CAPITULO 09
AMKALY
Gotas do orvalho matinal caíam das folhas, fiquei admirada com a lagarta se esticando toda e fazendo a folha balançar, quase derrubando-a com o seu peso, que foi demais. A folha se curvou fazendo a lagarta deslizar lentamente para a folha seguinte, deixando buraquinhos minúsculos na folha anterior, onde ela tinha feito o seu almoço.
Com toda a calma, a lagarta ergueu a cabecinha, que tremeu com a rajada de vento. quis pegá-la para evitar a queda, mas não foi preciso, a lagarta ficou toda retinha e reverenciou Nara, como um súdito reverencia seu rei, e Nara sorriu. Ela sorria para todos os filhotinhos da mata que a cumprimentavam.
De uma coisa eu sabia: talvez estivesse perdendo a razão igual a minha mãe, mas se fosse isso com cinco dias ou no máximo uma semana, eu voltaria ao normal. Porém, louca ou não, eu estava no melhor momento da minha vida, quer dizer, eu estava me sentindo livre, leve e solta.
Continuei observando os moradores da mata. Lá, mais na frente, uma rã deu um salto e virou toda no ar para ver quem estava perturbando seu sossego. ri com a cara de espanto que a rã fez quando me viu montada na loba, mas espantada do que ela mesma ficou eu, o bicho parecia o sapo pai da Fiona do Shrek.
Me desliguei das perguntas que invadiam minha cabeça, não teria uma resposta coerente, e fiquei apreciando a mata, ouvindo o arrulhar dos pássaros saudando a loba e alguns animais chamando-a de princesa. Tudo isso lhe causava um pouco de medo. Às vezes, pensava que estava enlouquecendo. Talvez estivesse mesmo, ninguém escuta uma lagarta falar, pois todos sabem que animais não falam. Com exceção do papagaio, assim mesmo, ele só repete o que dizem. Bem, já que não tinha certeza do que estava acontecendo e, como sua mãe sempre dizia nos momentos de lucidez: “Amkaly, quando tudo parecer estranho e inacreditável, siga o seu coração. Seu instinto vai te guiar, confie em você”.
Era o que ia começar a fazer antes de assumir que estava enlouquecendo, ou então sempre foi louca e não tinha consciência, sempre tinha lobo nos seus sonhos, sempre sentiu a presença de um, e quando avistou achou a coisa normal, não desmaiou, era melhor aceitar a realidade que lobos existiam ou que estava louca. Ia aceitar a primeira opção, era mais agradável Pronto, eu estou vivendo em uma realidade paralela, em um mundo desconhecido da humanidade ,
“Amkaly Aruna acredite nisso você pode” disse a si mesma.
r13; Para onde estamos indo, Jane das selvas? r13; indagou, curvando a cabeça bem próximo a orelha da loba.
r13;"Pelo amor de Deus, se me chamar mais uma vez desse nome sem significado algum, eu vou te derrubar lá embaixo e esperar uma cobra ou um escorpião te morder. Quando estiver delirando, eu vou lá e curo seus ferimentos igual fiz pela manhã" r13;Mostrou seu pensamento exagerado e Amkaly arquejou com medo das ameaças, até porque a loba mandou a visão dos animais peçonhentos fazendo o que ela dizia. Não pensou duas vezes em se desculpar.
r13; Me desculpe, não vou mais chamar. r13; Fiquei calada. Só um pouquinho. Não aguentei ficar muito tempo sem dizer nada. r13; E como é que você faz para que eu veja as coisas que quer que eu veja? — estava morrendo de medo, mas perguntei e fiquei quietinha, sentindo o cheiro da loba.
r13; “É coisa de lobo. Todos nós temos magia no sangue, por isso fazemos os outros verem o que queremos” r13;Nara respondeu enquanto examinava o solo para saber se não estava muito enlameado, o que dificultaria a subida quando chegasse o momento. se aproximou de uma cachoeira. A água caía em forma de véu de noiva, eu olhava tudo admirada, ouvindo o som das águas. Tive a impressão de ver um peixe falando e olhando rapidamente para o local, vi a loba com o focinho próximo ao peixe, realmente conversando.
r13;"Olha, no meio daquela pedra tem uma caverna. Lá é seco. Eu sempre venho aqui quando quero sossego." r13; Ela apontava com o focinho o local que queria que eu visse quando vi me apavorei eu morro de alturas passo mal.
r13; Não é perigoso subir até lá? r13; Fico travada quando vejo a altura e o terreno íngreme que teremos que subir, já que estavamos no pé da serra.
r13;"Humanos não sobem até lá, só pela parte de trás, mas é muito longe e difícil chegar vai estar segura la dentro.”
