Quem tiver interesse em acompanhar minha rotina de escrita e saber mais sobre o processo de lançamento desse livro (pois vai virar livro físico ><), me segue no insta: diario_deumaescritora_
BOA LEITURA! ><
CAPÍTULO 9
LIA
A porta atrás de mim se fechou com um baque e me preocupei de acordar a casa toda, inutilizando todo o trabalho que tive para entrar sem os seguranças particulares que meu pai contrata me verem. Esperei alguns segundos, parada, imaginando que alguém fosse aparecer a qualquer momento para averiguar o motivo do som, quando ninguém apareceu depois de pelo menos cinco minutos, suspirei e meu coração voltou a bater normalmente.
Caminhei cambaleante pelo hall e finalmente cheguei a sala de estar, foram poucos passos, mas para mim, pareceu uma grande caminhada. Uma porta enorme em arco que leva a outra sala enorme quase vazia com a função de ser outro hall, é iluminada pelas luzes da rua, melhorando minha visão. Fui em sua direção, já vendo as duas escadas em estilo castelo de contos de fadas, posicionadas uma em cada lado do cômodo. Passei pelo centro da sala de estar, desviando do sofá exageradamente grande, e antes que atravessasse o tal portal, bati o pé numa pequena mesinha ao lado de um dos sofás, onde um vaso - das coleções de vasos raros da minha mãe - está posicionado triunfante, mas que quase caiu devido à batida.
- Merda... - Segurei o vaso com as mãos, e dei pequenos pulos com o pé lesionado levantado. Doeu.
Depois de arrumar o vaso no lugar continuei o trajeto sentindo o mundo girar um pouco ao meu redor. Quando sai da festa eram quatro horas da manhã, agora deviam ser umas quatro e meia ou quase cinco horas, logo minha mãe vai acordar, meu pai ainda está fora em viagem de trabalho, meu irmão só Gaia sabe onde está, de qualquer forma, deixar que qualquer um deles me veja nessa situação não é uma opção. Se um funcionário da casa me ver aqui é certeza que minha mãe estará no meu quarto antes que eu consiga dormir e disfarçar minha ressaca da noite movimentada.
Mesmo com a iluminação ruim, ainda pude distinguir a disposição dos móveis, e dessa vez voltei a andar tomando cuidado em desviar das mesinhas com vasos ornamentais espalhados pela sala.
"Por Gaia, para quê isso? Essa sala parece mais uma exposição de vasos do que uma sala de estar."
- Espero que tenha aproveitado muito a festa, porque essa será sua última. - Congelo no lugar, e meu coração acelera novamente. Me virei lentamente na direção da voz sentindo o pulsar do meu coração em minha orelha. Meu pai depositou o pequeno copo com alguma bebida na mesa de centro da sala. - Não vai replicar? - Ele arqueou a sobrancelha direita. Engulo em seco, trincando os dentes.
- E por que isso? - Ele se encosta novamente no sofá cruzando as pernas, seu terno caro e bem-arrumado me indicou que ele chegou hoje, talvez a poucas horas atrás.
- Sei que Lorena não está mais trabalhando na sala de câmeras, e você também não vai mais, e as festas? Chega. Você ainda não tem um milênio de idade, mas já é uma adulta da nossa espécie, e a única mulher solteira de toda nossa família e linhagem, precisa começar a se portar com respeito, chega de festas, chega de sex* descontrolado... - Dessa vez eu arqueio uma sobrancelha. Mesmo estando muito bêbada, o efeito do álcool passou rápido. - O quê? Pensou que eu não sabia? Todo mundo sabe. - Ele se levantou e tirou o paletó, jogou a peça no sofá e começou a desabotoar os pulsos da camisa social. - Sabe como as damas chamam você? - Não respondi, e pelo seu tom, sei que não é boa coisa. Ele se limitou a suspirar ao invés de responder a própria pergunta. - Você é uma Arezzo e assim como seu irmão deve começar a se preparar para as formalidades da aristocracia.
Inspirei o mais fundo que pude e fechei os olhos, contando até dez mentalmente.
- Não pretendo entrar para as formalidades da aristocracia pai. - Ele semicerra os olhos para mim, e reparo mais uma vez o quão parecida sou fisicamente com ele, senti que me olhava no espelho ao ver aquela expressão de "É mesmo? Jura?" que tanto conheço e vejo em mim mesma. - Não sou um bibelô para ser exibida nesses eventos ridículos.
- Bom, Lorena terá que participar de todos eles agora, imaginei que você fosse querer fazer companhia para sua amiga, ou não? - Meu maxilar doeu quando rangi os dentes com força além do recomendado.
- Se Lorena vai participar ou não desses eventos ridículos isso não é da minha conta, a questão é que eu não vou participar.
- Já conversei com Luís, você está fora da sala de câmeras permanentemente e sem minha permissão você não vai voltar a trabalhar lá. - Sinto o efeito da bebida passar por completo quando a raiva inundou todo meu corpo. Um rosnado saiu baixo da minha boca, mas não me importei. - A não ser... que você se disponibilize a participar dos eventos, talvez... talvez... Possamos fazer um acordo.
"Velho idiota!"
- O que você tem em mente velhote. - Ele ri do meu tom.
- Você pode continuar trabalhando nas salas de câmeras se começar a participar dos eventos com sua mãe.
- Vou continuar trabalhando normalmente. - Ele dá de ombros.
- Se você conseguir trabalhar e participar dos eventos sem nenhum atraso ou falta tudo bem. - Pensei.
