Oi meus amoreeees, ta todo mundo vivo depois de duas semanas de ansiedade???? Espero que sim e principalmente espero que vocês gostem desse capítulo! Até o próximo, bebês.
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Capitulo 27
Os olhos azuis estavam fixos no teto do quarto, levemente abertos, a dor forte na cabeça mantinha o cenho da morena franzido, mas o que mais doía eram as lembranças da noite passada, desconfiava que era por isso que a sua cabeça estava doendo tanto. Respirou fundo, já fazia alguns minutos que havia acordado, não tinha a mínima ideia de que horas eram, mas estava sozinha no ambiente, o que de certa forma era um alívio, não tinha a mínima ideia de como encarar Helena, não tinha a mínima ideia do que fazer, sentia-se definitivamente humilhada pelos próprios atos, a ressaca moral era mil vezes maior do que a ressaca proveniente do excesso de álcool. Balançou a cabeça de forma negativa enquanto fechava os olhos e xingava-se mentalmente, como tinha sido estúpida na noite anterior, como tinha sido capaz de aparecer bêbada na porta de Helena? Como tinha sido capaz de falar tudo aquilo pra ela? Quis chorar. Nunca desejou tanto esquecer de tudo por culpa do excesso de álcool, mas infelizmente recordava-se de tudo com uma riqueza de detalhes que a deixava até enjoada.
— Meu Deus. — sussurrou enquanto erguia as mãos e esfregava o rosto devagar, contorceu a expressão em uma careta quando sua cabeça latejou com ainda mais força e gem*u enquanto virava-se na cama em posição fetal e se encolhia o máximo possível, estava se sentindo mal a níveis absurdos, quis chorar mais ainda, mas simplesmente não conseguia, estava com vergonha até disso só de lembrar de como chorou na noite anterior. Afundou o rosto no travesseiro de Helena quando o puxou para perto e gem*u de forma chorosa quando percebeu como aquele cheiro impregnado de Helena era absurdamente gostoso.
Mia não teve nenhuma noção de quanto tempo ficou ali, deitada na cama, praticamente estática enquanto repassava mentalmente cada palavra que havia dito na noite anterior e principalmente as reações de Helena, virou-se na cama mais uma vez voltando a ficar de barriga para cima, estava tão inquieta, mas no meio de um suspiro tomou impulso para sentar-se na cama com certo cuidado, ela sinceramente não queria encontrar Helena, não depois daquela noite, por que ela sentia de todas as formas possíveis que a resposta da mexicana não seria positiva. E naquele momento, parecia muito mais viável ignorar o problema do que enfrenta-lo, não sabia se seria possível ir embora sem ver Helena, mas ela definitivamente tentaria. Puxou a coberta para o lado, descobrindo as pernas nuas rapidamente e virou o corpo, puxando-o com certo impulso até sentar na beirada da cama e os pés tocarem o chão, a primeira coisa que notou de antemão fora que as janelas do quarto que ela particularmente odiava por causa da luminosidade, estavam cobertas pelas cortinas, impedindo parcialmente que o sol entrasse, o que era perfeito para a ressaca de Mia, porém, Mia sabia bem demais que Helena quase nunca fechava aquela janela. Havia sido por causa dela? Respirou um pouco fundo enquanto baixava um pouco a cabeça, porém, no movimento, notou em cima do criado mudo um copo com água com um post it pregado no mesmo e ao lado do copo três comprimidos, sendo um achatado e dois redondos iguais, puxou o post it amarelo e leu a letra caprichosa que ela conhecia bem: “Os redondos são para dor de cabeça, 1 para dor moderada, 2 para dor forte. O outro é para enjôo.”
— Merda. — reclamou enquanto apoiava os cotovelos nos joelhos e inclinava-se até esconder o rosto nas mãos e desliza-las até os cabelos. Não conseguiria ir embora sem olhar para a cara de Helena, não depois daquilo, não depois de saber que mesmo após a noite anterior, Helena ainda estava cuidando dela. Ergueu a cabeça após alguns segundos e encarou os remédios mais uma vez, esticou a mão direita e pegou os comprimidos, colocou os três na boca e pegou o copo para dar um gole breve na água, apenas o suficiente para que o remédio descesse fácil, em seguida, em um segundo de coragem ergueu-se da cama e já saiu caminhando, abraçou o próprio corpo enquanto saía do quarto devagar, estava um silêncio absoluto, será que fora Helena a que decidira evitar aquela conversa?
