Acordei desorientada, escutando ao fundo o barulho do meu celular tocando, um soluço de choro saiu por minha garganta, o aperto estava presente em meu peito, toquei meu rosto e senti as lágrimas que por ele escorria, tentei focar a minha visão para saber onde estava, percebi que estava deitada em minha cama.

Sentei apressada, a dor que estava sentindo antes, estava tão forte quanto antes, comecei a chorar de forma alta, fui descer apressada da cama, acabei caindo, pois o cobertor estava enrolado em meu tornozelo, ao cair bati a boca chão, senti o gosto de sangue, mas não me importei, levantei e corri para o quarto dos meus pais, não bati, apenas abri a porta e entrei já acendendo a lâmpada.

Choro ainda mais alto quando vejo meus pais dormindo abraçados, com a claridade repentina e o barulho do meu choro, eles acordam, piscam com a claridade, e mamãe fala.

            - Filha, o que aconteceu? – Quando escutei a sua voz, me joguei na cama a abraçando muito forte, eu estava descontrolada. – Meu amor, se acalme, nos fale o que houve. – Papai pergunta.

            - Aconteceu algo com Luísa? – Enquanto ele falava, alisava as minhas costas, eu estava agarrada a mamãe, entre soluços falei.

            - Não nos deixa, mamãe, não... – Meu choro era de era de angustia pela dor que senti com o pesadelo, e de alivio por tê-la ali. – Eu vi você morta, e mesmo te vendo aqui, meu peito ainda doe. – As lagrimas e os soluços não paravam, mamãe me afastou de seu corpo, e olha em meus olhos, seus olhos estavam cheio de lagrimas também.

            - Você está assim por conta de um pesadelo que teve comigo? – Balanço a cabeça afirmando, ela me puxa de volta para seus braços, nos abraçamos ainda mais forte, sinto papai nos abraçando também. – Eu estou aqui, meu amor, se acalme. – Ela disse essas palavras em meu ouvido, mesmo com seu acalento, meu choro não cessava. Ela também começou a chorar de forma audível. Mas em meio ao choro ela disse. – Amanhã ligarei para o dr. Thiago, farei os exames para me submeter a cirurgia.

Dessa vez meu choro foi de alivio, mas meu corpo ainda convulsionava devido ao choro excessivo, ainda dentro daquele abraço, ouvi meu pai falar.

            - Obrigada, esposa, obrigada! – Eu me afastei deles e também agradeci.

            - Obrigada mamãe. – Os vi olhando para a minha boca, e mamãe fala.

            - Eu que agradeço por não desistirem de mim, me perdoem por ter demorado tanto para decidir. Por ter sido egoísta com a dor de vocês – Entrelaçamos nossas mãos, e papai disse.

            - O importante é que você decidiu se submeter a cirurgia, mesmo que tenha demorado um pouco. – Beijou sua bochecha, então ele me olhou e perguntou. – O que houve com sua boca, querida?

            - Cai da cama quando levantei desesperada. – Falei sem jeito, percebo que mamãe se sente culpada.

            - Me perdoe, minha filha, me perdoem os dois...

Naquela noite dormi com meus pais, passei a noite toda agarrada com minha mãe, ela ficou no meio da cama, papai também quis abraça-la, eu queria ter a certeza de que os momentos de dor que passei não foram mais do que um pesadelo, e para isso, eu precisava sentir o cheiro e o calor da minha mãe.

E assim como prometido ontem à noite, mamãe ligou para o médico, papai e eu a acompanhamos para realização dos exames pré-operatórios. Os resultados saíram horas depois, após o ok do cardiologista, a cirurgia foi marcada para a manhã do dia seguinte. Mamãe já ficou internada. Papai ficou com ela, voltei para casa para arrumar algumas coisas que eles iriam precisar, pois papai disse que ficaria com ela, eles ficariam alguns dias no hospital, pois depois da cirurgia, mamãe ficará 24h em observação.

Luísa estava voltando da viagem hoje, infelizmente eu não poderia ir encontra-la, queria muito, mas minha prioridade era a minha família, desde ontem à tarde que não conversamos, meu dia foi corrido, e para completar, meu celular estava descarregado, acabei de bota-lo para carregar, assim que o conectei na tomada, o liguei. Olhei o relógio e percebi que provavelmente ela deveria estar desembarcando nesse momento.

Meia hora depois eu estava terminando de arrumar as coisas que levaria para o hospital, quando escuto meu celular tocar, no visor mostrava o nome de Luísa, atendi.

            - Oi

            - Olá, pequena. Tentei falar com você antes, mas seu número estava dando desligado.

            - Desculpa, ele estava descarregado, eu estava usando o celular do papai. Meu dia foi corrido, cheguei em casa a pouco tempo.

            - Está tudo bem?

            - Sim, mamãe decidiu fazer a cirurgia.

            - Que coisa maravilhosa Pietra, sei o quanto isso estava preocupando Olavo e você. Quando ocorrerá?

            - Amanhã, as 08:00h, vim em casa buscar umas coisas, papai que passará a noite com ela.

            - Então você está voltando para o hospital?

            - Vou tomar um banho antes de ir.

            - Posso passar na sua casa antes de ir para minha? Estou exausta, meu queria muito poder lhe abraçar e dá um beijo.

            - Claro que pode!

            - Ok, até daqui a pouco.

            - Até.

Luísa

Eu estava muito cansada, mas também estava louca para encontrar Pietra, e mesmo que fosse por apenas 05 minutos, valeria a pena. Cheguei em sua casa e logo o porteiro me deixou entrar. Meu coração estava disparado.

Antes que eu alcançasse a porta, uma jovem senhora a abriu e disse que Pietra para aguarda-la, ela pediu licença e se retirou. Eu não resisti, sabia onde ficava seu quarto, não pensei duas vezes, segui até ele.

Abri a porta do quarto, ele estava vazio, mas dava para ouvir o barulho de água que vinha do banheiro, eu aproveitei que estava sozinha para analisar o quarto, pois quando estive aqui antes de viajar, não consegui observar nada.

Tudo tinha o seu jeitinho, fiquei tão distraída observando tudo, que me assustei quando ouvi o barulho da porta se abrindo, virei rápido a tempo de vê-la levantar a cabeça, demostra espanto, ela estava com um roupão ao redor do corpo, cabelo molhado, ficou parada.

Fim do capítulo