Quem tiver interesse em acompanhar minha rotina de escrita e saber mais sobre o processo de lançamento desse livro (pois vai virar livro físico ><), me segue no insta: diario_deumaescritora_
BOA LEITURA! ><
CAPÍTULO 23
A caçada durou a madrugada toda. Somente quando os primeiros raios de sol despontaram no céu, o Supremo ordenou a volta de todos pela floresta, e quando chegamos a alcateia o sol já estava em seu ápice, nos deixando sedentos de sede, por conta do caminho longo que fizemos da floresta até o condomínio novamente, mas ninguém se importou. Assim que todos chegaram ao portal que separa o condomínio da floresta cada um foi para sua casa exausto pela noite. E isso não foi diferente para nós, ao chegarmos a alcateia fizemos todo o trajeto de volta da mesma forma que tínhamos ido, com Guardas Reais e uma pequena equipe da Contenção nos escoltando apesar de dessa vez as ruas estarem quase vazias, restando somente alguns lycans que estavam indo para suas casas, também cansados.
Ao chegarmos a mansão cada um foi para seu quarto com despedidas rápidas e curtas. Hera e eu não fizemos diferente, nos despimos, tomamos banho, e ao deitar na cama a última coisa que vi foi o sol entrando pela janela do quarto, e Hera se ajeitando do meu lado para dormir.
Despertei com som do meu celular vibrando. Quando me sentei na cama tateando cegamente para achar o aparelho, reparei que Hera não estava mais ao meu lado, e que o dia já era noite. Quando alcanço o celular noto algumas mensagem de Luís, Lia e Bruno. Sem disposição para responder qualquer uma delas, saio da cama devagar e me dirijo ao banheiro, onde faço minha higiene. Ao entrar no closet em busca de roupas, me deparo com um closet milimetricamente arrumado, todas minhas roupas estavam nos cabides, num compartimento ao lado das roupas de Hera. Depois de vestir um shorts jeans azul e uma regata branca, volto para o quarto usando meus chinelos de dedos. Decido manter os cabelos soltos, pois tinha acabado de lavá-los e precisavam respirar um pouco.
Quando saio do quarto o corredor está escuro e silencioso. Desço as escadas desconfiada. Não consegui ouvir nenhum som vindo do andar debaixo. E conforme andava senti meu corpo pesando a cada passo, provavelmente por conta do sono. Quando chego ao primeiro andar da mansão, caminho lentamente pelos corredores tentando ouvir alguma voz, mas o silêncio me recebe. Me surpreendeu que sendo quase meia noite Hera estivesse de pé fazendo alguma coisa pela casa a essa hora, no entanto, não me importei, provavelmente ela queria um pouco de paz, e ficar sozinha. Não muito diferente de mim, que queria a minha casa nesse exato momento. Sempre detestei casas grandes, a única coisa boa nelas, é que para se esconder são fáceis, fora isso, nunca me quis morar em uma.
Um pensamento passa pela minha mente quando percebo algo que não havia notado antes. Em todo o lugar na mansão, sempre tem Guardas Reais para todo lado, com certeza deveria ter um na minha porta, mas pela situação da casa, aparentemente, está vazia. Franzo o cenho.
- Lorena... - Me viro abruptamente procurando quem me chamava, e me deparo com o vazio escuro do corredor. Um barulho onde é a sala de estar chamou minha atenção, me fazendo virar novamente para frente. - Lorena...
Caminho lentamente pelo corredor, e sem muita escolha, pego um vaso comprido com algumas flores para usar de arma. Após tirar as flores de dentro e jogar a água no canto do corredor, caminho lentamente com todos meus sentidos aguçados.
- Lorena... - É uma voz masculina, e agora ria suavemente, como se soubesse o que estava prestes a fazer quando visse quem era o intruso.
Quando chego ao umbral da porta, na sala de estar, um homem de costas para mim, no centro da sala ri. Ele é alto, e está olhando um quadro enorme de lobos em cima da lareira.
- Que indelicado da sua parte. Pensei que tivesse sentido saudades. - Ele começa a se virar para me olhar, e vejo tudo em câmera lenta. Agora, a alguns metros de distância, pude reconhecer a voz. Meu corpo travou no lugar com o vaso nas mãos. Ele se virou com um sorriso diabólico no rosto, aquele maldito sorriso que me vai me atormentar por toda minha vida, e mesmo depois de estar longe o suficiente, atormenta meus sonhos frequentemente. - Esse vaso é para mim? - Ele ri despreocupado. - Você sabe muito bem, que nem você, e nem sua nova família são páreo para mim, não sabe?
