Capitulo 21 - Perdi você
_Posso saber o que está acontecendo Aline? _Igor falou com um olhar avaliativo.
_Eu que pergunto. Você marcou uma reunião, as pessoas pararam o que estavam fazendo, você despeja uma decisão somente sua, sem nem ao menos falar comigo, e em menos de trinta minutos, joga uma bomba em cima de mim, se isentando de qualquer responsabilidade, é isso mesmo?
_Qual a parte que você não entendeu que estamos atrasados, tem noção do valor de uma multa em uma situação dessas?
_Entendo perfeitamente, mas mesmo atrasados precisamos conversar com as pessoas, chegar a um acordo, eles jamais se negaram a nos ajudar, por seria diferente agora.
_Então concorda com o que a Nicole disse?
_Sim, concordo, pagamos duas horas extras diárias, fornecemos mais uma refeição e conseguiremos ajustar o nosso prazo, trabalhar a noite é mais arriscado, principalmente para o pessoal que faz trabalho em altura, e no escuro é impossível.
_Desde quando você e a Nicole se tornaram tão próximas?
_Está me vigiando? _Olhei para o meu irmão sem querer acreditar.
_Temos um sistema de monitoramento muito bom, e dá mesma forma que você, tenho acesso as câmeras, de onde eu estiver.
_Isso não lhe dá o direito de me vigiar, sou adulta, independente e o que eu faço da minha vida não diz respeito a ninguém, com quem eu tenho ou deixo de ter amizade, também é um problema meu.
_Perfeitamente, só não quero ter surpresas.
_Não sei o que está acontecendo com você, mas espero que você consiga resolver, porque esse não o meu irmão, o cara que eu sempre admirei.
_Desculpa, só estou cansado _Falou baixando a cabeça, e passando a mão na cabeça,
_Não esqueça o que conversamos.
Tentei ponderar o máximo possível, mas a atitude do Igor, ia de encontro a tudo que eu aprendi com os nossos pais. Principalmente a respeitar cada pessoa que fazia parte da nossa empresa, se a obra estava atrasada, a culpa não era unicamente dos operários, claro, que alguns faziam corpo mole, mas era uma questão de ajuste, de conversa.
Apesar das insinuações dele, eu jamais deixaria a minha aproximação com a Nicole, interferir em nossas responsabilidades dentro da construtora, e tenho plena certeza que ela pensa da mesma forma.
A reunião tinha sido um desastre, e olhe que foi menos tempo do que o previsto, e com certeza a minha chateação era evidente. E após a conversa com o Igor, ficou ainda pior. Sai da sala dele soltando fumaça pelas ventas, precisa sair dali antes que eu acabasse descontando em alguém.
Eu estava tão irritada, que não nem ao menos, vi quem estava na sala onde aconteceu a reunião. Quando saí, dei boa tarde e fui na direção do carro.
Somente quando encostei a testa no volante, fui me acalmando aos poucos, e lembrei da Nicole. Da forma como eu sai, seria estranho voltar para falar com ela. Iria pra casa esfriar a cabeça e depois ligaria pra ela. Meu único medo era que ela não entendesse nada, e achasse que eu estava fugindo.
O restante da semana foi uma verdadeira tortura, eu não tinha coragem de ligar pra ela, e ficava esperando que ela desse um sinal de vida. Dia após dia a minha angustia só aumentava, eu tinha medo perde-la, tinha vergonha pela cena que o meu irmão fez, e morria de saudades, mas não sabia o que fazer. Tive uma atitude imatura, embora soubesse exatamente o que queria, tinha receio de qual seria a atitude dele quando nos encontrássemos.
Passei os dias me afundando no trabalho, e as noites, trancada no quarto. Não desgrudava do celular por nada, demorava horas pra conseguir dormir, e quando dormia, sonhava com a Nicole. Por ser muito reservada, eu não conseguia conversar com ninguém, e olha que foram inúmeras tentativas da Lurdinha. Mas a única coisa que eu queria era ter a coragem de ir atrás dela e falar tudo que eu sentia, mas não consegui.
Geralmente, nos finais de semana eu ficava em casa, e dispensava o pessoal na sexta à noite. Gostava de ficar quieta, lendo, assistindo um filme, as vezes o Rick aparecia pra tomar um vinho. Mas, justamente nesse final de semana ele estava viajando, e logo agora que eu precisava tanto dele.
O sábado amanheceu lindo, e mesmo assim, eu não levantei da cama nem para nadar. Fiquei deitada, mesmo tendo acordado cedo, não tinha animo pra nada, levantei por volta das nove horas e fui tomar um banho, antes que a Lurdinha aparecesse com mais um interrogatório. Estava terminando de secar o cabelo, quando a ouvi a voz dela, provavelmente dentro do quarto.
_Nina, tem uma moça da construtora, ela trouxe uns papeis para você assinar, disse que é urgente.
_Lu, deve ser a Alice, pede pra ela esperar no escritório, eu desco em dez minutos.
_Deixei o seu café pronto, come e promete que vai sair do quarto. Eu vou visitar a minha irmã na serra, volto amanhã, se precisar de mim, liga _falou dando um beijo na minha testa e saindo em seguida.
Sequei levemente o cabelo, coloquei um vestido solto, branco com estampas de girassóis, que ia até a altura dos joelhos e como não iria sair, desci descalça. Quando eu era pequena, adorava correr pela casa com os pés no chão, e mesmo depois de adulta não consegui parar com essa mania, andava o tempo todo descalça.
Desci as escadas, vi que a porta do escritório estava entreaberta, e quando eu empurrei mais um pouco para poder entrar, meu coração quase parou.
Fim do capítulo
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rosania nunes
Em: 11/07/2021
Agora o tempo fecho
As duas são cabeça dura uma com medo de liga pra outra
Resposta do autor:
Orgulho demais acaba atrapalhando, mas alguém tem que baixar a guarda.
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