Ergueu as mãos devagar até começar a pentear os cabelos com os dedos e em seguida os amarrar em um coque frouxo com os próprios fios, em seguida, voltou a cruzar os braços, seu coração batia tão forte dentro do peito que parecia que a qualquer momento iria começar a machuca-la, afinal, o incômodo já era grande. Sentia até mesmo as pernas meio fracas só com a ansiedade de olhar para Helena. Quando chegou na cozinha vazia, franziu um pouco o cenho enquanto olhava em volta, olhando para parte da sala também vazia e o pior era que não havia nem sinal de Vadia. Porém, a única diferença que lhe chamou atenção, era a porta para o quintal que estava aberta, assim caminhou até a mesma e imediatamente seus olhos se fecharam com a claridade e com o incômodo que isso causou em sua cabeça, por Deus, como odiava ter ressaca. Mas quando seus olhos se acostumaram a claridade, a primeira coisa que ela vira fora a bola de pelos preta se esfregando na grama bem verde enquanto o sol batia diretamente nela fazendo os pelos escuros brilharem. Mais a frente, de joelhos no gramado e de frente a uma horta bem farta, estava Helena totalmente concentrada em plantar pequenas mudas.
Mia encostou-se um pouco na porta, por que aquela cena era perfeita demais para que ela não apreciasse e chegou até mesmo a esquecer por alguns segundos tudo o que ocorrera na noite anterior. Céus, aquela mulher era linda demais. A forma extremamente cuidadosa com a qual ela lidava com cada muda que pegava e a atenção que ela colocava no simples ato de coloca-la no buraco pequeno que era cavado rapidamente com os dedos enluvados. Assim que ela terminou, retirou devagar as luvas que usava e colocou-as numa cesta logo ao seu lado, no outro lado estava o regador a qual ela pegara e regara com calma as novas mudas que plantara ao lado dos alfaces. Assim, logo ajeitou-se no chão e se ergueu trazendo consigo o regador e a cesta com luvas, pás e alguns outros utensílios que usava. Quando virou-se, quase imediatamente notou a presença de Mia parada na porta, a primeiro momento seu coração pulou dentro do peito, mas sorriu ainda assim.
— Você acordou. — comentou em tom baixo enquanto andava para uma das extremidades do quintal e guardava sobre uma pequena bancada o regador e o cesto. — Como está se sentindo?
— Com sinceridade? — questionou enquanto apoiava a cabeça no batente da porta. — Meio humilhada.
Helena deu uma pequena risada com a resposta enquanto andava devagar pelo quintal, adorava a sensação da grama meio úmida contra os pés descalços, foi até onde Vadia estava tomando seu precioso banho de sol, naquele horário da manhã o sol não estava quente, era até gostoso na verdade.
Mia ficou em silêncio perante a reação de Helena, por que não tinha a mínima ideia do que ela estava pensando naquele momento, por isso optou pelo silêncio enquanto via a mexicana se sentando bem ao lado de Vadia que estava deitada de barriga para cima apreciando o sol batendo diretamente contra a barriga gorda. Assim que Helena se ajeitou ao lado da gatinha e espalmou a mão na barriga bem redonda, os olhos ergueram-se para encarar Mia e as duas trocaram olhares intensos, não sabiam dizer quem parecia mais perdida, mas todos os detalhes na feição de Helena gritavam cansaço. Era o cansaço de quem mal dormia há dias. Mia pensou bem nas reações de Helena na noite anterior, principalmente em suas últimas palavras onde ela praticamente implorava para que Mia parasse, quando Mia desviou o olhar e encarou a grama, o clima pareceu ficar um pouco mais pesado.
— Você prefere que a gente esqueça o que aconteceu ontem e eu vou pra casa? — questionou em tom baixo antes de voltar a erguer o olhar, seu corpo inteiro formigou quando seus olhos voltaram a encontrar os de Helena, estava absurdamente nervosa.
— Isso depende. — começou e desviou o olhar, não conseguiu aguentar o peso daqueles olhos azuis. — Era verdade ou só delírio do álcool?
Mia umedeceu os lábios devagar e olhou para baixo, precisou respirar fundo algumas vezes por que estava começando a se sentir um pouco mal e ela não sabia dizer se era culpa da ressaca ou se era apenas efeito do nervosismo que estava sentindo diante aquela conversa. Queria responder que era verdade, mas também queria responder que havia sido apenas um delírio por que com certeza fugir naquele momento seria muito mais fácil e no fim, acabou engolindo em seco e não teve coragem de falar absolutamente nada, só ficou em silêncio e com o olhar meio perdido enquanto o coração parecia querer falar em seu lugar pela velocidade e força que batia dentro do peito.
Helena ergueu o olhar diante o silêncio de Amélia e quando viu o quão perdida a Designer parecia estar, lembrou-se mais uma vez da noite anterior e como ela chorava com a possibilidade de levar um pé na bunda, absolutamente tudo gritava para ela que não havia sido efeito do álcool, o álcool fora só o que faltava para dar coragem a Mia.
