Quem tiver interesse em acompanhar minha rotina de escrita e saber mais sobre o processo de lançamento desse livro (pois vai virar livro físico ><), me segue no insta: diario_deumaescritora_
BOA LEITURA! ><
CAPÍTULO 6
LORENA
O dia transcorreu sem surpresas, isso foi uma novidade e um alívio para mim. Passei a maior parte do dia com Anna, conversando amenidades, mas principalmente sobre Hera. Anna, aparentemente, está mais animada para a cerimônia de união minha e de Hera, do que eu mesma estou.
Após passarmos parte do dia - pois a outra parte do dia treinei com Miranda -, falando sobre como deve ocorrer a cerimônia, onde tem que acontecer, o horário que deve ocorrer, a roupa de que devo usar, finalmente entrei no quarto - no final da tarde -, com minha mente exausta, assim como o corpo. O jantar será servido daqui algumas horas, no entanto, não me sinto disposta para mais horas conversando com qualquer outra pessoa.
Depois do banho, decidi meditar sozinha pela primeira vez, e após vários minutos tentando limpar a mente, desisti. Hera ainda não chegou do trabalho, não conversamos mais por mensagens depois do horário do almoço, e eu não faço ideia de por onde ela anda, ou quando vai chegar, então fiquei sozinha com meus pensamentos.
Desde que toda essa bagunça na minha vida começou, ainda não tinha parado para pensar com calma e clareza sobre o assunto, e acredito que está na hora de parar de evitar a questão. Está na hora de olhar para o que está acontecendo e pensar nas possibilidades que estarão disponíveis a partir de agora na minha vida.
Primeira delas: sou uma híbrida, e agora bebo sangue, e preciso dele todas as semanas. O que eu posso fazer sobre isso? Refleti. Tenho que fazer algo sobre isso? Concluí que não, não tenho como fugir, como ignorar, ou como viver normalmente como se nada disso estivesse acontecendo, não tenho o que fazer sobre isso, a não ser aceitar o fato e conviver com ele.
Mesmo sabendo que não ficar na sacada do quarto - para evitar exposição -, me encaminhei para lá, e me deparei com um final de tarde quente e abafado. Se não fosse pelo incrível ar condicionado da mansão, já estaria soando horrores. Olhei o horizonte e observei a lua por alguns minutos, que já aparecia no céu.
Me sentei no chão da sacada e continuei observando e sentindo a brisa quente bater em meu rosto.
Minha segunda preocupação, que, na verdade, se tornou a primeira, desde o encontro com a Bruxa na floresta: É possível que eu seja parte bruxa, mesmo já sendo parte lycan e vampira?
"Isso é tão surreal. Tão coisa de livro de ficção."
Passo a mão no rosto, suspirando.
- O que será de mim? - Com os olhos fechados, deixei minha cabeça cair para trás, batendo no vidro de proteção da sacada, criando um som oco.
Se for verdade, se o que a bruxa disse for verdade, é fato que eu sou o único ser que já existiu dessa "espécie" - se é que posso chamar assim - na terra. E mesmo que não seja verdade, somente por ser parte vampira e lycan me torno mais poderosa que um vampiro ou lycan qualquer, mais poderosa até que os mais perigosos dessas espécies. Cedo ou tarde me verão como um risco a eles, me verão como uma aberração, e procurarão um jeito de me eliminar por ser o que sou.
- O que será de mim? - Repito, sentindo minhas esperanças sumirem assim como o sol sumia nesse momento, dando lugar a escuridão.
- Vai ficar tudo bem. - Me assunto com a aparição repentina de Hera na porta da sacada. Ela não estava com o corpo todo no umbral da porta, somente me observava por trás da cortina do lado de dentro, por isso não a notei antes.
- Você me assustou. - Hera sai na sacada observando atentamente os arredores. Satisfeita com o que viu, se sentou em minha frente, encostada no lado oposto do vidro de proteção. Seu olhar estava cansado e pensei ter visto tristeza em algum momento, mas sumiu rápido, substituído pelo cansaço novamente.
