CAPITULO 37
Nara parou o carro desligando o motor, guardando a chave no bolso do short, desceu, escorando na porta admirando à casa de número 16, onde provavelmente passariam uns dias, até descobrir o paradeiro da família da sua ruivinha que demorou um pouco para fazer o mesmo.
A casa de fachada branca com um muro alto que isolava cada mansão daquela rua.
Observou a cerca elétrica esticada em três fios, com detalhes dentados formando o desenho de um garfo usado para mexer carne nas churrasqueiras ou o desenho de bandeira de São João, tornando a visão feia aos olhos sensíveis, e mais feia ainda deveria ser a descarga elétrica liberada no corpo de quem ousasse pular sob pretexto de ir para o lado de dentro.
Cada casa possuía também câmeras, uma em cada canto, e um sofisticado interfone acoplado com um teclado, que provavelmente seria para colocar a senha; interfone esse bem embutido no muro, próximo aos portões de alumínio que Nara supôs serem blindados, já que ali imperava luxo, riqueza e poder, o que tornava mais difícil entrar em uma dessas casa sem ser convidado.
A avenida larga de mão dupla situada em frente às mansões terminava em um calçadão de pedras coloridas com desenhos geométricos lembrando um quadro, uma obra de arte. Só mostrava claramente o grande poder aquisitivo dos proprietários das casas.
Ao fim do calçadão, a areia fina e branca como coco se espalhava verticalmente, a perder de vista, casando perfeitamente com o mar aberto multicolorido, ora azul, ora verde, dependendo de onde as nuvens passavam cobrindo o sol.
Ali onde estavam, parecia ter um sol para cada pessoa, tão quente estava. Nem mesmo a brisa marinha conseguia aplacar o calor. O marzão aberto estava totalmente livre de banhistas. Passou a vista pelo local e contou 40 mansões, todas no mesmo padrão arquitetônico luxuoso e de frente para o mar
. No final de cada residência, começava uma elevação que alguns poderiam chamar de serra. Nara achava mais parecida com um morro alto, nunca uma montanha. Era muito baixa para ser chamada assim, muito embora o verde predominasse e fosse possível ver variados tipos de árvores de grande porte muito verdes e coqueiros. Tinha uma área próxima da casa que foi comprada pelo seu pai que só tinha plantas.
Ziam sabia que em mentos de estresse as lobas iriam precisar correr no meio da vegetação. Foi bem pensado.
No final da rua, do outro lado, ficava a casa de Amkaly. Era a única casa que tinha uma guarita, muito parecida com essas que existem em prédios com muitos apartamentos. Segundo ela mesma, lá dentro ficava não um porteiro, como seria de se esperar, mas policiais armados até os dentes que revezavam os turnos de seis em seis horas.
Nara passou a vista por todo o quarteirão. Todas as casas, por fora, eram muito parecidas. Somente residências de um lado da rua. No outro lado, atravessando a pista larga com duas faixas para tráfego, muito bem sinalizada com faixas e semáforos, faixa para cadeirante e lombadas,na lateral da pista da esquerda um estacionamento recuado de pedras de calçamento em seguida iniciava o calçadão da orla marítima.
Talvez por ser dia de semana, poucas pessoas eram vistas, ou, quem sabe, por ser um local de luxo, essa fosse mesmo a movimentação diaria.
Sentiu cheiro de humanos trazido pelo vento e as batidas mais fortes de um coração. Essas batidas pareciam as de alguém que estava com medo. Rapidamente, voltou para dentro do veículo, trazendo Amkaly consigo. No momento em que fecharam a porta, um carro passou pelo delas em alta velocidade, entrando na casa que ficava na outra quadra, a uns quinhentos metros. Fosse quem fosse, estava em apuros.
r13; Nara, o carro entrou na minha casa. Aquela casa é a minha. Eu senti que tem alguém com medo, mas não vi ninguém além de dois homens no carro. r13; Amkaly olhou rápido para Nara, voltando em seguida o olhar para sua casa, tentando reconhecer os homens dentro do carro.