— Eu disse que conversaríamos quando você estivesse sóbria, lembra? — Helena questionou em tom baixo, quase cuidadoso.
— Com muita clareza. — rebateu quase imediatamente e desencostou-se do batente da porta por que sabia que aquela pergunta de Helena significava que a hora havia chegado, iriam conversar e não tinha mais como fugir disso, era o melhor no fim de tudo, afinal, se tivesse fugido iria remoer aquele assunto em seu interior até que enlouquecesse e voltasse à porta de Helena para conversarem, a diferença é que se tivesse fugido seria muito pior. Quando chegou bem na frente de Helena se ajeitou um pouco e desceu até sentar-se já em posição de meditação, tinha o cenho franzido por que o sol estava lhe incomodando por culpa da ressaca, mas não reclamou, só se ajeitou, se encolheu um pouco e enfiou as mãos unidas entre as pernas segurando o moletom que usava para que não subisse, como se de repente estivesse sentindo vergonha de mostrar demais já que não usava nada por baixo e isso era puro reflexo do quão vulnerável se sentia naquele momento. As duas ficaram frente a frente, com os joelhos quase se tocando, ambas na mesma posição, a diferença é que Mia claramente parecia mais incomodada.
— Desculpa por aparecer daquele jeito na sua porta. — Mia começou em tom baixo. — Eu não pensei nas consequências, foi extremamente egoísta da minha parte.
— Está tudo bem, foi meio surpreendente ver como você fica vulnerável e obediente quando está bêbada. — Helena franziu um pouco o cenho.
— Eu não gosto de incomodar ninguém. — explicou enquanto encarava Vadia agora apoiada contra a lateral da coxa de Helena e ocupada em lamber a própria barriga.
— É fofo.
Mia não conseguiu deixar de sorrir com aquela confissão repentina e até deu uma breve risada por que era de verdade algo que nunca esperaria ouvir, ou ao menos nunca esperaria ouvir logo de Helena. A mexicana sorriu fraco com a risada de Mia e ficou em silêncio, olhando para a mulher a sua frente e como mesmo gritando de todas as formas possíveis que estava de ressaca e incomodada demais, parecia absurdamente linda. Mia sentiu que estava sendo observada e ergueu o olhar e dessa vez não conseguiu desviar, assim as duas se encararam em silêncio por alguns segundos antes que Helena o quebrasse:
— Eu nunca, em hipótese alguma, depois do que tive com o Trevor, imaginei que meu coração iria se derreter e ao mesmo tempo bater tão forte por alguém do jeito que ele bate toda vez que eu olho pra você. — Helena falava baixinho e parecia se esforçar para conseguir falar quando na verdade queria chorar. Passara a noite em claro pensando em tudo o que precisava falar, pensara na conversa que tivera com Hernando e de como ela fora extremamente esclarecedora e contara os minutos para que Mia acordasse para que elas pudessem conversas por que sentia que se demorasse mais iria explodir.
Mia sentiu uma euforia crescendo em seu peito, fazendo seu coração bater tão forte quanto antes e de uma forma que ela tinha certeza de que nunca havia sentido, mas ela estava em completo alerta, aquilo era definitivamente o que ela não esperava ouvir, mas queria. Mas com certeza havia um porém e era isso que a deixava extremamente alarmada, afinal, tudo em Helena gritava um grande porém e Mia sabia que tinha algo de errado.
— Mas não é justo com você, Mia... Eu não deveria ter permitido que chegássemos a esse ponto, por que eu não posso e nem consigo te oferecer o mínimo do que você merece, eu já escondi de você muitas coisas e eu preciso, agora, ser o mais transparente possível com você do jeito que eu deveria ter sido há muito tempo.
Mia estava extremamente séria e tão imóvel que parecia que havia se desligado de sí mesma, mas estava completamente atenta a qualquer palavra que Helena dizia e já sentia muito bem o impacto daquelas primeiras palavras, tanto que uma lágrima grossa escorria de seu olho direito, apesar de ela estar se esforçando e muito para não chorar.
— Faz dias, se não semanas que eu entendi o que eu sinto por você. Você é incrível, Amélia, acho que a mulher mais incrível que eu já conheci e você já me deu tanto de sí e o que eu fiz por você além de te trazer problemas, fardos, preocupações, sustos e tantas outras coisas?
— Helena, se seu intuito com essa conversa é o de se diminuir dessa forma na minha frente até me fazer entender de alguma forma idiota que você não serve pra mim, é bom que você pare imediatamente antes que eu levante e deixe você falando sozinha. — Mia falou em tom um pouco mais alto e em um tom tão firme e irritado que por um momento assustou Helena e Mia não voltaria atrás de suas palavras, afinal, preferia levar um pé na bunda direto do que ouvir Helena se massacrando daquela forma.
