POV PETRA 

 

Eu não estava feliz com os últimos acontecimentos, perder para Jaciara na audiência me deixou sem chão, mas eu tinha que me manter firme, para dar todo o apoio necessário para Mariana, mas acontece que quando uma coisa começa dar errado todas as outras começam a sair dos eixos também. Eu achei que estávamos tentando nos acertar, principalmente depois do quase beijo ontem, se não fosse por Malu entrando no quarto, com certeza aquele beijo teria acontecido. Eu queria uma oportunidade melhor pra conversarmos sobre o ocorrido, eu estava tentando introduzir o assunto quando Andrea mandou aquela mensagem. Mari subiu sem me dar mais nenhuma palavra e eu tenho certeza que ela se magoou com o conteúdo da mensagem. Sentei no sofá e passei as mãos no cabelo em negação. 

Peguei minhas chaves e sai, precisava esfriar minha cabeça e resolver meu problema com Andrea. 

 

Rodei pela cidade tentando colocar a cabeça em ordem, queria saber em qual momento eu deixei minha vida sair dos trilhos assim?

 

Flashback on:

 

Hoje estava completando um ano que Mariana e eu estávamos casadas oficialmente, morávamos juntas, compartilhávamos nossos sonhos e planos para o futuro. Ela estava perto de se formar, e eu tinha arrumado um emprego em um restaurante renomado, nossa vida era um verdadeiro sonho, mas parecia faltar algo e havia algum tempo que eu vinha pensando em aumentar nossa família. 

 

Mariana chegaria tarde da faculdade, mas mesmo assim eu preparei uma supresa pra comemorarmos nosso primeiro ano de casamento. Fiz um jantar romântico, espalhei pétalas e velas pela casa, coloquei as musicas que ela gostava e fiquei aguardando ela chegar. 

 

-Cheguei amor! —Ela abriu a porta e parou quando viu a arrumação que preparei. —Petra, o que é isso tudo? 

 

Ela tinha uma expressão surpresa, e não entendia o que estava rolando. 

 

-Você esqueceu né? —Na mesma hora ela colocou a mão na testa e balançou a cabeça. 

 

-Amor, me perdoa! —Mari correu e me abraçou. —Não acredito que esqueci nosso primeiro ano. 

 

-Gatinha, está tudo bem! —Segurei seu rosto e dei um beijo casto. — Você anda preocupada com o fim do semestre, e eu quis preparar algo pra te distrair. 

 

-Você é o amor da minha vida sabia? —Demos mais alguns beijos e ela pediu que eu esperasse ela tomar um banho rápido.

 

Mari não demorou para retornar e sentamos pra jantar, fiz o prato preferido dela e escolhi um vinho que combinasse com o momento. Conversamos sobre a faculdade, falei sobre o restaurante, mas eu ainda queria falar sobre o sentimento que anda presente em meu coração, eu estava com muita vontade de ser mãe. 

 

-Amor, estou me sentindo culpada por ter esquecido nosso dia. —Ela fez uma carinha e eu fiz um carinho em sua mão e levei aos meus lábios dando um beijo suave. 

 

-Nosso dia é todos os dias gatinha, todo dia eu agradeço por ter você aqui comigo. —Mariana me presenteou com um sorriso lindo. —Eu ando pensando muito sobre uma coisa. 

 

-Em que amor? —Era uma ideia louca, Mari ainda estava se formando, tínhamos uma vida estável, mas ela era insegura sobre o futuro. 

 

-Eu acho que poderíamos aumentar nossa família. —Mari me olhou confusa. —Eu quero ter um filho com você. 

 

-Um filho? — Ela perguntou e eu acenei com a cabeça. 

 

-Eu sei que você anda preocupada com o futuro, mas eu tenho certeza que você será uma advogada excelente e com um futuro brilhante. 

 

-Petra, eu quero muito ser mãe de um filho nosso. —Ela se levantou e se sentou em meu colo. —Mas  eu acho que podemos esperar mais um pouco, eu quero me formar, conseguir um emprego melhor, podemos arrumar um apartamento melhor. 

 

Ela falou e me deu um selinho rápido, ela dizia olhando dentro dos meus olhos, e apesar de querer muito ser mãe, Mariana tinha razão. 

 

-Nós vamos ter uns quatro filhos, mas vamos esperar mais um pouquinho? —Suspirei e concordei com a cabeça. —Não fica brava. 

 

-Eu não estou brava, eu entendo seu ponto de vista. —Tentei me levantar, mas ela me impediu. 

 

-Me beija pra provar que não está brava. —Mariana sorriu sapeca e eu não resisti.

 

A beijei com suavidade, minhas mãos segurava eu cintura, e as mãos dela me segurava pela nuca. 

