POV MARCELA

         Beatriz tinha um poder de persuasão incrível sobre mim, eu queria que ela fosse comigo para a Cyber, mas ela me convenceu em ir de uber. Depois de uma despedida cheia de beijos eu concordei e parti para a casa do meu irmão. Ainda estava cedo e provavelmente Sandro ainda estava dormindo, parti para o meu quarto, me arrumei e quando estava saindo encontrei meu irmão na cozinha.

-Bom dia? – Ele tinha uma expressão interrogatória.

-Bom dia maninho. – Sandro arqueou as sobrancelhas. – Tudo bem?

-Eu quem pergunto, espero não me decepcionar com a resposta. – Sorri de lado e ele continuava me encarando. – Não me diga que você passou a noite com Jaqueline.

-Não, pelo amor de Deus. – Ele suspirou agradecido.

-E onde você passou a noite? Não foi com a Mel que eu sei.

-Prometo que te conto, mas agora eu preciso ir. – Sandro balançou a cabeça e me entregou uma pasta.

-Aqui é o acordo que propus a Jaqueline, ela já tem uma copia, leia e me avise se quiser alterar algo. –Abri o documento e li por alto.

-Obrigado, vou ler assim que chegar na empresa. – Beijei seu rosto e sai.

            O que eu mais desejava era resolver minha vida com Jaqueline de forma pacifica, eu não sou uma pessoa injusta eu daria uma parte da Cyber a ela, só não posso dar a metade, pois sempre foi tudo meu, todo o investimento partiu de mim, sempre foi o meu sonho. Eu iria resolver isso e ficaria livre pra viver minha vida.

            Passei a manhã inteira envolvida com alguns relatórios que estavam me quebrando a cabeça. Alguns contratos não batiam com os valores e eu não entendia o motivo. O financeiro da minha empresa sempre foi impecável, mas esses relatórios não estavam corretos e eu tentava descobri onde estaria o erro. Não tive tempo nem de sair pra almoçar, estava tão absorta nos documentos que só me despertei quando Jaqueline passou pela minha sala como um furacão.

-Marcela, precisamos conversar. – Ela jogou a pasta em minha mesa e se sentou. – O que é isso?

-Boa tarde Jaqueline, como vai? - Perguntei com ironia.

-Não estou com tempo para as suas ironias, quero saber o que significa isso. – Abri a pasta e vi que se tratava do acordo que Sandro disse mais cedo.

-É um acordo, e espero que você assine logo, preciso levar para o Sandro. – Jaqueline me encarou e sorriu.

-Você acha que eu irei abrir mão da minha parte na Cyber? – Jaqueline se levantou e se serviu um uísque. – Não seja tola Marcela, eu sei dos meus direitos.

-Jaqueline, a Cyber sempre foi minha, eu ainda estou sendo generosa em lhe dar 15% das ações. – Continuei sentada em minha cadeira e ela observava acidade pela janela. – Depois do que você fez comigo eu deveria te jogar na sarjeta, mas eu ainda tenho um carinho pelas suas filhas. E se você preferir ir para um tribunal, envolver impressa eu acho que não faria bem para sua imagem.

-Eu não quero nada disso. – Ela se aproximou. – Eu quero que você pare com essa birra e volte pra nossa casa. Vamos esquecer isso, já passou, você esfriou a cabeça, vamos tentar de novo.

-Jaqueline, não comece com isso. – Ela me encurralou entre a mesa e eu virava o rosto. – Nós não temos mais volta.

-Você trocou de perfume? – Ela perguntou sorrindo.

-Da licença Jaqueline. – Passei por ela e Jaqueline continuou com um sorriso nos lábios. – Alguém precisa trabalhar, já que tem dias que você não aparece aqui.

-Eu ainda sei os seus pontos fracos Ma. – Jaqueline recolheu a pasta e a bolsa. – Vou ler isso melhor e marcamos um jantar, e te apresento minha contraproposta.

           Jaqueline se retirou e eu sentei na cadeira irritada, porque ela tinha que ser assim?  Peguei minha bolsa e sai, não tinha mais cabeça pra ficar no escritório, mandei uma mensagem pra Mel e pedi que ela me encontrasse. Mas antes de ir embora passei no estúdio para avisar Bia, que eu estava indo embora, mais que poderíamos nos falar mais tarde. Bia me avisou que teria um compromisso, mas quando chegasse em casa me ligaria, dei um selinho rápido e ela me repreendeu pela atitude.

