• Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Cadastro
  • Publicar história
Logo
Login
Cadastrar
  • Home
  • Histórias
    • Recentes
    • Finalizadas
    • Top Listas - Rankings
    • Desafios
    • Degustações
  • Comunidade
    • Autores
    • Membros
  • Promoções
  • Sobre o Lettera
    • Regras do site
    • Ajuda
    • Quem Somos
    • Revista Léssica
    • Wallpapers
    • Notícias
  • Como doar
  • Loja
  • Livros
  • Finalizadas
  • Contato
  • Home
  • Histórias
  • Amor incondicional
  • Dezenove

Info

Membros ativos: 9524
Membros inativos: 1634
Histórias: 1969
Capítulos: 20,492
Palavras: 51,967,639
Autores: 780
Comentários: 106,291
Comentaristas: 2559
Membro recente: Thalita31

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Notícias

  • 10 anos de Lettera
    Em 15/09/2025
  • Livro 2121 já à venda
    Em 30/07/2025

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Recentes

  • Legado de Metal e Sangue
    Legado de Metal e Sangue
    Por mtttm
  • Entre nos - Sussurros de magia
    Entre nos - Sussurros de magia
    Por anifahell

Redes Sociais

  • Página do Lettera

  • Grupo do Lettera

  • Site Schwinden

Finalizadas

  • Por Dentro Da Lei
    Por Dentro Da Lei
    Por Vanderly
  • O relacionamento
    O relacionamento
    Por May Poetisa

Saiba como ajudar o Lettera

Ajude o Lettera

Categorias

  • Romances (855)
  • Contos (471)
  • Poemas (236)
  • Cronicas (224)
  • Desafios (182)
  • Degustações (29)
  • Natal (7)
  • Resenhas (1)

Amor incondicional por caribu

Ver comentários: 4

Ver lista de capítulos

Palavras: 3560
Acessos: 4763   |  Postado em: 25/05/2021

Dezenove

 

            Beatriz achou propício quebrar mais de um paradigma no mesmo dia. Combinava com a nova onda de mudanças que vinha arrasando vários setores de sua vida – mas de um jeito positivo. Estava mesmo disposta a assumir novos padrões para si e sentiu que fazia valer o ditado: já que estava na chuva, ia se molhar.

Queria se ensopar! Se encharcar! A adrenalina tomava conta do seu corpo, e ela se sentia incrível! Poderosa! Como se fosse capaz de tudo, mesmo!

Primeiro, foi até a universidade para pedir (implorar, aos seus olhos) para Fernanda lhe dar uma segunda chance. Depois a beijou ali, num lugar público, em plena luz do dia – coisa que ela tinha pavor. Detestava imaginar a possibilidade de chamar a atenção por algo do tipo (o que não aconteceu porque o local estava vazio, mas ela não se preocupou em olhar antes para os lados). E agora se via (literalmente, pois havia vários espelhos!) agarrando Fernanda dentro do elevador. Como se não tivesse mais juízo nenhum, ou como se fosse uma nova pessoa – que tinha urgência em saciar uma vontade louca de beijar a mulher que agora lhe pedia calma.

 

- Bia, tem gente olhando, lembra? – Fernanda pergunta, apontando com os olhos para a câmera perto do teto.           

 

Beatriz sorriu, de um jeito que ela nunca tinha visto. Parecia travessa. Como se estivesse bem longe daqueles pensamentos de julgamento, de “o que o porteiro vai pensar?”. Afinal, ela era do tipo que em público não gostava nem de segurar na mão, não andava nem muito perto, só para não dar o que falar. E agora a puxava pela cintura, mordendo o lábio inferior, numa clara tentativa de se conter. Fernanda se excitou ao ver tanto desejo nos seus olhos, que estavam num tom surreal, refletindo a luz clara do elevador. Pareciam pegar fogo!

O tempo estimado entre o térreo e o topo do prédio mal passava de um minuto. Pouca coisa quando se está com tempo, mas uma eternidade quando se tem pressa. Cada número que mudava no painel agitava ainda mais as duas mulheres, enjauladas naquela caixa metálica que subia verticalmente, sem ruído.

            Quando a porta finalmente se abriu, no 23º andar, elas quase correram para fora. O corredor escuro se acendeu com a passagem das duas e aquele cheiro de “casa de Beatriz” remexeu tudo dentro de Fernanda. Imaginou que não sentiria aquilo tão cedo (até porque ela jurou não voltar ali tão cedo!).

