CAPITULO 44
A chegada na cabana do lago transcorreu sem surpresas. As quatro mulheres fizeram todo o percurso em silêncio apreciando a rica natureza em volta. Sandy admirava a variedade de cores e tamanhos dos animais e das plantas.
Tudo lembrava a aldeia em que nasceu na Amazônia. Quem sabe esse não era o motivo de sentir o cheiro forte de igarapé misturado com vitória régia a cada vez que o vento soprava. Procurou entre a mata seu lobo, que deveria estar bem próximo. Quem sabe até seguindo o carro de longe?
Todas traziam consigo uma bolsa de viagens com conteúdo diferente para cada uma. Amkaly se encarregou das roupas de todas; Nara, dos grãos, frutas e verduras; Sandy e Esther, de tudo de místicos: velas, incensos, lápis coloridos, ervas secas e perfumes dos mais variados tipos.
A cabana escondida entre as árvores tinha um ar de mistério e romance feita para um casal com uma vista estonteante de areia branca que morria na lagoa repleta de patos nadando tranquilos .
Na sala, somente um tapete felpudo no chão e uma rede armada em cada lado da casa construída com toras de madeira. Mais à frente, uma cozinha com um fogão a lenha com restos de cinza e pedaços de pau queimado pela metade — alguém tinha cozido uma refeição rápida — e um fogão a gás coberto com tecido florido, insinuando não ser usado há muito tempo. Tinha um armário suspenso onde estavam bem guardados quatro panelas e quatro pratos, todos cobertos com panos floridos. Saindo da cozinha, seguindo sempre em frente, um corredor. De um lado uma salinha de frente para o pôr do sol e, ao seu lado, um amplo banheiro. Do outro lado, dois quartos de casal com cama e janelas abertas para o rio.
Em cada quarto um guarda-roupa com todo tipo de manta, que servia para colcha da cama e lençol, tudo com um cheiro de limpeza.
Sandy cheirava um lençol, pensando onde elas ficariam. Como Nara e Amkaly iam ficar em um quarto, o outro ficava para ela e a bruxa. Olhou tudo, cada detalhe. Não tinha lugar para uma rede; nem em sonho dormiria no chão, e também não ia pedir à bruxa para fazer o que ela mesma se recusava, então o jeito era ficar calada e dormir antes da bruxa. Talvez, quando ela chegasse ao quarto e a visse dormindo, fosse para outro local.
Esther estava preocupada com a segurança da cabana. Não que tivesse medo de serem atacadas por assassinos. Isso não passava por sua cabeça, pois a segurança da reserva era perfeita, dificilmente alguém entraria sem ser visto. Sua preocupação era com a parte mística. Tinha receio do que pudesse acontecer à noite com os sonhos de Amkaly. Abriu sua bolsa, buscou lápis nas cores preta, azul, vermelha, amarela e branca e riscou, nos locais onde o sol nascia e se punha, um pentagrama. Em cada ponta, fez um círculo com a cor da proteção: na ponta de cima, o círculo vermelho, representando o fogo; na outra, o círculo amarelo, o ar; na outra, o azul representando a água; preto, a terra; e o giz branco para o espírito. Estava terminando o segundo pentagrama quando o cheiro inconfundível de cumaru invadiu seu nariz. Respirou fundo, contou até dez e ergueu a cabeça, encarando a mulher que examinava os desenhos detalhadamente.
r13; Antes, eu não sabia a diferença entre um pentagrama, um hexagrama ou a estrela de Davi r13; falava, examinando cada pontar13; Na minha linhagem, quando uma menina nasce, a mãe pendura um pentagrama no pescoço para defendê-la de todo mal. Ele é um símbolo poderoso de proteção e equilíbrio. Da forma como estes estão riscados, mostra que o elemento do espírito é superior ao corpo. Também está ligado à Séfira na árvore da vida. Quero proteger a garota da Nara caso ela saia do corpo e atravesse um portal. r13; Esther enterrava sete pedras de sal grosso no portal da frente e passava o pé, alisando a areia.
Sandy acompanhou tudo. De vez em quando, olhava para o rio, procurando o lobo.
r13; Está com medo de alguma coisa? Tenho notado você olhando constantemente para o rio. Ou está esperando a visita de alguém? r13; Esther teve vontade de morder a língua após o comentário infeliz. Não estava ajudando em nada a conquistar a amizade da mulher, que a olhava sem pronunciar uma palavra. Quando o silêncio já estava se tornando incômodo, a mulher respondeu.
r13; Você é grossa assim mesmo? Ou é só comigo essa gentileza toda? r13; Ficou em pé, com a mão na cintura, esperando uma resposta, o que fez Esther sorrir com o canto da boca, o que não passou despercebido por Sandy.
r13; Me desculpe. Tudo isso tem me tirado do sério e eu não sou assim com todo mundo. Sou pior. r13; Esther olhou para a mulher e piscou o olho.
r13; Que pena. Já estava me sentindo especial com essa gentileza gratuita. r13; Sem perceber, as duas riram ao mesmo tempo, desfazendo o clima de animosidade de momentos antes.
