Quem tiver interesse em acompanhar minha rotina de escrita e saber mais sobre o processo de lançamento desse livro (pois vai virar livro físico ><), me segue no insta: diario_deumaescritora_
BOA LEITURA! ><
CAPÍTULO 24
Só pude me acalmar depois de alguns minutos, Anna permaneceu a uma certa distância até se sentir segura para se aproximar, não a culpei pela atitude. Depois de passarmos quase a noite toda conversando sobre a infância de Hera, e bem superficialmente sobre a minha, quando voltei para o quarto Hera já estava deitada na cama, pensativa.
- Tudo bem? - Pergunto quando vejo seu olhar distante.
- Não acho uma boa ideia você voltar a trabalhar. Não é seguro para você. - Entro no banheiro revirando os olhos.
- Se eu deixar de fazer as coisa só pela desculpa de não ser seguro, não farei nada, e fazer nada, é algo que não costumo, consigo ou quero fazer. Simplesmente não consigo ficar trancada nesse quarto e nem nessa casa. Preciso fazer alguma coisa, não precisa ser voltar para sala de câmeras, pode ser outra coisa para me manter ocupada.
- Certo, tenho uma ideia. - Hera entrou no banheiro atrás de mim, não me virei para olhá-la enquanto tirava a roupa e me preparava para tomar banho. - Você não pode voltar para a sala de câmeras, mesmo que seja mais seguro do que estar nos muros, assim que a noticia de que você voltou a trabalhar se espalhar, corremos o risco do informante usar essa informação para tentar alguma coisa contra nós, e minha preocupação não são só os ataques, você é oficialmente da Família Real agora, e inimigos temos a rodo, não só os rebeldes. E pelo que soube, qualquer um pode passar pelas portas reforçadas de lá, não é seguro.
Mesmo não querendo, tive que concordar com Hera. A sala de câmeras não é tão segura quanto se diz por ai, e havia me esquecido do detalhe de que agora sou oficialmente membro da Família Real, devo ficar atenta.
- Tem alguém infiltrado passando informações para os nossos inimigos. Tanto vampiros quanto rebeldes, eles sempre sabem quando e onde atacar, não posso arriscar te expor assim. Seria fácil demais para eles fazerem um ataque qualquer enquanto te sequestram na sala de câmeras.
- Entendi, já entendi. Qual é sua ideia então? - Depois de despida entrei no box do banheiro, o fechando em seguida.
- Miranda disse que você precisa treinar. - Revirei os olhos novamente. - Você vai precisar dedicar os próximos dias ao treino para controlar seus poderes, isso para mim já é trabalho o suficiente, não acha?
"Não, não acho..."
Penso, enquanto espalho o sabonete pelo corpo. Não quero ter de admitir em voz alta, mas Hera está certa. Não sei quanto tempo do meu dia o treinamento vai me tomar, e não sei se depois do treinamento me sentirei com disposição para trabalhar com alguma coisa. Considerando o cansaço que senti todas as vezes depois que usei meus dons, provavelmente, não me sinta com disposição para nada depois de um treinamento.
- Tudo bem. Por enquanto, vou aceitar isso. Por enquanto. - Hera cruza os braços não muito satisfeita.
- Você vai me deixar saber quando o seu 'por enquanto' acabar? - Com os olhos fechados, dou de ombros, sem saber se ela viu meu gesto.
- Claro.
- Amanhã seu treinamento com Miranda começa, não sei o horário que ela vai passar aqui, mas aparentemente vocês vão treinar na floresta por enquanto. Os ginásios que são usados para treino estão sendo usados para treinar novos recrutas para a Segurança e para Contenção, e a sala de exercícios aqui não é grande o suficiente, se você causar alguma explosão pode chamar atenção demais, por isso, por enquanto treinarão na floresta. Quando você sair com ela amanhã já vou ter saído para as reuniões com o Alfa, escalei Miguel, Roger e Geovani para acompanhar você. - Revirei os olhos mais uma vez com a palavra "acompanhar".