- Desculpa. - Ela dobrou as pernas na altura do peito e fitou o céu. Aproveitei o momento para analisá-la, ela veste uma calça de sarja preta, com um top da mesma cor, provavelmente tirou a regata que costuma usar assim que entrou no quarto. - Precisamos conversar.
Fecho os olhos.
" De novo..."
- O que aconteceu dessa vez? Eu não fiz nada. - Uma expressão divertida passa por seu rosto.
- Sei que não, é só que... - Ela respira fundo. - Miranda quer sondar seu código genético para ver se encontra algo que explique o porquê de você ser uma híbrida, o porquê dos seus poderes. Estamos apostando que você não é filha legítima de Mario, por isso, temos esperança de que seu pai verdadeiro possa nos dar algumas respostas, pelo menos se soubermos quem ele foi. - Não respondi de imediato, após minutos em silêncio abri a boca para responder, na primeira tentativa nada saiu, então refleti mais um pouco no que diria antes de voltar a tentar.
Desconfiam que Mario não seja meu pai, contudo, eu tenho certeza de que ele não é o meu pai.
Descobrir quem é meu pai verdadeiro não passou pela minha mente como uma possibilidade de solução. Se Mario sabe que não sou sua filha - e muito provavelmente ele sabe - as chances de ter deixado meu pai verdadeiro vivo é muito baixa, a não ser que meu pai verdadeiro seja um mestre em se esconder, nesse caso, talvez ele tenha sobrevivido, porém, não conto com isso. Mario dificilmente deixa vivo pessoas que ele vê como um risco.
- Mesmo que encontrem algo no meu código genético sobre meu pai e o encontremos, não acredito que ele vá explicar o que sou. Ele não tem as respostas que precisamos.
- Mas já nos ajudaria saber algo, não acha? - Nego com a cabeça.
- Não. Para mim não faz diferença, na verdade. Não devíamos estar preocupados com isso, tem uma guerra se aproximando e Miranda pensa que de alguma forma eu possa ajudar, sinceramente, não acredito que sou capaz de fazer alguma coisa sobre isso, mas de qualquer forma vou ajudar. Precisamos encontrar um jeito de impedir a guerra, e se eu puder fazer algo, irei tentar, mesmo que a ideia me pareça muito precipitada, e que provavelmente eu vá morrer se...
- Você não vai morrer. Não vou deixar encostarem um dedo em você. - Hera diz irritada.
- Sim, eu sei. O que quero dizer, é que devíamos estar preocupados com a guerra. Se existe mesmo uma forma de impedir, e eu sou a "solução" para ela, não vou recusar ajudar. É um jeito digno de morrer, se chegarmos a esse ponto. - Hera me encara ainda irritada. - Quem se importa com quem é meu pai verdadeiro? Em que isso vai ajudar no que está acontecendo?
O olhar de Hera me avalia, e assim ficamos por uns minutos, nos olhando.
- Você vai deixá-la fazer a sondagem?
Dou de ombros e Hera concorda com a cabeça. Ficamos em silêncio, ambas observando o céu mudar de azul-claro para azul-escuro, e então, finalmente a escuridão se apossou da claridade do dia, com a luz da lua substituindo a luz do sol.
- Você parece chateada. - Comento, vendo que Hera parecia mais cansada que o normal. Sua expressão corporal exala tristeza, e sentindo necessidade de consolá-la disse a primeira coisa que veio em minha cabeça. - Não sou uma boa conselheira, mas se quiser conversar, estou aqui. - Ela tira o olhar do céu o focando em mim.
- São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. - Ela volta a olhar para o céu.
- Você está triste. - Ela dá de ombros e solta um suspiro cansado. Observo sua fisionomia com mais atenção, me demorando em seu nariz arrebitado, seu queixo quadrado com uma convinha, sua sobrancelha mais longa que a minha e que combina perfeitamente com seu rosto serio e firme. Linda. Forte, e tão diferente de mim.