            O breve pensamento a fez titubear um pouco, e Beatriz pareceu sentir, pois antes de destrancar a porta já estava novamente se enroscando na mulher, a envolvendo com os braços, a beijando novamente. Os corpos unidos em amarras de respiração mais profunda e gemidos ainda contidos. Parecia que quanto mais se aproximavam, mais vontade sentiam.

            Fernanda tinha uma boca gostosa, bem macia, e quando Beatriz abre os olhos tem a impressão de que ela está sempre sorrindo enquanto a beija. Uma cena muito sexy, que provoca um sorriso nela também, e uma vontade de beijá-la por horas, só para ver aquele formato surgir em seu rosto. Fernanda ficava linda sorrindo, e era mais linda ainda quando sorria e Beatriz a observava assim, tão de perto. Com a proximidade que só a intimidade permite.

 

- Você fica tão linda sob o meu ângulo! – ela disse, fechando a porta em seguida.

 

            Fernanda só suspirou. Não resistia aos galanteios de Beatriz, aos seus encantos, seus beijos, seu cheiro. Estava há dias torcendo por uma reconciliação. Tinha passado noites imaginando aquela cena.

Se conduziram juntas para o sofá, Beatriz a guiando por um caminho que Fernanda já conhecia (aquele sofá era gatilho para ela). A sala estava começando a ficar escura, aquele horário do pôr do sol já era tão delas que nem nas suas melhores fantasias o reencontro soou tão fascinante. Parecia uma cena de filme, quando o momento mais esperado recebe uma luz diferente, só para dar destaque, um tcham.

Beatriz nitidamente tinha pressa. Jogou a bolsa e os sapatos num canto, perto do sofá, e ela mesma tirou a blusa, e arrancou a de Fernanda, enquanto ela abria o seu sutiã. Evitava a todo custo desgrudar suas bocas, seus corpos, queria deslizar as mãos pelo corpo de Fernanda, mas era urgente a necessidade de se livrar daqueles tecidos todos que impediam sua pele de tocar na pele dela. Quando seus dorsos de encostaram, enfim, livres, ela a apertou com força, e arranhou um pouco suas costas – o que deixou Fernanda mole e fez acelerar ainda mais a sua respiração.

Beatriz adorava tirá-la do eixo. Era muito prazeroso provocar reações que a rendiam, que a deixavam ali só para ela. Nessas horas se sentia vigorosa. Quis lamber o pescoço de Fernanda, absorver o seu perfume, que brotava de trás das orelhas. A moça só cedeu, colocando a cabeça um pouco de lado, permitindo (enquanto cheirava a região, Beatriz a elogiava com murmúrios que só ela entendia). Seus dedos deslizavam pelos braços nus da mulher, só porque sabia que aquilo a deixava arrepiada. Beatriz adorava arrepiá-la.

Fernanda recostou no sofá, e só então viu que na parede oposta havia um novo quadro. Num lampejo breve de insanidade, quase parou o que estava fazendo só para acender a luz para ver, mas teve o foco desviado quando Beatriz mordeu, de levinho, a ponta do seu mamilo. Ela gem*u e antes que protestasse, viu a mulher fazer o mesmo movimento no outro seio, e sorrir. Fernanda quase a empurrou logo para baixo. Se sentia escorrer, estava com muito tesão.

Beatriz nem precisava de um estímulo, ela mesma queria deslizar pelas curvas de Fernanda, com a mão, com a boca, com seu corpo inteiro. Desejava sentir cada centímetro de pele, que desembocava justamente onde agora estava mais molhado. Não queria se precipitar (não parecia justo, depois de tanto tempo de vontades!), mas ansiava pelo calor da mulher, pelo seu gosto, e ela arqueava um pouco o corpo, se oferecendo. Ainda estava de calcinha, e deu um gemido mais forte quando finalmente ficou nua.

Sorriu, satisfeita, quando a viu aberta para ela, e precisou se ajeitar para ficar mais perto (estava atraída, como ímã). Com o rosto bem próximo (Fernanda sentia a sua respiração, e se contraía sem querer, por isso), Beatriz a acariciou e enrolou os dedos nos pelos, que estavam fartos e macios, e muito cheirosos!

