Quem tiver interesse em acompanhar minha rotina de escrita e saber mais sobre o processo de lançamento desse livro (pois vai virar livro físico ><), me segue no insta: diario_deumaescritora_
BOA LEITURA! ><
CAPÍTULO 10 - PARTE II
LORENA
- O que quer dizer com isso? - Hera altera o olhar entre Miranda e Elisângela.
- Quero dizer que essa é a marca que vimos nas últimas visões, é a marca que pode acabar com a guerra.
Ri.
- Isso é ridículo. - Elas me olharam surpresas. Desfiz a formação dos guardas ao nosso redor quando passei por eles saindo da bolha de proteção. Ouvi Hera me chamar, mas continuei andando, eu preciso andar, ficar sozinha e gritar. Mandar Gaia se foder também passou pela minha cabeça. A raiva fervia pelo meu corpo, e só depois de muitos passos me dei conta de que estava enxergando perfeitamente sem nenhuma lanterna.
Não parei de andar quando sons de passos vieram atrás de mim. Quero ficar sozinha e fingir por um momento que nada disso está acontecendo.
Soube que estava a uma boa distância do grupo quando as vozes de Miranda e Elisângela não alcançavam mais minha audição super dotada, só então me deixei chorar e soquei a primeira árvore por perto. A dor subiu pelo meu braço, e não me importei nem um pouco. Caminhei de um lado para o outro enquanto Hera se aproximar.
- Lorena! - Não quis encará-la, sabia o que ia dizer: "Devemos voltar, porque é perigoso." e todo o resto que tenho ouvido nos últimos dias. De costas para ela, e de frente para o nada, segurei meus cabelos com toda a força que tinha nas mãos, e ignorei a dor em uma delas. Hera entrou na minha frente segurando minhas mãos, me fazendo abaixá-las. - Vai se machucar.
Me afastei, sentindo o calor da raiva se transformar em medo e tristeza. O desespero surgiu de algum lugar junto com uma necessidade imensa de sumir, desaparecer, fugir, e esquecer tudo o que está acontecendo.
- Não aguento mais isso... - Pus as mãos no rosto, percebendo como elas estão frias e trêmulas. - Ela vai usar isso para provar todas as teorias dela sobre mim. - Não precisei citar o nome de Miranda para Hera saber de quem eu falava.
- Lor...
- Não! Eu não sou a droga da solução para nada! Por mais lógico que possa ser para ela, eu não sou! - Senti meu coração retumbar em meus ouvidos e minha respiração se intensificar. De repente, um formigamento que não sentia há muito tempo se espalhou pelo meu corpo. Me apoiei com uma das mãos numa árvore enquanto massageei o peito com a outra, e tentei controlar minha respiração acelerada.
Pensamentos confusos e desconexos se atropelavam em minha cabeça deixando minha mente turbulenta, eu não consegui me manter calma por mais que tentasse, na verdade, me pareceu que quanto mais tentava, mais me descontrolava. Minhas mãos começaram a brilhar clareando quase todo nosso redor, Hera amaldiçoou baixo, e tentei com todas minhas forças fazer aquilo parar, não era hora para uma exibição daquela na floresta, á noite.
- Lorena, se acalma, você precisa se acalmar. - Hera se aproximou com as mãos levantadas como se eu fosse uma espécie de animal raivoso. Gesto que me irritou mais do que devia.
- Eu sei!
- Tudo bem, tudo bem... só respira fundo, devagar... - Minha loba se agitou em meu interior e um rosnado saiu da minha garganta.
- Eu sei, merd*! - Hera pigarreou.
- Ok, ok, ok. - Continuei massageando o peito, imaginei a careta que não devia estar em meu rosto enquanto sentia as pontadas de dor no coração. - Acho que você está tendo uma crise...
- Eu sei Hera!
- Certo, não vou falar mais nada. - Ela põe as mãos na cintura e continua me olhando, com toda paciência do mundo.
Muitos minutos se passaram até me sentir calma outra vez. Minhas mãos já não tremiam e brilhavam mais, minha respiração se normalizou e meu peito não dói como a momentos atrás. Ainda assim, continuei parada, com uma mão apoiada numa árvore, e outra no peito. Minha mente pareceu se acalmar por alguns segundos e tentei pensar com calma no que aconteceu a minutos atrás.
