Pietra

            Era incrível a forma que o meu corpo reagia a Luísa, mesmo diante de tudo que já aconteceu entre nós, basta ela se aproximar que ele acende de desejo, com esse pensamento entrei no carro e notei que no fim das contas não entreguei o presente para ela.

Quatro dias depois

No domingo eu tinha contado para os meus pais sobre a conversa que tive com Luísa, falei também sobre o fato de ter esquecido de entregar o presente de Larissa, minha mãe querendo dá uma de cupido, disse para chama-las para janta em casa, falei que não acreditava ser uma boa ideia, mas mamãe me convenceu e no fim soltou a pérola.

            - Quero conhecer um pouco melhor minha futura nora, e deixar algumas coisas claras para ela. – Eu fiquei completamente assustada com essa fala. Papai entrou na “brincadeira” falando que perguntaria suas intenções para comigo, e assim passamos nosso domingo. No fim dele, enviei mensagem para Larissa fazendo o convite.

Mas sabem porque estou lembrando disso? Pelo simples fato de que estou em meu quarto ansiosa por algo que nem devia estar acontecendo, um jantar com Luísa e meus pais, isso representava uma intimidade que eu não sei se estou pronta para ter. Tínhamos marcado as 20:00h, então faltava um pouco mais de meia hora para que elas chegassem, vou detalhar como estou, como não sairíamos de casa, fiz uma maquiagem leve, realçando meus olhos, o batom que usei era em no tom nude, vestia um vestido longo de alcinhas, soltinho, botei uma sandália rasteira. Dei uma última olhada no espelho, e vi que apesar de simples, estava linda.

Quando desci as escadas, com o presente de Larissa nas mãos, ouvi vozes na sala, Luísa e Larissa já tinham chegado, estavam confortavelmente sentadas e conversando com meus pais. Papai foi o primeiro a me ver, então falou.

            - Chegou quem faltava, no dia do casamento dessa moça, espero que ela não se atrase tanto. – Vi o rosto de Luísa corar e ela falou.

            - Na verdade Olavo, nós que acabamos chegando cedo, acho que estava ansiosa. – Eu apesar de ter ficado envergonhada com a revelação de Luísa, falei.

            - Boa noite gente. – Me encaminhei até Luísa e Larissa que ficaram de pé, e beijei seus rostos, depois fui até meus pais e fiz a mesma coisa. Então voltei a falar. – Lari, isso é para você.

            - Obrigada Pietra, mas posso lhe dizer que só de você ter ido para a festa, já foi um presente enorme. – Ela pegou a caixinha cumprida e me deu um abraço apertado.

Luísa como sempre estava vestida de forma muito elegante, usada uma calça jeans completamente colada ao seu corpo, uma blusa social de seda, no tom azul bebê, deixando os três primeiros botões abertos, nos pés um sapato preto de salto médio, com o bico fino, porém, o bico era curto, ela estava linda.

Ficamos alguns minutos na sala conversando até o jantar ser servido. A noite foi muito agradável, fazia tempo que não ria tanto, Lari é encantadora, se meus pais já gostavam dela, a noite só serviu para que o sentimento fosse aprofundado, várias vezes me peguei sendo observada por minha mãe e por Luísa, essa logo tratava de desviar o olhar, já mamãe, me presenteava com um lindo sorriso. Um pouco depois das 22:00h, Luísa falou.

            - Gente, a noite foi maravilhosa, mas acredito que Antonele precisa descansar, então é melhor irmos embora. - Mamãe fez algo que eu realmente não esperava, apesar de ter me avisado.

            - Luísa antes de você ir, gostaria muito de conversar em particular com você. – Eu não acreditei e falei.

            - Mamãe... – Quem respondeu foi meu pai.

            - Filha, é só alguns minutos, acredito que não será um incomodo para Luísa e Larissa, Certo? – Larissa que a essa altura chamava meu pai de tio, falou.

            - Claro que não tio Olavo. – E olhou para a mãe que não demostrava emoção alguma, porém disse.

            - Não, é até bom mesmo. – Ao falar isso ela me olha com um olhar tranquilizador. – E depois olha para mamãe completando. – Podemos ir Antonele?

            - Claro querida.

Luísa

Enquanto acompanhava Antonele até o escritório, senti um certo receio, mas se tinha uma coisa que eu tinha certeza, era que seria completamente sincera, e que se fosse preciso abrir meu coração para ela, eu abriria. Antonele abriu a porta e deu passagem para que eu entrasse primeiro, assim o fiz, quando ela também entrou, fechou a porta e falou.

