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Meu Passado Com Você por Bibiset

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Palavras: 6370
Acessos: 1832   |  Postado em: 19/06/2021

Capitulo 11 - 0D3I0 T3 4M4R

Não sou ninguém para mensurar o que é dor, nem mesmo tive grandes ferimentos ou doenças que me deixassem à beira da morte para comparar de forma justa o que estou sentindo, mas… Eu me arrisco a dizer que a dor da perda e da saudade é uma ferida que nunca sara, talvez ela crie uma casquinha, daquelas que você cutuca de vez em quando, mas a que estou sentindo agora se parece com uma escara, de tão profunda e corrosiva… Ela se alastra pelo meu peito em pequenas pontadas, no mesmo ritmo cardíaco. Dói! E eu respiro profundamente a cada pensamento que me leva a ela e a nós. A lembrança dos seus cabelos curtos e negros, seus olhos de noite escura e seu corpo esguio… É ao mesmo tempo bom e ruim me lembrar dela, acalma a saudade, pois me alimento dessas pequenas memórias, contudo a realidade da sua ausência cai sobre mim como uma gravidade de outro planeta. É terrível! Eu só queria poder esconder meu rosto em seu peito, sentir seu cheiro e acordar em seus braços, como fazíamos naqueles poucos meses que estivemos juntas. 

 

— Bella, me ajuda com as roupas?

 

— Já vou! — Gritei apressada para que minha mãe não percebesse a letargia que tenho estado. Estou quase sem desculpas para escapar de suas insistentes indagações sobre o que aconteceu entre mim e Micaela, acho que ela desconfia, mas nada comenta.

 

— Fernando passou aqui mais cedo, disse que vocês iriam em uma festinha mais tarde. — Ela prendeu uma camiseta de Fábio com prendedores velhos. Eu mordi minha língua para não esbravejar pela milésima vez que NÃO queria ela imaginando coisas. 

 

— Eu avisei que não ia, se ele disse isso é um mentiroso. 

 

— Filha! — Ela me advertiu, pois eu jamais falava coisas assim a respeito de ninguém. Não aguentei ficar ali por muito tempo, quis fugir como sempre, mas desta vez Dona Silvia parecia empenhada em me cercar de qualquer forma. 

 

— Isabella, eu te amo mais que tudo nesse mundo… Se abre comigo, filha.

 

Seus olhos, iguais aos meus… Eu não consegui resistir ao soluço que escalou minha garganta. Abracei sua cintura e deixei o choro contido por dias sair desenfreado. 

 

— Filha… Fala comigo, o quê houve? 

 

— Mãe… 

 

— Você pode se abrir comigo, eu vou te ajudar no que eu puder, meu amor! 

 

Aquela frase, era o que eu precisava ouvir. Se ela me ajudasse, eu poderia ter minha morena de volta. Era só pedir… 

 

— Mãe… — Eu subi meu rosto fitando seu rosto que eu também tanto amava. — Por favor, mãe… 

 

— Fala! 

 

— Eu… — Me sentia tão covarde e ao mesmo tempo a esperança me impulsionava. — A Mica… 

 

— O que tem?

 

Ela afastou meus cabelos do meu rosto molhado por lágrimas. Aquele choro que eu já estava me acostumando, a saudade imensa que eu sentia crescer a cada dia. Fazia três semanas que Micaela tinha partido e nem uma ligação eu recebera, ela simplesmente havia desaparecido. Não me arriscava a pedir o número da ex de Fábio, pois ele se mantinha distante de mim, como que ciente de que qualquer aproximação faria com que eu pedisse… o que obviamente desejava. 

 

— Faz ela voltar! Por favor! 

 

Seus olhos, confusos e piedosos, ela parecia entender, mas ao mesmo tempo não falava. E eu não conhecia esse lado nosso, nós que sempre fomos tão companheiras e abertas uma com a outra, agora líamos pequenos sinais de nossas expressões, tentando evitar que o explícito fosse posto em palavras. Por quê? Eu não entendia, não conseguia e não me importava tampouco. Só queria uma coisa, ter Micaela de volta. 

 

— Fala com Tio Fábio… 

 

— Bella, não é assim… — Ela se afastou voltando a pegar a roupa úmida do cesto. — Ele está fazendo o que é melhor para ela. — Ela voltou os olhos para mim, parecia realmente acreditar no que dizia. —Sabe filha, eu também não entendi no começo… Mas ele jurou para mim que essa decisão foi o melhor para Micaela, e eu confio nele, ele ama muito a filha para querer algo além do melhor para ela. 

 

— Não mãe… — Eu só queria poder controlar essas malditas lágrimas, esse choro convulsivo que faz meu corpo soluçar e ter espasmos involuntários. Eu não conseguia expressar de forma clara e madura, que o MELHOR para Micaela era estarmos juntas! O melhor para nós duas! 

