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Fios do Destino por La Rue

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Palavras: 4360
Acessos: 635   |  Postado em: 23/07/2021

Notas iniciais:

 

Olá meus queridos, tudo bem com vocês? Tanta saudade que eu fico nesse tempinho entre um capítulo e outro, mas saibam que estou me empenhando ao máximo.

 

Dia 27 Fios do Destino completa dois anos, e lá vem a autora com aquele papo de sempre que vocês estão cansados, mas eu queria muito agradecer, de verdade, de coração, a todos que vem acompanhando o desfecho dessa fanfic.

 

Fios do Destino começou totalmente sem pretensão, eu estava há alguns anos sem escrever, tinha muito medo e insegurança de voltar, eu chegava a abrir o site e ficar me tremendo... Eu cheguei a criar as contas que uso e me dava pânico e vontade de deletar tudo na mesma hora. Fios do Destino começou com pouco mais de 1.000 palavras, algo que fiz apenas pra dar algum conforto a minha alma já tão calejada e sem esperanças de nada.

 

Eu só tenho a agradecer por ter conhecido cada um de vocês, por todas as trocas de experiência, ao reencontro de velhos amigos. Fios nasceu pequenininho, frágil e agora ele toma conta de mim, assim como vocês. Hoje sou uma pessoa muito melhor, finalmente criei coragem de sair do anonimato - mesmo que aos pouquinhos -, vou publicar meu segundo conto na Amazon e se tudo der certo a primeira parte de Fios do Destino sai ainda esse ano como uma original... Não teria feito nada disso se não fosse a ajuda de vocês.

 

 

Muito obrigada! 

 

A cerimônia do hóplon

 

Annabeth cravou as unhas contra os ombros da mais alta, só assim foi capaz de reprimir um gemido que lhe tomou de assalto ao sentir um formigamento partindo do baixo-ventre e tomando seu corpo. Ela queria socar a cara de Clarisse por tamanho atrevimento, mas o jeito que a espartana lhe olhava e as sensações que tomaram seu corpo foram o suficiente para lhe paralisar momentaneamente. Os olhos verdes da mais velha prendiam os seus de uma forma tão peculiar que a filha de Athena teve certeza de que estava se contendo para não ultrapassar qualquer limite não verbalizado entre elas.

 

Sentiu a respiração lenta e profunda contra o seu pescoço, Clarisse pressionou os lábios e fechou os olhos, como se rogasse silenciosamente para manter-se sóbria. Por mais que nutrisse algo ainda não classificado pela loira, ela jamais lhe tomaria da forma que desejava sem que Annabeth sentisse o mesmo.

 

- Eu sei que vocês dois estão aí... - Comentou a espartana com sua voz ligeiramente rouca, liberando o corpo da jovem ateniense que até então estava sob seu domínio. - Vamos, saiam. - Ordenou, porém em tom brando.

 

A loira de olhos cinzentos apoiou-se em seus cotovelos, estreitando o seu olhar para o comentário feito pela oficial. Porém não tardou para que duas crianças saíssem de alguns arbustos próximos, uma menina e um menino, possuíam a mesma estatura e provavelmente a mesma idade também... Aqueles eram os reais motivos para que Clarisse tomasse sua sanidade antes que cometesse qualquer ato equivocado. Balançou a cabeça de forma negativa com sua falta de reação, ela não deveria ter se deixado levar por uma brincadeira infantil.

 

As duas pequenas crianças de cabelos loiros e olhos escuros se aproximaram com o semblante carregado de culpa, certamente não esperavam ser descobertos. Clarisse tentou manter a expressão séria enquanto ambos torciam a ponta da túnica nervosamente.

 

- Febe e Castor, quantas vezes já expliquei que vocês não podem andar por aí sozinhos. - Olhou de um para o outro, o garotinho manteve sua postura enquanto escutava a mais velha, já a garotinha mordia o canto do lábio, se balançando em seus calcanhares.