Esther enquanto ouvia o som da noite na beira da lagoa, estirou as pernas arrastando areia nos pés só para sentir o contato das pedrinhas entre seus dedos, gestos esses que não foram ignorados pela índia.
r13;Em dias de lua como essa meu pai que era o pajé da minha tribo ordenava que todas as índias virgens fossem mantidas trancadas sem poder sair enquanto a lua permanecesse nova.
r13;Então você é da tribo dos Guarani,r13;Sandy afirmou com um sorriso nos lábios r13;eu conheço essas histórias vocês eram escondidas para a lua não rapitar transformar em estrela.
r13;Eu dizia para minhas amigas que eu era a reencarnação de Naiá a índia que se apaixonou por Jaci ( a lua)Minha família quase enlouquece,meu pai arranjou um casamento pra mim para deixar de ser virgem assim a lua não me levava,na primeira oportunidade eu fugi.r13;permaneceu em silêncio em seguida continuou.
r13; Olha, eu sei que você é a fodona aqui da reserva e eu não quero ensinar seu trabalho, mas o pai da Amkaly desenhava uma lua tripla no chão, riscava um círculo e colocava ela dentro para dormir. Ele sempre viajava entre os mundos e tinha o poder de entrar nos sonhos da filha assim como Nara fez foi assim que ele também ocultou a loba dela.
r13;Minha afilhada é um completo mistério da natureza, quando ela foi gerada eu pedi para ser sua madrinha e eu não gosto de crianças, mas uma força misteriosa me fez ver que a partir do seu nascimento minha vida realmente ia nascer junto com ela. Você está falando deusa tríplice? r13; Esther demonstrou surpresa e, por instantes, Sandy teve a impressão de ver seus olhos brilhando em cores diferentes. Em seguida, achou que estava imaginando coisas.
r13; Sim, o círculo central representa a lua cheia e os semicírculos laterais são as luas minguantes, que representam as três fases da mulher: criança, pureza; mãe, proteção; anciã, sabedoria. Pelo menos foi isso que ele me disse r13; foi explicando e retirando as folhas do chão para sentar de frente para o rio.
r13; Está certíssimo. Minha família sempre fazia isso na época em que estávamos em guerra no passado. r13; Sentou também, passando a mão suja de pó na grama verdinha onde estavam sentadas.
Esticou o olhar para apreciar a lua nascendo, grande e faceira como uma laranja gigante. Dava para ver perfeitamente São Jorge tentando matar o dragão que tentava atacar o cavalo. No céu, um tapete de estrelas surgia e uma sinfonia de cigarras misturadas com o pio solitário de alguma coruja tornavam o ambiente mágico. Esther esticou as pernas na grama, ficando à vontade. Sandy examinava os movimentos da bruxa, encantada com sua beleza. Nunca tinha reparado na beleza de alguém, nos gestos, na forma como a pessoa respirava, como olhava para qualquer coisa. Era a primeira vez que via alguém de verdade. Antes, só admirava músculos, tórax e sex*, e já era o bastante para trans*r. Agora, admirava a pureza do clima que estava existindo ali.
r13; Pare de me examinar assim. Eu estou com vergonha r13; Esther falou bem baixinho, realmente encabulada com o olhar da mulher. Estava tão nervosa que não sabia onde colocava as mãos.
r13; Hahahah. Convencida. Quem disse que eu estou olhando pra você? r13; Ficou surpresa com o comentário.
r13; Eu sinto você me encarando e isso me deixa encabulada. Esqueceu que somos lobos e podemos sentir até o vento que toca em seus cabelos?
r13; Não, não esqueci. Uma parte da minha vida, convivi com uma loba maluca, que me escolheu como sua amiga e com ela aprendi tudo que sei. Mas eu estava me dando conta de que nunca tinha parado para ver a essência de uma pessoa. Eu via partes do corpo, mas a alma eu nunca tinha visto. Talvez seja o local, essa mata, ou até mesmo essa lua incrível e tudo isso me faça ver tudo maior, com mais intensidade. r13; Pensou no que acabara de falar, sentindo cada palavra.