 

Como sempre eu fugi para o quarto, o ódio desfilando ao redor de mim, querendo entrar em qualquer brecha que eu deixasse. Como ela não me ligou? Eram sentimentos por todos os lados, eu sentia amor e ódio ao mesmo que tempo. Imaginava Micaela com a professora que a fez ser expulsa da escola. Quando dei por mim estava mordendo os lábios tão vigorosamente, em um vício recém adquirido, mas tão mordaz que senti o gosto férrico de sangue. Levei minhas mãos até meu rosto cansado, eu só queria poder amar em paz, que mal há nisso? Se eu escolhesse qualquer garoto idiota de qualquer parte daquela cidade, eu ouviria salva de palmas, teria apoio e incentivo. Da mesma forma que mamãe fazia quando Fernando vinha nos visitar e ficava horas em meu encalço tentando me animar, há três semanas eu suportava sua presença, apenas por educação. Mas minha vontade real era agredi-lo e eu, Isabella, jamais senti vontade de agredir outra pessoa na vida. 

 

— Bella, o Fer chegou! — Aquilo era um sorriso nos lábios do Tio Fábio? Juro que se fosse eu faria questão de… 

 

— E aí Isa?!

 

O garoto entrou no meu quarto sem nem mesmo ser convidado. Seu rosto angular era um martírio para mim, era simplesmente quase a própria Micaela, mas com barbas ralas e olhos mais claros. Seus cabelos, eram idênticos. Meu rosto esquentou ao ponto dele perceber. 

 

— Você tá bem? — Ele ainda encostou as costas das mãos na minha testa. 

 

Eu me afastei com um safanão, não suportava sua presença. 

 

— Fer! Eu avisei várias vezes que NÃO iria nessa droga de festa! 

 

— Pô Isa, a gente só vai beber… É uma galera massa! 

 

— Não quero! 

 

— Beleza, vamos fazer o quê, então?

 

Sai da cama dela!!! Berrei em pensamento, mas não expus em palavras, afinal ele é primo dela e tem mais intimidade, não ia me estressar por… 

 

— NÃO! — Quando dei por mim o grito já tinha saído, me contive ao máximo em ver aqueles pés nojentos na cama dela, bagunçando o cheiro dela… E ainda por cima amassar o travesseiro que compartilhávamos e depois colocá-lo entre as pernas. 

 

— Opa, foi mal! 

 

Acho que ele percebeu, sentou na cama e me olhou com uma cara estranha, parecia até… Desconfortável? 

 

— Quer tomar um sorvete? 

 

Eu só quero ela… Poxa, qual dificuldade das pessoas entenderem isso? Voltei a chorar como uma criança, eu não aguento mais enxugar meu rosto, meus olhos estão ficando irritados de tanto passar lenços e dedos para disfarçar minhas lágrimas. 

 

— Eu não quero… 

 

Ele se aproximou meio desengonçado, me abraçou quase me sufocando com seu tronco rijo e reto. Suas mãos desajeitadamente pentearam meus cabelos para trás e ele apenas sussurrou para mim… Como se não imaginasse o turbilhão que aquela informação causaria:

 

— Falei com ela hoje… 

 

— O QUÊ? — Empurrei seu peito com as duas mãos. — Ela ligou para você?? 

 

— Na verdade… Eu liguei para ela. Mas foi rápido. 

 

— Fernando! Por favor… Eu preciso falar com ela, por favor!!! — Eu não me orgulhava por estar naquele estado, quase implorando de joelhos, na verdade eu tinha um pouco de pena do que estava me tornando, mas tudo valeria a pena, pois o objetivo era ter ela de volta. 

 

— Eu tenho o número, mas… 

 

— Liga! — Eu corri até a porta me certificando que ninguém ouvia nossa conversa, fechei a porta com cuidado e voltei a implorar, segurava em suas mãos como se dependesse daquilo para viver. — Liga para ela, Fer! Por favor! 

 

Convenci pela pena, mas não me importei. Ele alcançou o aparelho preto no bolso da calça e discou os números que pareciam infindáveis. Pude ouvir o som analógico do chamado e uma voz parecida com de Micaela do outro lado. 

 

— Tia? É o Fer! Posso falar com a Mica? — A voz do outro lado pareceu dizer algo, mas eu não consegui escutar muito bem, ele apertava demais o aparelho no rosto e desviava quando eu me aproximava. — Ah tá… Beleza, tia… Eu ligo amanhã, então! Valeu, um beijo! 

 

A decepção estava tão estampada na minha expressão que ele nem precisou explicar. Guardou o aparelho e eu me joguei no colchão do chão. Sim, o quarto permanecia como ela o deixou, eu dormia em “nosso” colchão e deixava sua cama livre para quando ela voltasse. Dormir passou a ser uma tortura particular que somente eu tinha noção. Passava noites em claro, chorando e inspirando os resquícios de seu cheiro nas roupas de cama que eu não havia trocado ainda. 

 

— Toma. 

 

Eu olhei pra ele, estranhando o que ele poderia estar me oferecendo e vi o celular sendo estendido em minha direção. 

 

— O qu… 

 

— De boa, depois você devolve. 