 

- Estávamos treinando pelas redondezas, minha senhora. - Explicou-se o garoto, mesmo sabendo que não seria o suficiente para amenizar a falta cometida por ele e sua irmã gêmea.

 

Não tinha jeito, por mais que ela devesse repreender as duas crianças, ela não conseguia, ela apenas sentou sobre os calcanhares e fez sinal para que eles se aproximassem. Ambos adotaram feições mais leves e se jogaram contra o corpo da espartana, que agarrou os dois antes de se desequilibrar propositalmente e irem os três ao chão com muitas risadas.

 

Annabeth não pôde deixar de acompanhar a interação entre o trio com um sorriso discreto. Por mais que Clarisse fosse considerada mais uma arma de Esparta pela maioria dos seus, ela nunca deixou que aquilo se sobrepusesse ao seu lado humano... Seu coração estava leve em saber que ainda existia a mesma garotinha que conhecera há primaveras passadas.

 

Após a guerra de cócegas na qual Clarisse obviamente venceu os gêmeos, eles pararam para voltar a respirar com alguma regularidade. Febe e Castor costumavam lhe seguir desde que aprenderam a dar suas passadas mais firmes, desde então ela se colocara na responsabilidade de sempre conferir se eles não estavam pelos arredores lhe espionando.

 

- Queremos ser fortes como você. - Reforçou Febe com um sorriso puro e esperançoso. 

 

- Você, uma guerreira?! - Zombou o garotinho em tom desdenhoso, como se tal feito jamais se concretizasse. - Você é uma garota, você não pode ser uma guerreira.

 

- Não fale dessa forma com a sua irmã. - Repreendeu Clarisse bagunçando os cabelos do pequeno espartano que apenas resmungou algo tentando se livrar da mão em sua cabeça, porém sem sucesso. - O que você acha que sou? - Questionou-o em seguida, desta vez de forma um pouco mais séria, como um dos tutores faria, ou pelo menos o mais gentil deles. 

 

- Um oficial de Esparta. - Respondeu com toda sua sabedoria de um garotinho que pouco sabia da vida ainda.

 

-... E também uma mulher. - Apontou a morena de olhos verdes apertando carinhosamente o queixo de Castor. - Febe pode ser o que ela quiser quando crescer se tiver coragem e força para lutar pelo que quer. - Completou beijando levemente o rostinho sujo de poeira da menina que estava abraçada ao seu pescoço.

 

- Quer dizer que quando crescer nós poderemos nos casar? - Perguntou Febe novamente com a expressão sonhadora e animada, certamente seu pai ficaria orgulhoso se ela se casasse com uma princesa forte e honrada como a espartana.

 

Clarisse não esperava por aquilo, abriu a boca algumas vezes e procurou pelos olhos cinzentos de Annabeth, como se precisasse de alguma ajuda ali, mas a filha de Athena parecia se divertir com o que estava vendo e não se pronunciou.

 

- Infelizmente não posso querida. - Disse após sorrir com a pergunta inocente de Febe, ela mesma já havia aprontado algo do tipo quando era uma pouco mais velha que a loirinha. - Eu já me comprometi com outra pessoa. - Seus olhos transitavam da menina para Annabeth nesse momento. - a pedi em casamento há muito tempo.

 

A loira sentiu novamente um formigamento tomar-lhe o corpo aos poucos, ela não negou, ou confirmou tal informação.

 

- Mas ela não é uma espartana... - Apontou a menininha como se estivesse confusa com a informação. - Como você sabe que ela é apropriada? - Ela colocou a mão no queixo, os olhos pequeninos se tornaram analíticos.

 

Annabeth tentou não sorrir com a postura obviamente ciumenta de Febe, não negava que era uma autêntica mulher criada na Lacedemônia, mesmo que ainda fosse uma mulher em miniatura. A ateniense ajeitou melhor a postura e devolveu o olhar que lhe era lançado.