A boca de Helena ficara entreaberta, o olhar meio agitado, assim como o peito que subia e descia um pouco rápido, uma lágrima escorreu por seu olho, um desespero repentino crescendo em seu interior como se precisasse fazer Mia entender que ela não era o suficiente.
— Mia... Você precisa entender.
— Não! — Mia a parou em tom firme novamente, ciente de que ela estava prestes a fazer a mesma coisa de antes.
— Mia! — Helena praticamente implorou para que Mia a deixasse falar, precisava explicar a ela, parecia que a sua vida dependia disso e o desespero que sentia estava estampado em sua expressão.
— Helena, eu já avisei.
— Amélia, toda vez que eu me olho no espelho eu sinto nojo de mim mesma! — falou em tom alto, quase gritou ao permitir que o desespero que sentia explodisse de uma vez. — Por que toda vez que você vai embora eu me sinto um ser humano horrível que está desfrutando de algo que não merece, eu estou tendo algo que não é para mim! Eu não mereço você e você não merece alguém tão quebrada como eu sou. Isso não é justo! — a mexicana gesticulava de forma expressiva enquanto não continha as lágrimas, ela parecia ter perdido completamente o senso e seu foco era exclusivamente fazer Mia entender que ela não era o suficiente.
Mia encarava tudo aquilo com uma careta que se assemelhava a de alguém que sentia dor e de fato Mia sentia, por que doía ver Helena daquele jeito, tão desesperada querendo provar que não era merecedora de algo bom e era absurdamente angustiante ver ela daquele jeito. Mia rapidamente ergueu as mãos e agarrou os pulsos de Helena com certa firmeza para que ela ficasse um pouco quieta, a mexicana estava extremamente ofegante, como se tivesse usado toda a sua força para conseguir falar aquilo e as lágrimas escorriam em abundância por seu rosto, ela tremia e estava verdadeiramente a ponto de perder o próprio controle mais uma vez.
— Helena. — Mia a chamou enquanto soltava-lhe os pulsos e erguia mais as mãos enquanto se inclinava um pouco até tocar o rosto da mexicana, segurou-o com carinho, mas de maneira firme. — Helena, olha pra mim. — mandou. E os olhos meio agitados de Helena demoraram alguns segundos para focar completamente em Mia.
— Por que você me trata tão bem? Por que você cuida tão bem de mim? Eu... — precisou engolir um pouco da saliva, mas não conseguira terminar de falar, mas Mia sabia o que ela iria falar, ela iria mais uma vez afirmar que não merecia. Naquele segundo em que os olhos das mulheres se encontraram mais uma vez Mia entendeu tudo, entendeu todo o medo de Helena, todo o receio que ela sentia e sua vontade de cuidar dela só fez crescer.
— Eu só dou aquilo que você merece, Helena. — Mia falou baixo e afastou um pouquinho as mãos somente para puxar alguns fios de cabelo de Helena para trás da orelha e voltou a segurar o rosto dela mais uma vez enquanto se aproximava só mais um pouquinho. — E você precisa parar de comparar isso a seu relacionamento com o Trevor, por que o que ele deu a você não é algo que é merecido por absolutamente ninguém, não é parâmetro para nada. Nada, Helena. — falou de maneira bem clara, firme, para que a mulher entendesse bem o que ela falava. — Você acredita em mim? Confia em mim?
Helena acenou de forma positiva com a cabeça, ainda não conseguia falar.
— Eu trato você bem, eu cuido de você, eu respeito você, não é por que eu sou completamente apaixonada por você, é por que você é um ser humano e merece ser tratada dessa forma, você merece o mundo Helena, eu enxergo você dessa forma, incrível, falha, cheia de problemas e mesmo assim perfeita, você acha que eu mentiria pra você sobre isso?
Helena negou, umedecia os lábios na tentativa de conter pelo menos um pouco do choro. Mia se afastou um pouco e soltou o rosto de Helena devagar, descruzou as pernas com calma.
— Vem aqui. — chamou Helena enquanto dava espaço entre suas pernas. — Quero abraçar você. — explicou e Helena acatou quase de imediato, inclinou-se em direção a Mia e virou-se para sentar-se de costas entre as pernas da mulher, ficou parcialmente deitada quando Mia envolveu sua cintura com um braço e o seu ombro com outro e a apertou com carinho em meio ao abraço. — Aperto ou folgo? — questionou baixinho.
— Aperta. — Helena finalmente sussurrou e Mia imediatamente a apertou bem mais em seus braços, deixando-a presa contra seu corpo, bem segura.