Ousei imaginar a reunião que terá na mansão assim que chegarmos. Minhas mãos voltaram a tremer e o peito a doer, percebi que tudo recomeçaria mais uma vez. O som de galhos se quebrando fez Hera apagar a lanterna e se por ao meu lado com os braços ao meu redor.
- Sou eu, não atira Hera. - A voz de Elisângela flutuou pela escuridão e Hera acendeu de novo a lanterna. Voltei a encarar o chão, tentando arduamente conter as emoções que queriam extravasar de mim. - Posso ajudar. - Hera se afastou e uma mão quente segurou meu ombro, tentei me afastar, mas Hera me segurou pelos ombros.
- Calma, relaxa. - Quando fechei os olhos toda a sensação ruim se multiplicou, e tentei me concentrar numa respiração calma e lenta, mesmo que meus pulmões não estivessem de acordo.
Os pensamentos confusos ainda se misturavam em minha mente quando aos poucos foram sumindo. Minha respiração se normalizou, meu peito parou de doer e minhas mãos de tremer, sem eu fazer nada, simplesmente parou.
- Você está uma bagunça Lorena. - O calor da mão em meu ombro some, e ouço Elisângela se afastar alguns passos.
Respirei por mais alguns minutos, incerta de que a euforia tinha passado de verdade. Quando tive certeza que estava bem, tirei a mão do peito.
- Vai durar algumas horas, acho que duas, no máximo, depois você está por conta própria de novo. - Elisângela voltou por onde veio e Hera segurou meu rosto, me fazendo olhá-la.
- Vamos voltar para a alcateia, certo? - Acenei com a cabeça, sentindo minha mente esgotada.
Voltamos em silêncio, Miranda e Elisângela devem ter ido na frente, já que não esbarramos com elas no caminho. Quando chegamos ao portão da floresta me surpreendi ao ver os Guardas saírem da floresta logo depois de nós, não notei que estavam o tempo todo a nossa volta.
No caminho de volta para a mansão Hera se afundou em seus próprios pensamentos, até que decidi quebrá-lo para saciar minha curiosidade.
- Que história é essa de marca para acabar com a guerra? - Ela suspirou, incomodada.
- Quer mesmo conversar sobre isso agora?
- Se tem a ver comigo, eu quero saber. - Suas mãos apertam o volante.
- A alguns dias atrás Miranda e outra Profeta tiveram uma mesma visão sobre uma marca que parava uma tempestade. Depois que elas tiveram a visão sobre a guerra, nenhuma delas teve outra visão a não ser pela visão da marca, então acreditamos que essa tempestade simboliza a guerra e que a marca que surgiu na visão e sessou a tempestade ao brilhar, simboliza a solução para acabar com a guerra. É isso. A sua marca é a marca que elas viram na visão. - Não precisei perguntar para Hera o que ela estava pensando, porque sabia ser a mesma coisa que Miranda, Elisângela e provavelmente todo mundo quando a Profeta contar ao Supremo sobre a marca.
- Isso deve ser um engano. Só pode ser um engano. - Hera não concordou comigo.
~*~
- Isso pode explicar porque Lorena é uma híbrida. - Matheus disse sem tirar os olhos do notebook em seu colo.
Igor estava com um copo na mão esquerda, sentado no sofá da sala de estar ao lado de Matheus. Anna, do meu lado, segurou uma das minhas mãos dando batidinhas em forma de consolo enquanto Hera e o Supremo andavam de um lado para o outro na nossa frente. Miranda e Elisângela estão sentadas em outro sofá não muito distante.
- Vocês dois podem por favor ficar quietos? - Hera e Jeremy param por um momento, encarando Anna.
- Impossível. - Não me surpreendi quando os dois responderam a mesma coisa ao mesmo tempo. Hera realmente é filha do Supremo Alfa, como dizem por aí "Cagado e guspido".
- Vai ficar tudo bem Lorena. - Ela dá duas batidinhas em minhas mãos e balança a cabeça negativamente em desaprovação quando volta a olhar Jeremy e Hera.
- Não vou informar isso as outras Profetas, por mais que confie nelas não sei se existe alguma infiltrada entre elas. - Miranda reflete em voz alta com os olhos vidrados no chão.
- Mesmo que elas sejam confiáveis teríamos que contar o que Lorena é, e isso não é uma opção. - Igor comenta.