- Tive uma conversa que gostaria de nunca ter tido com meu pai hoje. - Quis perguntar sobre o que conversaram, mas me contive. Mesmo que sejamos companheiras, mal nos conhecemos, não temos nenhuma afinidade, simplesmente nos conhecemos e convivemos uma com a outra. Se tratando de uniões, sei que normalmente é assim, o verdadeiro amor entre os companheiros surge com o tempo, com a convivência. Hera e eu mal passamos tempo suficiente juntas, ainda não temos motivos para confiar uma na outra além do fato de sermos companheiras de alma, por isso, não perguntei o que queria, mesmo que estivesse curiosa para saber, não senti ter essa liberdade com ela. - Ele fez um testamento. Disse que se algo acontecer com ele, o cargo de Supremo será passado para mim. - Seu olhar cai sobre mim outra vez, e minha boca se abre em choque.
Mesmo tendo ouvido algumas pessoas se referindo a Hera como herdeira do trono do Supremo, não havia parado para pensar no assunto, e até onde eu sabia, não era nada oficial, somente especulações das pessoas. Na verdade, ainda estou absorvendo a novidade da filha mais velha do Supremo Alfa ser minha companheira, e ter me aceitado. Continuei com a boca aberta, sem saber o que dizer. 'Sinto muito' não pareceu adequado de se dizer, apesar de eu realmente sentir muito.
Então permaneci calada, deixando a novidade adentrar em meu cérebro, depois de alguns minutos em silêncio, refletindo, entendi a complexidade daquela novidade. Hera é minha companheira, se ela for nomeada Suprema, eu também serei. Abracei minhas próprias pernas e encostei minha cabeça em meus joelhos.
- Imaginei que você também não ficaria feliz com a notícia. - A amargura em sua voz foi óbvia.
- Mas... Ele vai ficar bem certo? Quer dizer...
- Aumentei a Guarda ao redor dele, e estou treinando ainda mais pessoas para entrar na equipe, no que depender de mim, não vou deixar ninguém chegar perto dele. - Relaxo, aliviada. Hera é uma excelente Líder, e sua reputação como guerreira, e Líder da Guarda é conhecida por todos, se ela diz que o Supremo vai ficar bem, ele vai ficar.
- Bom, então não temos muito com que nos preocupar, não é? - Ela não responde. - Qual é o problema? - Seu olhar misterioso foi indício de que nem tudo estava bem.
- Ainda não sabemos quem é o infiltrado, desconfiamos de alguém e estamos observando, mas até agora nada comprovou nossa suspeita. Tudo indica ser alguém que convive conosco, mas ainda não temos nenhuma pista de quem possa ser, aparentemente, esse infiltrado sabe que estamos tentando descobri-lo, e isso complica tudo, esse espião, pode por tudo a perder, não sabemos o quão próximos de nós ele é, e isso é um risco, não podemos prever seus passos.
Uma vontade imensa de poder ajudar se apoderou de mim, no entanto, o que eu poderia fazer? Se nem mesmo Miranda descobriu quem é o intruso, como eu poderia ajudar?
Mais tarde nessa mesma noite, me deitei pensando nos diversos problemas, e em nenhum deles me senti capaz para ajudar com algo.
~*~
Abri os dedos dos pés na grama verde e molhada pelo orvalho, estranhei a sensação de paz que o lugar me trouxe. Uma neblina intensa impediu que eu conseguisse enxergar onde estava, a única coisa visível para mim é meu próprio corpo, e a grama debaixo dos meus pés. Um vestido branco, quase transparente com um decote enorme em meus seios, minha pele arrepiou quando o vento frio bateu em meu corpo, e pude sentir as gotículas de água na intensa neblina, molhando meus cílios e rosto.
Olho ao redor, confusa.
" Que tipo de sonho é esse?"
Caminho devagar para a direção que achei mais adequada, e após alguns minutos andando, sem enxergar nada a minha frente, o som de água corrente alcançou meus ouvidos. Segui o som, e depois de mais alguns minutos andando, me deparei com um rio gigantesco. A água do rio é escura, e sua correnteza carregaria uma casa pela força que tem, por isso, não me aproximei da borda, é um rio perigoso.