- Também quero ir as minhas festas. - Infelizmente, depois do sonho que tive com meu companheiro, me envolver com outra pessoa foi impossível, e depois da primeira tentativa falha desisti de tentar, ainda assim, gosto das festas e não vejo motivos para parar de ir.
- Impossível. - Sua expressão volta a ficar séria. - Você nunca será respeitada pelas pessoas se continuar participando dessas orgias que vai. Não dá para ser as duas coisas ao mesmo tempo.
Pensei nas minhas possibilidades. Tenho uma carta na manga, mas uma carta que ainda não posso usá-la, por mais que eu queira.
- Tudo bem, vou começar a participar dos eventos, mas vou continuar trabalhando na sala de câmeras normalmente.
- Sem festas.
- Sem festas. - Satisfeito, ele se aproxima de mim, e beija minha testa antes de subir as escadas.
- Eu só quero o melhor para você e para seu irmão Lia, ficar se afogando em bebida e em sex* não vai te levar a nada.
- Participar desses eventos ridículos da aristocracia também não vai me levar a nada pai. Não vou herdar sua empresa, e não estou reclamando disso, então para quê devo participar desses eventos? Para ser bem vista pela sociedade? Uma sociedade que não tenho o menor interesse de participar? Você tem que cobrar isso do Thiago, ele vai herdar sua empresa, os holofotes são para ele. - Meu pai franze o cenho e suspira.
- Sim, seu irmão vai herdar, ainda assim você é uma Arezzo, e tudo o que você faz reflete na imagem que as pessoas tem da nossa família. O que você pretende fazer da vida filha? Passar sua eternidade trabalhando na sala de câmeras? - Seu rosto se contorce numa careta.
- E se for? E se eu quiser passar minha vida trabalhando na segurança? Tem vergonha disso?
- Isso não tem a ver com vergonha, estou pensando no seu futuro, você não precisa trabalhar! Tem uma conta que deposito dinheiro para você e para seu irmão com frequência, dinheiro suficiente para viver sem precisar trabalhar. - Senti o calor da raiva subir pelo meu corpo novamente e respirei fundo para me controlar e não fazer besteira, não posso arriscar o acordo que acabamos de fazer. Viver confinada em casa e sair somente para esses eventos ridículos, não está nos meus planos.
- Pai eu não quero ser bancada por você, quero poder me virar sozinha, quero conquistar minhas coisas, sozinha.
- Sei disso meu amor, e me orgulho muito de você por querer isso. - Seu olhar se suaviza, ele se aproxima e põe as duas mãos em meu rosto. - Permiti que você trabalhasse na segurança para aprender a se defender, não quero que você e seu irmão dependam de seguranças o tempo todo porque a vida, a nossa vida é perigosa. As famílias aristocratas são os principais alvos dos rebeldes, e isso, aposto que não dizem nas reuniões das equipes. Acha que os rebeldes querem matar civis? - Ele balança a cabeça negativamente. - Eles querem quem tem dinheiro, e só por esse motivo deixei que entrasse para segurança, para poder se defender.
- Tudo bem pai, tudo bem, já conseguiu o que queria. Vou participar dos eventos, mas já aviso que não pretendo me tornar uma dama da alta sociedade.
- Por enquanto isso basta, mesmo que você não queira meu dinheiro ou depender de mim, saiba que sua conta está lá para você. - Dou de ombros. - Boa noite filha. - Depois de mais um beijo em minha testa ele sobe a escada da direita, que leva ao quarto dele e da minha mãe, enquanto eu e meu irmão mantemos nosso quarto na ala esquerda.
Já no quarto, me deixo cair sobre a cama e observo o teto com adesivos fluorescentes de estrelas.
Minha carta na manga. Um sorriso, tímido no início, tomou conta do meu rosto. Minha carta na manga será o meu companheiro. Quando o conhecer poderei sair finalmente da casa dos meus pais, poderei finalmente viver a minha vida longe da aristocracia, longe dessa sociedade machista e ridícula dos lycans, se meu companheiro não for nenhum aristocrata também.
Pus as duas mãos sobre o coração, aliviada de imaginar o momento em que poderei sair daqui sem ter meus pais me procurando. É lamentável ter que arrumar um homem para poder ser livre, é quase surreal quando se pensa que estamos no século XXI e não no XVIII e que esse mesmo pensamento machista ainda persiste na alta sociedade lycan, principalmente depois do que a Hera fez milênios atrás. No entanto, se é o que vai me ajudar a sair daqui, é o que vou fazer, do contrário, terei que por em prática meu segundo plano, e esse, consegue ser mais complicado e perigoso que o primeiro.
Além da Lorena ninguém mais sabe que estou tendo sonhos com meu companheiro - que até o momento foram dois sonhos apenas - por enquanto vou manter assim, até saber quem será meu companheiro de verdade.
Me dirigi ao banheiro tirando a roupa no caminho. Minha alegria não durou muito quando imaginei o meu retorno aos salões de baile da sociedade.
Fim do capítulo
Para quem queria saber o paradeiro da Lia, aí está kkkk
Me digam o que acharam do cap, me incentiva e me ajuda muito, muito, muito mesmo ><
Curtam, comentem e se possível compartilhem com outras pessoas <3
Esse cap está revisado só por mim, me perdoem os erros e podem comentar se verem algum q eu arrumo! ><
Bjinhoos! Até!
Não sei se vou conseguir por cap esse domingo, por isso não vou prometer, mas vou tentar! ><
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 04/08/2021
Quem será o companheiro de Lia?
Resposta do autor:
Logo logo vcs vão saber quem é hehe
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