- Uma delas, ou mais é uma traidora. - Todos encaramos Hera, surpresos com o que acabou de dizer, até mesmo o Supremo parou sua caminhada.
- Tem provas disso? - A irritação na voz de Miranda não passou despercebido por nós.
- As Profetas são as primeiras a saber quando as coisas vão acontecer, é por causa delas que todos os Alfas, inclusive o Supremo, sabem das coisas antes que todo mundo. Se eu fosse a pessoa que está causando tudo isso teria uma infiltrada entre elas para ter informações em primeira mão. É o que eu faria. - Não precisei olhar para os rostos de todos para saber o que estavam pensando, Hera tem toda razão.
Um celular toca em algum lugar, o Supremo tira o celular do bolso e se afasta para atender. Minutos depois ele volta para a sala.
- Lucas vai se atrasar um pouco para chegar, Luís está a caminho. - Ele joga o celular na mesa de centro da sala.
- Ninguém vai falar? - Igor chama nossa atenção. - Tudo bem, então eu falo, se isso for verdade, se Lorena for a solução para o fim da guerra não serão só os pais dela e os sacerdotes querendo matá-la. Ela vai precisar mais do que quatro pessoas escoltando ela dia e noite. - Ele volta a beber o quer que fosse e dá de ombros. Hera parou em uma das janelas da sala com as duas mãos na cabeça. Sua camisa social branca estava aberta mostrando a regata branca por baixo.
- O que sugere? - Elisângela o encara e Igor dá de ombros mais uma vez.
- A não ser que tenhamos uma escolta muito maior ao redor dela...
- Teremos que escondê-la. - O Supremo interrompe Igor e meu coração salta no peito, como se sentisse isso Anna apertou minhas mãos mais uma vez. - Talvez esteja na hora de chamar sua segunda equipe da Alcateia Suprema. - O Supremo encara Hera, que se vira.
- Já chamei.
- Chegam quando?
- Estão terminando uma missão que dei para eles antes de sairmos de lá, estão no rastro de um dos infiltrados, não posso pedir que venham agora a não ser que coloque alguém no lugar deles. - O Supremo concorda com a cabeça pensativo.
- Acha que eles ainda vão demorar? - Anna pergunta e Hera que balança a cabeça negativamente.
- Quem sabe? Provavelmente ainda levem mais alguns dias até pegarem o infiltrado.
- Por que não montam uma equipe aqui? - Elisângela diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Não conheço e não confio em ninguém aqui. - Hera a encara irritada.
- Mas a Lorena tem dois amigos que são da segurança, e tem a Paula também que aceitaria trabalhar para fazer uma escolta para Lorena. Tenho certeza que nenhum deles negaria o serviço ou sairiam contando por aí. - Seguem-se uns segundos de silêncio.
- Ainda assim, três pessoas são pouca coisa. - Matheus a encara.
- É melhor do que só os três que estão agora, já serão seis no total.
- Vou pensar nisso. - Hera se vira para a janela novamente. - Vou conversar com Luís sobre a equipe nova que treinamos, talvez eu os redirecione para escoltar a Lorena. Talvez.
A campainha toca e Igor se levanta para atender. Toda a cena se passou em minha mente como um filme, mais Guardas, mais proteção, ser escondida. Tudo surreal demais para minha sanidade, logo eu, que sempre fiz o possível para não chamar atenção. Anna apertou minhas mãos mais uma vez, quando Luís entrou tenso. Jeremy contou a ele os últimos acontecimentos e a cada frase Luís ficava mais surpreso. Por fim, ele me olhou, preocupado.
- Puta merd*... - Luís passa as mãos na cabeça. - O que vamos fazer? - Luís encara Hera e depois Jeremy.
- É isso o que vamos decidir hoje.
- Se os inimigos souberem que Lorena pode impedir essa guerra eles vão vir atrás dela.
- Sim.
- E matá-la. Nem sabemos quem está por trás disso. - Após mais uma pausa com todos em silêncio, Luís olhou ao redor, procurando por algo, ou alguém. - Onde está Lucas?
- A caminho, disse que vai se atrasar. - Luís concorda com a cabeça e caminha em minha direção. Ele se senta do meu lado e põe uma mão em meu ombro.
- Você vai ficar bem, ninguém vai encostar em você. - Concordo com a cabeça, incomodada com toda a atenção.
"Quarto. Quero ir para o quarto."