 

-Me leva pro quarto? Pensei em um presente pra você! —Mariana sussurrou no meu ouvido e deu uma mordida logo em seguida. 

 

Me levantei com ela em meu colo e a levei ao nosso quarto. Mariana tinha o dom de me convencer as coisas. 

 

Flashback off:

 

Sai dos meus pensamentos quando Andrea permitiu que eu subisse, precisava resolver minha vida, eu não podia viver nessa bagunça. 

 

-Oi. —Ela sorriu e me deixou passar. —Que bom que veio.

 

-Oi. —Sorri sem graça. —Será que podemos conversar? 

 

-Claro, senta. —Ela apontou pro sofá e eu me acomodei. —Aceita um café? Suco? 

 

-Não, eu estou bem! —Iria direto ao ponto. —Andrea, acho que não é justo eu alimentar suas expectativas, aquele dia eu fugi do seu beijo, pois eu não sabia se era certo o que fizemos, e agora que eu voltei pra casa, pra lutar pela guarda do Zé, eu tenho certeza de que o que fizemos não é certo. 

 

-Petra... —Ela tentou me interromper, mas eu tinha que falar. 

 

-Eu gosto muito de você, mas o que posso te oferecer é apenas minha amizade, você me deu muito apoio nesse período todo, mas não seria justo te deixar criar expectativas de algo que não vai acontecer. Me desculpe Andrea!

 

-Petra, eu confesso que criei sim expectativas, afinal você é uma pessoa muito apaixonante. —Ela sorriu de lado. —Mas eu entendo que você e sua esposa tem uma história, e eu não quero ficar no meio disso. Mas se algum dia você estiver disponível e eu também, não deixe de me procurar. 

 

Andrea era uma ótima companhia, me tirava boas risadas, tínhamos gostos semelhantes, mas não era ela quem tinha meu coração. Ficamos conversando mais um pouco até que me despedi e fui pra casa. A primeira atitude certa tinha sido tomada. 

 

O resto da semana passou devagar, Mariana nem ao menos olhava pra mim, conversamos apenas sobre Malu e nada mais, ela estava triste e magoada e eu tinha uma parcela de culpa. O sábado amanheceu ensolarado e quando eu levantei notei que estava sozinha em casa, não havia sinal de Malu e nem de Mariana, desci para a cozinha e encontrei um convite em meu nome, ela já havia mencionado sobre o encontro dos associados que o chefe dela promovia todo ano em seu resort, mas pelo visto ela tinha ido sem mim. Tomei meu café da manhã sozinha e Liguei pra Julia, não queria ficar em casa. 

 

-Bom dia gata, já tomou café? —Fernanda me recebeu alegremente. 

 

-Já sim, obrigada Fê! —Me sentei e começamos um papo animado. 

 

Júlia e Fernanda eram meu casal preferido, as duas tinha muita história juntas e amava nossa amizade. Não tínhamos segredos e com isso acabei contando que estava chateada por Mariana não ter me convidado para ir com elas. 

 

-Que engraçado, me lembro dela convidar você todos os anos, e você nunca poder ir. —Júlia não deixava barato, ela sempre me dava uns sacodes de realidade. —Você sempre estava presa naquele restaurante. 

 

-Agora é diferente. —Tentei argumentar. 

 

-Não tem nada de diferente, ela apenas se cansou. —Fernanda olhou pra mim e concordou. —Vocês duas são tão cabeçudas, uma hora dessa era pra você estar lá ao lado da sua esposa e da sua filha, talvez até com o José, mas vocês duas complicam tanto. 

 

-Acho melhor eu ir embora. —Me levantei e Julia balançou a cabeça. 

 

-Pê, você não tem o convite? —Balancei a cabeça e Fernanda continuou. —Vai atrás dela, as vezes Mariana só está esperando uma atitude sua. 

 

-Eu não sei Fernanda, se ela quisesse minha companhia teria me chamado. 

 

-Está vendo amor, essa aí é uma cabeça de pedra. —Julia disse levemente irritada. 

 

-Pensa com carinho, ainda está cedo. —Fernanda era o ser humano mais paciente do mundo. —Tenho certeza que sua filha e sua esposa vão gostar da surpresa. 

 

Eu não queria admitir, mas Julia tinha razão. Mariana me convidava todos os anos, mas eu sempre tinha o restaurante em primeiro lugar, e isso era um dos grandes motivos para estarmos nessa situação. Fui pra casa e fiquei pensando se devia ir até o resort. Estava sentada no sofá e meu celular apitou uma nova mensagem, era o gerente do restaurante pedindo que eu chegasse mais cedo, pois hoje o restaurante estava lotado e muitas reservas estão sendo feitas. Não respondi a mensagem, bloquei o celular e fui me arrumar. 

