ao meu lado, conversando e rindo. Para tentar esquecer a zona que a foto de Matheus causou. Respirei fundo, e abri meu sorriso ao vê-la passar pela porta, sendo seguida por Miguel.
- Gente esse é o meu amigo, Miguel. Miguel, esses são o Rick e a Nanda.
- Oi!
Miguel ficou sem graça ao ver a proximidade do meu amigo e Rick. Mas demorou apenas alguns segundos até que ele escondeu seu desconforto.
- Cerveja? – Nanda ofereceu parecendo perceber o ocorrido.
- Sempre. – ele aceitou sentando-se ao seu lado. – Seu apartamento é lindo. – comentou olhando em volta.
- Obrigada. – sorri sem graça. – Quer beber algo? – fitei Alice.
Apesar de estar sentada no sofá, ela mantinha o corpo sobre a perna esquerda que estava dobrada. E apoiava o cotovelo no topo do sofá.
- Nem sei ainda. Daqui a pouco eu decido. – me sorriu.
O momento de constrangimento durou apenas algumas cervejas. Depois disso todos nós já parecíamos velhos amigos, Rick contava suas aventuras enquanto esteve fora do país. O que arrancou muitas risadas nossas, já que ele, assim como Cadu se metiam em muitas confusões apenas para trans*r.
- A gente podia brincar de eu nunca. – Nanda comentou empolgada.
- Quantos anos você tem? – Rick indagou com ar de riso e ela mostrou o dedo do meio a ele.
- Vamos. Vai ser divertido. Eu começo. – ela sorriu e pensou por alguns segundos. – Já sei. Eu nunca transei em lugares proibidos. – ela foi a primeira a beber. Sendo seguida por Cadu, Rick e Miguel. – eu fitei Alice que ria, mas me preocupei com o fato de ela se sentir vergonhada por ainda ser virgem, não sei se essa brincadeira foi uma boa ideia.
- Tá esperando o que Virgínia? – meu amigo me fitou.
- Nada. Só me distrai. – tomei o gole da cerveja e Alice me fitou séria.
- Que tal, a gente apimentar e contar aonde foi? – Nanda deu um sorriso diabólica.
- Não! – falei junto com Cadu.
- Quem não deve não teme. – Rick riu.
- Vocês são mesmo irmãos né? Diabólicos, adorei. – Miguel completou batendo a cerveja na dos irmãos. – Já que você deu a ideia, começa. – apontou para Nanda.
- Foi na sala de aula da faculdade. – Rick se engasgou com a cerveja e nós caímos na risada. – Sua vez.
- No banheiro da boate. – Miguel falou e trocou um olhar com Cadu.
- Mas isso não é proibido, todo mundo faz. – Rick falou.
- Verdade. – concordei.
- Tá querendo dizer que a sua também foi no banheiro? – Alice indagou com ar de riso, e eu senti meu rosto corar.
- Não! Quer dizer também, gente não me complica. – riram do meu desespero.
- Mas estamos entre amigos, não é? – Nanda me fitou. Estava na cara que ela só teve essa ideia de brincadeira para saber o que se passa entre Alice e eu.
- Sim. Então, vou dizer que foi no elevador.
- Eu me lembro dessa. – Cadu riu. E todos nos olharam. – Espera! Não fomos nós dois, nunca trans*mos. – tentou se explicar. – Ela me contou depois. Droga! Virgínia, me ajuda. – suplicou.
- Você está indo tão bem. – gargalhei e ele me arremessou uma almofada.
- Mas me diz que não foi nesse elevador. – Miguel questionou e eu apenas ri.
- Sua vez Cadu. – Nanda falou mudando de assunto.
- No estacionamento do shopping.
- Menino travesso. – Nanda comentou divertida. – E você maninho?
- Eu transei dentro do banheiro do avião, na volta para cá. – confessou.
- Eu nunca...fiquei com alguém que tá nessa sala. – Miguel indagou e foi o primeiro a beber.
Cadu fitou Miguel, depois olhou para Rick e bebeu dois goles. Eu tomei um e Alice me fitou sorridente em seguida bebeu.
- Surubão!!! Adoro. – Nanda se empolgou. – Quem você pegou Miguel?
- Cadu. – apontou.
- Alice? – continuou a psicóloga.
- Virgínia. – apontou para mim.
- Os meninos eu nem preciso saber. Por que é obvio que se o Miguel ficou com o Cadu, o Cadu também ficou com ele. E o maninho ficou com o Cadu. O que implica dizer que você também já ficou com meu irmão, por tabela. – concluiu como se fosse óbvio.
Foi impossível segurar o riso. Trocamos olhares e caímos na risada. E assim o clima tenso se dissipou e logo mais perguntas foram feitas. Eu já sentia aquela boa e velha vontade de ir ao banheiro a cada dois minutos, depois de muitas cervejas. Pedi licença e fui para o quarto. Depois de me aliviar lavei as mãos e sai do banheiro.