Depois de alguns minutos sai do banho e me deitei na cama ao lado de Hera. Ela estava acordada, deitada de barriga para cima com as mãos atrás da cabeça olhando para o teto do quarto. Somente o abajur do seu lado da cama estava acesso, deixando o quarto numa penumbra confortável. Silenciosamente me deitei ao seu lado, me virando de costas para ela. O silêncio que se seguiu, apesar de estranho foi confortável. Hera parecia perdida em seus próprios pensamentos, enquanto eu me perdi nos meus. Depois de minutos de silêncio, o sono começou a dar as caras, e sorri fracamente, satisfeita por meu sono ter voltado ao normal. Mesmo que na maioria das vezes não consiga dormir a noite inteira, o pouco que durmo é o suficiente para descansar o corpo.
- Você desconfia que sua mãe traiu seu pai? Para ser uma híbrida? - A pergunta repentina de Hera me fez saltar de susto. Minha mente estava mergulhando em um sono tranquilo quando a voz de Hera me puxou de volta para a realidade, me assustando.
- Não sei e não me importo. Não faço a menor ideia do porque isso está acontecendo comigo. Justo comigo. - Mais alguns minutos de silêncio se passam.
- Acho que você precisa se alimentar de sangue todas as semanas, no mínimo. - Engoli a saliva tensa. Hera entrou em um assunto que por hora, prefiro ignorar. - Você precisa de sangue com frequência, mas acredito que você não vá querer fazer isso todos os dias, então, pelo menos uma vez por semana. - Hera se mexe na cama, provavelmente se deitando de lado, e pela proximidade da sua voz soube que ela tinha se virado para mim. Me virei para ela e ficamos de frente uma para outra.
- Tá. - Não pude ler a expressão de Hera e me perguntei o que estava passando por sua cabeça, quando de repente sua mão direita acaricia meu rosto suavemente.
- Você não está mais sozinha. Você tem a mim agora, e eu não vou deixar nada te acontecer. - A voz de Hera soa baixa, um sorriso casto escapa dos meus lábios.
"Hera sabe o quão importante é para mim ouvir isso? Ela sabe o quão feliz me deixa ouvir isso da boca dela? Da minha companheira?"
Para mim ainda é surreal acreditar que minha companheira me aceitou tão facilmente. Passei tantos anos ouvindo que sou 'desprezível', e que ninguém jamais iria me querer que algum momento da minha vida passei a acreditar nisso. Meus pais, me fizeram acreditar ser uma pessoa indigna de ser amada e cuidada. Acreditei por tanto tempo.
O silêncio caiu sobre nós novamente. Em algum momento peguei no sono, quando abri os olhos novamente, o sol entrava pela fresta da cortina do quarto. Hera não estava mais ao meu lado na cama, e a julgar pelo silêncio do quarto, Hera já tinha saído para a tal reunião. Me levantei da cama e fiz minha higiene matinal. Ao sair do quarto torci para não encontrar com ninguém, no entanto, assim que ponho os pés para fora do quarto, me deparo com Miguel e outros dois Guardas parados, dois de cada lado da minha porta, e um em frente a minha porta. Para piorar, quando olho para os lados me deparo com Clara e Luíza ao lado da porta de Anna. Automaticamente me lembro de que Clara e Luiza tinham sido escaladas para fazer a escolta de Anna durante o dia, junto com elas, um Guarda Real estava em frente a porta, completando três Guardas, assim como em minha porta.
Assim que as duas me viram seus olhares se tornaram surpresos e com expectativa. Cumprimentei-as com a cabeça e sai andando para o primeiro andar sem olhar para trás. Os passos dos Guardas atrás de mim me deixaram desconfortável, mas não tentaria fugir novamente.