- Você veio. - Me assusto. Olho ao redor, procurando a dona da voz, mas a neblina me impediu de ver qualquer coisa. Me afastei do rio, achando mais sensato não ficar tão próximo a ele sem saber quem é a pessoa me observando.
- Quem está ai? - Pergunto, olhando ao redor, ainda sem poder enxergar nada. A mulher misteriosa não responde, e fico mais preocupada. - O que você quer?
Como mágica, vi a neblina ser empurrada em uma direção ao rio, deixando um grande campo gramado a vista.
- Disse que tentaria falar com você não foi? - Me viro abruptamente, me deparando com a bruxa da floresta, Aliandra. Dessa vez ela não usa uma capa, usa somente um vestido branco, igual ao meu. Suas tranças afro castanhas escuras caem ao redor do seu rosto a deixando com uma aparência menos perigosa e mais etérea.
- Que lugar é esse? - Ela sorri.
- Não importa, não agora. Não temos muito tempo, por isso precisamos ser rápidas.
- Para quê? - Dou um passo para trás, desconfiada.
- Lorena. - Aliandra se aproxima, e segura minhas duas mãos entre as suas, gesto que achei íntimo demais, por isso me afastei. - Você sabe, você sente, eu não sou um risco, nem para você, nem para seu povo, por isso, por favor, acredite em mim, confie na sua intuição.
- O que você quer?
- Você está relacionada com a guerra de alguma forma, acredito que talvez, você possa unir nossos povos. - Contive a vontade de dizer "já ouvi essa história antes".
- E como eu faria isso? Se é que realmente posso fazer isso. - O Olhar de Aliandra se torna esperançoso e um sorriso contido escapa de seus lábios cheios e bem delineados.
- Minha Rainha não acredita que exista uma híbrida, meia lycan e meia bruxa, por isso, gostaria de levar você até ela.
- Isso não vai fazê-la mudar de ideia sobre a guerra. - Ela pressiona os lábios, tensa.
- Provavelmente não, mas estou preparando um discurso para fazer para ela, vou afirmar que Gaia te criou para esse propósito, para que nos unamos ao invés de lutarmos.
- Também acredito que isso não é suficiente para convencê-la.
- Talvez não, mas preciso saber, seu Alfa está disposto a dar trégua se por acaso minha Rainha também estiver?
- Ele está, ela está? - Aliandra sorri.
- Vai estar. Vamos marcar uma reunião, seu líder com a minha Rainha, para conversarem, de início posso alegar para ela que é para discutir sobre você, ela quer te conhecer apesar de alegar não acreditar que você exista. E no momento da reunião podemos tentar induzi-los a oferecer trégua, para que você possa conhecer seu lado bruxa. Com esse pretexto podemos adiar pelo menos a guerra entre lycans e bruxas.
- E depois? Isso não vai durar para sempre.
- Não vai, mas vamos por partes. Você acha que consegue falar com seu líder para marcar um encontro com minha Rainha, sem ataques?
- Consigo. - Aliandra sorri.
- Ótimo. Vou falar com minha Rainha, e entro em contato com você de novo para combinarmos o local e dia.
Estou prestes a respondê-la quando abro os olhos, me deparando com o teto do quarto.
"Estou de volta."
Me sento na cama, enérgica. Com uma rápida olhada vejo Hera dormindo ao meu lado. A luz da rua entrava pela varanda deixando o quarto um pouco iluminado.
- Tudo bem? - Hera pergunta de repente, me assustando. Com o coração a mil, a respiração acelerada como se tivesse corrido uma maratona, repassei o sonho repetidas vezes na cabeça, desconfiada que fosse somente algo da minha cabeça, que estou tão desesperada para ver o fim desses ataques que imaginei tudo.
"Não, isso não foi um sonho qualquer."
- Conversei com a bruxa. - O corpo de Hera se enrijeceu na cama instantaneamente, ela se senta me inspecionando com o olhar, a procura de algo.