Meu corpo treme de medo, meus olhos ardem e sinto as lágrimas descerem pelo meu rosto. Minha respiração se acelera como se o ar no ambiente tivesse sido sugado para algum lugar, e a falta de ar me atinge.
- Me deixe em paz... - Minha voz não passa de um murmuro. Ele começa a se aproximar lentamente, sorrindo. - Vai embora! - Jogo o vaso nele, que desvia sem nenhuma dificuldade do objeto.
- Nunca... - Me encolho no chão pondo as mãos na cabeça, tremendo pelos soluços de choro.
Meu corpo é sacudido e uma voz me chama ao fundo. Só então percebo que é um pesadelo.
- Lorena? Lorena? - Abro os olhos sentindo meus pulmões arderem por falta de ar, as lágrimas que descem pelo meu rosto esfriam quando uma brisa entra pela varanda do nosso novo quarto. Hera está em minha frente com as duas mãos em meus ombros me sacudindo.
Olho para os lados procurando por ele.
"Um sonho, foi só um sonho..."
- Olha para mim. - Hera segura meu rosto com força me fazendo olhá-la. - Olha para mim! Foi só um sonho. Foi só um pesadelo, você está bem, está segura. Se acalma, respira, devagar. - Ponho as mãos no rosto e tento controlar minha respiração.
- Me desculpa, eu não queria...
- Shii! - Hera me interrompe irritada. - Não tem que me pedir desculpas por isso, não é sua culpa. - Hera seca uma lágrima que escorre solitária pelo meu rosto. Concordo com a cabeça sem coragem de dizer qualquer coisa.
Duas batidas na porta me assustam e encolho o corpo como reflexo.
"Será que acordei a casa toda?"
Pânico misturado a vergonha cresce em meu peito. Hera se levanta da cama e vai atender a porta, ela conversa brevemente com quem quer que seja, e volta para a cama logo em seguida. Sem coragem e vontade para conversar sobre o sonho, me deito de costas para Hera, para que ela não veja a vergonha em mim, apesar de desconfiar que ela provavelmente sabe o que estou sentindo nesse momento.
- Com quem você estava falando no sonho? - Me encolho na cama, abraçando minha própria cintura. - Não quero que você me conte todo o sonho, só quero saber quem era. - Depois de alguns segundos abro a boca para responder, e após a falhar na primeira tentativa, abro novamente a boca.
- Mario. - Minha voz soa extremamente rouca e baixa.
E então, uma coisa surpreendente aconteceu. Pela primeira vez, senti o que Hera estava sentindo. Senti toda a raiva e ódio, e soube que não estava direcionado para mim, mas para outra pessoa, mais especificamente, Mario. Senti toda a raiva de Hera como se fosse minha, e também senti quando ela tentou controlar o máximo possível da raiva, que somente cedeu depois de vários minutos, mas soube que a raiva podia explodir novamente a qualquer instante, por mais que ela se esforçasse em controlá-la e escondê-la de mim.
Depois de alguns minutos senti Hera sair da cama, e depois do quarto. Aproveitei a oportunidade para deixar meu medo se sobressair a vergonha que sentia de ter acordado toda casa. Por mais que quisesse acreditar que tudo aquilo não passava de um sonho, a Lorena de anos atrás não pode evitar sentir-se ameaçada.
"E se quando a noticia de Hera tem uma companheira chamada Lorena chegar até eles?"
"E se eles desconfiarem?"
"E se eles quiserem conhecer a nova integrante da Família Real? O que vou fazer?"
Quanto mais pensei nas possibilidades, mais apavorada fiquei. Por mais que uma parte de mim quisesse encontrá-los novamente para provar que não sou mais uma garota indefesa, a maior parte ainda tem medo e prefere se esconder e evitar o conflito.
"Que chance teria se os encontrasse novamente?"
Talvez, se aperfeiçoar meus dons, talvez, eu consiga enfrentá-los algum dia e estar a altura de vencê-los, mas por enquanto, ainda sou a garota fraca que sempre fui.
Depois de muito refletir sobre a proposta de Miranda, decidi que com certeza aceitarei e treinarei meus dons. Eles são a única coisa que pode me impedir de morrer algum dia pelas mãos dos meus pais e meus irmãos.