- Sem escapadas dessa vez? - A voz de Miguel me atinge quando finalmente chego na grande cozinha da mansão. Esperava encontrar as cozinheiras no lugar, mas o cômodo estava vazio como resto da casa. A decoração preta e azul escuro dos móveis, destoavam completamente dos outros cômodos da casa, que são alegres e aconchegantes. A decoração moderna e escura da cozinha deixava o ambiente sombrio, escuro e nada confortável.
- Não, não dessa vez. - Os outros Guardas se espalham pela cozinha, enquanto Miguel se mantem mais próximo a mim do que os outros. De todos os Guardas Miguel pareceu estar mais a vontade para conversar comigo, os outros mantinham seus olhares sérios e duros não dando abertura para conversa.
- Devo acreditar em você? - Sorrio com seu tom irônico. O fato de Miguel estar me tratando como uma pessoa normal e não estar agindo como os outros me deixou contente, pelo menos terei com quem conversar quando estiver sozinha com eles.
- Sim, acredito que hoje não terei tempo para escapadas e muito menos, lugares para ir nessas escapadas. Além do mais, oficialmente, toda a alcateia agora sabe da minha existência e eu não sou uma pessoa disposta a socializar com as pessoas sobre isso. - Ele sorri. Enquanto preparo um misto quente me pergunto quando Miranda passaria para me buscar, e enquanto deixo o leite esquentando, olho o celular. Novamente me deparo com algumas mensagens de Lia e Elisângela. Abro primeiro as mensagens de Elisângela.
"Estaremos ai em alguns minutos."
Mina boca se abre em surpresa.
- Tudo bem? - Miguel pergunta notando minha expressão.
- Sim, é só que, preciso me apressar.
Tomo o café apressadamente e subo novamente para o quarto para me arrumar. Sem saber o que exatamente o treinamento exigiria de mim visto uma calça legging e uma regata larga que costumo usar para treinar. Assim que termino de me preparar, ouço a campainha tocar. Não muito animada, e nervosa pelo o que me aguardava desço as escadas de volta ao primeiro andar com os Guardas atrás de mim. Quando chego a porta da frente, com dois Guardas Reais em minha frente, incluindo Miguel, que abriu a porta para mim por questão de segurança. Me deparo com Miranda e Elisângela vestidas da mesma forma que eu, roupas leves e simples de academia. Dois homens de farda preta as acompanhava, certamente são os seguranças escalados pelo Alfa para escoltá-las, afinal, Profetas são importantes para a alcateia e também são protegidas.
- Bom dia flor do dia. - Elisângela diz não muito animada. São oito horas da manhã, nem mesmo eu estou animada pelo horário, normalmente, esse horário estaria dormindo. Sempre trabalhei na alcateia durante a noite, nunca fui uma pessoa diurna, o dia quente sempre me deixou cansada e fraca demais. Hoje, me pergunto se o motivo não é por ser uma híbrida.
- Bom Dia. - Miranda vestia uma roupa simples de academia, assim como Elisângela, no entanto, diferente de Elisângela, Miranda parecia animada para começarmos os treinamentos, a mesma sorri para mim calorosamente. Caminhamos até um carro parecido com uma limusine, e entramos apressadamente. Miguel e os outros Guardas se espremeram dentro do carro, couberam todos, os dois seguranças de Miranda foram na frente, um deles dirigindo. Miranda, Elisângela e eu, sentamos todas no mesmo banco e ainda sobrou espaço. O carro começou a andar em direção a floresta, e o silêncio dentro do carro se tornou desconfortável.