- Estou bem. - Tento controlar a respiração, mas a animação que começou a crescer em mim com a possibilidade de uma provável trégua entre as espécies, só aumentou a cada segundo, soube que Hera estava sentindo o turbilhão de sentimentos em mim, pois ela arqueou uma sobrancelha, em questionamento. Seu olhar desconfiado me inspecionou mais uma vez. - Ela quer marcar uma reunião entre o Supremo e a Rainha dela, para propor uma trégua.
A boca de Hera se abre. Ela dá um pulo da cama, e veste uma calça que estava jogada pelo quarto.
- Se arruma. Vamos acordar o pessoal. - Sem esperar minha resposta ela sai do quarto, e eu me levanto entusiasmada em busca de um roupão para me cobrir.
~*~
Amanheceu, e todos estávamos na sala de estar discutindo os prós e contras do possível encontro com a Rainha bruxa, e retornamos ao quarto para dormir quase na metade da manhã. Mesmo durante a madrugada Miranda foi chamada a casa do Supremo, assim como Lucas e Luís.
Todos ficamos acordados na sala de estar procurando qualquer indício de armadilha em tudo o que Aliandra havia me dito, no entanto, mesmo sendo muito arriscado, o Supremo concordou em encontrar a Rainha bruxa na floresta, perto da alcateia, durante o dia, e com toda Guarda Real e mais alguns que foram escalados por Luís e Hera.
Quando a reunião terminou, Hera e eu voltamos para o quarto, me surpreendi em constatar o quanto uma reunião - onde passei a maior parte do tempo sentada - pode ser tão cansativa, mesmo assim, a possibilidade de uma possível trégua me deixou tão animada, que tenho certeza que não dormirei tão rápido por conta da ansiedade.
- Posso sentir sua animação. - Hera diz com um pequeno sorriso no rosto.
- E não posso estar? Se isso funcionar podemos ter trégua da parte das bruxas, isso já é um avanço. - Digo, aproveitando a sensação de alívio que a notícia me causou.
- Sim, concordo com você. - Hera se aproxima, parando a uma distância muito curta, senti seu hálito em meu rosto, e ficamos paradas ao lado da cama, encarando uma à outra.
Ela se aproxima mais, seu peito encosta no meu, e seus braços passam pela minha cintura, colando nossos corpos. Sinto um friozinho na barriga, um sorriso modesto se forma em meus lábios. Olho para os incríveis olhos de Hera, que ora estão mais verdes e escuros, e ora estão completamente claros e amarelados. Lindos.
- Parece que minha companheira pode ter salvado o dia, de novo. - Ela põe uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha.
- Isso te incomoda. - Ela ri.
- Não, nem um pouco. - Nossos rostos se aproximam e nossos lábios se tocam, num beijo calmo, um beijo lento, que não demora para se aprofundar e se tornar mais lascivo.
Enquanto nos beijamos, Hera me empurra em direção a cama, sinto suas mãos passando em meu corpo, apertando certas partes com intensidade.
"Caramba... preciso tanto disso..."
Inclino minha cabeça para trás enquanto Hera deposita beijos em meu pescoço, descendo até o vale dos meus seios. Quando caímos na cama desajeitadamente, ela interrompe os beijos de repente e a olho confusa.
O clima excitante some quando vejo a expressão tensa em seu rosto.
- Qual o problema? - Seu olhar avalia meu rosto lentamente, ela engole em seco e sai de cima de mim sem responder, procuro seu olhar, nervosa, muito nervosa. - Hera?
Ela me encara negando com a cabeça.
- Não foi nada, só... Vamos descansar agora, ok? - Chocada demais com sua resposta e com sua atitude, apenas observo ela entrar no banheiro, fechando a porta num baque surdo.
A confusão foi sendo substituída por vergonha, e não demorou muito para virar raiva. Com as duas mãos na testa, o olhar fixo no piso do quarto, procurei em minha mente qualquer coisa que explicasse o motivo de Hera ter agido daquela forma, e após bons minutos refletindo - minutos em que ela permaneceu no banheiro -, não descobri nada que justificasse. O efeito do dia no meu corpo pareceu se intensificar com o ocorrido, por isso, me deitei mole na cama, me sentindo cansada não só fisicamente como psicologicamente.