 

Eu não pensei duas vezes, peguei o aparelho como se ele fosse uma máquina capaz de me transportar até ela. Apertei contra o peito e meus olhos agradeceram por meus lábios. Ele sorriu pra mim e se foi, sem dizer mais nada. Eu deitei ciente de que o sono não viria novamente naquela noite, apertei o celular entre minhas mãos e me cobri, aguardando o dia seguinte para enfim ouvir sua voz. 

 

 

                                                 [\/]

                                                 [/\] 

 

O sermões da minha mãe eram intermináveis, como eu podia ter me esquecido desse detalhe insuportável dela? 

 

— … Ou seja, se você não fizer por bem, eu darei um jeito de que faça por mal, entendeu Micaela?

 

Eu apenas olhei para ela, nossos olhos se desafiavam sem palavras, apenas uma breve ameaça velada, ela sabia que eu sabia que ela estava blefando. 

 

— Você quem sabe! 

 

Eu ri, ela era tão previsível que não continha a própria frustração, eu a amava mesmo assim. Linda era não só minha mãe, era a pessoa que havia cuidado de mim quando criança e eu sabia que não havia sido uma pivete fácil de se lidar. Contudo ela esquecia que eu não era mais essa pivete, meu ingresso na vida adulta começara e era evidente que eles não sabiam como lidar com isso. Quanto mais rápido eu saísse da dependência financeira dos meus pais, mas rápido eles perderiam esse “controle” que acreditavam ter sobre mim. 

 

— Terminou, mamãe? — O carinho em meus olhos a desestabilizou, ela engoliu em seco, perceptivelmente incomodada e apenas acenou com a cabeça. 

 

Saí em direção ao meu quarto, era a décima vez que ela me abordava somente naquela semana, ela não suportava que eu saísse de casa, ficava impotente, por que sabia que eu faria o que bem quisesse, mas ela não imaginava que eu estava saindo por motivos diferentes do que os que pairavam sobre sua cabeça maliciosa. Ela tinha que entender que eu não era um passarinho, eu já estava grande demais para o ninho e procurava empregos ou bicos que me fizessem sair dali, ela e papai haveriam de entender isso mais cedo ou mais tarde, ou como mamãe gostava de dizer, por bem ou por mal. 

 

Tirei o celular do bolso, claro que ela não havia percebido que eu havia pego enquanto me passava o sermão da montanha. Já que eu não podia ter meu próprio celular, usaria o dela com prazer. Retornei a ligação do Fer, já que ela não permitira que eu atendesse quando ele ligou. Interromper o sermão da montanha? De jeito nenhum! 

 

— Alô? — Estranhei que mal tocou e Fer já atendeu, ele era tão lerdo. — Fer? Alô, tá me ouvindo? 

 

— Oi… 

 

Sua voz me enfraqueceu os membros inferiores, tive que sentar na ponta da cama antes que minhas ex pernas — por que agora eram geléias — dobrassem e me fizessem espatifar no chão. 

 

— Isa?! — Meu coração pulou dentro do peito, há duas semanas que não nos falávamos, que saudades da minha caipira. Que ódio do meu pai! 

 

Eu apenas conseguia ouvir seu choro, era angustiante por que eu não podia fazer absolutamente nada, a não ser ouvir. Eu queria falar, mas temia piorar a situação, me amaldiçoei por quatro gerações, por não ser o suficiente para ela. Se eu fosse um garoto ela não passaria tudo o que estávamos passando, se eu tivesse a droga de um p*nis no meio das pernas, com certeza nossos familiares estariam planejando nosso noivado agora, fariam brincadeirinhas sobre nossos futuros filhos, sobre quem manda na relação e quando iríamos juntar as escovas. Maldito cromossomo xis! 

Meu ódio por vê-la sofrer era tão grande que eu me cegava ao ponto de não conseguir expressar o que sentia, eu só queria poder acabar com a raça da pessoa que… 

 

— Volta… — Ela soluçava muito. — Por favor, Mica… — Outra onda de choros e soluços e minhas lágrimas também não se continham, odiava vê-la sofrer e me odiava mais ainda por saber que eu era culpada de tudo que estava acontecendo. 

 

— Isa, o que eu mais queria no mundo, era poder te dizer que vou voltar. Mas… Caipira… — Eu chorava rios assim como ela, minha voz já não se continha, minha mãe poderia entrar a qualquer momento. — Eu… Eu não p… 

 

— Você não me ama… Eu sei! Mas eu preciso de você, só gostando, não me importo! — A sua voz denunciava todo desespero e angústia, ela dizia coisas que eu não queria que dissesse, eu odiava ter que vê-la implorar, ainda mais por alguém como eu, alguém que ela não merecia. Eu a amava, mas dizer isso só traria mais desespero para seu coração machucado. 

 

— Jamais… jamais implore por algo ou alguém que não te merece. Não se sujeite a nada menos do que o melhor! — Eu dizia palavra por palavra, com cuidado para que ela ouvisse e absorvesse. Ela merecia o mundo, não deveria se sujeitar nunca, a ninguém. 