Alcanço meu celular na cômoda ao lado cama. Já faziam alguns minutos que Hera havia saído do quarto, e aparentemente, ela não voltaria tão cedo. Antes que ela saísse pude sentir que ela tentava controlar a raiva que borbulhava dentro dela, com certeza não vou atrás dela para conversar no momento, não temos o que conversar, não sobre isso pelo menos.
Olhando o visor do celular vejo duas mensagens, uma de Lia, e uma de Elisângela. Abro as mensagens de Lia primeiro.
" PARABÉNS PARA A MAIS NOVA INTEGRANTE DA FAMÍLIA REAAAALL!!!!"
"Que chique! Minha melhor amiga é da família real!"
"Essa semana precisamos sair juntas em público para enfatizar esse pequeno fato amiga!"
Rio com as mensagens histéricas de Lia, somente ela para me fazer rir com um assunto desses.
"Amiga, tenho uma novidade! Soube que amanhã você vai estar ocupada o dia todo com Miranda, então não poderei falar pessoalmente..."
"Ontem, tive o primeiro sonho com meu companheiro!!"
" Não estou cabendo em mim de felicidade!!"
"Tinha medo de que fosse durar uma eternidade para encontrá-lo, como meus pais, mas aparentemente, a mãe-natureza teve dó dessa pobre lycan e decidiu me abençoar com essa notícia!!!"
"Não faço ideia de como ele é, no sonho só pude ver o lobo dele, mas não tem problema, pelo que soube é assim com todo mundo."
Sorrio feliz com a notícia. Quando Lia encontrar o companheiro dela, vai ter que parar com a pegação descontrolada, e isso, pago para ver.
"Estou tão feliz! Finalmente vou poder sair da casa dos meus pais! Vou poder fazer o que quiser! Vou poder viver a minha vida! Acho bom ele aparecer logo... Estou com pressa."
Na sociedade lycan as mulheres da aristocracia só podem deixar a família quando encontram o seu companheiro, do contrário, se a mulher sair da casa dos pais antes disso, é considerada impura para os aristocratas, e em alguns casos a própria família passa a ser humilhada pelos grupos aristocratas. Lia está presa aos pais até encontrar o companheiro, quando eles se encontrarem e se unirem, Lia passará a ser responsabilidade do "macho", do companheiro, mas Lia não quer um companheiro para depender dele, pelo contrário, Lia quer a própria liberdade, já que os pais dela, apesar de serem amáveis e atenciosos, seguem a risca os costumes ultrapassados e rigorosos da aristocracia, ainda assim, se o companheiro dela for um aristocrata Lia sairá de uma furada para outra, a não ser que ela rejeite o companheiro e viva com os pais a vida toda, o que ela não quer.
Depois de parabenizar Lia pela novidade, abro as mensagens de Elisângela.
"Descobrimos algo sobre a sua mãe, amanhã conversamos."
Respondo com um "ok", e só então olho as horas. São oito horas da noite. Uma luz se infiltrava por debaixo da porta vindo do corredor. Talvez não tivesse acordado a casa toda, talvez eles já estivessem acordados. Inspirei esperançosa.
Me levanto da cama, visto um roupão de seda semelhante ao que tínhamos usado para ir a caçada, e saio do quarto. Meu estômago roncou de fome, e conforme andava uma sensação familiar me atingiu ao perceber que sentia meu corpo pesado e devagar como no sonho. Uma leve tontura me atingiu quando fiquei em pé, depois de alguns segundos parada me estabilizando no lugar, vesti o roupão e caminhei até a porta saindo no corredor. Diferente do sonho, as luzes estavam acesas, dois Guardas Reais estavam na porta do meu quarto e de Hera, e dois na porta do quarto da Suprema. Com um cumprimento de cabeça passei por eles indo em direção ao primeiro andar. Assim que terminei de descer as escadas uma dor aguda atingiu meu estômago, parei imediatamente com uma mão no abdomem e outra no corrimão da escada. A dor foi tão forte que minha boca aguou e minha visão se embaçou. Com uma mão no corrimão e uma na barriga permaneci parada tomando respirações profundas. Um formigamento correu por todo meu corpo e minha visão começava a voltar a melhorar quando ouço passos em minha direção, no entanto não consegui abrir os olhos a tempo de ver quem era, antes de ouvir a voz.
- Está tudo bem? - Reconheci a voz do Guarda de que fugi, se me lembro bem, o nome dele é Miguel.