- O Alfa fechou a floresta somente para nós usarmos hoje, assim não corremos o risco de alguém te ver. - Miranda puxa assunto e agradeço internamente. - Infelizmente por alguns dias precisaremos treinar na floresta, o galpão de treinamento está sendo usado para os recrutas, e considerando os ataques recentes, acho que não estará disponível para nós tão cedo, mas isso não vai ser um problema, por hora a floresta serve. - Miranda diz tranquilamente, e seus cabelos loiros curtos milimetricamente corretos balançam quando ela dá de ombros. Miranda é uma mulher difícil de se tirar os olhos, sua pele branca e aveludada a deixam com uma aparência quase surreal de tão perfeita, assim como Elisângela que consegue ser ainda mais perfeita que a mãe. Diferente de Miranda, Elisângela tem os cabelos longos e são de um loiro tão claro que na luz do dia parece branco, e junto com sua pele branca e seus olhos cinzas penetrantes, facilmente pode-se acreditar que elas não são desse mundo de tão perfeitas, diferente de mim, que sou simples em todas minhas características, cabelo castanho, olhos castanhos, pele morena, nenhuma novidade ou característica estonteante como as duas.
- Você costuma meditar, Lorena? - Elisângela entra na conversa.
- Na verdade não. Prefiro fazer exercícios físicos para me tranquilizar.
- Bom, agora vai ter que aprender a meditar querida. - Elisângela diz olhando seu celular distraidamente num tom arrogante. Não me incomodei pelo seu tom, nos últimos dias em que tivemos que conversar sobre vampiros, percebi que é um gesto inconsciente dela, em alguns momentos até acho engraçado.
Depois de alguns minutos de viagem estacionamos em frente ao portão que dava para a entrada da floresta. Os Guardas saem primeiro, e os seguranças de Miranda logo em seguida, enquanto esperamos dentro do carro eles vistoriarem os arredores, para saber se nenhum civil curioso está por perto para ver e espalhar a notícia de que estamos aqui. Depois de mais alguns minutos esperando, Miguel aparece na porta do carro sinalizando que podíamos sair.
Enquanto saímos do carro, minhas memórias da época em que morei com meus pais voltaram novamente. Sempre andávamos com diversos seguranças, meu pai por ser quem é tem vários inimigos espalhados pelo mundo, inimigos corajosos o bastante para tentar matá-lo, por isso sempre andávamos rodeados de seguranças sempre que estávamos em público. Em público eles me tratavam bem, mas evitavam falar comigo para evitar ter que fingir tanto. Era aterrorizante quando alguém se aproximava de mim com alguma pergunta, mesmo que fosse uma pergunta simples, minha mãe, Lizandra nunca me deixava sozinha para responder qualquer coisa. Numa dessas ocasiões, enquanto estávamos em um jantar de uma família aristocrata, um grupo de jovens se aproximou de mim, provavelmente para se enturmar e conversar amenidades que adolescentes conversam nessa idade. Do grupo de garotas, somente uma também fazia parte de uma família fundadora, as outras garotas, eram de famílias de aristocratas e empresários. A conversa não durou nem mesmo dois minutos, pois minha mãe se aproximou de mim, e me tirou do grupo alegando que precisava me apresentar a algumas pessoas, no entanto, antes que ela se aproximasse para me tirar do grupo, algumas perguntas ainda saíram de uma das garotas.
- Acho tão elegante pessoas que andam com seguranças o tempo todo, seus pais devem se preocupar muito com você e com seus irmãos para ter tantos seguranças assim. - Ela diz empolgada com os olhos brilhando. - Sem contar os vestidos, você deve ter vários vestidos elegantes, quantos você tem?
Bem jovem percebi que as pessoas nesses círculos sociais se preocupam com o luxo e com a popularidade, enquanto a única coisa que queria era ter uma vida longe dos meus pais, e se isso me custasse todo o luxo que vivia 'parcialmente' - já que meus pais me privavam de muitas coisas - eu não me importaria em perdê-las. Nada é melhor que a liberdade, e constatar agora que contra minha vontade, mais uma vez voltei a fazer parte de tal grupo social, me irritou. A família de Hera não se parece em nada com a minha, eles tem respeito entre eles, e apesar das piadas que vivem soltando uns contra os outros, é nítido para mim o quanto se amam, aparentemente o luxo não significa muita coisa para eles, assim como para mim. Tão diferentes da minha família. Tão diferente do que vivi por muito tempo.