Deu alguns beijos desencontrados, primeiro na parte mais alta, depois nas virilhas, e finalmente passou a língua na entrada de Fernanda, que estava quente e deu uma piscadinha ao sentir o seu calor. Trocou a língua por um dedo, depois dois, e subiu um pouco, cobrindo o clit*ris com a boca, dando uma sugadinha que fez Fernanda involuntariamente levar as mãos à cabeça. Com movimentos coordenados com a língua e a mão, tinha os gemidos de Fernanda como um direcionador, norteando e indicando o momento certo de aumentar só um pouquinho a intensidade das investidas, e acrescentar o terceiro dedo, no ápice dos sons que a mulher produzia.

Ao goz*r, Fernanda viu estrelas. Curioso, achava que isso só acontecia no sentido figurado!

Com a vista meio turva, o corpo mole e ainda latejando, viu Beatriz se levantar um pouco, sair do meio de suas pernas, lambendo os lábios enquanto olhava para ela, maravilhada, como se quisesse voltar a fazer o que estava fazendo. Mas subiu, e deitou ao seu lado. Deu um beijo nela, que retribuiu e a puxou para mais perto.

Sorria, e mudou brevemente de expressão quando Fernanda a tocou. Primeiro, bem de levinho, com a ponta do dedo, só nas laterais. Depois um pouco mais forte, mas ainda gentil, bem no meio, onde Beatriz sempre gemia. E ela gem*u, e a puxou para perto, ao sentir a mão esquerda a segurando por trás, firme, no meio da bunda, enquanto a direita iniciava um movimento que ia para baixo e para cima, com a lateral dos dedos pressionando um ponto que era tão estratégico que deixava suas pernas moles, e ela ficava entregue, desmontada, ainda que com o corpo naquela expectativa e rigidez típicas que antecedem o orgasmo.

Desejava tanto aquele toque que se segurou para não a segurar ali. Mas sabia que não era necessário; Fernanda não iria a lugar algum enquanto não tivesse o que queria. Ela a encarava com aquele olhar que Beatriz só via nessas horas. Mal piscava, e não desviava por nada. Se focava nela e a acariciava como Beatriz merecia. Como ela já sabia. Quis beijá-la ao goz*r.

Permaneceram deitadas, Fernanda sentia as pulsações de Beatriz com a mão bem apoiada no meio de suas pernas. Ambas pensaram em muita coisa para falar, mas nada foi dito. Ouviram uns três helicópteros até que finalmente se moveram.

 

- Eu vi a cara que você fez – Beatriz comenta, batendo palma para acender a luz – Agora, sim, quero te mostrar o que fiz.

- Bia! – Fernanda exclama, colocando as mãos na boca, assim que sua vista se acostumou à claridade, diante da imensa tela colorida.

 

Viu deslumbrada os dois corpos unidos em meio a diversas explosões de cores vivas. Muitas cores. Corpos femininos, ela notou. Percebeu que bastavam alguns passos para trás ou para frente para se ter a impressão de ser um abraço ou a representação de apenas um corpo.

- É lindo mesmo! Uau!

- Que bom que gostou! – Beatriz sorri, também olhando para o quadro. Acreditava que aquela era a mais especial de todas as suas obras – Me inspirei em você quando pintei.

- É? Sou tipo sua musa? – ela pergunta, a abraçando.

 

Se beijaram com paixão. Abraçaram-se nuas, no meio da sala, com as cores do quadro de fundo, emoldurando as duas. Beatriz insinuou fazer o movimento para apagar a luz, mas Fernanda a conteve. Queria acesa. Precisava vê-la.

Ajoelhou-se no chão assim que Beatriz sentou no sofá, e foi puxada para a beira do assento. Puxou as pernas dela para cima de suas costas, fazendo-a se abrir um pouco mais, e sorriu segundos antes de sentir o gosto de Beatriz, tão saudoso. Gem*ram juntas, por motivos diferentes, embora semelhantes.

Além da boca, Fernanda usava uma das mãos em Beatriz, passeando por locais àquela altura escorregadios, bem molhados, provocando sensações que se expandiam conforme os estímulos recebidos. Com a outra mão, se masturbava. O gemido de Beatriz soava como uma campainha que ativava partes específicas dela, e se sentiam conectadas – ainda mais.

Quando goz*ram, Beatriz se declarou.

Fernanda sabia que pedir desculpas tinha exigido dela um esforço quase sobre-humano, que revelava, na verdade, seu lado mais humilde. Tinha se desarmado para provocar aquela reaproximação. E isso era apaixonante.