 

Clarisse chegou perto da orelha da menina, como se fosse compartilhar um segredo muito importante com a mesma:

 

- O nome dela é Annabeth, ela é filha da deusa Athena. - A menina olhou de Clarisse para a loira com certo assombro. Ela já escutara histórias sobre a semideusa, mas jamais esperava encontrá-la em condições como aquela. - Acho que ela é apropriada para a princesa de Esparta, e você?

 

Ela trocou um novo olhar com Annabeth, a loira sustentou-o pelo tempo que conseguiu, era instigante, como se Clarisse lhe recitasse o mais belo cântico, mesmo que em total silêncio, mesmo sabendo que tal feito jamais seria realizado pela filha de Ares. Desta vez foi Febe que aproximou a boca contra a orelha da espartana, para que sua resposta fosse compartilhada apenas com ela. 

 

Não tardaram a pegar novamente o caminho de volta para Esparta, afinal ela não queria que a demora fosse vista de outra forma tanto pelos seus, como pelos visitantes. Todavia, demoraram um pouco mais que a ida até o Eurotas, já que agora Febe e Annabeth dividiam a montaria e Clarisse segurava as rédeas improvisadas e levava Castor em seus ombros.

 

 

 

Ambos prefeririam continuar com suas brincadeiras pelos arredores da pólis, não queriam atrapalhar o "encontro" entre as duas semideusas depois que descobriram quem era Annabeth, mas Clarisse não os deixou sozinhos. Sabia que a qualquer momento poderia aparecer um animal selvagem e ela jamais se perdoaria se algo do tipo acontecesse às duas crianças.

 

- Nós atrapalhamos o ritual que acontece no rio? - Perguntou Febe de forma inocente e descontraída.

 

- O que? - Clarisse travou automaticamente, se virando para as duas que estavam no cavalo, atônita com a pergunta. - Não, claro que não! Febe que tipo de história você anda escutando?

 

- Que tipo de ritual é esse? - Instigou Annabeth, apenas para ver a expressão de terror tomar à espartana.

 

- Mamãe disse que as mulheres saem para o rio Eurotas para dançarem e se divertirem. - Falou tranquilamente enquanto brincava com os pelos negros de Phobos. - Vocês estavam se divertindo, titia?!

 

- Você costuma se divertir com outras espartanas, Clarisse? - A voz carregada e pausada trouxe um tom rubro à face da morena.

 

- Não! - Respondeu rapidamente. - Eu sou um oficial, eu... Eu não tenho tempo pra esse tipo de coisa.

 

Ela agradeceu aos deuses por finalmente chegarem à residência dos pequenos. Não apenas por saber que eles ficariam longe de problemas, pelo menos por tempo suficiente até pensarem na próxima peraltice, mas por Clarisse finalmente escapar das situações de apuros.

 

- Espero que eles não tenham lhe dado trabalho...

 

Uma voz chamou a atenção das mais velhas. As crianças correram em direção à mulher de cabelos e olhos castanhos que se fez presente na entrada da casa, era bonita e possuía aquele mesmo porte tão bem característico das mulheres da Lacedemônia.

 

Clarisse apenas sorriu e fez um sinal com a cabeça para que não se importasse, aproximou-se da mulher e depositou um beijo em seus cabelos cuidadosamente trançados.

 

- Vejo vocês na cerimônia. - Relembrou a guerreira despedindo-se dos pequenos.

 

A mulher confirmou com animação, aquele momento era esperado pela jovem princesa a um longo tempo, certamente ela e as crianças estariam lá para prestigiar ela e os demais oficiais. Clarisse retomou a montaria na companhia da ateniense, enquanto Aria encaminhava as crianças para a segurança do lar.

 

- Eles são filhos de Mark? - Perguntou Annabeth fazendo algumas ligações entre fala e interações.

