Capitulo 37
A Última Rosa -- Capítulo 37
Era um homem corpulento e usava luvas brancas. Apenas isso Marcela conseguiu ver na escuridão da sala, tratava-se de um homem de um metro e oitenta, e forte. O rosto de Marcela, pálido e claro na escuridão, era claramente visível. Então, virou rapidamente a cabeça, ansiosa por esconder-se. Não conseguiu andar rápido e tropeçou ao ir em direção à porta.
O homem a alcançou em poucas e longas passadas.
-- Aonde pensa que vai?!
Marcela pôde ver de relance o rosto vermelho, que gritou de forma assustadora. Ela não conseguiu responder e cobriu a boca com a mão para abafar o choro.
-- Eu fiz uma pergunta. Responda -- seus olhos cintilavam na escuridão.
-- Pode levar todo o dinheiro que eu tenho em casa, mas pelo amor de Deus, não faça nada de mal comigo -- implorou Marcela.
-- Eu não sou um assassino -- olhando para ela. Respirou fundo -- Mas, posso ser, caso não consiga o que vim buscar.
-- O que você veio buscar? -- os olhos negros cravados no rosto do homem estavam cheios de medo.
-- Eu quero a Maya.
-- Maya? -- por um instante, o medo foi substituído pela surpresa -- Não conheço ninguém com esse nome -- afirmou, franzindo o cenho.
-- Vamos comer antes que a comida fique fria -- disse Valquíria, orgulhosa diante da mesa farta. Os pratos foram repassados rapidamente.
-- Conta uma piada, Jess. Eu sei que você é boa nisso -- pediu Michelle.
-- Você acha? -- Jessica olhou desconfiada -- Sempre me achei péssima em contar piadas.
-- Eu não acho. Conta vai! -- insistiu Michelle.
Depois de 40 anos como proctologista, João decidiu que já tinha dinheiro suficiente para se aposentar e assumir seu verdadeiro amor: Mecânica de automóveis. Ele deixou sua prática, matriculou-se em uma aula de mecânica de automóveis e estudou muito. O dia do exame final veio e João se preocupou se ele seria capaz de completar o teste com a mesma proficiência que seus colegas mais jovens. A maioria dos alunos completou o exame em duas horas. João, por outro lado, levou as quatro horas inteiras disponíveis para o exame. No dia seguinte, João ficou encantado e surpreso ao ver uma pontuação de 150% para o seu exame. João falou com seu professor depois da aula.
-- Eu nunca sonhei que poderia ir tão bem no exame. Como ganhei uma pontuação de 150%?
O professor respondeu:
-- Eu te dei 50% por desmontar perfeitamente o motor do carro. Eu dei outros 50% para perfeitamente remontar o motor. No final te dei mais 50% por ter feito tudo pelo do cano de escape.
Michelle caiu na gargalhada e colocou o copo em cima da mesa, para não deixar o suco cair.
-- Essa foi boa! Foi muito boa Jess!
Valquíria revirou os olhos.
-- O amor é incrível, faz até as pessoas rirem sem a menor graça.
-- Não liga pra ela, Jess. Suas piadas são ótimas.
Vitória virou-se para encarar Valquíria, surpresa e curiosa.
-- Não entendi o seu comentário. O que você quis dizer com "o amor é incrível"?
-- É, também não entendi -- afirmou Natália.
Todos voltaram a falar ao mesmo tempo, quando Jessica fez sinal pedindo silêncio. Sua expressão ficou mais séria e ela olhou para Michelle, limpou a garganta e, em seguida, levantou-se.
--Tenho uma surpresa para Michelle. Bem, para todos -- ela emendou -- Parece o momento mais apropriado levando em conta que todos os amigos mais próximos estão presentes.
-- Que surpresa? -- Michelle não suportou a espera.
-- Paciência -- Jessica sorriu divertida -- Alguns de vocês ainda não sabem, mas eu e a Michelle já fomos um casal no passado. Um casal muito apaixonado, diga-se de passagem.
Ondas do cabelo ruivo caíam sobre os ombros de Michelle enquanto fingia que aquela afirmação não a havia emocionado.
Jessica suspirou fundo quando o burburinho recomeçou entre as pessoas da mesa. Todos queriam fazer perguntas ao mesmo tempo.
-- Posso continuar?
-- Claro, minha filha. Prossiga.
Jessica enfiou a mão no bolso e tirou uma caixinha. Abriu-a e um brilhante anel de noivado, com diamante rosáceo, reluziu à luz do lustre de cristal que iluminava suavemente a sala de jantar.
-- Quer casar comigo, Michelle?
Houve um longo silêncio na sala e ela podia ouvir a própria respiração. Finalmente, vendo que Michelle permanecia calada, perguntou:
-- E então, gatinha, aceita casar comigo ou precisarei convencê-la?
Jessica fixou seu olhar para Michelle. Ela parecia pálida, e subitamente percebeu que a ruiva estava tendo dificuldade de manter o equilíbrio.