 

—… 

 

Sua respiração estava pesada, ouvia seu soluçar e quase podia ver os olhos azuis brilhantes, vibrando com cada palavra que eu dizia. Ela se mantinha em silêncio, nossos ouvidos colados aos telefones, quase transpondo a barreira que impedia de nos conectarmos fisicamente, era algo tão tácito que nenhuma de nós jamais poderia prever que aquela, seria nossa última ligação. Que a oportunidade que tivemos de estarmos juntas se esvaía por nossos dedos sem percebermos, mas nossa intuição vibrava forte, nos despedíamos sem saber. 

 

— Eu quero que você me ouça, tudo bem? — Perguntei um tanto ofegante, ciente de que ela estava escutando, mas precisava confirmar que me ouviria também, que absorveria o que eu dissesse. 

 

— Sim. 

 

Como uma criança obediente ela respondeu de forma suave e dolorida. 

 

— Você é muito mais do que imagina, Isabella. Muito mais! Eu quero que você seja a mulher mais feliz que já pisou nessa terra… Promete que vai ser feliz? 

 

O som de ligação cortada me doeu na alma, por um segundo pensei que eu mesma havia desligado com meus dedos trêmulos, ou a ligação havia caído por mais uma injustiça do destino… Mas a gravação de caixa postal quando retornei, era um mal sinal. Apertei o celular até os nós dos dedos ficarem brancos e liguei mais uma vez. Nada. Nos dias seguintes era a mesma coisa, ou Fernando que atendia e simplesmente dizia que ela não respondia nem mesmo aos seus telefonemas. Ela devolvera o celular para ele através do pai, não falava mais com ninguém. Estava incomunicável. 

 

***

 

— Aonde você vai? 

 

Linda era minha capataz. Estava em um cárcere privado e quase nunca conseguia sair do apartamento. Eu usava telefones públicos para tentar contato com Ribeirão Preto, mas nunca conseguia falar com ela, e sair de casa estava se tornando cada dia mais impossível. Estava quase conseguindo um emprego, talvez em poucos meses compraria meu próprio telefone, então determinada ignorei a pergunta e girei a maçaneta, claro que a porta estava trancada.

 

— Abre, por favor?! 

 

Eu treinava minhas emoções com ela, era quase tão torturante quanto uma gota que pinga constante em uma testa, enquanto se concentra para não surtar. Respirei duas vezes bem profundamente antes de dizer em alto e bom som. 

 

— Entenda de uma vez por todas… E u   s o u   l é s b i c a, não uma marginal! 

 

— Não! 

 

— Você pode continuar negando quanto quiser, isso não vai mudar minha sexualidade. — Eu não estava sendo rebelde, apesar de todos os esforços que fiz ao longo da minha existência para tentar ser o mais insuportável possível para eles, desta vez eu sentia pena. A compaixão me consumia de pensar que essas pessoas como papai, mamãe e Ygor, por exemplo, tivessem essa visão deturpada sobre amor e relacionamentos. 

 

— Micaela, escute o que eu digo, filha… Não vale a pena isso que você está fazendo! É assim que você quer que as pessoas te vejam? Você tem ideia do quanto o mundo é preconceituoso? 

 

— Sim, vale muito a pena! Sim, quero que as pessoas me vejam como eu sou, não como elas gostariam que eu fosse! E sim, tenho ideia sim, apesar de que o preconceito que mais me machuca é o que recebo dentro de cada, de pessoas que realmente me importo, mas já senti na pele o preconceito lá fora, foi por isso que aceitei vir para cá e dar uma segunda chance para Isabella não precisar conhecer esse lado “amoroso” das nossas famílias. 

 

Mamãe se calou, é claro. Ela sempre ficava muda quando não tinha argumentos. Me virei e peguei a chave dentro do pote vazio no centro da mesa de jantar, ela não me impediu. 

 

— Até logo, mamãe. 

 

Saí pela noite fria e úmida da capital, odiava aquela umidade, mas amava aquela temperatura, o ar gelado me clareava a mente e me dava energias para refletir.

 

                                                 [\/]

                                                 [/\]

 

Fazia quatro meses desde a última vez que eu ouvira sua voz, os dias passavam tão lentamente e ao mesmo tempo parecia que quando o sol se punha ou nascia, milênios separavam a Isabella que fui com ela, da Isabella que eu me tornara. Sorrir se tornou automático, eu fazia para evitar que as pessoas não se preocupassem ou fizessem expressões piedosas que só me machucavam ainda mais. A dor era minha companheira, passei a apreciá-la, pois era pelo menos algum sentimento em mim. Estudar passou a ser uma válvula de escape e eu me tornei amante dos livros e apostilas, para ocupar minha mente nublada. Tio Fábio parecia tão desolado quanto eu, porém ele tinha mamãe que o consolava dia a dia, já eu tinha Fernando. Que passara de companhia inconveniente para um amigo necessário. Odiava ter que chamá-lo só quando eu sentia a saudade em níveis perigosos. Sua paciência comigo era evidente, às vezes conversávamos sobre coisas aleatórias, mas quando eu falava dela… ele ouvia. Em silêncio ele me puxava para seu colo e seu carinho supria a necessidade que eu tinha da presença dela, era quase como estar com Micaela, só que genericamente. Eu não parava para refletir se isso era usar Fernando como um band-aid para uma ferida aberta ou se era errado e prejudicial para nós dois, eu simplesmente precisava aplacar de alguma forma aquela angústia que parecia sem fim. 