r13; Eu também senti, mas não é daqueles que vinham no carro. É daqueles ali, olha. É deles que vem a pessoa com medo e aposto como é aquela mulher lá. r13; Nara apontou para um casal que vinha caminhando a pé, um homem alto de porte atlético abraçando uma mulher de uma forma possessiva, e ela parecia visivelmente nervosa. Nara observou com mais afincou e viu a ponta de um revólver na cor prata encostando, quase perfurando, a pele da cintura do lado direito da mulher, que tinha um olhar inquieto, como se a todo instante esperasse ver um conhecido passando naquela rua deserta.
r13; É Sandy, a nutricionista da minha casa e amiga da minha mãe. r13;A surpresa estava estampada na voz e no semblante da loba vermelha.
r13; Ele tem uma arma encostada nela. Se ela está sendo arrastada à força, alguma coisa está acontecendo. O que será, que não estamos sabendo?
r13; Não sei, minha lobinha, mas estou doida para descobrir. r13; Amkaly tentava baixar o vidro da janela para colocar a cabeça para fora e assim ter uma visão melhor. Nara, no entanto, não permitiu.
r13; Não saia do carro, eles não podem te ver. Ali na guarita deve ter um policial que talvez te conheça, aí a intenção de tirar sua mãe de lá vai por água abaixo r13; foi tudo que Nara disse, pulando do outro lado da pista, já em forma de lobo.
Com poucas passadas, sentindo a brisa do mar e o vento no pelo alcançou o casal, ficando de frente para o homem, que voltou dois passos para trás, arrastando a mulher consigo. Nara avançou no homem, que tropeçou, caindo, fazendo com que a mulher fosse junto. Esta, por sua vez, levantou rapidamente, sempre olhando para o lado da loba, como se procurasse reconhecê-la. Nara estranhou a forma como a mulher a encarava, mas, mesmo assim, o olhar não a impediu de abocanhar o braço do homem, arrastando para onde a vegetação cobria os corpos, impedindo que alguém que passasse pelos arredores presenciasse o acontecido. Mesmo sangrando, o homem tentava pegar a arma, que caiu mais distante com o impacto. Percebendo isso, a mulher a pegou primeiro e apontou para o homem.
r13; Quieto ou eu estouro seus brinquedos aí entre suas pernas. r13; Nara se virou toda, olhando para a mulher segurando a arma e decidida. Admirou sua coragem.
Precisava fazer umas perguntas ao homem, mas não queria invadir sua mente. Queria que Amkaly ouvisse da boca dele tudo que ele sabia. Por isso mesmo, abriu a mente procurando uma ligação criada coma intimidade que as duas vinham tendo, a ligação criada através do sex*, e encontrou o caminho aproveitando chamou Amkaly.
r13; “Venha aqui. Preciso que interrogue esse homem. A sua nutricionista está com a arma apontada para ele. Tenha cuidado quando sair.”
Nara soltou o braço do homem e ele se sentou, olhando para os ferimentos e gem*ndo de dor. Nesse momento, Amkaly chegou. Depois de abraçar sua amiga, abaixou-se bem próxima do homem.
r13; Quem é você e por que estava arrastando minha amiga? r13; Ele olhou meio assustado e meio com nojo para as duas.
r13; Eu sei quem é você, sua aberração. Com essa carinha de moça bonita, você é um lixo. Seu pai, o poderoso, vai fazer com você o que faz com a vadia da sua mãe. r13; Assim que falou, ele cuspiu.