 

- Quero que se case comigo – Beatriz sussurra, em meio ao beijo – Quero que sejamos como a pintura na tela – complementa, cochichando.

- Está falando sério? – Fernanda pergunta, num tom de voz um pouco mais alto do que gostaria, afastando-se apenas o suficiente para encará-la nos olhos.

- Nunca falei tão sério em toda a minha vida – ela responde, apesar de sorrir – Eu quero ficar o mais próxima possível de você. Quero te ter sempre por perto. Quero te amar todos os dias, te amar todas as noites. Quero te reverenciar pelo resto da minha vida.

- Preciso pensar no seu pedido – Fernanda brinca, dando uma piscadinha para ela.

- Mas onde você vai? Não! Fica! – diz Beatriz, vendo a outra se levantar.

- Não posso, Bia. Tenho que ir embora, combinei de jantar em casa. Eu disse que não podia ficar.

 

Beatriz não diz nada, só a observa pegar a roupa espalhada pelo chão e se vestir. Não havia nada que pudesse fazer para impedi-la de ir, ou mudar de ideia. Por breves segundos analisou o que estava fazendo, e sentindo, mas para afastar a autocrítica, virou de bruços. Sorriu quando sentiu Fernanda a beijando nas costas.

 

- Vamos almoçar juntas amanhã? A gente pode ir naquele restaurante que você gosta.

- Preciso ver como está a minha agenda – ela responde, ainda sendo beijada – Talvez, se tiver algum cancelamento. A gente se fala e combina. Quero te ver amanhã!

- Tá bom. A gente se vê, sim. Me dá um beijo.

 

            Fernanda foi embora, mas com vontade de ficar. Só não dormiu com Beatriz porque aquela era a primeira noite desde que tinham reatado, e ela queria conversar com a mãe antes de voltar à rotina de dormir algumas noites fora de casa. Era um gesto de consideração, sabia como dona Nívea sempre ficava preocupada.

Beatriz foi dormir pensando que definitivamente não gostava mais de estar sozinha. A cama de repente parecia ridiculamente grande para se dormir só, e ela se perguntou se Fernanda teria levado o seu pedido de casamento a sério. Soou meio emocionado, mesmo. Quem faz um pedido desses logo depois de goz*r?

Percebeu que algo de diferente estava acontecendo quando, em vez de se criticar, riu. Teria que refazer o pedido em outro momento, e rápido. Suas intenções eram sérias!

Na manhã seguinte, estava se vestindo quando Fernanda mandou uma mensagem, reclamando porque o carro tinha quebrado. Ela tinha um modelo antigo, ano 2002, era fácil de prever que isso aconteceria. Mas Beatriz tentou dizer isso de um jeito que não a ofendesse, ou soasse ofensivo. O carro tinha até nome, um apego danado.

Combinaram de se encontrar no fim do dia, na universidade. Era uma boa desculpa para se verem: Beatriz lhe daria carona (ou a convenceria a ir para a sua casa, que era o mais possível de acontecer).

Ao descer para a cozinha, não encontrou a mesa cheia de comida, como de costume. Cícera estava sorrindo, um sorriso diferente, que refletiu em Beatriz, que sorriu também. Ao sentar, ela colocou à sua frente uma xícara fumegante, cheirosa.

 

- Chá de abricó – informa. Tinha usado aquele tom de voz que deixava claro para Beatriz que ela não teria como recusar – Não faz essa cara, Bia! Não é ruim e vai te fazer bem, acredite. Ajuda o sistema digestivo a trabalhar melhor.

- Sempre fico em alerta quando você me oferece esses chás esquisitos logo pela manhã. Não teve uma única vez, até hoje, que você tenha me ofertado e no decorrer do dia não tenha acontecido algo excepcional.

- Gosto da palavra “excepcional”.

- Cícera!

- Não se preocupe, Bia! – ela diz, sorrindo – Em primeiro lugar, o chá não tem nenhum efeito colateral desagradável. Em segundo lugar, você usou a palavra “excepcional” e não “ruim”, “desagradável” ou outra do tipo.

- Mas isso porque eu sei que mesmo o que é aparentemente ruim acaba sendo bom no final.

- Sim! – Cícera interrompe. Sorria mais abertamente agora – No fim, você descobre que o que parecia ser ruim, é excepcional!

 

Beatriz precisou admitir que ela tinha razão. Como também sempre tinha razão quando lhe dizia para ficar alerta – ou falava isso através do oferecimento de chás que ela mesma não bebia.