 

- Sim, mas não são filhos da Aria... - Explicou a espartana após deixarem o local e seguirem caminho. - Mark se casou com a irmã mais velha, mas infelizmente faleceu quando trouxe os gêmeos ao mundo. 

 

- Sinto muito.

 

- Não sinta... - Alcançou a cintura da semideusa e depositou um afago com leveza. - Ela foi eternizada como tantos outros guerreiros e mulheres antes dela... Aria acabou por assumir Castor e Febe e Mark lhe tomou como esposa. - Explicou Clarisse de forma tranquila.

 

Passaram pelo centro político e comercial, tão distinto se comparando a outras pólis, mas sabia que por mais discretos que fossem os habitantes ou comerciantes livres, eles cochichavam algo ou arriscavam um olhar para as duas... Se eram críticos com tal atitude da princesa de Esparta ou não, ela pouco se importava. Fazia questão de manter o olhar rígido e a postura impecável para qualquer um que ousasse proferir algo sobre Annabeth.

 

- Parece que você ainda continua chamando a atenção por onde passa... - Comentou baixo, sentindo os pelos da nuca da loira se eriçar com a aproximação inesperada, lhe tirando de seus pensamentos.

 

- E você continua a mesma guerreira de modos questionáveis. - Rebateu estreitando o olhar tempestivo na direção da mais velha, que apenas correspondeu com um sorriso de canto.

 

 

 

Quando se fizeram presentes na residência dos diarcas, direcionaram-se até o androceu em silêncio, sabiam bem por quais motivos estavam reunidos ali e a tensão do momento pairava na atmosfera dividida entre semideuses e líderes políticos distintos. Por mais que aquele fosse um local estritamente dedicado apenas aos homens, aquela era uma reunião mais que necessária. Leônidas acabara de retornar de sua consulta com o oráculo, e por mais que estivesse cansado da viagem, fizera questão de receber os visitantes com as devidas honrarias.

 

- Eu estive na companhia de uma amiga que reuniu informações importantes sobre as investidas persas. - Comentou Perseu observando o mapa que haviam estendido sobre uma mesa larga e as peças que movimentaram até então. - Ela possui uma nau apenas, mas se juntará a Atenas pelos mares... Os deuses sabem o quanto precisaremos de cada nau, homem ou mulher disposta a lutar pelo povo heleno.

 

- Os anos nos favoreceram graças às guerras internas que eclodiram no império... Xerxes se manteve ocupado até então devido à morte de Dario I. - Annabeth deu alguns passos a esmo, mas seus olhos se voltaram novamente para o mapa. - As tropas levariam quase dois anos para contornar a região... Mas graças à engenhosidade do imperador em aproximadamente um mês eles estarão aqui. - Ela moveu uma pequena tropa até o helesponto. - Xerxes construiu uma ponte com embarcações de baixo custo, assim eles poderão atacar por mar e terra ao mesmo tempo.

 

O helesponto era um local problemático para helenos e asiáticos desde a guerra de Tróia. Era o ponto onde ambos poderiam invadir com maior facilidade... Desde Tróia eles nunca estiveram completamente em paz, parecia que uma nação estava fadada a desgraça enquanto a outra vivia seus tempos prósperos.

 

- Eles querem Annabeth. - Rompeu Clarisse com o breve silêncio que havia se instalado ali. - Você é o atual símbolo de Atenas. - Os olhos verdes focaram os da loira com firmeza. - Os atenienses humilharam Dario em Mileto e logo depois em Maratona... Xerxes jamais perderia a chance de tomar o que Atenas tem de mais importante. Eles não querem apenas terra e água...

 

Temístocles passou as mãos pelos fios loiros, a expressão séria, mas os olhos azuis transbordam preocupação. Ele possuía sua grande parcela de culpa naquele desfecho, se tivesse matado Xerxes quando teve chance, talvez a situação entre as pólis fosse divergente.