 

— Tá passando mal de novo, filha? — O rosto preocupado da minha mãe era uma pequena agulhada diária. Eu fazia o impossível para que ela não percebesse meu mal estar físico e emocional, mas muitas vezes era impossível de disfarçar, principalmente quando a náusea emocional me atacava pelas manhãs. Nosso banheiro ficava ao lado do quarto de nossos pais, então ela sempre corria quando ouvia eu vomitar. 

 

— Tô bem mãe, só um mal estar no estômago. — Eu havia emagrecido quase dez quilos, o que era visível, por que sempre tive um corpo fora do padrão modelo esguia. Meus olhos fundos denunciavam que não era uma perda de peso saudável, mas eu não sabia como lutar contra isso… Talvez Fer tivesse razão e eu estivesse em depressão. 

 

Fugi para meu quarto como sempre, mesmo sendo sábado eu haveria de mergulhar em livros e atividades escolares. Era meu último ano, logo eu prestaria vestibular e faria faculdade. O curso já estava escolhido, tudo já estava programado. Sentei na cama dela e alisei o colchão como sempre fazia, mas contive a vontade de relembrar nossa última conversa. Eu não poderia prometer à ela algo que não cumpriria. A dor que eu senti, quando percebi a distância crescendo entre nós na sua fala de despedida… Eu não seria uma pessoa maravilhosa, uma pessoa feliz. Eu simplesmente existia. E se ela então escolheu aceitar a imposição dos pais e se afastar, eu respeitaria, mas me pedir para ser feliz era demais para mim. Não é uma questão de escolha, Micaela! 

 

No dia seguinte um Fernando esbaforido entrou no meu quarto.

 

— Isa, você tem que ir! — Ele me implorava de joelhos, agarrado no edredom e quase puxando meu pijama, como uma criança desesperada. 

 

— Fer, eu te avisei que não ia, você passou aqui por que quis! — Eu me cobri novamente com o edredom, virando de costas e ignorando-o. 

 

— Mas eu preciso da sua ajuda, mano! Poxa eu sempre te ajudo. — Folgadamente se sentou quase em cima de mim. 

 

— Eu tô com zero disposição a ir numa festa, ainda mais no domingo… amanhã tem aula e eu levanto cedo!

 

Ele se aproximou do meu rosto e cochichou algo no meu ouvido que me fez franzir até as rugas do meu pé.

 

— Eu NÃO vou fingir ser sua namorada só por que você não sabe lidar com as suas ex! — Eu gargalhei incrédula demais para acreditar naquela barbárie que ele me propunha. Que audácia! — Você fala de mim, mas também foge dos seus problemas, já percebeu? 

 

— Eu não tô fugindo! Só não posso arriscar que ela me veja sozinho, você não conhece a Gabi, mano! 

 

— Nem quero conhecer. — Fiz uma cara de repulsa me lembrando das coisas que ele contou. — Garota estranha... Você tem certeza que ela disse que já matou um cachorro? 

 

— Isso foi só o começo, eu quero distância dessa mina. Vai, Isaaaaaa… Por favor?! 

 

— Já sei! Sabe como você foge dela? — Minha expressão até animou um pouco ele, fiquei com dó. — Não indo nessa festa. 

 

— Isa, eu nunca te peço nada, pelo amor que você tem na pessoa que te amamentou!!! 

 

Essa era nova, anotei mentalmente por que ele estava quase me convencendo, por piedade. Deitei de costas com os dedos massageando minhas têmporas e ele se agarrou em minha cintura deitando a cabeça em minha barriga, parecia confortavelmente disposto a não sair dali. Empurrei sua cabeça forçando a me olhar e disse silabicamente. 

 

— NÃO estou a fim!

 

— Eu faço o que você quiser! 

 

Opa! Isso me deu um clique, talvez fosse um bom negócio. 

 

 

                                                 [\/]

                                                 [/\]

 

Aspirei profundamente o pequeno tecido branco de flores azuis. O mesmo que ela enrolara em minha mão cortada, no dia em que nos conhecemos. Ainda havia uma mancha de sangue seco nele e por muito tempo o cheiro dela no tecido me consolava, principalmente em dias assim, que sua lembrança era mais forte do que nunca. Dobrei e guardei de volta na gaveta, “uma loucura”, eu pensava em certas ocasiões, mas nunca me desfiz dele. Após dois longos anos sem minha caipira, eu era atormentada por memórias de um passado que não voltaria, fazia o pequeno ritual de sentir o seu cheiro e lembrar de seus beijos. Jamais revelei para ela que guardei aquele lenço para mim, eu mesma também não entendia na época e hoje eu apenas aceito... 