Em minha mente, tentei com todas minhas forças não dar ouvidos as vozes em minha cabeça, me insultando e xingando, e foi durante esse esforço que peguei no sono sem nenhuma dificuldade.
Mesmo sendo dia, e não tendo dormido durante a noite, acordei quatro horas depois, Hera não estava na cama quando acordei, inevitavelmente me lembrei do acontecido antes de ir dormir, e tentei não me martirizar por isso. Tentei.
Numa viagem rápida a cozinha descobri que Hera não estava em casa, assim como o Supremo e os outros. Anna estava no próprio quarto, mas não me incomodei em ir vê-la, a última coisa que quero é conversar com minha sogra sobre o que aconteceu entre mim e a filha dela.
Dessa forma, passei duas horas enfurnada no quarto, deprimida, repassando repetidas vezes em minha cabeça o ocorrido, sem entender o motivo daquilo. Depois de pelo menos duas horas me atormentando, liguei para Bruno e o convidei para treinar comigo, Lia não havia atendido o celular, e eu não estava com paciência para insistir ou explicar meu mau-humor, Bruno, pelo menos, não fará perguntas.
Não muito tempo após tê-lo chamado, ele aparece na mansão, e me encontra chutando o saco de boxe.
- As vezes, acho que você me vigia secretamente, por isso sabe os meus dias de folga. - Ele joga sua mochila com estampa do exército no chão da sala de treino e retira duas luvas de dentro dela, as calçando. Bruno se aproxima e se posiciona com as mãos erguidas. - Sem conversa hoje? - Nego com a cabeça e ele acena para que eu comece, sem pensar duas vezes passo a disferir golpes em suas mãos enluvadas.
Hera é a primeira pessoa que me envolvo a longo prazo, meus curtos casos nunca passaram de um dia e uma noite, por isso, a sensação incômoda de desespero cresce a cada minuto que me lembro do "ocorrido". Nem mesmo o treino pesado está me ajudando a espairecer. Me senti vazia, como se tivéssemos brigado, quando, na verdade, a coisa foi uma rápida troca de palavras, e uma atitude sem sentido. Não estamos brigadas, mas por que sinto o contrário?
"Preciso relaxar, é o meu primeiro relacionamento, talvez por isso esteja com essa sensação de que meu coração foi arrancado do peito."
Depois de algumas horas treinando sem pausa, paramos para que Bruno descansasse, diferente dele, eu não comecei a suar, enquanto ele tinha a parte frontal da regata que usava toda ensopada de suor. Sem ter nenhuma noção de horas, me sentei no chão, mais ofegante por costume do que por cansaço, minha mente a todo momento pensando em Hera. Por que daquilo? Por que não me contou o motivo de ter agido daquela forma? Eu fiz algo errado? Contenho um suspiro resignado.
"Estou sendo tão ridícula. Somos adultas, temos que sentar e conversar, como adultas."
- Cansada? - Bruno também se sentou no chão e passou a massagear os pulsos, ele veste uma regata e um short usado para treino. A falta da farda cinza cobrindo cada parte do corpo evidenciou ainda mais seus músculos e seu corpo malhado.
- Na verdade, não, estou com sono para falar a verdade, não dormi direito essa noite. - Seu olhar curioso me avalia, ele quer saber, mas respeitou meu espaço e não fez perguntas. Ficamos em silêncio por um tempo, e Bruno passou a olhar as notificações do celular. Decidi expor o que está me incomodando sem entrar em detalhes.
- Quando você e à Carla brigam, como fazem para se resolver? - Seu olhar se fixou em mim por tempo suficiente para eu saber, que ele agora entende o motivo do meu estresse. Bruno e eu nunca conversamos sobre brigas e relacionamentos, nunca precisamos, ele era o único entre Lia e eu que tinha um relacionamento sério, por isso, Lia e eu nunca nos interessamos por esses assuntos.