 

- Não podemos esquecer-nos de Artemísia, conselheira do imperador e almirante da frota persa. - Percy mexeu nas peças que simbolizavam as naus inimigas. - Estivemos espionando por algum tempo antes de finalmente retornar... Foram seis dias seguidos de travessia, eram tantas fogueiras no acampamento que mais pareciam estrelas na terra.

 

- Sempre quis tocar as estrelas com a minha lança. - Sorriu Clarisse parecendo ansiosa para o desenrolar daquele embate, mesmo que os números não fossem nada favoráveis aos gregos.

 

- Quais são os possíveis aliados? - Perguntou Annabeth tentando ignorar o sorriso despreocupado nos lábios da espartana.

 

- Temos Corinto ao nosso lado. - Pronunciou-se Silena pela primeira vez. Por mais que ela não fosse uma guerreira ou estrategista como os outros, a filha de Afrodite era boa com negociações e dedicara parte de seu tempo para estreitar as relações com uma das grandes potências gregas. - Creio que com os jogos, conseguiremos reforçar mais alguns laços valiosos.

 

- Os téspios e os tebanos também estarão ao nosso lado. - Adicionou Temístocles com a voz pesada. Somente uma guerra com aquelas proporções fariam inimigos lutarem lado a lado.

 

- Estive em Rodes com Mark, mas nosso encontro com o consulado foi em vão. Rodes estará ao lado dos persas, afinal são protegidos por eles desde antes da invasão de Dario. - Cuspiu as palavras com certo desgosto. - Certa, Kos, Chios, Lesbos, Samos, Naxos, Imbros, Samotrácia, Thasos, Skyros, Mykonos, Paros, Temos, Lemnos e até mesmo Delos ofereceram submissão, não sei como o próprio Apolo não os amaldiçoou... Também não podemos esquecer-nos dos trácios. - Rangeu os dentes no intuito de não socar a mesa e assim desfazer o esquema que vinham montando a cada nova informação compartilhada. - São como putas, vão abrir as pernas para quem pagar mais.

 

- Clarisse... - Annabeth a repreendeu, ambas trocaram outro olhar. Sabiam que a maioria daqueles que se virou contra o próprio povo estava fazendo isso por medo. Ambas eram guerreiras e conheciam os rastros caóticos da guerra, terrenos destroçados, crianças e mulheres estupradas e mortas, famílias fragmentadas. - Por mais que nossos pensamentos sejam diferentes, não podemos julgá-los por agirem por medo.  

 

Ela não discutiria com Annabeth, não era o momento e não ajudaria em nada naquela situação. Aproximou-se mais uma vez do mapa, trocou um olhar significativo com o rei, que fez um movimento quase imperceptível com a cabeça.

 

- Esparta vai defender as Termópilas. - Disse com segurança, removendo o pino que estava na região do Peloponeso até o local.

 

Annabeth comprimiu os lábios, uma de suas preocupações se esvaiu naquele exato momento. Tinha receio que mesmo com a aproximação entre os líderes das pólis rivais, Esparta acabasse por defender apenas o Istmo de Corinto, devido ao individualismo dos Lacedemônios... Leônidas não era ingênuo, nas circunstâncias em que se encontravam, as Termópilas eram a melhor alternativa que possuíam. O estreito possuía no máximo 200m em sua largura e ao sul ficava o monte Kallidromo com mais de 1.500m de altura, não havia outro modo de passar do norte para as outras pólis gregas se não fosse por aquele caminho.

 

- Deslocaremos a maior quantidade possível de trirremes para o estreito de Artemísio. - O tom utilizado por Annabeth indicava que aquela era uma ordem e não uma consulta ao general, seus dedos deslocaram as peças que simbolizavam as naus atenienses até o local próximo as Termópilas. - Somente assim conseguiremos bloqueá-los por terra e mar ao mesmo tempo.

