CAPITULO 08
Quando entrei na mata fechada continuei ouvindo através da ligação com meus pais o que meu pai estava dizendo para as pessoas ligadas à segurança da reserva:
r13; “Por enquanto, não vamos fazer nada. Essa garota pode ter sido instruída por alguém para enganar minha filha e, dessa forma, entrar na reserva sem levantar suspeitas” r13; seu pai explicava para os guardas.
r13; “Mas, senhor, nós vimos o local onde ela estava. Tinha muito sangue e restos de plantas para cura” r13;O guarda florestal repassava as informações colhidas no local onde a humana estava. Também ouviu a voz doce da sua mãe.
r13; “Meu amor, aquela garota parecia estar se comunicando com nossa filha, e Nara não é boba para se enganar dessa forma.” r13; sorriu ao ouvir sua mãe usando do seu charme feminino que fazia seu pai se derreter, muito embora o que ele estava dizendo também fazia sentido.
r13; “Amor, nossa filha só tem dezoito anos, nunca nem namorou, não conhece nada da vida, e não foi ela quem escolheu a humana, foi a sua loba, que se encantou, eu sinto que essa garota vai partir o coração da nossa filha”
Eu no fundo sabia que meu pai estava certo, fui criada dentro das tradições do meu povo e sabia desde que nasci que um imprinting primeiro era para ser sentido pelo cheiro. Ok eu tinha sentido, depois pela eletricidade dos corpos, também ok eu senti uma coisa estranha quando segurei a mão da garota, depois o humano tinha que cair de amores ..cair de amores..não ok. ao contrário essa humana era muito grossa e mal educada. O lobo na forma humana tinha que estar no controle..também não ok, eu estava agindo conforme minha loba queria, era ela que queria esconder a humana não eu por mim eu tinha deixado ela no outro lado da ponte e tinha apagado sua memória.
Estava empatado dois contra e dois a favor, eu na forma não tinha sofrido imprinting e minha loba também não, só não entendia a necessidade de esconder a garota do meu povo.
Como eu queria muito que minha mãe estivesse aqui para me dizer que estava agindo corretamente. Não tenho certeza se fiz a coisa correta em trazer a humana para dentro da reserva, mostrar a ela nosso povo e nossos segredos, por outro lado eu não podia deixar a garota lá sozinha e também não podia negar que o cheiro dela era bom demais. Porém a dúvida do que é certo ou errado persistia era muito ruim não saber se estava certa sobre as coisas, e minha loba não deixava eu assumir a forma humana mas também ninguém nasce sabendo.
Eu tinha consciência da responsabilidade imensa que estava assumindo ao defender essa garota, indo contra minha família. Mesmo morrendo de medo de estar fazendo a maior besteira da minha vida, ainda assim minha loba quer correr o risco e eu me pergunto a que preço, o que minha loba ver que não consigo ver.
Olhei pela sua visão da loba que estava encantada com tanta beleza, a garota era linda, a pele branca como um copo de leite e o cabelo, ai meu deus, o cabelo parecia uma tocha de fogo voando na mata durante as noites sem lua.
Para com isso, Shiva parece uma louca babando pela humana... Eu mesma ri do meu pensamento quando a loba uivou baixinho no som de advertência.
Então calei a voz interior que a alertava do perigo e abri a mente, permitindo a ligação geral com todos os lobos. Essa ligação era coletiva.
Para os lobos nativos da reserva, existiam três tipos de comunicação: através do pensamento, a ligação coletiva, já que todos eram parentes de alguma forma; a ligação familiar pelo DNA; e a ligação por imprinting, sendo essa a mais forte, pois era totalmente privada, só o casal poderia fazer. Na minha alcateia e comum uma loba escolher seu parceiro e com ele viver até a morte.
Quando alguém que vivia em uma união estável e sofria imprinting com alguém de outra matilha ou com um humano, o alfa da matilha quebrava a ligação do casal e o lobo ia começar sua vida em outra zona cidade, a não ser que aquele que foi deixado ou abandonado não guardasse rancor; e, se tivessem filhos, as fêmeas ficariam com o pai e os machos, com a mãe.