-- Maya! -- Precipitando-se à frente, ela lhe segurou o corpo delgado nos braços segundos antes que ela caísse no chão de mármore.
Lentamente, o estranho abriu a porta que dava para o jardim e espiou com cuidado. Certificou-se de que não havia ninguém por perto e saiu, apressado, esgueirando-se pela fresta aberta. Desceu os degraus de pedra até o pátio central da mansão. Assim que alcançou o muro nos fundos da propriedade, pôde respirar melhor. A tensão pior já passara. Sempre muito rápido e cuidadoso, escalou a fortaleza de pedra e pulou para o outro lado. E, ao entrar no carro, estacionado à beira da estrada, seus olhos mantinham-se mais alerta do que nunca, sem perder nenhum detalhe de tudo que estava à sua volta.
-- Que droga! -- ele bateu com a mão no volante, num gesto de frustração total -- Essa mulher tinha que aparecer para ferrar com tudo!
O invasor ligou o carro e acelerou. Quando estava saindo da ruazinha, prestes a chegar na rodovia, encontrou-se com uma caminhonete preta atravessada na rua.
-- Hoje não é o meu dia -- ele saiu do carro, deixando a porta aberta e caminhou até o outro veículo -- Boa noite. O que aconteceu? Eu preciso passar, estou com pressa.
-- O carro está atolado -- ela resmungou, e ele respirou forte.
-- É muito azar -- ele afirmou, sentindo vontade de chutar o pneu do carro da moça -- Já tomou alguma providência? -- perguntou ele, olhando ao redor, buscando encontrar um lugar que fosse possível passar com o carro.
-- Acionei o seguro, o guincho está à caminho.
Ele passou a mão pela testa tentando aliviar a tensão.
-- Olha dona...
-- Augusta -- a médica completou nervosa.
-- Olha dona Augusta, eu realmente estou com muita pressa. Quanto tempo o guincho levará para chegar?
-- Uns quarenta e cinco minutos, mais ou menos.
-- O que? -- ele explodiu -- Está maluca?
-- Você quer que eu faça o quê? -- Augusta abriu os braços, desolada -- Porque não tenta passar pelo lado?
-- De que jeito? Estamos cercados de árvores!
Augusta abriu a porta, entrou e se sentou no banco de couro fresco do carro de luxo.
-- Então, só nos resta esperar --disse a médica, num tom de conformismo.
-- O que aconteceu?
-- Você desmaiou, meu amor -- disse Jessica, em tom afável.
-- Isso pode acontecer após um pedido de casamento -- disse Inês, sorrindo -- Essa é a melhor notícia que tive em muitos anos.
-- A culpa foi minha -- disse Jessica, acariciando a mão fria de sua amada -- Você ainda não está totalmente recuperada do acidente. Desculpa por ser tão insensível -- Jessica sentiu os dedos delicados se curvarem em sua mão, e seu coração disparou.
A voz suave e doce de Jessica quebrou Michelle. Ela não conseguia mais segurar os soluços que saiam em sua garganta.
-- O momento não poderia ser melhor -- ela disse, entre as lágrimas -- Ser pedida em casamento pelo amor da minha vida, rodeada dos melhores amigos do mundo, o que mais posso desejar?
-- Michelle, querida, eu só quero que você saiba que sempre estaremos aqui com você -- puxando-a devagar para junto de si, Inês a abraçou com carinho.
Valquíria e Vitória foram as seguintes a abraçar Michelle, seguidas por Pepe, o delegado Nilson, Natália e Nicolas. Michelle absorveu o momento, com muita emoção, quando estava sozinha e isolada, comeu o pão que o diabo amassou. Agora seria diferente. Agora, ela era amada e cuidada.
Jessica se aproximou para abraçá-la, beijou a bochecha molhada de lágrimas
e apertou as suas mãos.
-- Então, sim ou não?
Michelle passou os braços em volta do pescoço dela e enterrou seu rosto no ombro.
-- Sim, claro que quero casar com você! Quero morar com você, acordar ao teu lado. Quero ouvir você contar sobre seu dia, sair de mãos dadas, se divertir com nossos amigos...-- depois de tudo o que passou nos últimos anos, ela merecia encontrar a felicidade. Finalmente, estava cercada por muito amor, apoio e nunca mais precisaria se preocupar com ficar sozinha, lutando, desesperada. Nunca mais. Obrigado, Deus, ela sussurrou, os olhos queimando novamente -- Obrigada Jess por me aceitar de volta, obrigada por seu amor.
Jessica abraçou-a forte.
-- Humm. Eu amo você, minha choroninha.
Michelle encostou a cabeça no ombro dela e sorriu para si mesma, perguntando-se se haveria outra pessoa com mais sorte que ela em todo o mundo.
Trocaram um beijo apaixonado e Jessica a abraçou mais, querendo sentir cada centímetro daquele corpo.