- No elevador? – Alice questionou.
- Que susto! – levei a mão ao peito. – Isso também não é ciúmes? – questionei com ar de riso.
Ela sacudiu a cabeça rindo. Passou a mão nos cabelos e se aproximou. Seu hálito quente de encontro a minha pele.
- Não vou assumir que estou com ciúmes. – falou baixo.
- Mas você acabou de assumir. – respondi com dificuldade.
- Não assumi nada. – passou a ponta da língua em meu pescoço e eu senti meu coração acelerar ainda mais, enquanto meus pelos se eriçavam.
Alice me fitou. Seus olhos estavam com uma cor forte, como nunca vi antes. Ela apertou minha cintura e eu juro que me faltou força nas pernas. O que ela estava querendo? Por que se fosse me causar um infarto, estava pertinho.
- Acho melhor voltarmos. – falei enquanto ela vagarosamente passava a ponta da língua em meus lábios.
- Está com medo? – questionou com um sorriso vitorioso nos lábios.
- De você? Não. Mas de não conseguir manter o meu controle, sim. – confessei.
- Mas podemos deixar esse controle da porta para fora. O que acha?
Sem esperar resposta alguma, ela prendeu seus dedos nos meus cabelos. Puxando minha cabeça de encontro a sua. O delicioso gosto de cerveja misturado ao sabor do beijo de Alice me causou uma pontada no ventre e eu gemi sem pudor.
Se ela queria que eu perdesse o controle estava de parabéns, pois realizou a tarefa com maestria. Apertei suas nádegas e foi a vez dela de gem*r contra minha boca enquanto mordiscava meu lábio inferior. Alice não estava assustada, ela me parecia decidida. Não sei se pela história do elevador, ou talvez pela bebida que ela já havia ingerido. Ela puxou meu lábio com força, fitando meus olhos. Droga! Eu não posso continuar, e se ela se arrepender depois? E se for apenas o álcool falando?
- Ali...espera. – tentei afastá-la.
- O que foi? – indagou beijando meu pescoço.
- O que estamos fazendo?
- Nos beijando. – respondeu sem parar os beijos.
- Isso eu sei. Mas estamos no meu quarto. E você está me beijando de uma forma que está me enlouquecendo.
- E isso não é bom? – me fitou.
- É! Mas eu vou acabar te levando para a cama. – sorri sem graça tentando acalmar meus nervos.
- Então vem. – ela se atirou na cama. Eu sacudi a cabeça, pelos céus, ela queria me enlouquecer. – Virgínia, vem aqui. – bateu ao seu lado.
Incerta se deveria fazer o que ela pediu, acabei ficando ao lado dela. Nossos cotovelos de tocaram, e eu podia escutar a respiração ofegante de Alice. Senti seus dedos buscando os meus, e logo se encaixaram, como se aquele espaço entre meus dedos fosse feito para que ela viesse e preenchesse.
- Eu quero. – confessou.
- Você quer?
- Eu quero te beijar, eu quero poder dizer para os outros que estamos juntas. Eu quero dizer que estou completamente apaixonada por você que chega quase a ser ridículo. Quero assumir que estou com ciúmes, quando sentir ciúmes. – eu dei um sorriso. Ela parou de falar.
Em um movimento rápido ela ficou em cima de mim, com uma perna em cada lado do meu corpo. Involuntariamente minhas mãos foram para a sua cintura. E sua temperatura estava elevada assim como a minha.
- E eu quero fazer sex* com você. – confessou próxima a minha boca. – Eu quero isso agora. Por favor, faz amor comigo?
Fim do capítulo
Oie, sapekas. Como estão todas?? Espero que bem. Trouxe mais um presentinho para vocês. Espero que gostem e aprecie sem moderação.
E uma perguntinha. Qual será a resposta de Virgínia ao pedido inesperado de Alice? Algum palpite????
Beijokasss
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lay colombo
Em: 10/09/2021
Acho q apesar de tá louca pra dizer sim a resposta vai ser não, Virgínia não vai querer q a primeira vez da Ali seja assim
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Baiana
Em: 27/08/2021
Eu acho que a Virgínia vai levar em conta o fato da Alice está um tanto quanto bêbada, e com visitas na sala,afinal, será a primeira vez dela,e não acho que ela se "aproveitaria"da Alice desse jeito. Aposto que a Virgínia vai querer proporcionar um cenário romântico,com as duas a sós e sóbrias.
Resposta do autor:
kkk. Torcendo para que de fato Alice nao insista ao ponto dela não resistir.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 21/08/2021
Acho que Virgínia vai arregar.
Resposta do autor:
Será??????? Mas ele é a pegadora. kkk
Agarra mulher até em elevador. O que seria transar com Alice na própria cama?
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