“Papai, por enquanto não é com esta humana que se deve preocupar. Esta é responsabilidade da minha loba.” só esperava estar tomando a decisão certa, já que estava sendo guiada pelo instinto da sua loba.
r13; “Eu não seria seu pai ou seu alfa se deixasse uma humana entrar em nossas terras e não me preocupasse, o que não falta são humanos inescrupulosos em busca de informação concreta da nossa existência até agora estamos fora do radar, mas nada impede de terem descoberto uma forma de nos descobrir, e que é mais mortal do que uma futura alfa dominada.”
r13;” Se isso for verdade essa humana fica aqui mesmo nas nossas terras, eu mesma terei o prazer de mostrar as portas do inferno a ela.
Todos na mata ouviram o uivo da loba chamando para batalha de morte onde só um saia com vida, eu e o pai sabíamos que minha loba tinha passado um recado sutil, para aquele que se atrevesse a tocar na humana.
r13;“ Vou deixar que sua loba faça como quiser por enquanto, mas a qualquer sinal de perigo ou se descobrirmos conspiração essa humana não sai da reserva.
r13; “Eu sei, papai, mas no momento se preocupe com um homem e um cachorro dentro da reserva. Ele está colhendo provas, a mente dele está uma bagunça só, mas eu não pude ver, ele quer colher provas de que nós existimos. Acho que ele me viu transformada, mas não tenho certeza. Não cheguei a ver pessoalmente tal sujeito, só senti sua presença grudada no meu pescoço o tempo todo em que estive no rio. Papai, aquele cachorro não é normal. Ele olha pra gente e é como se entendesse a gente. É um rottweiler, porte grande.” Assim que passou a mensagem, fechou a mente para todos. Sua preocupação era deixar a garota em segurança.
Mesmo correndo muito rápido, tinha o cuidado de ver o local onde colocava suas patas, sempre atenta para não pisar em qualquer animal que rastejasse por baixo das folhas — ou por cima das mesmas, já que em dia de chuva a floresta toda festejava e os animais grandes e pequenos saíam para apreciar a criação divina ou em busca de alimentos, e ainda tinha os que saíam das tocas só para tomar um pouco de sol deitados nas folhas úmidas das gotas da chuva.
Pensando no cachorro visto momentos antes ele era realmente estranho, ficou me encarando como se estivesse estudando ou filmando tudo que eu fazia. Isso não era normal. Assim que chegasse em casa, iria dar uma olhada nas câmeras espalhadas na reserva, pois tinha certeza de que o cão tinha escapado. Vi quando ele correu para o lado sul, ou seja, para os portões invisíveis a olho humano. Àquelas horas, ele estava bem longe. O que será que eles procuravam ali na reserva?
Cortei a linha do pensamento mudando o foco prestando atenção no que minha loba pretendia fazer, sabia exatamente para onde ela estava indo. De vez em quando, olhava para Amkaly, que olhava a tudo com curiosidade. Aproveitei para saber sua opinião sobre a floresta, se estava apavorada como os humanos ficam ou se estava gostando.
Sua essência se transformou em fumaça efêmera translúcida e circulou na floresta, ricocheteando entre as árvores e nos galhos como mil espíritos presos e libertados em um passe de mágica. Ordenou que seguissem seu caminho e parassem de gracinha, e a viu vir toda bruxuleante, multicores, e cobrir o corpo de Amkaly, que, por um segundo, mesmo sem ver, pareceu sentir toda sua aura se grudando em sua pele e se fundindo.
Entrei na mente dela e fui caminhando vagarosamente por entre suas memórias e sentidos, sem querer ser invasiva e nem descobrir seus segredos, só querendo saber o que ela achava de tudo que estava vendo e vivenciando.
De repente, senti uma força maior empurrando-me erguendo um muro com blocos de diamante negro, que formou tão rápido que ela não teve tempo nem de pensar.
Sai rapidamente da cabeça da garota com mais perguntas do que quando entrei. Será que ela era toda humana? Será que sabia da sua natureza? Teria consciência do que estava acontecendo dentro da sua mente? E essa pata? Era parecida com a de um cachorro, ou um urso grande, podia ser também de um lobo mas não fazia sentido..