Em seguida, Amkaly desferiu um tapa com a mão aberta. A pancada foi com uma força descomunal e o sangue jorrou longe, junto com vários dentes. Nara ficou olhando e achando estranho que qualquer tapa na cara de um humano os dentes caiam, sorriu com desprezo da fragilidade da raça humana.
r13; “Não dê ouvidos ao que ele diz, Amkaly” Nara se antecipou, prevendo o que ele diria logo em seguida.
r13; Você sabia que todo mundo já comeu a sua querida mãezinha, com ordem do seu querido pai, e que agora será a sua vez? Ele só estava esperando você completar 18 anos, mas o que ele não sabe é que homem nenhum quer te comer. Daí ele prometeu que vai fazer você dormir e quem vai te engravidar é um garoto, que, segundo ele, tem uma saúde de lobo, mas a gente vai poder se divertir primeiro. r13; Antes de ele rir com a boca ensanguentada, Nara foi mais rápida e arrancou uma parte do braço dele. O grito que ele deu foi abafado por outro tapa desferido por Amkaly enquanto a nutricionista examinava os arredores para se prevenir de curiosos.
r13; Por que me chamou de aberração? Quem pensa que é para me ofender? r13; Amkaly chegou bem próximo, ficando em pé de braços cruzados.
r13; Por que é isso que você é. Seu pai que pensa que é um Deus só porque tem dinheiro. Está comprando as pessoas, pagando caro para modificar a criação divina. A vadia que te pariu e a outra vadia que pariu os gêmeos que não são gêmeos. Mas quando ele partir dessa vida, vai direto para o inferno. Ele e toda essa raça de mutantes que ele está criando.
Nara se esticou toda com as palavras do homem. Queria saber mais do que ele falava. Talvez ele pudesse dizer onde os garotos moravam e elas poderiam encontrar o Mascarenhas. Resolveu entrar na mente do indivíduo e descobrir tudo que ele sabia.
r13; “Pergunte a ele onde estão os garotos e onde mora essa tal mulher.”
r13; De quem você está falando? Que mulher é essa? É preciso ser um empresário de merd* como meu pai para ter como funcionário um crápula como você.
r13; O cachorro do seu pai tomou uma garota como sua esposa. Quando ela ainda era uma menina. Desde quando a pobre coitada menstruou, ele a estuprou. Ela já teve um casal de gêmeos que não se parecem em nada dizem que viram lobos. As crianças já devem estar com uns doze anos e, agora, ela está de barriga. Ele colocou nela dois embriões. . Dizem que vai ser cesariano, o parto, e, quando nascer o último, ele vai matá-la, porque você já está na idade de procriar e porque ela lascou um par de chifres nele r13; o homem falava, com certo espanto, sem conseguir entender o porquê de estar revelando coisas que deveriam ser silenciadas, mas uma força vinda não sabia de onde o obrigava a dizer a verdade. Seus olhos brilharam ao perceber o desespero causado com sua confissão no rosto da garota.
Nara percebeu a loba de Amkaly lutando para acordar. Os pelos que cobriam seus braços estavam maiores e mais espessos e suas orelhas também estavam um pouco maiores e pontudas. Ficou impaciente. Tudo que não precisava agora era de uma loba descontrolada. Porque era isso que aconteceria se permitisse que Amkaly se transformasse sentindo aquela dor.
“AMKALY... AMKALYYYY. Olhe pra mim. Continue arrancando informações dele. Por que ele tem tanto ódio do seu pai? Descubra isso, minha linda, fique calma.”
Ouvindo a voz de Nara, Amkaly ficou mais tranquila. Quando a garota desviou o olhar para seu lado, mesmo estando em silêncio, Nara sabia que ela tinha voltado e que sua loba estava controlada outra vez.
r13; Você também deve ir para o inferno, já que compactua com os crimes dele. Ou vai negar que também estuprou minha mãe? Ou quem sabe pretendia fazer a mesma coisa comigo? r13; Enfiava um dedo na ferida exposta do braço do homem, que tentava se afastar do contato do jeito que podia.
r13; Ter sex* com animal não é estupro. No máximo, é zoofilia, e isso não é crime r13; ele falou, louco para passar cola na boca, só assim pararia de confessar ou dizer coisas que deveriam estar guardadas. Tudo que conseguiria com isso era cavar sua própria sepultura. Tudo que iria conseguir era fazer com que dessem um fim nele, como acontecia com quem ousava enfrentar o todo poderoso.
CONTINUA......
Fim do capítulo
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