- Sim, eu só... - Não pude terminar de falar, porque uma dor terrível atingiu meu estômago novamente, dessa vez, fazendo minhas pernas dobrarem, e se não fosse o Guarda Real para me segurar, teria desabado no chão. - Merda, Hera! - Ouço ele gritar e uma comoção de vozes se aproxima de onde estávamos. Com os olhos fechados pela dor, não consigo ver quem se aproximou para presenciar minha cena deplorável, um calor sobe pelo meu pescoço parando em meu rosto, é o constrangimento. Apertei meu estomago com as duas mãos desesperada por alívio, e numa das tentativas para tomar folego pude sentir meus caninos maiores do que o normal.
"AH Não! Não, não, não... Agora não, por favor..."
Assim que me dei conta do que estava acontecendo comigo, senti a sede se apossar do meu corpo. Minha boca aguou mais ainda quando pude sentir o cheiro de cada corpo próximo a mim, e quando pude ouvir as batidas do coração de cada pessoa próxima.
Como nos filmes de ficção pude ouvir o sangue correndo pelas veias, o coração batendo, os órgãos internos trabalhando, e o sangue, o cheiro forte do sangue de cada pessoa, cada um com um cheiro diferente, numa intensidade diferente, com um calor diferente.
Senti meu corpo ser levantado do chão e alguém subir as escadas comigo no colo, o cheiro de sabonete e shampoo de coco me atingiram e soube que era Hera quem me carregava. Não tive tempo de formular qualquer frase para dizer o que estava acontecendo, porque a dor no estômago irradiou para todo o corpo. Soube que chegamos ao quarto quando ouvi uma porta bater. Hera me depositou na cama delicadamente, e só então vi seu olhar preocupado.
- O que você está sentindo? Qual é o problema? - Hera olhou meu corpo procurando alguma coisa que indicasse o motivo da minha dor. Tentei abrir a boca para dizer, mas a dor voltou mais forte, e contive um gemido de dor. Quando a dor diminuiu vi o olhar serio de Hera em mim. - Você precisa de sangue? - Meu estomago se revolveu somente com a palavra.
Odeio beber sangue, odeio com todas as minhas forças, mesmo que agora isso seja uma necessidade que não posso ignorar, odeio. Devagar assenti com a cabeça. Hera se levantou da beirada da cama e entrou no banheiro saindo do meu campo de vista, permaneci deitada abraçada a mim mesma, numa tentativa inútil de diminuir as dores abdominais. Minutos depois o cheiro do sangue de Hera chegou até mim antes dela aparecer, e dessa vez contive um gemido de desespero. Desespero por aquele líquido avermelhado e cheiroso.
Quanto mais respirava com a boca, mais meu corpo se recordou do gosto que tinha, e ao tentar respirar somente com o nariz, as coisas pioraram. Hera se sentou na beirada da cama novamente, um corte não muito fundo em seu pulso permitiu um fio grosso de sangue escorrer por sua pele branca. Involuntariamente, passei a língua nos lábios e engoli a saliva. O cheiro do sangue é mais convidativo que qualquer coisa que já tenha comido ou bebido na vida, nunca senti uma necessidade tão grande em provar alguma coisa, como com o sangue.
Hera deve ter percebido que eu só encararia o pulso dela sem nenhuma coragem para tomar uma iniciativa, porque ela aproximou o pulso delicadamente do meu rosto, e sem querer, me afastei do pulso, por mais que a maior parte em mim lutasse para avançar sobre ele.
- Não vou deixar você morrer de fome. - Hera segurou minha cabeça tão rápido e com tanta força que não tive tempo de recuar. Hera empurrou seu pulso na minha boca, que instantaneamente se fechou ao redor do pulso. Minhas presas cravaram fundo em seu pulso, e senti o estremecimento que passou pelo corpo de Hera. Vi quando seus olhos se fecharam, e senti quando a pressão em minha cabeça se afrouxou. Hera permaneceu com os olhos fechados em todo o momento em que me alimentei, se de dor, ou prazer, não sei dizer. O gosto do seu sangue quente me fez gem*r de excitação, por um momento fechei os olhos e me deixei afundar naquele gosto e naquela sensação, o cheiro de Hera se intensificou ao meu redor e soube que assim como eu, ela também estava excitada. Me forcei a voltar para realidade e não me deixar dominar por aquele gosto, quanto mais eu bebia, mais eu queria. Assim que tirei minhas presas de sua pele, e lambi os ferimentos - que se fecharam rapidamente - Hera abriu os olhos, e me olhou fixamente.