Foi quando tudo aconteceu. Daí, então, não conseguiu falar ou pensar mais nada. Sentiu Esther empurrando-a no chão, deitando toda em cima dela, segurando as mãos de Sandy acima da cabeça dela e prendendo-a ao chão e, toda famélica e faminta em cima do corpo de Sandy, a boca de Esther buscou a da índia sem um pingo de gentileza. Mas também não chegava a ser violenta. Parecia estar com fome da outra boca. Seus lábios roçavam os de Sandy, primeiro timidamente, esperando permissão para se perder no beijo, que explodiu quando a índia resolveu abrir a boca, permitindo o contato.
A língua de Esther invadiu a boca de Sandy, toda famélica e faminta. As línguas se tocaram, se conhecendo e sentindo prazer no reconhecimento. Era um beijo gostoso, completo e, sem querer, Sandy gem*u e suas pernas se abriram, aconchegando aquela mulher, que se movia alucinadamente em cima dela, e ela, como a louca que era, querendo mais, muito mais, do beijo, mais de tudo. Sandy se movimentou em aceitação, prolongando o beijo e sentindo um arrepio até na alma quando suas bocas se soltaram por alguns segundos. Esther enfiou o rosto nos cabelos de Sandy. Só então a índia sentiu. Ela tinha o cheiro do seu lobo, cheiro da sua casa. Não precisava de mais explicações. Sandy sabia o que isso significava.
r13; Complete a nossa ligação, meu lobo lindo. Eu trago a marca da sua família e escolho você como minha companheira.
r13; Não posso. Quem vai completar nossa ligação é minha loba, foi ela quem te escolheu. Mais tarde, quando formos dormir, eu vou te tornar uma loba para vocês duas se lançarem onde bem quiserem.
r13; Mas você pode dar um jeito nesse fogo que está queimando entre minhas pernas? r13; sussurrava baixinho, mordendo o lóbulo da orelha da bruxa.
r13; MADRINHAAAAA r13; Nara gritava em pé na porta. As duas se assustaram e rapidamente ficaram de pé, correndo para perto.
r13; Amkaly está estranha, parece outra pessoa. Mandou chamar as bruxas e, como eu só conheço a senhora... Venha ver se entende o que ela diz. Para mim, parecem coisas desconexas.
As duas se encaminharam para perto das bolsas, perto da sala, e tiraram de lá incensos, acendendo e borrifando água de arruda no ambiente. Em seguida, entraram no quarto. Imediatamente, Esther teve consciência de que a pessoa ali presente não era Amkaly, mas sim a outra filha de Ananya. Com o olhar assustado e muito nervosa.
r13; Qual das duas é a bruxa Esther? r13; a garota perguntava, com um olhar estranho, perdido, quase sem vida.
r13; Eu. Pode falar. r13; Esther levantou a mão.
r13; A senha que abre a cela é a data do nascimento do nosso criador. A cela é toda de prata. Amanhã, no final da noite e começo do novo dia, eu vou entrar no cio, e meu irmão está apavorado. A segurança redobrou. Tem três guardas equipados para não deixar ele dormir. Ele tem que montar em mim durante sete dias sem me dar descanso. Depois disso, eu estarei prenha. Venham rápido. Eu não sei o endereço. Só quem pôde entrar aqui foram vocês três por causa da magia. Complete seu laço para sua parceira se tornar uma bruxa. E meus parabéns, Sandy. Eu sabia que você estava vindo. Outra coisa, minha irmã vai sentir dor na cabeça. Faça um banho de ervas variadas e nada mais avise a ela que os sonhos acabam aqui, ela não terá mais pesadelos e nem viajará mais em sonhos sua missão foi cumprida.
Amkaly foi caindo, de olhos fechados e gem*ndo de dor. Nara a amparou e foi levando-a para a banheira enquanto Sandy jogava ervas variadas e incenso. Deitaram Amkaly, deixaram Nara cuidando da namorada e saíram.
Caminharam em silêncio de mãos dadas para o mesmo local onde mais cedo trocaram os primeiros beijos, Esther deitou junto com Sandy, entre um beijo e outro segredou em seu ouvido.
r13; Tire toda sua roupa. Quero você nua em cima de mim. Vamos completar nossa ligação. r13; Esther se transformou na loba, que encantou o coração da índia.
r13; Eu quero fazer amor com você como humana, mas quero goz*r na boca da sua loba r13; foi dizendo e montando nua em pelo na loba, que tremeu com o contato.
“Seu pedido é uma ordem, minha parceira.” Sandy sentiu a resposta na sua cabeça e sorriu com a certeza de que estava fazendo a coisa certa, afinal tinha esperado a vida toda por aquela loba incrível. A loba uivou alto e, dessa vez, Sandy sabia o que ela estava dizendo. Ela estava avisando a todos que estava se laçando com sua alma gêmea. Vários outros lobos responderam e ela entendeu tudo. Deitou no pescoço da sua loba, distribuindo beijos e as duas s
e embrenharam no mato.
Fim do capítulo
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