Capitulo 28 - Assumindo a felicidade
Eu não imaginava que a minha vida mudaria tanto em tão pouco tempo. Em menos que quinze dias eu conheci a Aline, me apaixonei por ela de forma arrebatadora, e agora estava sentada na sala da casa dela, esperando ela descer para irmos a festa da sobrinha dela. Como a festa seria na área da piscina, todos iriam a vontade, então escolhi um short jeans claro, uma camiseta bem leve com estampadas floridas e um tênis. Obviamente eu estava muito nervosa, levantava, sentava, levantava e andava pela sala, as mãos estavam geladas e eu me perguntava se seria uma boa ideia ir a aquela festa com a Aline. Tinha acabado de sentar pela milésima vez, e estava que cabeça baixa, quando ouvi os passos dela descendo a escada, e no automático eu levantei e fui na direção dela, que estava simplesmente linda.
Ela vestia uma mini saia branca, uma bata branca com detalhes flores num tom rosa claro e usava uma sandália prata trançadas até a metade das pernas, um ray bam prateado e o cabelo estava preso quase no topo da cabeça.
_E aí, como estou? _perguntou dando uma voltinha.
_Linda, perfeita! Não sei como consegue ficar tão linda até mesmo com roupas tão simples.
_Você é que tá uma gata, essas coxas nesse short, dá vontade de ficar em casa.
_Nem pensar mocinha, tem uma princesa esperando você, mas antes quero um beijo...
Antes que eu terminasse a frase, Aline me abraçou, colocando os braços em volta do meu pescoço e beijando a minha boca de forma deliciosa. Por mim eu faria amor com ela ali mesmo naquele sofá. Mas tínhamos uma batalha para enfrentar, e aos poucos fui finalizando o beijo.
_Borrei todo o seu batom_ Falei tentando limpar.
_Foi por uma ótima causa.
_Quer que eu vá pegar o batom no quarto?
_Não, eu trouxe comigo, já sabia que você não iria resistir _falou piscando o olho.
Ela foi na direção de um espelho que ficava no canto da sala, e se inclinou um pouco para colocar o batom. Foi ai que eu percebi que a saia era bem curta, mesmo não sendo tão ciumenta iria ficar de olho, mesmo sendo uma festa de criança, sempre aparecia algum engraçadinho.
_Curta a sua saia...bonita, mas é curta.
_Ciúmes? Relaxa sou completamente sua, e tem um short por baixo
_Como vamos levar os presentes, é perto mais pesa muito_ mudei completamente de assunto para tentar disfarçar o ciúmes que eu nem sabia que tinha.
_Se você lembrou de colocar a bateria pra carregar, vamos controlando até lá. Ela vai ficar radiante quando entrarmos com ele.
_Vamos então.
Antes de abrir o portão de acesso, era possível ouvir as músicas infantis, as crianças brincando, e vozes de adultos. Pela movimentação, não deveria ter muita gente, mas mesmo assim eu estava apreensiva. Aline abriu o portão e passou enquanto eu tentava controlar o carrinho, depois que passamos e já estávamos dentro da casa do Dr. Igor, percebi que as duas casas eram praticamente iguais , pelo menos por fora. A piscina e área de lazer era posicionadas da mesma forma, ou seja passamos pela área de lazer da casa da Aline e quando abríamos o portão já tínhamos a visão da área de lazer da casa do Dr. Igor, a única coisa que separava era o muro. A área da piscina também era devidamente cercada por causa das crianças , o espaço era o mesmo e só mudava a decoração.
Entramos lado a lado, e de cara já despertamos a atenção de alguns adultos, e logo vi uma loira muito bonita se aproximando.
_Tem alguém ansiosa, já perguntou varias vezes por vocês.
_Eu já imaginava, creio que já sabe por que demoramos. Bom, essa aqui é a Nicole, engenheira da construtora e minha namorada.
_Prazer, sou a Fernanda, esposa do Igor, bem vinda a família.
_Obrigada Fernanda, desculpa ter vindo como acompanhante.
_Pelo que eu fiquei sabendo. você foi convidada pela minha filha, parece que ela gostou de você.
_Que bom, ela é uma graça.
_Bom, sintam-se em casa, e não se preocupe com o Igor, ele logo se acostuma, e contem comigo.
_Parabéns, vocês formam um lindo casal. Cuide bem dela Nicole, essa moça merece ser feliz.
_Quanto a isso não se preocupe.
Quando a Fernanda saiu para dar atenção as pessoas, eu finalmente me sentia mais relaxada, e saímos a procura da aniversariante, que segundo a mãe, estava brincando com os amigos no parquinho.
_Tia nina!!!_ a pequena quando nos viu veio correndo e quase derrubou a Aline quando se jogou nos braços dela, que tinha se agachado para poder abraçar ela.
_Parabens meu amor, quer ver seu presente agora ou deixa pra depois.
_Vamos tia !!_ E já saiu puxando a Nicole pela mão.
_Um carro de princesa cheio de glitter, que lindo.
_Acho que acertamos no presente _ Falei enquanto Aline ensinava ela a andar sem precisar de controle.
Ficamos um tempo dando atenção a Vitória, quando um garoto de aproximadamente oito anos se aproxima.
_Oi_ ele falou um pouco tímido.
_Olá, você deve ser o Gabriel.
_Sim, você é amiga da minha tia.
_Sou, e também trabalho com o seu pai. Nós trouxemos algo pra você. Espero que a sua mãe não fique brava.