 

Me lembrei do ano em que parti, enviei um presente “anônimo” para ela, sabia que não devia, que precisava me manter afastada e desejar sua felicidade, mas Fer atuava como meu informante e as notícias sobre ela não eram boas. Ele passou a frequentar a casa de papai quase que diariamente, passando todas as informações que eu necessitava para continuar lutando contra a vontade de simplesmente fugir com ela para qualquer lugar do planeta e viver o que eu mais desejava na alma. Mas Fer me mantinha sã… Ele me contava tudo sobre ela, como estudava, como disfarçava a tristeza no primeiro ano e depois como havia amadurecido no segundo, aos poucos ela se tornava uma mulher adulta e eu apenas acompanhava de longe. Se tornaria uma mulher livre de preconceitos e julgamentos, que poderia ser feliz e buscar o amor com alguém que valesse a pena, que realmente fosse digno do seu amor, sem precisar sofrer consequências para ser feliz.

 

Dei um sorriso de lado enquanto embalava o terceiro presente que eu enviava, um envelope branco de flores azuis… Tá, às vezes eu era tão clichê e brega que nem eu me reconhecia, mas seu décimo nono aniversário, provavelmente estava mais caipira do que nunca, com seu jeitinho tímido e contido... Me lembrei de como ela “despertava” dessa timidez, quando a gente estava na cama. Engoli em seco tentando evitar a imagem que meu cérebro precipitado já projetava, não podia cair em tentação.

 

 

— Fer? — Disquei para ele ainda dentro da estação de metrô, e tampei o outro ouvido livre para escutá-lo melhor. — E aí? Como ela tá? 

 

— Oi, eu tô bem prima e você? — Ele debochou do outro lado bocejando em seguida. Sim, ainda era cedo. 

 

— Sem drama, Fer... Como ela tá?

 

— Como sempre, Mica... Não vai querer festa de novo, igual ano passado e ano retrasado. — Ele suspirou do outro lado da linha. — Minha mãe e eu sugerimos trazer um bolo, mas ano passado ela não quis nem cantar parabéns, saca? Comemos e ficamos na sala, clima mórbido do caramba... Parecia um velório. 

 

— Poxa, mas vocês bem que podiam ter animado um pouco, sei lá... Colocado uma música?! — Fiquei triste, mas ciente de que nada podia fazer.

 

— Tá maluca? E levar uns “esporros” dela? — Ele riu arfando do outro lado. — Mano, você não tem ideia de como ela é agora... Mano... Ela xinga! 

 

— Eu sei, eu sei... Você já me contou isso. — Eu revirei os olhos diante do drama dele, mas achava fofo e engraçado imaginar minha caipirinha xingando com aquela carinha fofa que ela fazia quando estava brava. 

 

— Além disso, ela fica bem irritada quando recebe aqueles seus CD’s... E eu tenho que ouvir horas de “Ela não tem a mínimo consideração por mim!”, “Ela não sabe como isso me faz mal”. — Ele imitava quase perfeitamente a voz de Isabella. — E depois do nada ela muda radical... “Eu não vivo sem ela”, “Minha vida não tem mais graça”...

 

— Fer! — Eu interrompi fechando os olhos, meu coração com a dor aguda que me fazia perder o fôlego. Após minha vinda para São Paulo as dores eram cada vez mais frequentes. 

 

— Foi mal... 

 

— Só cuida dela pra mim, por favor... — Eu pedi e já ia desligar quando ele me fez lembrar. 

 

— Se quiser posso levar ela naquela balada de novo... — E o filha da mãe ainda riu gostosamente do outro lado, sem consideração total! 

 

Eu apenas cerrei os dentes desligando na cara dele, as risadas ecoando pelo meu telefone antes que eu conseguisse apertar o botão.  Isabella negava todas as festas que Fernando tentava animá-la de ir, até que houve uma festa em particular que simplesmente ela… Foi. E a partir daí minha tortura e teste de resistência começaram. Tudo, absolutamente tudo… E eu digo isso com propriedade, por que quando eu digo tudo, é tudo mesmo que ela fazia… Ele me contava. Eu implorava, pedia, tentava acordo e fazia ameaças, mas ele sentia essa necessidade insana de me contar esses detalhes desnecessários e eu não entendia. 

 

A caipira se produzia com empenho, minuciosamente… Gostosa! Fer conseguira uma foto certa vez, às escondidas, e me enviara por MSN e eu guardava a foto em uma pasta oculta do meu Notebook, ao qual fazia bom uso em dias de solidão e saudades delirantes.