Imediatamente Helena sentiu um alívio subindo por seu corpo ao sentir o aperto de Mia, como se aquele aperto fosse o que ela precisava para se manter com os pés no chão, como se precisasse dele para se sentir segura. Ela respirou fundo, como se finalmente estivesse conseguindo respirar de forma correta e suspirou, por Deus, como amava aquele abraço. Mia sorriu fraco quando sentiu Helena ficando mais relaxada em seus braços e calmamente deu alguns beijos na lateral do rosto da mexicana, todos carregados de carinho. Ficou em silêncio por alguns segundos, só apertando a mulher em seus braços e beijando a pele quente e tão cheirosa.
— Então meus sentimentos por você são recíprocos? — questionou em tom baixinho e próximo ao ouvido da mexicana. Afastou um pouquinho o rosto para encará-la.
— Sim, eles são. — Helena respondeu no mesmo tom de voz e se ajeitou só um pouco para ficar mais livre e olhar para Mia atrás de sí, a encarou de pertinho. — E acho que todo mundo percebeu isso antes de nós.
Mia sorriu de canto com aquelas palavras, seu coração batendo tão forte dentro do peito e há tanto tempo que já estava incomodando de verdade, sentia um alvoroço no estômago, mas não era culpa da ressaca, era felicidade com certeza.
— Você quer tornar isso sério? — questionou e ergueu a mão direita para tocar o rosto da mexicana. — Eu realmente quero saber o que você quer, independente se você acha que não merece.
Helena ficou em silêncio diante a pergunta, até desviou o olhar e o focou em um ponto qualquer enquanto as palavras anteriores de Mia corriam por sua mente sem parar, ela precisava parar de comparar Mia a Trevor, isso era um fato ao qual ela já deveria ter aceitado há muito tempo: Eles eram completamente diferentes em tudo. De repente sentiu mais uma vez que continuava vivendo na sombra de Trevor e que tudo o que tentara fazer Mia entender era culpa exclusiva disso e por ter se dado conta disso foi que falou:
— Eu quero. — respondeu com sinceridade após alguns segundos.
Mia gem*u de forma aliviada antes de permitir que seu corpo despencasse na grama e ela deitasse de uma vez de forma absolutamente exausta, céus, como ela havia ficado assustada com todo aquele silêncio de Helena, definitivamente havia achado que era ali que iria levar um pé na bunda.
— Por Deus... Você não pode fazer pausas grandes depois que te fazem uma pergunta dessas. — reclamou em tom meio choroso, mas era só drama.
Helena virou-se um pouco e encarou a morena com um sorriso fraco quando ouviu as palavras dela, em seguida riu antes de se ajeitar e girar o corpo, apoiou as mãos na grama e foi para cima de Mia devagar, deitando-se parcialmente por cima da morena, encaixou a cabeça próxima ao pescoço dela e a coxa na altura da cintura e mais uma vez foi abraçada.
— Queria conseguir me enxergar por seus olhos. — Helena comentou em tom baixinho, afinal, apesar de acreditar mesmo nas palavras de Mia, não as aceitava completamente apesar de querer aceitar, ela simplesmente não conseguia, como se parte dela não acreditasse.
— Eu queria que conseguisse. — Mia sussurrou enquanto erguia o braço livre e encaixava o antebraço bem em cima de seus olhos por que aquela luminosidade toda realmente estava a incomodando. — Sabe, Helena... Eu não me importo com seus defeitos, todo mundo tem vários, eu tenho, eu não me importo com seus problemas, com seus traumas, com suas falhas, na verdade me sinto bem honrada por que você me permite cuidar de você quando você precisa, você permite que eu me aproxime e viva com você essas coisas...
— Você sabe que isso é um tipo de dependência que pode afetar qualquer relacionamento, Mia... Eu naturalmente dependeria de você. — Helena sussurrou.
— Sim, eu sei. Mas não concordo que isso pode afetar nosso relacionamento por que eu já estou ciente disso há muito tempo e principalmente por que você está ciente e está se cuidando e não é culpa sua. — Mia retirou o braço de cima dos olhos para poder olhar para Helena e como se adivinhasse, Helena ergueu o olhar e os olhos das duas se encontraram por breves segundos antes de Mia gem*r e fechar os olhos novamente.
— Está com dor de cabeça? — Helena questionou enquanto se afastava.
— Muita. — reclamou em tom descontente.
— Vamos voltar para o quarto, pra um lugar mais confortável pra você. — Helena deu a ideia enquanto já ia se erguendo e puxando as mãos de Mia junto para erguê-la do chão e o fez com facilidade. — Tomou os remédios?
— Todos. Mas não devem ter feito efeito ainda. — reclamou enquanto já ia andando devagar, Helena ia caminhando a sua frente e puxando-a pela mão devagar. — Ainda vamos conversar?