 

- Está certo, dona Cícera. Eu agradeço muito pelo chá, e por não termos tido aquela conversa superbacana que temos todas as manhãs.

- Eu faço uma coisa por vez.

- Eu sei.

- Preparei isso para você – ela diz, entregando uma marmitinha com um pedaço de bolo, um sanduíche e duas frutas.

- Olha, falei muito cedo – Beatriz ri – Agradeço. Agora preciso ir, senão me atraso. Um beijo, nos vemos amanhã.

- Está bem, bom trabalho – Cícera fala, vendo a mulher destrancar a porta. Quando ela estava colocando os pés para fora, continuou – Bia! Não se esqueça de que você é alérgica a pimenta!

 

Beatriz apenas sorriu. Não perguntaria o porquê daquele lembrete aparentemente fora de contexto porque sabia que Cícera não diria. Não se preocupou porque ela estava de bom humor – não que isso também quisesse dizer algo; não se recordava de alguma vez ter visto Cícera com humor diferente daquele.

Passou a manhã inteira nos atendimentos, focada nas consultas. Estava de saída para almoçar quando a secretária avisou que um cliente tinha infartado, e estava no hospital. A esposa tinha ligado e solicitado sua presença, meio aos prantos. Cíntia deu a notícia com duplo tom de pesar, pois sabia que isso impediria a médica de se alimentar.

Beatriz precisou escolher bem o trajeto para o hospital, na ida e na volta, para não se atrasar com as consultas da tarde. Detestava fazer as coisas na correria, ficava sempre acelerada, parecia que perdia um pouco o controle sobre si mesma. E depois demorava para voltar aos eixos, ainda mais se reiniciasse as tarefas já com atraso.

Pior do que a correria, o atraso.

Mesmo atenta à hora, acabou demorando mais do que previa no hospital e precisou correr de volta para o consultório. No trajeto, ao constatar que não teria tempo para almoçar, comeu o sanduíche e o bolo preparado por Cícera. As frutas ela deu para um pedinte, junto de uma nota de R$ 5. Achou que ele precisava mais.

No fim do dia, estava cansada e com fome, mas sorriu porque sabia que encontraria Fernanda. Estacionou debaixo da árvore que era o ponto de encontro delas e viu que, mesmo correndo, tinha chegado cedo.

Tinha em uma das mãos um copo grande, e na outra equilibrava um livro. Estava recostada no capô do carro, lendo um guia de remédios enquanto sugava o canudo, vagarosamente. Preferiu trocar o ar-condicionado pela brisa leve que era possível sentir na sombra daquela árvore. Os óculos escuros estavam apoiados na testa e pareciam estarem prestes a cair.

 

- Bia! – chama Fernanda. Vinha acompanhada por uma moça mais jovem. Tinha no rosto uma expressão de desculpa.

 

Beatriz reparou que ela não a abraçou, e imaginou que a mulher que a acompanhava fosse o motivo para isso. Sorriu para as duas e ofereceu o copo primeiro para uma, depois para outra.

 

- É mamão. E laranja. E acho que por mais que eu tenha pedido para não colocarem maçã, tem também. E já senti gosto de banana também.

- É seu almoço? – Fernanda pergunta, sorrindo.

- É, é meu almoço. O Fabiano Maia teve um infarto de manhã e a esposa quis que eu fosse acompanhá-la no hospital.

- Eita! – ela exclama, com uma careta. Sabia que não era um bom sinal alguém com 34 anos sofrer um infarto – Bia, essa é a Talita, minha irmã.

 

Ao olhar para a moça, Beatriz reconhece traços que comprovavam o parentesco entre as duas; ela era quase uma cópia de Fernanda, com algumas poucas diferenças. E aquela acidez nos olhos era uma das principais.

A mulher a olhava com cara de poucos amigos, desconfiada, a medindo de cima a baixo. Achou Beatriz simpática demais, considerando a experiência que ela tinha com patrões. Já tinha notado também a maneira como a irmã sempre falava da médica, e estava decidida a não dar confiança, então apenas sorriu, forçadamente.

 

- Ela me fez uma surpresa, trouxe o Amar-Relo do conserto – Fernanda comenta. Reparou que Beatriz parecia desapontada.

- Entendi – ela diz, enfiando mais uma vez o canudo na boca.