 

Ele relatava que Isabella bebia mais do que um fígado jovem podia suportar, então a caipira passava a se “entender” com absolutamente todas as pessoas que se aproximassem dela numa festa. Pelo que Fernando contava ela beijava absolutamente qualquer pessoa entre mulheres e homens, cis ou trans, e até mesmo um pai que fora buscar sua filha mais cedo certa vez. Ela não tinha reservas, não tinha predileções a não ser para garotas de cabelos negros ao estilo tomboy, dessas Fernando dizia que ela tinha ódio e desejo ao mesmo tempo e ele sempre era obrigado a levá-la embora carregada em um dos ombros de tanto que a caipira exagerava nas doses de tequila depois dos beijos quentes nos banheiros sujos das baladas ribeirão pretanas. O vômito de várias bebidas misturadas ainda estava marcado em sua memória e em sua calça favorita que fora para o lixo em uma das vezes. 

 

Eu quase surtava todas as vezes, minha vontade de pegar o primeiro ônibus para o interior e de socar a cara dele por permitir que ela se entupisse de álcool e fizesse coisas que se arrependeria depois. Mas Fernando certificava que no dia seguinte ela sempre estava novíssima em folha, sem ressaca e zero remorsos. Parecia até mesmo feliz por suas performances do dia anterior. Eram relatos assim que me faziam refletir por horas a fio, sobre a decisão de me manter distante e realmente protegê-la daquilo que eu já estava calejada. Isabella, como sempre, ultrapassava limites e me surpreendia de forma abismal. 

 

— Você pode verificar os dados do contrato desse cliente, por favor? — A voz da minha chefe soou atrás de mim, me despertando de uma vez. — Ajustei os óculos de grau com o indicador para que meus olhos pudessem ter uma visão plana sobre as lentes e enxergasse nitidamente os dígitos (resultado de uma breve consulta ao oftalmologista onde foi constatado que minhas dores de cabeça eram nada mais nada menos do que Astigmatismo e Miopia), valeu pelos ótimos genes família. Passei a ler os papéis com certo interesse, até que eu gostava do que fazia. 

 

Eu trabalhava em um escritório de advocacia, indicação de um amigo de mamãe, desde o terceiro mês em que me mudei para Capital. Admito que o escritório não era de todo ruim, me interessava até bastante pelo assunto, principalmente na área Trabalhista que Letícia atuava. Contudo as tentativas dos meus pais em tentarem me dissuadir a fazer Direito e aproveitar o trabalho como estágio eram totalmente desanimadoras, pois eles faziam pelo status que o ramo possuía e não pelo meu interesse em si no assunto. Eles continuavam os mesmos e morar em meu próprio apê, mesmo que alugado, me livrava de discussões como essas por exemplo. Eu falava com papai raramente, apenas em épocas festivas mesmo, nunca mais havíamos nos visto. E mamãe vinha vez ou outra me visitar, dizia ela que fazia isso para que eu não morresse de fome, mas ela sabia que eu me alimentava bem, era só uma desculpa para ter algum controle e eu fingia que deixava. 

 

Mas eu tinha meus anseios e objetivos profissionais, já estava quase conseguindo juntar a grana para o curso presencial que faria, de uma coisa que jamais imaginei me apaixonar… Fotografia. Beatriz me presenteou com uma câmera semi profissional e foi por acaso que descobri o quanto eu gostava daquilo. Passava horas no notebook, estudando sobre o assunto, além de arriscar alguns cliques no Parque do Ibirapuera. Fotografava pessoas, objetos, animais, insetos, paisagens… Eu amava capturar qualquer cena que meus olhos vislumbrassem por mais de dois segundos, mas o que realmente me fascinava eram pessoas de idade. Eu passava horas observando as imagens reveladas dos “velhinhos” desconhecidos que fotografava, pessoas aleatórias que capturava imagens na surdina e depois refletia sobre cada um... Era um passatempo tão rotineiro que se tornava vício. Observava seus traços e trejeitos, tentando adivinhar sobre suas histórias de vida. Beatriz achava estranho e engraçado, mas me apoiava como uma boa amiga faria. A bem verdade é que ela ainda nutria esperanças de que eu a fotografasse nua qualquer dia desses, assim como havia desejado desde o dia em que me presenteara com a câmera e me agarrara quase me sufocando com um beijo ardente. Eu sempre me desvencilhava um tanto sem jeito por não corresponder como ela gostaria, mas em algumas vezes a carência falava mais alto, eu só queria me afogar nela e esquecer caipiras e tomboys se agarrando em banheiros. 

 

— Quando você vai me fotografar, hein? — A mulher jogava os cachos louros para o lado, em uma franja sexy, virando-se de costas para mim e se arrebitando daquele jeito que ela sabia que me chamava atenção. 

 

— Quando você realmente quiser ser FOTOGRAFADA. — Eu retrucava com um sorriso matreiro. 

 

— Eu QUERO ser! — Ela rebatia sempre indignada. 

 

— Não, você quer outra “coisa”. — E eu encerrava o assunto por ali, piscando e sorrindo para ela. Ela era uma companhia divertida. 

 

                                                 [\/]

                                                 [/\]

 

 

— Hoje não, Fer! — Rebati pela quinta vez, já mais do que impaciente. 