            - Larissa já teve o coração quebrado por algum namoradinho, Luísa?

            - Há algum tempo atrás ela estava namorando, mas durou pouco mais de um mês, pois ela descobriu que o rapaz a estava traindo.

            - Como você se sentiu em ver sua filha sofrer por conta desse rapaz? – Eu sabia onde ela queria chegar.

            - Senti vontade de quebrar a cara dele, mas como não podia fazer isso, até porque Lari disse que era ela quem deveria acertar as contas com ele. Apesar das palavras dela, eu o fiz perder o emprego.

            - Apesar das palavras da sua filha, você não conseguiu deixar para que ela própria resolvesse a situação.

            - Sim. – Eu não ia deixar aquele mancebo fazer minha princesinha chorar, e agir como se ela não tivesse alguém para protege-la.

            - Vou ser bem sincera com você, Luísa, quando Pietra nos contou o que tinha acontecido entre vocês, eu fiquei surpresa, mas logo em seguida com muita raiva por você tê-la feito sofrer, quando falei com você no hospital, senti vontade de lhe tirar de lá aos tapas, e alguns dias depois, Olavo e eu estávamos almoçando em um restaurante quando você entrou com um rapaz, e se não fosse por Olavo, eu teria perdido toda a minha compostura naquele dia, e no mínimo teríamos ido parar em uma delegacia. – Eu escutava suas palavras sentindo uma tristeza enorme.

            - Acho que entendo o que você quer dizer. – Falei isso e olhei em seus olhos, ela me encarou e continuou.

            - Mas eu quero que você tenha a certeza do que estou dizendo. – Eu balancei a cabeça afirmando e ela prosseguiu. – Se você voltar a machucar a minha filha, eu não me manterei de fora da situação, sabe o que você disse sobre não poder quebrar a cara do rapaz? – Afirmei com a cabeça. – Mesmo eu não podendo, farei isso com você, não me importo se você é uma juíza, nem que minha filha já está crescida e pode travar suas próprias batalhas. – Foi inevitável não soltar um pequeno riso, mas ao ver seu olhar tão sério, me controlei e falei.

            - Eu entendo completamente o que você está falando, e não sei se eu estivesse no seu lugar, se teria me controlado, mas eu quero deixar uma coisa muito clara para você, olhando em seus olhos, falando de uma mãe para outra. – Falei isso e segurei em suas mãos, olhei dentro dos seus olhos e disse. – Eu amo a Pietra! Eu a amo! Errei com ela sim, e foi de uma forma muito baixa, e mesmo sabendo que não mereço, o que mais peço a Deus é uma chance de mostrar para ela que agora eu sou digna do seu amor, que serei o motivo do seu sorriso, e não da sua dor, quero ser a força dela nos momentos difíceis, é com ela que quero passar o resto dos meus dias, estou prestes a fazer 41 anos de vida, na comemoração desse dia quero ter Olavo e você como sogros. Até lá, farei de tudo para mostrar para sua filha que ela pode confiar em mim, mas não só para ela, quero ter a confiança e aprovação de vocês.

Depois do meu discurso, Antonele falou com lagrimas nos olhos.

            - Luísa, não sei até quando estarei aqui, não sei se meu tratamento irá funcionar. – Nesse momento as lagrimas escorrem, ela solta uma das mãos e leva ao rosto para secar. - Então por favor, cuide dela, não volte a machuca-la, e se eu realmente não conseguir sair dessa, não deixe que a dor tome conta da minha filha. – Mesmo com ela secando, as lagrimas não param de escorrer de seus olhos.

            - Eu prometo que cuidarei de Pietra, ser a melhor nora que Olavo e você possam ter, mas não posso prometer nada mais que isso, até porque tenho certeza que você estará presente para se certificar que cumprirei com tudo que acabei de lhe falar. – Eu a vi respirar fundo algumas vezes, tentando controlar o choro, estava surtindo efeito.

            - Obrigada, mas se... – Eu a interrompo.

            - Mas se nada, não tem um mais.  

            - Pietra está com medo, então continue sendo paciente, pois se eu soubesse que você não tem chances com ela, jamais teríamos tido essa conversa.

            - Apesar de ter desconfiado que o motivo da conversa era justamente por eu ainda ter alguma chance de reconquistar sua filha, fico muito feliz por você confirmar isso. – Ao falar isso damos um sorriso cumplices e ela fala.

Fim do capítulo