— Sim, até resolvermos todos os detalhes existentes. — Helena deixou claro.
Mia sorriu fraco, olhava para as mãos dadas enquanto seguia pela casa de Helena devagar até voltarem para o quarto, definitivamente só o ambiente mais escuro do cômodo já foi mais do que o suficiente para trazer um alívio para a dor que estava sentindo, tanto que assim que sua mão fora solta já foi diretamente para a cama onde praticamente se jogou e pode se acomodar no meio das cobertas mais uma vez.
— Perfeito. — falou baixinho, mas abriu os olhos assim que sentiu a movimentação na cama. Helena se acomodava sentada quase no meio da mesma, na altura do quadril de Mia, ela sentou-se da forma mais confortável que podia, as pernas cruzadas em posição de meditação e os olhos atentos a Mia.
— Você sabe que eu vou contar a absolutamente todo mundo o que você fez ontem não sabe? — Helena questionou em tom baixinho, mas tinha um sorriso pequeno nos lábios.
Mia riu enquanto tapava o rosto ao recordar-se mais uma vez da noite anterior.
— Meu Deus, o que eu tinha na cabeça ontem? — questionou enquanto ria.
Helena riu junto por breves segundos.
— Mas foi lindo, fofo e muito engraçado. Uma declaração única com toda certeza. — deu ênfase em suas últimas palavras e sorriu fraco ao lembrar das palavras de Mia na noite anterior, só a lembrança fazia seu coração acelerar. Estava se sentindo leve, apesar de não parar de repetir para sí mesma que ela não merecia, parecia que seu próprio corpo discordava de sua mente conturbada, por que cada parte dele relaxava e vibrava aquele momento.
— E você ainda queria me dar um pé na bunda mesmo depois disso. — Mia acusou enquanto arqueava uma sobrancelha, mas acusara em tom brincalhão e por isso mesmo conseguira arrancar pelo menos um pequeno sorriso de Helena.
— Não queria dar um pé na bunda em você, é bem o contrário disso, eu quero muito ficar com você, você faz eu me sentir incrível, Amélia. Você... — as mãos da mexicana pararam no ar como se ela estivesse buscando as palavras que viriam a seguir. — Eu não sei explicar, mas você me trás paz. Mas... O que...
Mia a interrompeu:
— O que você me da em troca? — questionou em tom baixinho enquanto a mão direita buscava a mão de Helena até alcança-la e enfim entrelaçar seus dedos. — Você acha mesmo que você não faz eu me sentir igualmente incrível? — questionou e arqueou uma sobrancelha. — Você está supondo, de alguma forma, que por causa de toda a sua bagagem, você não é capaz de me fazer feliz? — franziu o cenho, mas não esperou que Helena lhe respondesse, só continuou. — Pelo amor de Deus, Helena. Se eu consigo te trazer paz e te deixo sem palavras para explicar todo o resto, você me devolve tudo isso em dobro, por que você faz eu me sentir tão bem comigo mesma, tão bem com você que eu sequer sei explicar esse sentimento. Eu só sei dizer que é algo incrível e que eu nunca senti algo parecido. — respirou um pouco fundo e desviou o olhar para encarar o teto como se precisasse fazer isso para lembrar de cada detalhe da noite anterior, em especial dos momentos que passara ao lado de Helena no restaurante. — Ontem eu percebi que você estava cuidando de mim.
— Quando o Nando me explicou que você sempre fica mal no fim da noite quando as atenções voltam pra você, senti que eu deveria fazer algo, não me perdoaria se não fizesse. — explicou sua atitude em um sussurro meio acuado.
— Então você foi lá e chamou a atenção para você. E toda vez que eles tentavam mudar de assunto e voltar a falar sobre meu pai, você parecia se atravessar na frente com toda determinação de impedir e conseguia com facilidade, sem nem se importar de falar demais sobre você só pra me defender. — voltou a encarar a mexicana, sorria de canto enquanto a encarava. — Você não imagina o quão derretida eu fiquei e talvez tenha sido por isso que eu tenha aparecido bêbada aqui, por que era tanto sentimento que eu estava prestes a explodir e precisava de alguma forma fazer você entender que eu estou completamente apaixonada por você por que você é incrível. Por que da mesma forma que eu cuido de você, quando eu precisar, você deixou muito claro que vai estar lá me defendendo com unhas e dentes... E você aí achando que não tem nada a me oferecer, mas um relacionamento não é sobre isso, não é sobre sentir algum tipo de obrigação de oferecer algo, é só sobre sentir a confiança necessária para determinados momentos. E eu confio plenamente que você vai estar do meu lado nos mais mínimos momentos.
