Capitulo 10 - O convite
Finalmente, o sábado havia chegado, e enquanto eu organizava o pessoal para iniciar a vacinação, mais uma vez me peguei pensando naquela morena, que por sinal era a minha patroa, que por sinal era perfeita.
Consegui autorização para os operários pararem as atividades, um pouco mais cedo, e fiquei feliz por ver absolutamente todos os funcionários tomando a vacina antitetânica, pois em outros trabalhos já havia enfrentado muita resistência por algo tão simples.
Perdi as contas de quantas vezes olhei para a porta do escritório e para o portão principal, sempre que alguém abria. Até tentei sondar com a Alice se a Dra. Aline iria aparecer, afinal de contas se empenhou tanto para conseguir as vacinas antes do prazo que eu pedi, mas não obtive êxito, a garota parecia adivinhar meus pensamentos, e sempre desconversava.
Acompanhei todo o trabalho da equipe da saúde, auxiliei no que podia, e quando vi que praticamente todos já haviam ido embora, perdi as esperanças de ver ela, quando escuto uma voz...
_Boa tarde, acho que cheguei um pouquinho atrasada.
_Realmente, conseguimos terminar antes da hora prevista, fiquei apenas pra organizar algumas coisas e já estava de saída.
_Acharia estranho se eu te convidasse pra almoçar, ou você já almoçou?_ Perguntou sem rodeios.
_Não, posso escolher o lugar?_ Podemos ir de moto? _ depois eu te trago de volta_ sério que eu disse isso!!!
_Fechado_ Nem eu mesma acredito que fiz aquele convite, muito menos que a Nicole aceitou, Dra. Aline o que acontece com você_ pensei observando ela sair pra pegar os capacetes e a mochila.
_Fechei o carro e fiquei aguardando ela voltar.
Escuto o barulho de chaves, e quando ergui a cabeça ela estava na minha frente, e mais uma vez fiquei observando aquela boca, reparei também que aquela calça justíssima marcava aquelas coxas grossas, provavelmente resultado de muita malhação.
_Vamos Dra. Aline._ Quer desistir perguntei, completamente perdida naqueles olhos cor de mel.
_Não Nicole, de forma alguma._ Ela respondeu sem desviar o olhar.
_Tem medo de andar de moto? _Prometo não correr muito, mas preciso que segure firme_ Falei ajudando ela a fechar o capacete.
_Sempre tem um capacete reserva?
_Tenho um reserva, mas sempre ando com ele, hoje precisei dar carona a uma amiga, por isso estava comigo.
_Entendi, vamos?
_Vamos doutora.
A sensação de ter aquela mulher grudada em mim, era indescritível, me deixava em êxtase, e olha que eu passei todo o final de semana trabalhando o meu psicológico pra não criar expectativas, para não me apaixonar perdidamente pela minha chefa.
Quando acessamos a rodovia do sol, comecei a relembrar do dia que cheguei a Vila Velha, a primeira imagem desse dia foi quando entrava na cidade, ver uma placa que dizia: Bem Vindo a Vila Velha, e logo abaixo, Rodovia do Sol.
Conhecem alguém que se encanta pelo nome de uma rodovia? perdi as contas de quantas fezes pedalei pela rodovia do sol, adoro ver a movimentação, a correria, e por ser próxima da praia, pedalava sentindo o cheiro da maresia.
E agora fazendo esse percurso com a Aline na garupa da moto, tive a sensação que tudo aquilo já estava traçado na minha vida, tinha até a impressão de um deja vu. Esse tipo de sentimento era comum, eu sempre tinha a impressão de já ter vivido algumas situações, e aquela parecia muito marcante.
O percurso foi bem rápido e tranquilo, e eu já sabia exatamente onde iriamos almoçar, na verdade, eu estava rezando, pra ela gostar do restaurante. Sempre frequentava o espera maré, principalmente antes de casar, gostava de ficar olhando a paisagem maravilhosa, as vezes, saboreando um bom whisky, as vezes almoçando tranquilamente.
Procurei uma mesa mais reservada, nos sentamos e fizemos os pedidos, e sem que eu menos esperasse, Aline começa a falar...
_Nicole, preciso te contar algo que nem eu mesma sei por onde começar.
_Que tal pelo começo?_ falei não segurando o riso.
_Então vamos pelo começo_ respondeu erguendo uma das sobrancelhas.