Eu sei que está errado. Quem sabe meu pai não tenha razão? Uma humana não tem como impedir o nosso povo de entrar em sua mente, então por que essa humana teria esse poder? Será que eu estou certa em trazê-la pra cá? E se ela for uma espiã querendo me enganar? pensei, mas a minha parte animal me mandou calar a boca. Bem, se ela mandou devia saber o que estava fazendo, afinal de contas minha loba ficou vagando quinhentos anos esperando meu corpo humano ser feito para entrar em mim e nos tornar uma só. Liberei meu pensamento, entrando na mente da garota, e vi o quanto ela estava admirada com a beleza da floresta. Não sai mais, fiquei lá sentindo o que ela sentia e sorri quando ela comparou os cheiros.
POV Amkaly
Amkaly respirou fundo, deixando o ar da floresta invadir seus pulmões. Nesse momento, o cheiro do mato se parecia muito com o da garota metida a tarzam. Um cheiro gostoso de sentir, que inebria a alma, invadindo cada célula do seu corpo. Não queria admitir, mas a diaba da loba era bem bonita. Parecia aquela guerreira do filme — não conseguia se lembrar de que filme, mas ela era idêntica: cabelos pretos, olhos azuis e um corpo que... Meu Deus! Que corpo é esse, Brasil?
Agradeceu a Deus pelo lindo sonho no qual estava desde cedo. Sabia que tinha encontrado seu lar de verdade naquela mata, só não conseguia entender o porquê de ter tanta certeza. Como podia uma pessoa nunca ter estado em um local e, de repente, de uma hora para outra, encontrar-se nesse local e ter a certeza de que sempre pertenceu àquele lugar?
Desde o momento em que se encontrou com a menina lobo, estava se sentindo estranha. Ainda há pouco parecia que tinha uma britadeira invadindo sua cabeça e fez exatamente o que sua mãe, em momentos de lucidez, ensinava.
— Amkaly, monte um bloco de tijolos na sua cabeça — sua mãe sempre ensinou, desde que ela era pequena. Viu-se com cinco anos, uma garotinha cheia de sardas e cabelo da cor de fogo, e a mãe ensinando.
r13; Amkaly, está vendo esses bloquinhos? r13; A garotinha de cabelo vermelho olhava e concordava. Tudo que ela queria era ver o sorriso da sua mãe, que era tão raro. r13; Preste atenção, meu amorzinho. Vamos logo. Ele está chegando e, quando ele chegar, você deve guardar tudo que está sentindo para ele nunca descobrir.
r13; Está bom, mamãe, eu vou fazer tudo que a senhora quiser. — E a mãe montava os bloquinhos de madeira preta, um em cima do outro, fazendo uma parede bem alta. Mais alta do que a menina, que estava de joelhos prestando atenção.
r13; Você tem que construir um muro com blocos dentro da sua cabeça, e lá guarde todas as suas emoções e não deixe ele saber o que está pensando. Nunca, promete pra mamãe? Prometa que, aconteça o que acontecer, ele nunca vai saber o que você está sentindo? Não enfrente ele, um dia ele será destruído. Promete.
Amkaly forçou a memória para ver se conseguia lembrar mais coisas que a mãe tivesse ensinado, mas não conseguia. Lembrava que, muitas vezes, seu pai vinha e levava sua mãe para o hospital e, quando ela voltava, não reconhecia a garotinha. Dois ou três dias depois, era que voltava a falar.
Sentiu saudade da mãe. Ela parecia ler sua mente na hora do acidente e mandou que ela ficasse por lá ou na casa de uma amiga. E que não voltasse mais para casa.
Que mãe era essa que mandava a filha ir embora? E que pai era esse que só aparecia em casa de 3 em 3 meses e pegava a esposa, levava para o hospital e, quando trazia de volta, ela não sabia nem o nome? Sua família era estranha, mas era a que tinha.
Fim do capítulo
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mtereza
Em: 14/08/2021
Então a Amkaly/Ângela é fruto das relações entre humanos e lobos da tal ilha grega que a Nara descreveu e o pai dela uns do que abusaram das lonas para terem filhos e obterem longevidade?
Resposta do autor:
Não, Amkaly é... voce vai descobrir
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