— Como é que eu ia deixar... — a voz de Helena mal saiu em meio ao choro enquanto tentava enxugar o rosto com a mão livre. — Você, a mulher que eu tanto gosto, ficar mal na minha frente, quando eu bem podia ajudar? Não importava o que eles perguntassem pra mim ou o quão invasivos eles fossem na minha vida, o que importava era que isso iria desviar a atenção de você e consequentemente deixar você confortável.
Helena, de repente, ao ouvir a sí mesma, entendeu tudo o que Mia queria dizer. E mais repentinamente ainda sentiu que ela podia sim oferecer muita coisa a Mia, percebeu que ela retribuía sim, de alguma forma, o cuidado que Mia tinha com ela e por mais que não retribuísse a altura, ela tentava e isso já era algo e para Mia parecia ser algo grande.
Mia puxou a mulher pela mão até que ela se debruçasse sobre seu corpo e a abraçou para logo em seguida dar beijos carinhosos nos cabelos da mulher e sorriu fraco por que sentia que tinha feito um bom progresso.
— Você entende agora? — questionou baixinho. Helena apenas balançou a cabeça de forma positiva. E Mia sorriu de forma aliviada com isso.
— Mas Mia... — ela falou baixinho enquanto se afastava um pouco e voltava a sua posição anterior, passou as mãos no rosto devagar, a voz um pouco embargada apesar de já ter conseguido engolir ao menos uma parte do choro. — Você sabe que ainda não é tão simples.
— Ou é você que acha que é mais complicado do que parece? — questionou.
Helena deu de ombros.
— Não é isso. — respondeu e respirou um pouco fundo antes de pigarrear para limpar a garganta, olhou em volta devagar, o quarto meio escuro trazia uma aura confortável. — Você me conhece, você sabe dos meus problemas, você lida com eles, você sabe que não é simples.
Mia ficou em silêncio, esperando Helena chegar onde queria com aquelas palavras, apenas olhava para a mulher, atenta a todos o detalhes, a forma como ela gesticulava com ambas as mãos e no quão decidida ela parecia estar em acertar absolutamente todos os detalhes antes de tudo.
— Tem o bar, tem a Stripper. — falou e desviou o olhar por que sentiu-se enojada por ter que levantar aquele assunto naquele momento. — Você teria uma namorada que às vezes vai se exibir pra homens em um bar. — sussurrou.
— Desculpa, o que? — Mia questionou baixo e de forma fingida. — Depois do namorada eu não ouvi mais nada.
Helena a olhou em um tom de reprovação tão grande que arrancou uma risadinha de Mia que durou alguns segundos.
— Desculpa. — falou enquanto ainda sorria. — Helena você sabe que eu simplesmente odeio aquele lugar e não gosto nem um pouco do fato de você ir dançar lá, porém, você também sabe que eu realmente entendo o que te leva lá, eu presenciei isso, eu senti o seu terror naquela noite e eu entendi, de verdade. — explicou em tom pausado, se ela precisasse passar o dia inteiro ali derrubando cada insegurança de Helena, ela com certeza passaria sem em reclamar em momento algum. — Sabe, eu gostaria de verdade, de verdade mesmo que sempre que você acordasse de um pesadelo e se sentisse perdida, você me ligasse, independente da hora, independente do momento, só me ligasse para eu cuidar de você e eu não me importaria de verdade de acordar com uma ligação sua, isso na verdade me deixaria aliviada.
— Eu posso tentar. — Helena garantiu e garantiu por que ela principalmente sabia que o bar já não era mais a solução mais viável para conseguir algum tipo de alívio, afinal, lembrava muito bem de como havia ficado da última vez.
— Porém, quando, por algum motivo, não conseguir ou achar que aquele lugar é a única solução, tudo bem. Eu não vou explodir com você por isso, não iremos brigar por isso e eu não vou culpar você de forma alguma, eu repito que eu entendo o que te leva aquele lugar e eu não posso te fazer mudar da água para o vinho de forma repentina algo que já vinha te ajudando a um bom tempo, independente se isso me deixa confortável ou não.
Helena não achava isso nem um pouco justo, na verdade naquele exato momento tudo o que ela mais queria de verdade era realmente ficar de vez com Mia, sem dúvidas, mas ao mesmo tempo ela sabia que no dia que ela acabasse cedendo aos terrores das lembranças de Trevor e acabasse no bar, isso seria como dar uma facada em sí mesma por que iria se culpar até não aguentar mais por fazer isso com Mia e ela não podia dizer de forma alguma com certeza se ela seria capaz de resistir de alguma forma ao próprio medo. Ela respirou fundo enquanto desviava o olhar, pensativa com aquele momento, com aqueles pensamentos que a deixavam incomodada.
— O que foi? — Mia questionou.