- Carla é bem... esquentadinha. - Ele ri. - Quando brigamos fico um pouco afastado para acalmarmos os ânimos, essa é a melhor dica que te dou no momento: não tente resolver as coisas no momento da raiva, as chances da situação piorar são maiores do que melhorar. - Quis fazer outras perguntas, mas não tinha como fazê-las sem contar o que aconteceu, coisa que não farei apesar de querer desabafar com alguém sobre o "ocorrido".
- Entendi.
- Sabe que pode falar comigo sobre essas coisas, não é? Não peça conselhos sobre isso para Lia, ela não sabe nada de relacionamentos. - Reviro os olhos, sorrindo.
- Você acha que eu não sei?
~*~
Quando entrei no quarto já havia anoitecido, meu corpo não estava mais pesado como esteve durante o dia, e soube ser por causa da noite.
- Maldição. - Pensar que meu relógio biológico está mudando não me agrada, contudo, não me resta mais dúvidas de que é realmente devido minha parte vampira.
Quando me deitei para dormir um latejar persistente em minha têmpora direita começou. Hera ainda não havia chegado, minha raiva por conta do ocorrido parecia aumentar ao invés de diminuir, para minha sorte, Bruno trouxe uma cartela nova de comprimidos. Tomei três comprimidos, confiante de que meu novo organismo é mais resistente a remédios, afinal, ele é resistente em todos os outros quesitos, por que não nesse?
Adormeci antes que Hera voltasse.
Fim do capítulo
Oq será q aconteceu eim? Qual a teoria d vcs? ??‘???‘???‘? Me contem...
Espero q tenham gostado do cap, mais uma vez: Esse cap foi revisado só por mim, então desculpem os erros, e podem flr aí se verem algum ><
Curtam e comentem! Amo os comentários de vcs, e as curtidas me incentivam muito! ♥?♥?
Fiquem bem! Se cuidem e até Quarta! ??’???????????’?
Comentar este capítulo:
biaconex
Em: 24/07/2021
como vc pediu para, se enxergassemos algum erro de pt, avisar. ei-lo: Depois de algumas horas treinando sem pausa, paramos para que Bruno descansasse, diferente dele, eu não comecei a soar (suar).
A história está mesmo muito boa...mal posso esperar para ver Lorena em ação usando seus poderes.
Obrigada
Resposta do autor:
Muito OBRIGADAAAA por avisar! <3
Vou arrumar!
Fico feliz q esteja gostando da história >< Espero q esteja t entretendo de uma boa forma ><
Sobre a Lorena usar os poderes: Talvez logo, logo... ><
HelOliveira
Em: 19/07/2021
Eu to muito curiosa pra saber o pq Hera arregou....mas não consigo imaginar o se seja..
Já estava pensando capítulo tranquilo aí aparece isso... será que ela viu a bruxa além Lorena
Resposta do autor:
Era p ser um cap tranquilo msm, mas surgiu uma questão da Hera q vc vai entender logo ><
Sobre ela ver a bruxa além da Lorena: adianto q não foi isso kkk ><
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Marta Andrade dos Santos
Em: 18/07/2021
Oxe Hera arregou kkkk acho Lorena exagerou nos compromidos.
Resposta do autor:
Arregou! kkkk Mass vamos saber o pq logo ><
Lorena abusa demais da sorte msm
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Crika
Em: 18/07/2021
Mais será possível? Quase um livro todo pra rolar algo entre elas e me aparece essa...nunca vi um casal que são companheiras sem nem uma intimidade, que me lembro rolou uma única vez, e agora essa...eu em...kkkkk
Resposta do autor:
Nesse universo ser companheiras de alma não significa intimidade, a intimidade é algo que elas vão conquistando aos poucos como um casal normal na vida real >< Por isso está demorando um pouquinho kkk No Próximo cap vcs vão saber o pq da atitude da Hera, isso tbm vai explicar pq só transaram uma única vez até agr ><
Qro saber sua opinião quando souber eim ><
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