Aline começou relatando uma situação no mínimo curiosa, que aconteceu enquanto ela selecionava os currículos para a vaga de engenheiro. Falou também do engano por parte dela, de ter achado que o escolhido tivesse sido do sex* masculino e da surpresa que teve quando me viu a primeira vez.
Quanto mais ela falava, mais estranho parecia, eu tentando entender algo que nem mesmo ela sabia.
Ouvi tudo com atenção e por mais que eu tentasse não conseguia evitar olhar naqueles olhos cor de mel, aquela boca convidativa. Percebi que ela tinha a mania de gesticular muito enquanto falava, deve ser um hábito adquirido por causa da profissão, que está ligada diretamente ao uso das mãos. Era engraçado ver ela tão agitada, tentando me falar o que eu mesma já sentia desde a primeira vez que a vi.
Nosso primeiro encontro foi diferente de tudo que eu já havia vivido, foi inesperado, foi acalorado, literalmente falando, trocamos farpas, fomos julgadas previamente uma pela outra, e quem diria que hoje estaríamos tentando manter uma conversa menos tensa. Seria bom aparar as arestas iniciais, ou então os próximos dois anos na Caires S.A, seriam insuportáveis.
Sem sombra de dúvidas, aquele almoço foi o mais longo de toda a minha vida, ficaria horas a ouvindo falar sobre a sua vida, sua profissão, a perda dos pais, a luta dela e do irmão pra manter tudo funcionando sem a presença deles. E cada descoberta, por mais simples que fosse eu me enchia de certeza, de que estava me apaixonando por Aline, e que esse seria um caminho sem volta.
A única certeza que eu tinha era de que eu estava me apaixonando e de que ela era hetero, no máximo uma hetero curiosa, talvez carente, mas entre o achar e a certeza existe um abismo. E todas as vezes que ela me encarava e segurava o olhar, eu tinha a impressão que esse abismo ficava mais estreito.
Falei praticamente tudo sobre a minha vida, de como uma Pernambucana foi cair de paraquedas em Vila Velha, do fim do meu casamento, da “ligação” que tinha com a minha ex por causa das crianças, e foi aí que surpreendentemente descobri que a Dra Aline Caires, era uma Pediatra, o que só me deixou mais encantada por ela.
Não entrei em detalhes sobre a minha separação, sobre a depressão, era algo pesado demais para expor para alguém que eu mal conhecia. Ela me falou do relacionamento abusivo e da decisão de ficar um tempo sozinha. Se eu achava que ficar solteira durante dois anos era uma façanha, ela me surpreendeu mais uma vez quando falou que estava solteira a quase quatro anos. Ponto pra mim, pelo menos não preciso me preocupar com concorrentes.
Pedi a conta, que ela fez questão de dividir comigo, e do lado de fora do restaurante, decidir dar a cartada final.
_Preciso te levar a um lugar, confia em mim?_ falei enquanto ela subia na moto.
_Confiei a vida de algumas dezenas de operários em suas mãos, porque não confiaria a minha?
Mesmo a distância sendo muito curta, pedi pra ela colocar o capacete, coloquei o meu e dei partida na moto. Depois da resposta dela, eu não tinha dúvidas de que algo muito forte ligava nós duas, e mesmo que fosse algo apenas profissional, eu precisava tirar a má impressão que causei, precisava mostra pra ela quem eu realmente era. Mas desde o primeiro momento, eu tive a certeza, que ela seria o grande amor da minha vida, independente de qualquer coisa, ela era a pessoa que a vida tinha reservado pra mim, eu mais do que ninguém, merecia ser feliz, precisava ser feliz. E como diria meu amigo Paulinho: A vida é um risco, quem não arrisca, vive pela metade!!!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 06/07/2021
Nossa que legal adorando a história.
Resposta do autor:
Bem vinda Marta, fico feliz, por estar acompanhando, por estar gostando.
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MEGG
Em: 05/07/2021
uuhhahahahaahha
To amandoooooo
Esse casal promete viu...vou adorar acompanhar
QUERO +++++
Resposta do autor:
MEGG , apesar do dia dificil, tentei abstrair os problemas, e como escrever se tornou minha terapia...kkkk, provavelmente teremos mais um capítulo na madrugada.
Que por sinal é muito especial, principalmente por causa da música.
Fico feliz, por estar agradando...
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