CAPÍTULO 54 NASCIMETO
Duas semanas se passaram sem maiores problemas, a não ser na hora que os seus filhos e os de Luiza resolviam fazer uma visita todos na mesma hora.
Foi preciso que a direção do hospital organizasse um horário para as visitas. Segundo o diretor, os meninos estavam causando frisson entre as funcionárias do sex* feminino e até mesmo alguns do sex* masculino.
Ficou decidido que dois rapazes iriam pela manhã e dois à tarde. O restante dos filhos, a qualquer momento. De modo que, no andar onde Fabiana se encontrava hospitalizada, começou um entra e sai que não dava para controlar.
— Bom dia, dona Fabiana, como está se sentindo hoje? — A doutora Margareth foi logo de encontro a Fabiana, aferindo sua pressão e olhando o seu prontuário afixado na cama quando terminou.
— Conversei com o Dr. Isac e mais dois especialistas, e chegamos à conclusão de que hoje faremos o seu parto.
Luiza e Fabiana ficaram mudas. Luiza, que estava pegando um copo com água, voltou rapidamente e pegou na mão de Fabiana, entrelaçando seus dedos e sentindo o quanto a mão de Fabiana estava fria.
— Aconteceu alguma coisa com o quadro geral de saúde da Fabiana, doutora? Estava indo tudo tão bem. Só faltava uma semana para as 32 semanas. Estávamos tão confiantes. E agora essa mudança repentina.
— Examinamos os últimos ultrassons e está tudo em ordem. Os bebês já estão na posição de nascer e, como seu corpo pode mudar diante do seu nervosismo, vai chegar ao tempo esperado. Vamos dar uma acelerada. A enfermeira vai colocar uma injeção de força no seu soro pra acelerar as contrações para a senhora entrar em trabalho de parto. A equipe está toda a postos. Não se preocupe. Vai dar tudo certo. Não se preocupe com nada.
Era esperar demais que ela estivesse tranquila na sua cama, contando as horas, e de repente alguém chegasse e virasse tudo de ponta cabeça e pedisse para não pirar. Fabiana estava pirando e precisava ficar tranquila. Ficou olhando a enfermeira colocar uma injeção de força no soro. Quando saíram, deixaram só as duas.
— Amor, estou me borrando de medo. Ainda falta uma semana. E se minha Louane e meu Luizinho não estiverem prontos? E esse remédio que não presta para nada? Não estou sentindo nada. — Fabiana, como sempre, não concordava com nada que a médica decidia.
— Vamos confiar nos médicos. Eles estudaram para isso. Além do mais... — Luiza parou o que ia dizer por causa do gemido alto da companheira.
— Ai, meu Senhor... Minha loira, parece que tudo está se rasgando aqui em baixo... Ai que dor, meu amor... — Fabiana gemia, chorava e sorria, passando a mão na barriga. Uma enfermeira entrou com uma cadeira de rodas.
— Senhora, vamos fazer uma lavagem e, em seguida, depilação. Como estão as contrações? — Já foi ajudando Fabiana a sentar, mas ela não aguentou; se esticou toda em uma nova contração. Em seguida, sentou e foi para a lavagem. Luiza foi junto e ficou aguardando. Quando tudo estava feito, voltaram para o quarto. Não aquele em que estavam, mas para uma sala de parto.
A enfermeira voltou com roupas cirúrgicas para Luiza e um camisolão para Fabiana. Luiza foi trocar de roupa e, quando retornou, Fabiana já estava deitada e um médico estava examinando-a. Ele cortou a bolsa. Um jato de água escorreu como se ela estivesse urinando.
— Coloque um pouco mais no soro, ela já vai entrar em trabalho de parto.
Luiza foi para perto e segurou na mão de Fabiana, que chorava e sorria.
— Já, já, você vai pegar nossos filhos nos braços.
— Eu sei, vou estar bem aqui rezando, vai dar tudo certo. Eu nem avisei em casa, não deu tempo. Vou gravar tudo e ficar mandando para eles ao vivo, vai ser como se eles estivessem aqui. — Antes de comentar outra coisa, as dores aumentaram e Fabiana concentrou sua força só em colocar seus filhos no mundo. Doutora Margareth e doutor Isac pareciam dois estranhos com interesses em comum.
A enfermeira fez o exame de toque e aferiu a pressão.
— Doutor Isac, ela está com 6 centímetros e a pressão está em 14 por nove.
— Está no padrão. Faça-a andar e sentar na bola. Não a deixe ficar parada. Vamos à outra sala ver como está a outra paciente, se já aumentou sua dilatação.
Luiza segurou na mão de Fabiana, que ficou andando vagarosamente pela sala e, de quando em vez, sentava na bola imensa e ficava indo para frente e para trás, mas logo cansava. Outra contração veio mais forte. Ela ficou parada apertando a mão de Luiza. Quando passou, segurou nas duas mãos da loira, abriu as pernas bem separadas e ficou fazendo agachamento bem devagar. Na terceira vez, Luiza gritou e se abaixou com as mãos abertas em concha para amparar o primeiro bebê, que já estava com a cabeça coroando.
— Doutor, me ajude, socorro! Meu filho tá nascendo. — Sentiu alguém chegar ao seu lado e ficar agachado. Em segundos, o choro do bebê se fez ouvir. Rapidamente deitaram Fabiana na cama para o nascimento da outra criança.
— Meus parabéns, mamães, é uma linda menina. — Cortaram o cordão umbilical, embrulharam a criança como um pacote e colocaram nos braços de Fabiana só pelo tempo dela beijá-la e uma enfermeira a colocou em uma máquina de fototerapia. Luiza foi para junto do bebê conversar enquanto aguardava o Fabiano Luca vir ao mundo. Poucos segundos depois, outro choro ecoou no quarto. Fabiana olhou o filho e fechou os olhos, cansada.
— Vamos para uma sala de cirurgia lhe pontear e terminar o parto — o médico já foi falando e a enfermeira foi empurrando a maca com Fabiana no soro. Luiza quis ir junto, mas tinha os bebês, não queria deixá-los sozinhos.
— Amor, fique com eles e não sai de perto deles sob hipótese alguma. Eu volto logo.
Só então Luiza lembrou do celular na gaveta. Não teve como gravar nada. Pegou o aparelho e discou para o Marcelo.
— Oi, meu bem. Está sentado?
"Sim. Aconteceu algo?"
— Seus irmãos nasceram e sua mãe entrou na sala de cirurgia para ser ponteada. Foi parto normal.
"E ela está bem? Por que foi assim antes do tempo? Tinha algum risco de vida para mamãe ou as crianças? A que horas podemos visitar?"
— Respira, Marcelo, assim você me atropela.
Luiza ligou para todo mundo e avisou.
Fim do capítulo
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