"Vou me acostumar e realmente fazer parte da família deles?"
Voltei meus pensamentos para o presente. Tínhamos saído do carro e esperávamos o portão que nos levaria a floresta se abrir. Quando o som que indicava o limite da abertura do portão ecoou, os Guardas e os seguranças foram na frente para inspecionar também a floresta, só permanecendo conosco Miguel e um dos seguranças de Miranda. Mais uma vez, após alguns minutos, os Guardas voltaram liberando nossa saída.
Caminhamos em silêncio para dentro da floresta, Miranda seguiu na frente com Elisângela logo atrás. Mergulhei mais uma vez em meus pensamentos já que o silêncio entre nós não seria quebrado enquanto o percurso não finalizasse.
Quando finalmente paramos em uma área mais aberta da floresta, vi Miguel distribuir ordens, os Guardas e os seguranças se espalharam pela floresta, formando um círculo ao nosso redor. Miranda pediu que eles se afastassem mais, por questão de segurança, e eles prontamente obedeceram.
- Bom, para começar, preciso saber do que você é capaz de fazer Lorena. - Miranda se dirige a mim, enquanto Elisângela encontra um tronco quebrado e se senta para observar toda a cena. - Preciso saber do que você é capaz de controlar dos seus dons, se você for capaz disso. Mas pelo que me lembro, a última vez que conversamos, você disse que as coisas que você fez não foram planejadas. Você acha que consegue fazer alguma coisa se tentar dessa vez. - Com a lembrança do ocorrido no dia anterior, confirmo com a cabeça, Miranda se afasta sem nenhum aviso, tomando quase a mesma distância que os Guardas. - Ótimo! Tente.
Quando vi que Miranda não se afastaria mais esfreguei as mãos ansiosa e respirei fundo, me lembrando dos gatilhos de sentimentos que me fizeram alcançar meus poderes no dia anterior. Afastei um pouco as pernas e ergui os braços lentamente. Com os olhos fechados, foquei em meu interior e tentei esquecer que tinham pessoas ao meu redor me observando. Depois de alguns minutos senti o formigamento em meu corpo, e canalizei-o para as minhas mãos, que prontamente se acenderam com uma luz azulada. Ouvi os suspiros de surpresa de Elisângela e dos Guardas, decidi que tentaria acertar alguma árvore.
Com as mãos levantadas, e com um alvo em vista, senti quando o poder fugiu de mim como se tivesse sido sugado para o chão, mas não tive tempo de reagir a isso. Parei abruptamente quando uma sensação familiar de estar sendo observada me atingiu. Imediatamente me lembrei da última vez que estive na floresta sozinha, e que tive certeza de que alguém me observava.
Com o coração disparado, abaixei as mãos olhando para os lados procurando a origem daquela sensação, qualquer coisa que justificasse aquele incômodo. Mesmo sabendo que os Guardas, Miranda e Elisângela me observavam, senti que algo nessa sensação era diferente, mais intensa, como se eu pudesse sentir com meu corpo a presença de outra coisa, mesmo não vendo nada com meus olhos, senti que estava ali.
- Alguma coisa errada Lorena? - Miranda pergunta confusa. Os Guardas olham para os lados atentos quando veem minha reação.
- Tem alguém aqui nos observando, posso sentir. - Me concentrei na terrível sensação que aumentou a cada segundo. Os Guardas sacaram suas armas do coldre e se aproximaram fechando círculo ao nosso redor. Em minutos Miranda, Elisângela e eu estávamos rodeadas pelos Guardas e pelos seguranças.
- Não ouço nada. - Roger comenta.
- Fiquem atentos, Giovani prepara o rádio para pedir reforços. -Miguel diz sem tirar os olhos da floresta.
- Sim senhor. - Um silêncio se abate na floresta depois disso. Os pássaros não cantavam mais e não vi nenhum voando por perto como quando chegamos.
- O que está sentindo exatamente Lorena? - Miranda me olha confusa.