 

Não tinham muito mais o que debater, cada mínimo detalhe entre eles já fora conversado e discutido de diversas perspectivas desde que os enviados dos deuses eram apenas crianças inocentes e alheias de suas reais responsabilidades. Annabeth retirou-se educadamente do recinto, precisava de ar, não gostava de demonstrar suas fragilidades, porém não tinha como esconder por todo tempo sua aflição.

 

Ela temia pela vida de pobres inocentes que culpa alguma possuíam, nesse exato momento estavam abrindo mão do pouco que lhes restava de dignidade para se esconderem em cavernas ou outras localidades inóspitas em busca de alguma esperança em sobreviver.

 

Seus olhos correram brevemente pelo pátio central, que não se diferenciava muito daquele que compartilharam na residência onde vivera a maior parte de seus dias com Temístocles, Perseu e Silena. Quantas vezes eles e Clarisse brincaram de serem grandes guerreiros? Quantas vezes haviam imaginado aquele momento de glória? Inúmeras vezes... Todas elas embaladas pela inocência de que seriam vitoriosos naquele embate, onde na verdade, a única certeza era a de que morte e destruição para ambas as nações.

 

- Feitos heroicos sempre são pagos a preço de sangue. - Disse pouco antes de sentir o toque firme, porém terno contra os seus ombros. Não precisava se virar para saber que era Clarisse.

 

- Que nome eu teria se minhas sandálias não estivessem empoeiradas e minha espada suja de sangue. - Disse em tom firme, ela não temia qualquer rei que se escondia atrás de deus homens como um covarde. Fez uma breve pressão contra os ombros da loira, sentindo a tensão impressa no local se dissipar lentamente. - Repetirei para que não esqueças o que lhe disse uma vez... Porém quero que me olhe nos olhos, pois falo com a mesma seriedade e propriedade de quando éramos crianças.

 

Annabeth virou-se ainda sob o toque da espartana, mais uma vez naquele dia seus olhos se perderam naquela imensidão verde intensa. Por mais longínqua que fossem as tais palavras citadas pela guerreira, a ateniense tinha segurança às quais ela estava se referindo... Ao mesmo tempo em que a filha de Athena era cética quando a promessa feita, também possuía um temor oculto na parte mais profunda de seu ser, por mais racional que fosse, tinha certeza de que Clarisse era o tipo de pessoa que faria o possível e o impossível para cumprir sua palavra.

 

Ela apenas assistiu atônita a semideusas retirar a lâmina que estava em sua cintura e em seguida deslizou-a sobre uma cicatriz que ali já residia - apenas o suficiente para que um filete de sangue brotasse:

 

- Quero selar o compromisso com o meu sangue...

 

- Clarisse... - Annabeth iria rebater, era mais do que óbvio que ela recusaria aquela oferta, mas ela simplesmente ficou sem palavras, o olhar de Clarisse era determinado o suficiente para deter qualquer discurso seu.

 

Mesmo temerosa, todavia não por um simples corte, mas pelas consequências do mesmo, Annabeth repetiu o mesmo ato que a espartana, pegou a lâmina das mãos da mais velha e sentiu um arrepio lhe correr pelo corpo... Parou por um breve instante, respirou fundo e cortou.

 

- Não importa o que irá acontecer, eu vou protegê-la. - Clarisse segurou a mão da loira entre as suas. - Nem que seja com a minha própria vida.

 

Não era uma promessa em vão, não era algo selado apenas de forma infantil, não sabia como explicar, mas a filha de Ares realmente seria capaz de mover céus e terras para lhe proteger de qualquer coisa.

 

~***~

 

Após o momento compartilhado pelas duas semideusas, Annabeth voltou à companhia dos seus enquanto Clarisse teve que deixá-los, entretanto seria por um breve momento, pois ao entardecer ela e os demais de seu pelotão - que sobreviveram aos anos ferrenhos de treinamento -, seriam oficialmente reconhecidos como soldados de Esparta.