_Nossa, pedi a ela de presente de Natal esse vídeo game.
_Então acertamos?_ falei passando a mão na cabeça dele.
_Muito, esse vídeo game é irado, me ajuda a instalar.
_Claro deixa só eu avisar a sua tia.
Avisei a Aline que iria ajudar o Gabriel a instalar o vídeo game, e ela abriu um sorriso, que eu só entenderia mais tarde. Ele me levou pra uma sala de vídeo e começamos a instalar. Perdi a noção do tempo, até que escutei a porta abrindo e Aline entrou.
_E aí, podem parar um pouco, vamos cantar os parabéns.
_Desculpa, nem percebemos que já tinha passado tanto tempo.
_Aproveitei pra ajudar a Fernanda, vamos?
Nos juntamos ao restante das pessoas, cantamos os parabéns e quando eu tentei me afastar um pouco, Vitória veio me chamar para tirarmos uma foto, eu ela e Aline. O Igor nem tentava disfarçar quando olhava pra mim, algumas pessoas olhavam para nós com cara de espanto, outras nem tanto, e assim a festa seguiu. Aline não saiu do meu lado um só momento, me apresentou alguns amigos, e aos parentes da Fernanda, inclusive um rapaz que foi até um pouco inconveniente, e nem tentou disfarçar que era a fim da Aline. Mesmo que não tenhamos agido como namoradas, até mesmo porque o ambiente não cabia, mas era nítido que estávamos juntas, a forma como Aline me tratava, o meu cuidado com ela, deixava isso bem claro.
Quando a maioria das pessoas, já tinham ido embora, nós estávamos sentadas próximo da piscina, conversando com o Gabriel e com a Vitória, vejo o Igor se aproximando.
_Nicole, podemos conversar no meu escritório?
_Igor, por favor!_ Aline tentou intervir.
_Pode deixar meu anjo, está tudo bem.
Levantei e acompanhei ele até o escritório, sendo seguida pelo olhar preocupada Aline. No escritório, ele indicou um a cadeira para que eu sentasse, e se dirigiu a uma mesa onde tinha algumas garrafas de whisky.
_Aceita um whisky?
_Obrigado, não estou bebendo.
_Bom, eu quis ter essa conversa pra tentar entender o que está havendo entre você e a minha irmã. Até outra dia ela era hetero, e do nada ele aparece com essa novidade sem cabimento de estar namorando uma mulher.
_Dr. Igor, ela já deve ter contado como tudo aconteceu, mas eu não me incomodo. Nos conhecemos na obra, apesar de ter evitado muito, acabei me apaixonando por ela. Conversamos, ficamos e agora estamos namorando.
_Você já tinha ouvido falar da minha irmã, da minha família?
_Não. Mandei meu currículo, que foi selecionado, fui aprovada em todo o processo seletivo sem nunca ter visto a Aline.
_Você tem noção do quanto ela sofreu na mão do canalha que ela namorou? Tem noção de que ela vai ser apontada, julgada e sofrer preconceito.
_Dr. Igor, eu gosto da sua irmã, jamais faria ela sofrer. Ninguém mais do que eu sabe o que é preconceito, mas se ela realmente quiser ficar comigo, nunca soltarei a mão dela. E antes que eu esqueça, estou pouco me importando se ela tem dinheiro ou não, da mesma forma que ela sabe que eu não tenho a vida que ela tem, eu sei que serei julgada vinte e quatro horas por dia por não ter a grana que ela tem, mas vou passar por cima de qualquer coisa para ficarmos juntas e fazer ela feliz.
Despejei tudo em cima dele de uma só vez, não dei tempo dele falar mais nada, sai e fui a procura de Aline, agora eu entendia a expressão “tirar um peso das costas”, finalmente estava pronta pra enfrentar o mundo ao lado dela.
_Oi meu anjo! Quer que eu te ajude a colocar ela na cama. _Falei quando vi Vitória dormindo no colo dela.
_Por favor amor, ela tá pesada demais.
_Vai na frente_ mais uma vez ela me chamava daquela forma, mas antes eu achei que foi por causa do sono.
Deixamos Vitória na cama, ela já havia tomado banho, e parecia finalmente relaxar, o Gabriel provavelmente também já estava dormindo. Saímos do quarto, descemos a escada e encontramos a Fernanda organizando a bagunça.
_Quer ajuda cunhada_ Aline falou quando a vimos.
_Não precisa, amanhã as meninas arrumam tudo, e eu estou exausta, o dia foi cansativo.
_Nós vamos pra casa, amanhã o dia vai ser longo.
_Fernanda, obrigada por tudo, a festa estava linda, desculpa por qualquer coisa.
_Não se preocupe vai ficar tudo bem, contem comigo.
_Te amo cunhada _Aline falou dando um beijo na Fernanda.
Voltamos pra casa em silêncio e de mãos dadas, a Aline parecia bem tranquila, mas eu sabia que ela estava apreensiva por causa da minha conversa com o irmão dela, e eu tinha a sensação de que tínhamos virado uma página em nossas vidas, e mesmo prevendo que nosso relacionamento não seria sempre uma calmaria, eu estava feliz por ter ela do meu lado, e orgulhosa por ela ter se posicionado de forma tão segura, não foi a toa que eu me apaixonei por ela.
_
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 16/07/2021
Força!
Resposta do autor:
Essa é a palavra...força.
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