- Não sei explicar, é como se... Não sei, só posso sentir.
- Não parece ser a primeira vez que você sente isso. - Elisângela observa.
- Alguns dias atrás vim correr sozinha na floresta, tive a mesma sensação, mas não vi nada, fui embora antes de saber.
- Bem esperto. - A voz de Elisângela soa debochada como na maioria das vezes, no entanto percebi que seu gesto era para mascarar seu nervosismo. Todos olhávamos ao redor procurando por alguma coisa. Tentei não me deixar levar pelo medo e pela insegurança, mesmo sabendo que posso me defender se algum inimigo aparecer. Só resta saber, quem é o inimigo?
Mais alguns minutos se passaram, e o silêncio permaneceu na floresta. Um estalo de um galho foi ouvido muito próximo de onde estávamos, os Guardas imediatamente levantaram suas armas na direção do som. Mais alguns minutos e nada. A tensão percorria nossos corpos, e por mais que nenhum de nós visse o que era, sentimos a mudança no ar da floresta. A sensação terrível de estar sendo observada aumentou num nível alarmante, meu coração bateu disparado e soube que o quer que fosse já estava ali.
De repente, três pessoas com capuzes azuis escuros surgem em nosso campo de visão. Simplesmente se materializaram ali. Seus capuzes eram grandes demais para sabermos se eram homens ou mulheres, e seus rostos cobertos nos impediam de saber com quem estávamos lidando. Assim como os seguranças e os Guardas Reais farejei para ter uma pista do que poderiam ser, mas nenhum cheiro vinha das três figuras encapuzadas.
- Não se aproximem! - Miguel se pronuncia com a arma apontada. As três figuras levantam as mãos lentamente tirando o capuz, expondo três mulheres jovens e tão lindas que poderiam nem existir. Giovani, um dos Guardas Reais, leva o rádio de comunicação a boca para pedir reforços mas a mulher do meio, a líder, ergue uma mão.
- Por favor. - Seu pedido chama nossa atenção e Giovani para o que pretendia fazer para olhá-las. - Não queremos atacar, não viemos para isso.
- Esse é território lycan e vocês estão invadindo bruxas, isso é motivo suficiente para atacarmos.
- Sim, é verdade, não devíamos estar aqui, mas precisamos. - A mulher do meio tinha tatuagens brancas que cobriam quase todo seu rosto, sua pele escura destacou as tatuagens exóticas que se espalhavam da testa até as bochechas e nariz. Suas mãos, que ficaram expostas ao levantar o capuz, mostraram ainda mais tatuagens espalhadas.
- O que querem? - Miguel pergunta com a arma apontada para a mulher negra que deveria ser a líder. Suas tatuagens brancas eram destacadas por sua pele negra, assim como seu olhar escuro e profundo. Seus cabelos castanhos escuros tinham várias tranças, algumas com mechas brancas, e outras com pingentes dourados grudados nela. Em uma das mãos ela usava um bracelete prata chamativo, assim como seu vestido branco colado ao corpo, curvilíneo e sedutor.
- Precisamos falar com ela. - Ela aponta para mim, e imediatamente Miranda e os outros Guardas se colocam em minha frente impedindo minha visão.
- Não.
- Não viemos para lutar, só queremos falar com ela por alguns minutos.
- Não. Que garantia tenho de que não farão nada? Saiam daqui enquanto podem.
- Não podemos ir sem falar com ela antes.
- Giovani peça reforços. - Giovani preparou o rádio para pedir reforços mais o interrompi.
- Espera. - Miranda e Elisângela olham para mim tensas, enquanto os seguranças e os Guardas sequer tiram seus olhos das mulheres. - Vamos saber o que elas querem antes de fazer qualquer coisa.
- Não posso Lorena, temos ordens para não deixar ninguém se aproximar de você, principalmente os inimigos. - Notei que o olhar da bruxa do meio se entristeceu.