 

— Porr* Isa, é só um lual! Vai ser legal, sua amiga do colégio vai, ela me contou que estudou com você. — Fernando me jogou água enquanto eu mantinha a cabeça mergulhada até quase o nariz na piscina de Tia Elisa. Adorava aquela sensação do meu corpo quase totalmente submerso. 

 

— Que amiga? 

 

— Acho que é Bárbara o nome, mas não tenho certeza... 

 

— Aff! Ela que se foda, uma idiota! — Eu quase cuspi água em seu rosto ao me lembrar daquela falsa que tentou me forçar a ficar com o garoto na praça. Mas a lembrança de Micaela me resgatando e me puxando para fugirmos foi inevitável, de subirmos na árvore com pressa e medo, da descoberta de que ela era lésbica e da nossa conversa pela madrugada… Sorri melancólica com as lembranças. 

 

Fernando riu achando engraçado, como sempre fazia quando eu falava algum palavrão. Ele dizia que eu xingando era como um pirata recitando poesia, algo muito improvável e estranho. Revirei os olhos para ele, mostrando o dedo do meio. 

Ele cruzou os braços sobre a borda e soltou de uma vez. 

 

— Ela me ligou hoje. 

 

Não precisava que ele me dissesse o nome, aliás preferia mesmo que ele não dissesse. Doía. Cerrei os dentes com força para tentar conter o frio que sempre subia pelo meu ventre quando ele mencionava sobre ela e claro… Fracassei. Tremi sem perceber. Pensar nela no passado era uma coisa, saber sobre ela no presente me fazia tremer sempre, era quase um gatilho para que eu fugisse e me escondesse do que ele fosse falar, como se algum dia ele pudesse me dar uma notícia terrível demais de suportar. Lembrei que tive quase as mesmas sensações com a morte de papai e voltei ao normal com o tempo, mas a partida de Micaela parecia perdurar com mais insistência em mim, eu me perguntava quando aquele sentimento iria passar. 

 

— Ela vai mandar outro CD? — Perguntei forçando certo desdém e desinteresse. 

 

— Provavelmente. Sabe como ela é previsível quando se trata de você. — Ele se virou de frente para mim. — Por que você não liga pra ela? 

 

— Ahh... Eu... — Gaguejei e isso me irritou mais ainda. — Se ELA quisesse falar comigo já teria ligado.

 

— Sim, mas e VOCÊ? Você não gostaria de ligar? — Ele insistiu. 

 

Aquilo bateu profundamente em meu ego, talvez ele tivesse razão, talvez a culpa também fosse minha por não termos tido mais contato, mas eu jamais admitiria isso em voz alta. O medo ainda era um companheiro indesejável na minha vida, eu só queria ficar em paz, mas ela estragava tudo quando enviava aqueles CDs idiotas com músicas que ouvíamos juntas, ainda tinha a audácia de nomear cada uma delas com… Números! Sim, ela escrevia equações inteiras, com números que juntos formavam palavras da música. E claro, a imbecil aqui ainda resolvia para descobrir que o resultado era sempre uma palavra de carinho ou motivação. Eu simplesmente odiava! Com todas as minhas forças era o dia que mais odiava da minha vida, era trágico desde meus dez anos e ela ajudava a piorar fazendo com que eu ficasse horas tentando disfarçar o rosto inchado e vermelho pelo choro compulsivo que me atingia quando terminava de ouvir todas as musicas. Eu queria devolver o CD quebrado em mil partes com uma equação que dissesse onde ela poderia colocar aquelas palavras de motivação. Eu te odeio, Micaela! 

 

— Vamos nesse lual, Fer!

 

Ele sorriu em resposta antes de me atacar com um abraço de tubarão assassino. 

 

***

Fim do capítulo

Notas finais:

Demorei, mas voltei rs 

desculpem o sumiço, por motivos de: sou a porcentagem pobre desse país que vive do trabalho rs tive que me ausentar, mas já tô adiantando aqui para não atrasar muito. 

 

Beijos, bom final de semana e inteh! o/

PS: Ahhh, esqueci de falar que quando as peraonagens estão separadas o tecto é em primeira pessoa, não estranhem hehe 


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Comentários para 11 - Capitulo 11 - 0D3I0 T3 4M4R:
mtereza
mtereza

Em: 06/05/2023

Agora que já são adultas só a teimosia e orgulho as mantém separadas não é kkk


Bibiset

Bibiset Em: 06/05/2023 Autora da história
Se tem uma coisa que adulto saber ser é: TEIMOSO kkk


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Srt_Lopes
Srt_Lopes

Em: 09/07/2021

 a mica é muito cabeça dura, eu fico muito triste com toda essa situação e espero que elas logo possam ser donas de si para resolverem todas pedencias que tem juntas e poder viver esse amor tão lindo

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patty-321
patty-321

Em: 19/06/2021

Triste por elas. Breve serão adultas. A mica pensa que ficar longe é o melhor pra isa. Affz. 

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 19/06/2021

Eita barril!


Resposta do autor:

Hahahahahhaa amei esse termo, é novo para mim kkk amei

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