POV BEATRIZ

                Meu coração estava apreensivo, quero ser uma mosquinha e ouvir o que Marcela e Jaqueline conversavam. Não devia ser boa coisa, pois Alice disse que Marcela pediu pra não ser irrompida, quando Lívia tentou entrar lá. Tratei de não ficar pensando nisso e foquei no meu trabalho, convencendo Lív a fazer o mesmo. As horas se arrastavam e eu só queria que aquele dia acabasse logo. Estava concentrada separando alguns looks, quando meu celular começou a tocar.

-Gustavo, eu estou no meu local de trabalho. – Revirei os olhos assim que atendi.

-Poxa gatinha, você não me ligou. – Ele disse meloso do outro lado da linha. – Bia, eu quero me redimir com você.

-Gustavo, eu não posso falar disso agora.

-Então sai comigo hoje à noite? – Ele perguntou empolgado. – Eu juro que vou me comportar.

-Ok, Gustavo, eu saio às sete. – Suspirei e ouvi ele comemorar. – Que fique claro, que não existe nenhuma intenção em reatamos.

-Ok minha linda, passo ai pra te pegar. – Desliguei e passei a mão no rosto, eu estava cansada de Gustavo, não é possível que ele não entenda que nós dois não temos mais volta.

                   Continuei fazendo meu trabalho e fui surpreendida por Marcela, ela me disse que precisava encontrar a amiga e mais tarde podíamos nos falar, avisei a ela que eu teria um compromisso e assim que estivesse livre eu ligaria pra ela. Marcela me pegou de surpresa quando selou nossos lábios em um beijo rápido, e eu briguei com ela por isso.

               As sete em ponto Gustavo encostava seu carro na porta da Cyber, me despedi de Lívia, que não ficou nada feliz em me ver entrando no carro do meu ex namorado. Gustavo estava sorridente e me deu um beijo no rosto assim que entrei.

-Oi linda, vamos? – Acenei com a cabeça e ele deu partida no carro. – Planejei noite japa, o que acha?

-Você sempre tenta me comprar com sushi. – Sorri balançando a cabeça. – Só vou aceitar, se for no Shark Sushi.

- É lá mesmo. – Gustavo comemorou empolgado e seguiu para o restaurante.

             Apesar de tudo Gustavo não era uma má companhia, ele sempre foi um cara que me tirava boas risadas. Ele estava se comportando e não disse nada sobre nós dois voltarmos, conversamos sobre trabalha e ele disse que Maria Helena estava com saudades e pediu que eu fosse visita-la qualquer dia desses.  

-Bibi, eu te devo desculpas. – Dei um gole no meu saque, e ele continuou. – Eu fui um cafajeste, eu não te respeitei e se arrependimento matasse eu estava morto.

-Gustavo, está tudo bem.

-Bia eu quero tentar de novo. – Gustavo segurou minha mão por cima da mesa. – Eu quero ser seu namorado, e em breve seu marido.

         Eu engasguei com as palavras dele, não podia acreditar no que eu estava ouvindo. Eu ria de nervoso e Gustavo parecia esperar minha resposta.  

-Você pode voltar a trabalhar com minha mãe, vocês duas podem ser grandes e daqui uns dias serem referencia internacional. – Ele dizia empolgado como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

-Gus, eu não guardo magoas de você, mas não dá. – Puxei minha mão delicadamente e a expressão dele mudou.

-Caralh* Beatriz, você se faz de difícil demais. – Estava demorando. – Eu tô tentando ser um cara melhor sabe, você ia ser esposa de Gustavo Gusmão, ia se tornar sócia da minha mãe.

-Eu nunca quis seu dinheiro, e você sabe muito bem disso. – Aquilo já estava me ofendendo.

-Todo mundo gosta de dinheiro Beatriz. – Ele já fala de forma exaltada e eu recolhia minha bolsa.

-Eu gosto mesmo Gustavo, mas eu gosto do meu dinheiro. – Falei entre os dentes. –Eu até tentei ser sua amiga, mas você é um idiota.

-Quem é ele? – Gustavo me perguntou raivoso. – Você só não quer voltar porque está saindo com aquele zé ruela que estava com você no bar né?

-Sandro e eu somos amigos, e eu não devo satisfações a você. – Ele sorriu como se não acreditasse. – Eu não volto com você, pois você é um grande babaca, e da próxima vez que você for até minha casa, ou no meu trabalho eu tomarei medidas judiciais. E só pra você saber, não é ele, é ela. 

     Peguei minhas coisas e não dei tempo dele vir atrás de mim, até achei que dava pra ser legal com ele, mas eu estava enganada.

Fim do capítulo