 

Quando o sol de Apolo começava a findar-se para ceder seu posto a sua irmã gêmea, o pelotão marchou do ginásio até o centro político da pólis, onde outras solenidades de igual importância costumavam acontecer. Todos que ali habitavam - mulheres, crianças, idosos e soldados de diferentes patentes - seguiram em cortejo, orgulhosos daqueles que adotariam os mesmos passos de tantos outros grandes guerreiros antes deles.

 

Um a um os jovens faziam seus juramentos perante os reis de Esparta e recebiam o escudo e o manto escarlate das mãos de suas mães, aquelas que lhe deram a vida. Quando Clarisse tomou o lugar anteriormente ocupado por um de seus companheiros, a rainha Gorgo adiantou seus passos com toda graciosidade e altivez tão pertencentes àquela mulher ímpar.

 

- Clarisse, filha de Ares. - Qualquer pequeno burburinho que ainda existia entre eles cessou completamente. - Você em breve lutará em defesa de nossa terra... Está pronta para cumprir com as leis sagradas de um espartano?

 

- Sim, minha rainha. - Respondeu prontamente, sem qualquer dúvida de qual era o seu dever.

 

- Deve preservar a liberdade acima de sua vida... Abster-se do prazer em nome da virtude. - Começou a recitar as palavras tão bem conhecidas pela maioria dos indivíduos ali presentes. - Suportar a dor e o sofrimento em silêncio... Obedecer a ordens irrestritamente e sair em defesa dos seus, sob qualquer circunstância até a vitória ou a morte.

 

O soldado mais próximo destinou a rainha o hóplon, o escudo com um metro de diâmetro feito de carvalho e bronze, onde havia apenas o lambda vermelho ao centro.

 

- Como escolhida pelo deus da guerra e sua tutora, eu lhe entrego o seu escudo.  - Clarisse aproximou-se um pouco mais, ambas agora dividiam o peso daquele item tão estimado pelos espartanos. - E não se esqueça... Com ele, ou sobre ele.

 

Não muito distante a pequena comitiva de Atenas assistia a cerimônia em silêncio, assim como os demais. Todos orgulhosos e felizes por Clarisse finalmente ter conseguido aquilo que mais havia almejado em sua vida até então.

 

- O que ela disse? - Questionou Percy que não conseguira entender completamente o que a rainha havia proferido.

 

- Com ele ou sobre ele. - Repetiu Annabeth com a voz tão baixa, que o semideus teve que se concentrar para poder escutá-la. - Volte vitorioso com o seu escudo, ou morto sobre ele.

 

Perseu esboçou uma expressão não muito animada para o significado, preferindo não ter cedido a sua curiosidade momentânea. Os espartanos possuíam um senso de honra e justiça muito mórbido para ele.

 

Clarisse trocou algumas palavras com seus companheiros após o fim da cerimônia, os olhos brilhavam por finalmente ter em suas mãos o manto que sempre lhe foi tão estimado, era seu, ela havia conseguido após tantos percalços em seu tortuoso caminho, ninguém poderia duvidar de sua capacidade, não mais.

 

Avistou seus amigos pelas proximidades e logo se juntou a eles, recebendo as merecidas felicitações. O campo de batalha que em breve enfrentariam seria algo de proporções inimagináveis até então, mas não poderiam negar que sobreviver ao agogê também era um feito louvável.

 

- Me acompanham em um cálice de vinho? - Convidou a todos para que pudessem retornar à residência dos seus tutores. - Ultimamente não tivemos muitos motivos para comemorações, talvez devêssemos aproveitar.

 

- Infelizmente teremos que declinar sua tentadora oferta. - Disse Temístocles com real pesar, adoraria passar um pouco mais de tempo na companhia dos Lacedemônios. Tal fato parecia desapontar também aos seus pupilos, todavia eles já sabiam dos planos do general. - Teremos que partir para Corinto ainda hoje, alguns dos homens do rei estarão à nossa espera.