Decidi ficar na sala de estar até tudo acabar, mesmo desejando ardentemente sair correndo, afinal, é da minha vida que estão falando.
- Que hora Lucas deixa o turno? - Jeremy pergunta para Luís, que se levantou depois de me consolar.
- Depende, mas normalmente é as oito da noite, as vezes ele fica até mais tarde, as vezes não.
- Que horas são agora? - Jeremy pergunta para ninguém em especial, e Matheus responde.
- Nove e meia. - Percebi que estamos falando sobre o assunto a quase quatro horas desde que chegamos do meu primeiro treinamento com Aliandra na floresta.
Um rádio comunicador que costuma sempre estar no cinto de Luís apita com uma luz vermelha. Luís o atende.
- Sim?
- Senhor, um grupo de rebeldes e bruxos entraram pelo portão da floresta! - Os Guardas espalhados pela sala sacaram suas armas, Igor e Matheus se levantam do sofá e Hera observa a rua pela janela, enquanto alguém apagou a luz de toda a casa nos deixando no escuro.
- Como entraram?
- O portão foi derrubado pelos rebeldes, a maioria está transformado senhor!
- Entendi, avise os outro e façam a manobra que sempre fazemos em ataques.
- Sim, Senhor! - Luís se dirige para o Supremo Alfa. - Vamos para o abrigo.
Luís tomou a frente, nos levando ao que parecia ser um porão, ao terminarmos de descer as escadas nos deparamos com uma porta de aço como na última festa que fui com Lia. O Supremo digitou um código e todos, inclusive os Guardas Reais, entramos no cômodo, que se mostrou uma casa subterrânea.
- Tem os monitores? - Hera pergunta para Luís.
- Sim, preparei tudo o que me pediu, estão no final do corredor. - Hera e o Supremo se dirigiram para o final do corredor com Luís. Matheus e Igor fecharam a pesada porta de pelo menos vinte centímetros de comprimento. Anna se dirigiu a cozinha e passou a mexer nos armários procurando por algo enquanto Miranda e Elisângela se acomodavam nos bancos da ilha da cozinha, tranquilas. Matheus digitou uma série de dígitos na porta, a mesma se fechou com um estrondo seguido de vários outros, confirmando que as trancas estão em suas devidas posições.
Ansiosa para saber o que estava acontecendo na sala que Hera pediu, me dirigi para o final do corredor para observar. Os Guardas Reais se espalharam pela "casa subterrânea", ficando alguns com a Suprema e poucos na pequena sala repleta de câmeras que adentrei. Hera se sentou em frente a uma mesa repleta de botões semelhantes à sala de câmeras, e me lembrei das madrugadas em que passei trabalhando.
- Implantamos depois do último ataque como pediu. - Luís diz e Hera acena com a cabeça, deixando um sorriso malicioso escapar dos seus lábios.
- Vamos ver se isso funciona mesmo.
Fim do capítulo
Oi! Gente!
Espero que tenham gostado, curtam e comentem ><
Me perdoem os erros, esse cap revisei na pressa então algumas coisas devem ter passado batido.
A partir de semana que vem os caps serão postados dias de segunda e sexta, mas preciso ser sincera c vcs que minha rotina está bem turbulenta, não vou prometer que vou conseguir postar 2 caps semana sim e não, mas vou tentar, espero que entendam ><
Boa semana p vcs ><
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HelOliveira
Em: 19/08/2021
Mas um ataque e logo depois que descobriram a marca....sera só uma coincidência...
Confesso tb fiquei esperando o CHEGA ...
Autora vai no seu tempo, entendemos que a correria é grande...
Até o próximo
Resposta do autor:
Sim... muita coincidência rsrsrs
Obg pela compreensão ><
praianublada
Em: 19/08/2021
Naquela parte parte que todos estavam discutindo esconder a Lorena, eu só tapei os ouvidos esperando ela gritar: CHEEEGA!
E muito engraçado a calmaria da Miranda e Elisângela naquele caos todo: "...enquanto se acomodavam nos bancos da ilha da cozinha, tranquilas." Hahahah
Resposta do autor:
Sim kkkk eu fiquei esperando isso acontecer também haha
É q a Miranda e a Elisângela já estão tão acostumadas que nem se assustam mais com uma invasão, até pq, p quem tem esses "abrigos" p se esconder é de boa, ruim é p quem não tem kkkkk
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