-- Um brinde ao casal! -- disse o delegado e sua voz ressoou como um trovão pela sala. O brinde produziu sorrisos e aplausos entre os amigos. Levantaram as taças e ofereceram mais brindes para celebrar o noivado.
-- Está tudo muito bom, muito fofinho, mas está na hora de limparmos essa bagunça. Vem Nicolas, me ajuda a lavar a louça.
Nicolas olhou de cara feia para Vitória.
-- Com tantas mulheres aqui, um homem é quem vai ter que limpar a casa?
Vitória cruzou os braços e respondeu no mesmo tom.
-- Limpa-se a casa com os braços, não com a piriquita. Vamos logo!
O celular tocou e Jessica rapidamente checou o identificador de chamadas.
-- Quem é Jess? -- perguntou Michelle, preocupada.
-- Marcela -- ela respondeu, pensativa -- Atendo?
-- Claro, pode ser algo urgente.
-- Alô? -- Jessica atendeu com uma careta -- O que você quer Marcela? -- Houve uma pausa do outro lado da linha -- Alô? A ligação está horrível.
-- O que ela quer? -- Michelle perguntou ansiosa.
-- Me encher o saco, né. Só pode! -- Jessica pensou alguns instantes depois, falou de forma decidida: -- Vou até à mansão.
-- Não acho uma boa ideia -- disse Inês -- Todos nós sabemos do que Marcela é capaz.
-- Tia Inês tem razão, Jess -- Michelle sentiu seu corpo enrijecer ao lembrar que podia ter morrido por culpa das duas megeras -- Francamente, não confio nenhum pouco nela.
Jessica concordou com um movimento de cabeça, sentindo um aperto estranho na garganta, mas sem deixar de encarar a moça à sua frente.
-- Não se preocupem, vai dar tudo certo -- tentou imprimir uma confiança que não sentia na voz.
-- Estou com uma estranha sensação. Não quero que vá -- Inês moveu a cabeça e se levantou, ajeitando o vestido azul, um certo ar de censura nos olhos verdes e na expressão do rosto cuja pele lisa não revelava a idade que tinha -- Meu mentor espiritual está "sussurrando" ao meu ouvido.
Jessica sorriu com carinho, sentindo-se um pouco culpada por causar preocupação à tia.
-- A voz dela estava estranha, parecia desesperada. Preciso ir e ter certeza que ela está bem.
-- Tá certo -- Michelle se levantou com a clara intenção de segui-la, mas Jessica a impediu com um abraço.
-- Você fica Mi, não quero mais confusão -- se aproximou e segurou os ombros dela, fazendo-a encará-la -- Preciso dar um basta nessa situação. Marcela nunca mais nos incomodará. Eu prometo.
-- Só matando -- comentou Pepe.
-- Já volto! -- antes que Michelle pudesse falar algo, Jessica a segurou pela cintura e a puxou para junto de seu peito, então, ela inclinou a cabeça e beijou-a. Sua boca era suave e sedutora, e logo Michelle sentiu que a tensão a abandonava. Suspirando, levou as mãos aos ombros dela e correspondeu ao beijo.
Fim do capítulo
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HelOliveira
Em: 02/06/2021
Oi Vandinha feliz que voltou, espero que esteja tudo bem com.vc.
Tô cheiro de mais confusão com.essa ida da Jess até a casa da Marcela....
Bjos até o próximo
Resposta do autor:
Olá HelOliveira.
Tudo bem, graças à Deus.
Muita confusão, mesmo.
Beijos.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 01/06/2021
Sei não viu vem confusão aí.
Resposta do autor:
Olá Marta.
Muita confusão, mesmo.
Beijos, até.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 01/06/2021
Sei não viu vem confusão aí.
Resposta do autor:
Beijos.
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NovaAqui
Em: 01/06/2021
Vamos ter tensão na casa de Marcela
Então o ex de Maya voltou? Mais problemas
Bom te ver aqui novamente
COMIDA NO PRATO E VACINA NO BRAÇO!
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Olá NovaAqui.
Saudades, minha querida. Mas agora é pra valer. Sigam-me os justos.
Abraços Fraternos.
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Lea
Em: 01/06/2021
Para começar, não entendi nada da piada hahaha
Boa noite Vandinha,que bom que você voltou, já estava com saudades!
Como falou tia Inês, não será nada bom a Jéssica ir sozinha até a casa da Marcela!!
Resposta do autor:
Olá Lea.
A piada é ruim mesmo. Kkk...
Saudades de você também, meu anjo. Mas vamos em frente.
Beijos, até mais.
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Mille
Em: 01/06/2021
Oi Vandinha
Estava precipitada contigo e seu sumiço espero que esteja tudo bem com você e sua família.
O ex da Maya está bem perto, deu sorte dela não está mais na mansão.
Bom esperar que nada aconteça com a Jessica indo ao encontro da Marcela.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Olá meu anjo.
Por aqui tudo bem, graças à Deus. Espero que também estejas bem.
Problemas à vista, Mille. Muitos problemas.
Beijos, até mais.
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