Foi um momento totalmente constrangedor, não sabia se a agradecia pelo sangue, ou se me desculpava por ter que fazê-la passar por aquilo. Sem coragem desviei o olhar mantendo os olhos fixos no carpete do quarto. As dores em meu estomago pararam instantaneamente, e assim que terminei de me alimentar, senti meu corpo sendo revigorado, uma energia desconhecida se apoderou de mim novamente. Pude sentir minha loba se agitar dentro de mim pedindo por liberdade, além disso, senti minhas mãos formigarem com a energia em excesso em meu corpo. Antes que pudesse concluir qualquer coisa, minhas mãos começaram a brilhar com uma luz não muito forte, Hera se afastou um pouco, provavelmente, preocupada com o fato de não saber controlar e acabar fazendo besteira, no entanto, pela primeira vez na vida, não me senti descontrolada com relação aos meus dons. Senti a energia correr pelo meu corpo, e vi quando a energia mudou das minhas mãos para todo meu corpo, conclui que a energia que senti se "mexer" dentro de mim, na verdade, são meus dons.
Me sentei lentamente na cama, temerosa que as contrações no estomago voltassem, mas nada aconteceu, e quando percebi que as dores eram somente pela sede, me senti mais confiante de explorar aquela energia dentro de mim. Havia muita energia em mim, pude sentir ela se expandindo em meu interior, se espalhando para os meus braços e pernas fazendo todo meu corpo formigar. Olhei minhas mãos surpresa pela luz branca levemente azulada cobrindo minha pele.
- Está melhor? - A voz rouca e intensa de Hera interrompe o silêncio do quarto.
- Sim. - Abaixo as mãos a olhando, procurando em sua expressão algo como medo, receio, nojo, mas a única coisa que vejo é, confiança? Orgulho? Não soube deduzir o que estava passando pela cabeça dela naquele momento, decidi parar de tentar descobrir. - Obrigada por, pelo... Por... Em fim, você sabe. - Finalizo sem coragem de dizer "me alimentar?", ou "Me dar seu sangue?", soaria ruim de qualquer forma. Não me acostumarei com isso tão cedo.
- Não tem que me agradecer, você é minha companheira, faço qualquer coisa para você ficar bem. - Hera diz sem nenhuma hesitação. Volto meu olhar para ela novamente, Hera continua me encarando com uma expressão indecifrável, depois de alguns segundos ela arqueia a sobrancelha. - Está com fome? De comida, quero dizer.
Avaliei meu estomago. Quando desci para o primeiro andar, foi na intenção de encontrar alguma coisa para comer, no entanto, no momento, não sentia mais nenhuma fome, somente balanço a cabeça negativamente.
- Você precisa de alguma coisa?
- Não, obrigada, não quero atrapalhar o que você estava fazendo, pode voltar...
- Você nunca me atrapalha Lorena. - Hera segura meu rosto com uma das mãos me fazendo encará-la. Hera deposita um beijo rápido em meus lábios e se levanta para sair do quarto. - Estou fazendo uma lista com Luís de seguranças da Contenção e da Segurança para criar um pequeno grupo infiltrado para o Supremo, se precisar de mim, estarei na sala de estar.
- Ok. - Hera se aproxima da porta, e pouco antes dela sair do quarto me lembro de algo que queria perguntar a algum tempo. - Espera! - Hera para na porta me encarando.
~*~
Depois de alguns minutos explicando para Hera o porque do meu pedido, Hera aceitou me levar para a sala de treinamento relutante. Ela não quer que treine sozinha, mas fiz questão de deixar claro que não deixarei de treinar só porque sou companheira dela, e muito menos porque andarei com guardas para cima e para baixo do meu lado.
Somente depois que Hera me deixou sozinha na grande sala esportiva da mansão, olhei os equipamentos que teria disponível para treinar. A sala se parece com um ginásio pequeno, com equipamentos de academia perto da porta pela qual Hera e eu entramos, alguns sacos de box no canto esquerdo onde também estão três esteiras. O centro da sala está vazia, somente um tatame no chão indicando que o lugar é para treino corporal. Por fim, no canto direito do outro lado da sala, cordas se penduravam do teto, e uma piscina de tamanho médio se estendia no chão. Escondido num canto da sala, encontrei um makiwara, um "boneco" de madeira usado para treinar artes marciais, Kong-fu, e outras modalidades de lutas. Tirei o roupão que havia vestido para cobrir meu corpo, vestia um top e um short curto de corrida que pus somente para treinar. Coloquei o roupão em cima de um equipamento aleatório, alonguei meu corpo e me posicionei em frente ao boneco de madeira. Comecei a distribuir golpes aleatoriamente me lembrando de todo o treinamento com Marcos e Luís, e conforme distribuí os golpes fui aumentando a velocidade gradualmente.