- Mas essa história do Fabiano me deixou intrigada. Será que podemos rever o caso dele? – pergunta, com um sorriso discreto nos lábios – Só preciso deixar a Talita em casa e de lá podemos seguir para a clínica.

- Hu-hum – Beatriz concorda, sem querer se livrar do canudo – Sim, por mim, tudo bem. Eu ia mesmo fazer isso. Até reuni os papéis, pedi para Cíntia levantar o histórico dele.

- Alguma coisa pode ter ocasionado isso?

- Não sabem ainda, ao certo – Beatriz responde. Assim como Fernanda, tinha ficado intrigada com o infarto. O paciente recuperava-se bem de uma recente crise de pânico e dava mostras de estar bem de saúde – Mas parece que foi depois que ele recebeu um convite para uma festa da família. Um casamento, se eu entendi direito.

- Mas isso não deveria ter acontecido.

- Não. Isso definitivamente não deveria ter acontecido. E por isso quero ver novamente o histórico, a dosagem dos medicamentos que ele estava tomando. Se algo saiu errado, eu quero descobrir o que foi.

- Ótimo. Vou adorar rever esse caso com você. Quer ir com a gente até em casa?

- Não sei se devo, amor.

- Ué, como assim? – interrompe Talita, sarcástica – Você é a patroa da minha irmã, veio buscá-la na faculdade e a chama de “amor”! Não sei como conseguiu não ter ido em casa até hoje!

 

Beatriz a encara, com os olhos semicerrados. Não era nada boba e já tinha percebido que a moça não tinha gostado dela. E Talita parecia não saber que as duas namoravam – talvez por isso aquela acidez toda. Talvez a desconfiança a deixasse assim, arredia.

 

- Sim, é verdade. Nem eu sei como consegui ficar até hoje sem conhecer os seus pais – ela se ouviu dizer, com um sorriso.

- Bom... – Fernanda apazigua, colocando a mão no seu ombro – Eu vou na frente com o meu carro e você me segue?

 

 

 

 

 

Fim do capítulo


Comentar este capítulo:
[Faça o login para poder comentar]
  • Capítulo anterior
  • Próximo capítulo

Comentários para 19 - Dezenove:
Lea
Lea

Em: 24/01/2022

Até parece outra Beatriz, dá para sentir a vida exalando dos poros!

A cunhada não foi muito com a "cara" da Beatriz!


Resposta do autor:

 

Adoro essa mudança nela! Merecia mudar, merecia a Fernanda <3

 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 27/05/2021

Vixe kkkk ela vai comer pimenta kkkk


Resposta do autor:

 

Será?rsrs

Beijos!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

cris05
cris05

Em: 25/05/2021

Own...meu Biafe é tão lindo!

Preciso confessar que Bia Beatriz me surpreendeu. Pediu a Nanda em casamento, conheceu a cunhada e tá de boa pra conhecer os sogros. Tudo ao mesmo tempo agora rsrsrs. Só espero que no meio disso tudo ela não coma nada com pimenta.

Cícera é tudo de bom!

Beijos 


Resposta do autor:

 

Bia Beatriz surpreendeu a tudo e a todos (acho que até a ela msm rsrs). E a Cícera é bruxona memo, agruarde rsrs

Beijos!

 

P.S.: volto daqui uns dias, só pq preciso trabalhar rsrs

Responder

[Faça o login para poder comentar]

NovaAqui
NovaAqui

Em: 25/05/2021

Já conheceu a cunhada, agora vai conhecer os sogros

Tudo em um pacote só para resolver logo a situação

Aproveita e pede a Fernanda em casa de novo e não coma nada que tem pimenta

Abraços fraternos procês aí!


Resposta do autor:

 

hahaha

Né!

Essa quis resolver as coisa MESMO rsrs

Beijos!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Informar violação das regras

Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:

Logo

Lettera é um projeto de Cristiane Schwinden

E-mail: contato@projetolettera.com.br

Todas as histórias deste site e os comentários dos leitores sao de inteira responsabilidade de seus autores.

Sua conta

  • Login
  • Esqueci a senha
  • Cadastre-se
  • Logout

Navegue

  • Home
  • Recentes
  • Finalizadas
  • Ranking
  • Autores
  • Membros
  • Promoções
  • Regras
  • Ajuda
  • Quem Somos
  • Como doar
  • Loja / Livros
  • Notícias
  • Fale Conosco
© Desenvolvido por Cristiane Schwinden - Porttal Web