 

- Compreendo... - Clarisse forçou um sorriso, que não foi muito convincente. Ela realmente esperava que a visita não fosse tão breve.

 

Era óbvio que eles também procurariam reforçar os laços com os coríntios, eles eram prósperos e possuíam tanto tropas como naus. Mesmo que fossem mais mercadores do que guerreiros, eram também uma potência e qualquer potência aliada seria conveniente.

 

- Esperamos ver você e Mark na Panatenéia. - Complementou o general ateniense com um sorriso aberto. - Seria uma honra ter os príncipes de Esparta competindo juntamente com os melhores de toda a hélade.

 

- A não ser que ela tenha medo de ser ofuscada por esse semideus maravilhoso... - Alfinetou o filho do deus dos mares, carregando aquele típico sorriso de quem adorava se meter em situações problemáticas.

 

- Eu não perderia a oportunidade de chutar o seu traseiro robusto nem se me implorasse por isso. - Rebateu a espartana estreitando o olhar, como se imaginar a cena fosse tão prazerosa quanto concretizá-la.

 

- Cuidado... O traseiro a ser chutado pode ser o seu.

 

Os olhos verdes buscaram pelos cinzentos no mesmo instante, a espartana mordeu o lábio inferior, ela não precisava de palavras para confirmar que adoraria levar uma lição da ateniense.

 

- Nos vemos em breve, filha de Athena. - Se aproximou, atrevendo-se a afagar muito brevemente o queixo da loira. - Espero que Corinto não lhe deixe entediada.

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

 

E então meus queridos, o que acharam? Sei que eu deveria ter escrito um pouco mais para compensar, mas venho de um período meio desgastante pra mim.

 

Concluí uma história que estava em aberto, estou correndo com as coisas do conto que vai sair em agosto pela Amazon e não menos importante estou trabalhando paralelamente com as duas fics Claribeth "Fios e O Convite".

 

Notícias sobre a original:

 

1. Creio que já esteja com mais da metade do livro pronto. Eu sabia que fazer a adaptação seria difícil, mas não sabia que seria tanto, mas pra mim está sendo um difícil, porém muito prazeroso.

 

2. Quem estiver interessado em ler a original, deixo claro que praticamente 50% do livro será completamente inédito para vocês.

 

3. Já entrei em contato com um amigo meu que é ilustrador para fazer a capa do e-book e se tudo correr certinho vai ter uma arte bacana e quem sabe algumas ilustrações de personagens, tudo vai depender de como vou estar financeiramente.

 

4. Deixo em aberto aqui para saber se alguém se interessaria por uma versão impressa, eu analisei duas propostas e não me parece uma ideia muito distante, mas ainda preciso analisar e saber se a demanda vale a pena, pois eu teria que trabalhar com duas diagramações diferentes além do registro e outras coisinhas.

 

Acredito que essas sejam as atualizações, caso vocês queiram me acompanhar pelo Instagram é @karinmaia, sempre que dá estou postando alguma coisa por lá sobre as originais e lançamentos na Amazon, eu só não falo sobre as minhas fanfics por lá, por motivos que vocês já estão cansados de saber.

 

Mais uma vez muito obrigada a todos e vocês nos comentários e em breve em O Convite. 

 


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Comentários para 42 - A cerimônia do hóplon :
Lea
Lea

Em: 26/06/2022

Tudo faz sentido,tudo se encaixou com o presente,. Maravilhoso.

Autora você é incrível!!

Boa noite!

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 23/07/2021

Que saudade estava dessas meninas....como assim aparece gêmeos para atrapalhar o momento...

Adorei até o próximo


Resposta do autor:

Poxa crianças, deixa nosso ship acontecer kkkkk... Oh duas mulheres difíceis de ficarem juntas meus deuses.

Muito obrigada por comentar minha querida, nos vemos em breve. 

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