Depois de me alimentar de Hera soube imediatamente que não dormiria tão cedo, meu corpo parecia pronto e preparado para qualquer coisa, senti a energia correndo através de mim ansiosa para ser usada, no entanto, não sei como agir com relação a ela. Parei os movimentos abruptamente, e olhei ao meu redor na grande sala.
"Estou sozinha... Não vou machucar ninguém..."
Empolgada como uma criança arteira, dei alguns passos de distância do boneco de madeira, e esfreguei as mãos uma na outra em preparação.
- Ok, vamos lá. - Respirei fundo tentando controlar a ansiedade que se apoderou de mim. Senti a energia correr pelo meu corpo fazendo minha pele formigar, e depois de alguns segundos concentrei toda a energia nas mãos, não demorou muito e meu corpo começou a brilhar.
- Não, o corpo não, só as mãos. - Digo para mim mesma.
Me concentrei mais, e foquei somente nas mãos, o formigamento no corpo passou para as mãos. Só então ergui as mãos numa posição de ataque e me concentrei no boneco.
"E agora? O que faço?"
"Tenho que sacudir as mãos? Ou apontar para o alvo? O que foi que fiz naquele dia?"
Mesmo depois de me lembrar de como tudo aconteceu não cheguei a conclusão nenhuma, afinal, naquele dia, o que fiz foi totalmente inesperado por mim. Tinha a intenção de criar um escudo, mas na verdade o que fiz foi disparar algo contra o rebelde.
"Ok, vamos tentar a coisa de apontar para o alvo."
Levantei as mãos novamente ansiosa, e estava prestes a fazer um movimento que indicasse um disparo quando um ruído me assusta.
- O que você está fazendo? - Estava tão concentrada no que fazia que não ouvi ninguém se aproximar, e pelo susto, uma bola de luz disparou das minhas mãos em direção ao boneco, acertando a parede ao seu lado, e não o boneco. Um buraco enorme e trincos na parede ficaram bem visíveis quando olhei para o estrago assustada. Tento esconder a luz que se espalhou por todo meu corpo de repente, mas quanto mais tentava me acalmar mais a luz aumentava.
"Merda..."
Fim do capítulo
OI! OI! Gente!
Meu Deus! A semana está passando MUITO rápido, tenho a impressão que mal publico um cap, já tenho que publicar outro kkk
Espero que tenham gostado do cap! CURTAM E COMENTEM (MUITO) para eu saber o que estão achando (>.< ) Amo os comentários especulativos de vcs sobre o que acham que vai acontecer <3
Se virem qualquer erro podem me falar, por comentário ou por PV eu não fico brava gente (sério, de vdd, podem me falar kkk), me perdoem os erros ><
Gente preciso dizer p vcs que só faltam mais dois capítulo para o livro acabar!!! (ESTOU SURTANDO DE ALEGRIA, PQ NEM ACREDITO QUE CONSEGUI - Berro -.
Terá mais um cap e um epílogo >< e adianto que tem babado vindo aí (só p atiçar a curiosidade d vcs msm kkkk). Por tanto, não teremos bônus essa semana e nem na outra >< .
Vou repetir o que disse no aviso q pus esses dias: Vou dar um intervalo de 1 ou 2 (ou uma semana e meia), para começar a publicar o livro 2 ok? Não se preocupem que não vou deixar vcs na ansiedade ><
Mais uma vez: espero que tenham gostado (>.<) Comentem pq os comentários de vcs ME ALEGRA muito, e sem contar que os sorteios que vou fazer do livro físico + brindes serão p pessoas que comentarem ><
BOA SEMANA P VCS! SE CUIDEM! BJÃO!
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Crika
Em: 26/05/2021
Mas que Lorena irá se transformar em uma mulher poderosa...essa família podre dela q se cuide...Hera ao se dá conta que outras pessoas podem sentir as sensações que que ela sentiu a ser sugada por Lorena irá surtar...Kklkkk,vai virar comidinha em todos o sentidos de sua companheira....kkkkkk
Resposta do autor:
Kkkkkkkk
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