 

Por sorte, consegui uma carona com Gabi e em poucos minutos ela estacionava na recepção de um resort incrivelmente lindo. Eu estava um pouco nervosa, com medo de Mariana odiar minha atitude, mas eu estava precisamos me arriscar mais.

 

-Petra, esse lugar é incrível. —Gabi deu nosso nome da recepção e logo fomos entrando. —Eu não sei como você nunca veio aqui.

 

-Estou me fazendo a mesma pergunta! —O lugar era incrível, muito arborizado, a parte dos chalés era mais em cima, e na parte lateral havia varias quadras, as piscinas ficavam mais abaixo. Entramos sendo guiadas por um funcionário e logo um velho baixinho se aproximou. 

 

-Gabi, que bom que veio. —Ele abraçou  Gabriela e se virou pra mim. 

 

-Olá Dr. Manolo, esse é o evento mais esperado do ano, não podia perder. —Sorrimos e ele me estendeu a mão. —Essa é Petra, esposa da Mari. 

 

-A famosa Petra? —O velho me puxou pra um abraço caloroso. —Já te conheço de tanto Mariana falar de você menina, e já até fui ao seu restaurante. 

 

-Muito prazer Dr. Manolo. —Sorri sem graça. 

 

-Me chame só de Nolo, sem formalidades por aqui. —Concordei com a cabeça e o homem continuou. —Eu era doido pra conhecer você, mas imagino que o trabalho ocupa muito seu tempo. Fico feliz em tê-la aqui e espero que se divirtam-se.

 

Agradecemos e ele foi cumprimentar outras pessoas. Ele era uma figura e Gabi ria do jeito espalhafatoso do homem. 

 

Andávamos pelo jardim na esperança de encontrar Mariana, eu ainda estava receosa pela reação dela, mas mesmo assim eu iria tentar. Olhávamos por todo canto até que ouvi uma vozinha um tanto conhecida. 

 

-Mamãeeee! —Malu soltou a mão de Mariana e correu até meu colo.

 

-Oi minha princesa. —Beijei seu rosto e sorri, mas o sorriso se desfez quando vi o Bruno atrás de Mariana. 

 

-Você fez uma “surpesa” pra gente? — Gabi e eu sorrimos e Mariana se juntou à nós. —Viu mamãe, a mamãe Peta queria vir sim! 

 

-A mamãe não sabia que ela queria vir meu amor, ela nunca vem conosco. —Senti a alfinetada dela, mas nada respondi. —Oi Gabi, achei que viria mais tarde. 

 

-Decidi vir agora depois que Petra me ligou. —Mariana me olhou se forma amistosa, e a única feliz com a minha presença era minha filha. 

 

-Mamãe, vamos na piscina? A mamãe Mali não quer entrar. —Sorri pra minha filha e Gabi cumprimentou o Bruno que estava atrás de Mariana. 

 

-Vamos meu amor, mas a mamãe precisa trocar de roupa. —Malu bateu palmas no ar e eu olhei pra Mariana, como se pedisse permissão.

 

-Vem, vou te levar até o nosso chalé. —Ela disse sem me olhar e despediu-se de Bruno e Gabi. 

 

Ela foi na frente enquanto Malu me guiava pela mão atrás dela. Minha filha me mostrava onde ficava os brinquedo e prometi levá-la mais tarde em todos eles. Chegamos ao chalé que elas estavam hospedadas e fiquei admirada com a beleza do local. Era um quarto grande com uma cama de casal enorme e uma outra de solteiro. Tinha um banheiro com banheira e mais a frete uma varanda com vista para o deck. Era tudo muito lindo e eu ainda me perguntava como eu nunca aceitei o convite para vir aqui. 

 

-Uau, é bem lindo aqui! —Olhava maravilhada com tudo. 

 

-É lindo sim, mas já com tantas vezes que já me acostumei. —Mariana respondeu e se sentou na cama de casal. —Você pode ficar à vontade, o serviço de quarto é incluso e você pode ficar com a cama de solteiro, já que não gosta de dividir a cama comigo. 

 

-Mariana, se você não está feliz com a minha presença aqui, eu posso ir em embora. —Falei isso e Malu veio correndo pro meu colo. 

 

-Não mamãe, fica com a gente. —Ela tinha os olhinhos pidões.

 

-Você já veio, não faz sentido ir embora. —Ela respondeu secamente e Malu me abraçou pelo pescoço. —Eu vou descer, fique à vontade. 

 

 

Ela saiu e me deixou só com Malu, seria um fim de semana intenso, mas acho que valerá a pena. 

Fim do capítulo