- Não, espera. Peça seus reforços, mas quero saber o que elas querem comigo, se não estou enganada, não é a primeira vez que vem atrás de mim. - A bruxa sorri para mim.
- Você nos sente não é mesmo? - Ela se dirige a mim. Engulo a saliva nervosa e caminho para frente, me desviando dos Guardas para ter uma visão melhor.
- O que querem falar comigo?
- Posso saber seu nome? - Depois de concluir que elas saberem meu nome não me causaria nenhum risco, afirmo com a cabeça.
- Lorena.
- Muito prazer Lorena, sou Aliandra, essas são Mia e Misca. - Concordo com a cabeça novamente. As outras duas mulheres, de cabelos lisos castanhos e pele morena mostrando sua ascendência indígena, tinham tatuagens pretas e circulares no centro da testa, nada parecidas com as tatuagens detalhadas e ramificadas de Aliandra. - Não sou mensageira, e nem mesmo uma guerreira de meu povo. Estou ariscando minha vida por conta própria para tentar falar com você.
- Por quê? O que querem? - Aliandra junta as mãos na frente do corpo, assim como as outras mulheres.
- Por que você tem uma ligação conosco e posso sentir seus poderes, assim como nesse momento você pode sentir o meu. - Um suspiro de choque percorre os Guardas e até mesmo a mim. Então é isso? A sensação de estar sendo observada e de poder que cresceu a todo momento significa que na verdade estava sentindo o poder delas?
- Sou uma Profeta do meu povo, assim como as mulheres com você.
- O que você quer dizer com essa ligação? - Miranda se coloca ao meu lado. Aliandra me olha nos olhos, como se decidisse contar ou não o real motivo daquilo.
- Lorena é uma bruxa, é uma de nós. Assim como também é uma de vocês. - Paraliso no lugar apavorada.
- Impossível, a família dela é toda de lycans puros e antigos, não tem como ela ser uma bruxa, muito menos uma híbrida. - Miranda diz tranquilamente, como se o assunto de eu ser uma híbrida não passasse de uma novidade para ela. Aliandra não se incomodou com o tom de Miranda e continuou me olhando inatingível.
- A alguns anos atrás eu concordaria, mas essa não é a realidade de agora, e se não acreditarem em mim, tudo bem, mas a Profeta de vocês - Aliandra encara Miranda. - sabe assim como eu que Lorena não é como as outras pessoas. Como uma Profeta você pode sentir Lorena, e sabe o tamanho do poder dela. - Seguiu-se um silêncio em que todos esperavam que Miranda dissesse alguma coisa.
- O que vocês pretendem vindo aqui? Além de falar isso? - Miranda pergunta. Nesse momento Aliandra pareceu nervosa.
- Gostaríamos de levá-la até nossa rainha.
- Giovani os reforços. - Miguel rosna irritado para Giovani que havia se distraído com a conversa, só então Giovani aciona o rádio e começa a falar com alguém.
- Lorena não vai sair da nossa alcateia para nada, muito menos para ir com vocês. - Miranda diz tranquilamente.
Aliandra avaliou a situação por um tempo, observando todos os Guardas ao nosso redor, que prontamente perceberam a atenção da bruxa e destravam suas armas.
- Entendo. De qualquer forma, entrarei em contato com você em breve Lorena. Você também é uma de nós e pode nos sentir assim como podemos sentir você, logo seus poderes se manifestarão e você vai precisar do nosso povo para ajudá-la a treiná-los. A não ser que já tenham se manifestado. - Ninguém responde a bruxa, eu permaneço quieta absorvendo o que ela havia dito. - Sinto seu poder Lorena, você precisa de ajuda, seus poderes são... voláteis demais para treinar sozinha e com pessoas que não sabem com o que estão lidando. - Um estremecimento percorre meu corpo. A forma com que ela se referiu ao meu poder, pareceu ser algo muito, muito perigoso, e se ela tinha a intenção de me assustar, ela conseguiu. - Entrarei em contato com você em breve, pense na minha proposta.