— Quando foi que você amadureceu tanto? — Helena questionou de volta e voltou a encarar a Designer. Mia sorriu antes de dar uma breve risada.
— Acho que foi na noite que eu te vi tão aterrorizada por um pesadelo. — respondeu com sinceridade e em tom baixo e sorriu fraco como se pedisse desculpas por isso. — O terror que eu vi em você naquela noite me fez entender pelo menos um pouco o que você passa, por que se eu, que estava de fora, senti tanto medo por ver você daquele jeito, imagina você?
Helena sorriu sem ânimo, não por aquelas palavras, mas sim por recordar-se de algo a mais que acontecera naquela noite citada.
— Sim, foi naquela noite, na banheira. — ela falou baixo e sorriu um pouco mais. — Quando você cuidou de mim, me deu banho, acreditou em mim, me apoiou... Foi ali que eu senti, que eu percebi. — apontou para o próprio coração
— Que percebeu o que? — Mia questionou, ela sabia do que Helena estava falando, o sorriso bobo nos lábios denunciava isso, mas ela queria ouvir.
— Que eu estava apaixonada por você. — a mexicana respondeu com simplicidade e pareceu flutuar quando falou aquilo, ainda mais quando elas sorriram igualmente cumplices e apaixonadas enquanto se encaravam. Helena se inclinou logo em seguida indo de uma vez por todas para os braços de Mia e se encaixando inteira contra o corpo dela ao ponto de estarem totalmente entrelaçadas, pernas, braços, corpos, corações.
Era um fato, Mia havia amadurecido quando tomara conhecimento de todos os traumas que Helena tinha e entendera que eles não iriam se resolver de uma hora para outra ou com métodos comuns e simples palavras positivas, ela simplesmente se conformou de que toda a vida de Helena era delicada e precisava ser tratada com igual delicadeza e principalmente com muita compreensão, caso contrário, geraria apenas mais machucados. Sentia-se confortável com isso, por que ela tinha uma certeza que não conseguia explicar, mas sabia que Helena iria superar tudo aquilo de alguma forma por que ela via como a Mexicana tentava, todos os dias, a todo momento, superar tudo o que havia passado.
— Ainda há mais inseguranças? — Mia questionou baixinho.
— Muitas. — Helena sussurrou de volta. — Incontáveis.
— Está tudo bem. — bocejou, estava tão cansada, mas mesmo assim sorriu de forma satisfeita sem mostrar os dentes enquanto acariciava as costas de Helena com a ponta dos dedos de forma carinhosa. — Eu também tenho, mas temos muito tempo pela frente pra lidar com todas elas. Eu não tenho pressa.
— Eu também não. — Helena sorriu, convicta de que não tinha jeito, qualquer problema que levantasse, Mia derrubaria com facilidade. Sorriu um pouco mais ao se sentir feliz por sentir tudo o que sentia por aquela mulher.
— É agora que comemoramos esse início de relação trans*ndo até não aguentarmos mais? — Mia questionou, estava de olhos fechados e com Helena com o rosto enfiado em seu pescoço, tão coladas que não havia necessidade de se encararem.
Helena riu.
— O normal seria sim. — respondeu, mas apertou Mia um pouco mais em seus braços como se não quisesse sair daquela posição de forma alguma. — Mas por Deus, eu estou tão cansada...
Foi à vez de Mia rir enquanto apertava Helena de volta e relaxava de uma vez.
— Graças a Deus, eu não tenho nem forças pra me mexer. — gem*u e bocejou novamente, definitivamente seu corpo inteiro gritava por descanso e Helena não estava nada diferente, de uma sucessão de dias sem dormir bem, aquele fora o primeiro momento em que se sentira completamente segura e relaxada, com a absoluta certeza de que dormiria como um anjo nos braços de Mia. — Então... Só em caso de dúvidas...
— Hmm... — Helena gem*u em resposta.
— Nós estamos namorando?
Helena sorriu e concordou com um aceno de cabeça, mas falou mesmo assim:
— Estamos.
Fim do capítulo
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preguicella
Em: 23/05/2021
Menina, que medo delas não se entenderem.
O bom é que Helena já percebeu que Mia não vai deixar ela fugir fácil! Pode vir o homem das trevas que juntas elas vão conseguir enfrentar tudo!
Bjão
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HelOliveira
Em: 23/05/2021
Que alívio e que capítulo maravilhoso, Mia conseguiu fazer Helena entender algumas coisas e finalmente estão namorando, claro que vão existir muitos desafios mas juntas ela vão conseguir....são duas mulheres lindas...
Me apaixono mais a cada capitulo, incrível como você consegue nos transportar para dentro da história, impossível não sentir cada dor da Helena e amor entre ela, parabéns
Até o proximo
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