— Escuta menina lobo, tem certeza que é pra lá que vamos? Não tem outro local pra ir? — estava morrendo de medo de subir.
r13;"Lá é o lugar mais seguro que eu conheço. Não me diga que está com medinho?" r13; Nara perguntou e dançou de uma forma engraçada com as quatro patas.
r13; Eu não posso subir, tenho medo de altura, tenho pavor de quedas e horror de lugares
fechados... Ainda bem que tudo isso pode ser só um sonho e nos sonhos a gente não pode morrer, senão como a gente pode continuar sonhando, né mesmo? Você não acha isso engraçado? r13; Nara não respondeu nada e continuou correndo. Parecia que não carregava nada em seu lombo. Eu que não ia reclamar, estava fazendo uma viagem fantástica de primeira classe em cima de um tapete felpudo...
r13; Aiiii, você vai me derrubar r13; reclamei enquanto puxava uma parte dos pelos dela para poder me equilibrar.
r13;"EU NÃO SOU UM TAPETE FELPUDO! E você não está sonhando. Tudo isso é real. Se bem que, quando eles forem te deixar, talvez te deem alguma coisa para você esquecer tudo isso que viu.”
r13; E se eu assinar um termo dizendo que pretendo ficar e morar aqui? Eu tenho dinheiro, posso alugar ou comprar uma casa e trazer minha mãe, vai ser bom pra ela. r13; tinha certeza de que queria ficar mesmo sendo perigoso e vivendo np ,eio de loucos qu se diziam lobos. Tinha alguma coisa a mais que fazia com que me sentisse à vontade entre eles, além de ter total confiança na lobinha branca.
r13; “Acho que não vai ser possível você ter família, que vão sentir sua falta e te procurar, não queremos contato com os humanos, só os que trabalham na reserva, os que são lançados com os lobos e lobas . Meu pai vai saber tomar a melhor decisão.”
r13; E nós vamos ficar aqui quanto tempo? r13; perguntei, de olhos fechados, evitando olhar para baixo.
r13; “Até meu pai esfriar a cabeça e ver que você nada tem a ver com os ataques que nosso povo possa sofrer.”
r13; Que tipo de ataque? — fiquei inquieta em cima da loba, com medo de receber uma flecha da tribo inimiga que poderia atacar o povo da loba Esta, por sua vez, riu ao ver meus pensamentos.
r13; “Vou te dar um conselho, para de assistir essas séries idiotas que você assiste. Aqui não é uma selva e nem somos índios da idade média que vão para a guerra com arco e flecha.” Nara às vezes olhava para mim outras olhava para a estrada coberta de folhas, que caíram durante a noite e deixaram o chão parecendo um tapete colorido e sonoro, pois faziam muito barulho a cada pisada que ela dava.
r13; Foi você quem falou em ataque, e as séries que eu assisto não são idiotas. Por acaso já assistiu a saga Crepúsculo, Riverdale, A barraca do beijo? Hein, senhora sabichona?
r13; “O vampiro é gay e o filme é mentiroso. A Verônica é gata, mas é esnobe. O Noah também é gay” ela respondeu com desdém.
r13; Mentira sua. “Os Cullen” são todos gatos. E o” Noah” é tudo de bom r13;Muito me admirava uma garota dessas falar mal das séries top dos top que eu assisto.
r13; “Bom, tem gosto pra tudo. E, como diz meu tio Anael, gosto é como cu, cada um tem o seu.” r13;Antes que eu pudesse perceber nós duas estava às gargalhadas dentro da mata.
r13; Então, George Lucas, qual filme o senhor acha bom para sua grande inteligência? — Achei que a loba ia responder com grosserias quando percebeu que eu estava só brincando para zangá-la deu um bufo e falou.
r13; “Todos de ficção científica, mas eu gosto mesmo é de ler e ouvir música em cima de uma árvore nas noites de lua clara em que o céu fica coberto de estrelas.” r13; E passou a imagem pelo pensamento, o que fez eu concordar com o hobby interessante e impossível de fazer na cidade, onde mal se viam estrelas, quanto mais lua.
Ficaram concentradas, cada uma com seu pensamento, enquanto Nara subiu nas pedras, e foi subindo com conhecimento do terreno.
Em um determinado tempo, não consegui mais olhar para baixo e fechei os olhos. Quando fiz isso, percebi que estava vendo através do olhar da loba e fiquei fascinada com a luminosidade das cores do cheiro e dos movimentos delas. Era isso mesmo! As cores se moviam em ondas e tinham som próprio.
Nara colocava suas patas com delicadeza em cada pedra e foi subindo até chegar na gruta. Com um pulo certeiro, cortou o véu da água, caindo do outro lado, dentro da gruta quente e com cheiro de umidade. Por todo o local, passava uma corrente de oxigênio puro e podia-se ouvir o som de outra cascata caindo ao longe, que fazia chegar como uma música o chuá das águas batendo nas pedras.
r13;Tem uma cachoeira aqui dentro? r13; Eu ouvia o barulho da água cair e o cheiro de terra molhada era inconfundível.
r13; “Sim, mas não é uma cachoeira, é só uma queda d’água que sai de dentro das pedras e cai numa parte profunda lá pra dentro.” r13;Apontou o focinho para o lado de onde o som vinha.
r13; Escuta, como eu já aceitei que estou no melhor sonho da minha vida, que tal se você voltar a ser aquela garota lá do rio? Tá legal, eu gosto de estar em cima de você sem andar e tal, mas eu prefiro conversar com a garota. r13; Estava meio sem jeito de pedir. E se tudo fosse uma loucura mesmo?
Nara encheu o peito de contentamento. Seu lado lobo pareceu enciumado, mas, afinal, as duas eram uma só. Era bom que a humana gostasse das duas. Deixou a garota sentada e se afastou. Antes de ficar muito longe, ouviu o som de passos e, pelo peso, era um homem.
Fim do capítulo
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