Com isso, Aliandra e as outras mulheres sumiram da mesma forma que surgiram. Miguel e os outros mantem a formação ao nosso redor. A sensação incomoda de estar sendo observada some depois de alguns segundos, e antes que suspirasse aliviada de estarmos somente nos na floresta novamente, sons de diversos passos nos alcançam na floresta. Hera é a primeira pessoa que vejo. Ela se dirige a mim as pressas me olhando da cabeça aos pés.
- Você está bem? - Hera segura meus ombros, me olhando atentamente a procurando de algum ferimento.
- Sim. - Olho a quantidade de Guardas e seguranças espalhados pela floresta. Além dos Guardas Reais, e uma tropa de soldados da Segurança e Contenção - dentre eles Paula - vi o Supremo, o Alfa e Luís se aproximarem.
Me deixei ser guiada por Hera para fora da floresta com Guardas ao nosso redor, Miranda continuou no lugar conversando com o Supremo e o Alfa, contando o que havia acontecido. Elisângela me olhou uma última vez enquanto me afastava, seu olhar sério me causou calafrios. Assim que Hera e eu chegamos ao portão da alcateia, uma multidão de pessoas já se aglomerava tentando ver o que acontecia, e diversos seguranças da Contenção seguravam a multidão para impedi-los de ultrapassar o limite estabelecido por eles. Hera me levou até seu carro, onde ela abriu a porta me colocando dentro, e depois de alguns minutos ela se colocou atrás do volante. Observei os Guardas Reais que chegaram junto com Hera escoltarem nosso carro com motos, nos acompanhando pelo trajeto. Miguel, Giovani e Roger ficaram na floresta.
- O que aconteceu? - Hera pergunta enquanto manobra o carro para sair da vaga.
Encosto a cabeça no acento do banco fechando os olhos. Lycan, vampira, e agora sou uma bruxa? Passo as mãos no rosto.
- Aparentemente, agora também sou uma bruxa.
Fim do capítulo
OOOIIIIII MINHASSS LOBINHAS ><
Td bem com vcs? Espero que sim >,<
Como sempre: Me perdoem se virem erros e podem me dizer se virem, não fico brava. Sempre releio meus caps antes de postar, mas hj estou bem cansada então p não deixar vcs sem cap, publiquei msm assim. Esse cap já foi revisado por mim várias vezes, mas devem ter erros ainda (sempre passam alguns rsrs).
A semana está bem corrida e hj foi um dia daqueles p mim, por isso o atraso, mas pretendo publicar por volta das 16:30 msm. (No epílogo explico como serão as publicações do segundo livro ><).
Sobre o cap: O QUE VCS ACHARAM? JÁ IMAGINAVAM ISSO? ME CONTEM, PRECISO SABER KKK
CURTAM E COMENTEM (MUITO), fico muito feliz com seus comentários ><
Espero que tenham um ótimo final d semana, muita saúde, e até a próxima quarta! ><
Até ><
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biaconex
Em: 17/06/2021
EStou adorando a Lorena ( nome da cidade que nasci) ter todos esses poderes. Espero que esses poderes nao a corrompam e ela possa unir todas essas tribos, afinal, a licção deve ser como viver com a diferença!
Resposta do autor:
<3 Fico feliz q esteja gostando da história! ><
Sim! Essa é a lição ><
<3
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Irinha
Em: 02/06/2021
Se Lore já tava confusa, agora então em? Fiquei pensando como ela pode ter adquirido a genética das três espécies?? Nesse angú tem caroço.bjs
Resposta do autor:
Sim! Ela deve estar doida c essa novidade, eu estaria rsrs
Talvez isso seja respondido no próximo livro ><
bjo ><
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Marta Andrade dos Santos
Em: 02/06/2021
Eita Lorena você é fodona da porra toda.
Resposta do autor:
Sim! P variar ><
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