Luísa

Já passa das duas da manhã, sei que não vai demorar muito até Pietra dizer que precisa ir embora, estou tentando ficar ao seu lado o máximo possível, provavelmente nem tão cedo voltarei a ter outra oportunidade dessas, eu ainda a desejo da mesma forma de antes, talvez até mais, ela mexe comigo em todos os sentidos. Me pego olhando-a conversar de forma empolgada com Carlos sobre o seu tempo fora do país e fico pensando como foi que eu perdi uma mulher dessas, já levei vários toques tanto de Cau, quanto de Tânia por eu estar babando por ela, várias outras vezes nossos olhos se cruzam, mas ela desvia sempre.

Eu só queria que ela me desse um indicio de que eu ainda tenho chance, eu quero uma chance, as vezes que ela foi ao banheiro, me controlei feito louca para não a seguir, da última vez ainda levantei, mas Claudia me impediu.

Sai do meu devaneio ao ouvi-la falar.

            - Gente, já deu a minha hora, preciso ir embora, mas quero deixar claro que a noite foi maravilhosa. – Eu não resisti e falei.

            - Ainda tá cedo, fica um pouco mais.

            - Realmente eu não posso Luísa, meus planos não era ficar até tão tarde.

            - Ok, te levo até o carro então. – Ela tentou não aceitar.

            - Não precisa, mas obrigada.

            - Precisando ou não, eu irei com você até o carro sim. – Ela se viu sem opção, não disse mais nada. Se despediu de todos, eu falei um “volto já”, vi minhas amigas sussurrando “vá com calma” e a outra “não a assuste”. Com certeza eu irei com calma. Estou começando a acreditar que estou quebrando as barreiras que eu mesma criei no passado.

Saímos daquele ambiente da mesma forma que entramos, eu agarrada na cintura dela, assim que alcançamos a porta de saída, avistei meus seguranças, fiz sinal para que nos acompanhasse, a própria boate tem estacionamento, ao entramos no estacionamento a vi se encaminhar para o final do mesmo, estava ao seu, então ter um pouco de privacidade, fiz sinal para que meus seguranças parassem. Quando chegamos ao seu carro ela o destravou, e falou.

            - Foi bom mesmo você ter vindo, eu acabei esquecendo de levar o presente da Lari, então você terá que entrega-lo para ela. – Antes que eu controlasse a minha língua, respondi.

            - Jante conosco próxima semana, aí você mesmo entrega.

            - Não é uma boa ideia Luísa, e eu realmente estou evitando sair de casa, você sabe disso.

            - Para mim é uma excelente ideia, e tenho certeza que Larissa vai amar.

            - O que você está pretendendo com isso Luísa?

            - Você sabe o que pretendo.

            - Não Luísa, eu não sei.

            - Eu quero uma chance Pietra. – Ela deu uma risada triste, e disse.

            - Uma chance? Você já teve essa chance.

            - Me deixe reformular a frase então. Pietra, eu quero outra chance.

            - Já tivemos essa conversa antes.

            - Sim, mas foi a quase dois anos atras, eu estava transtornada, sabia que tinha errado, estava arrependida, mas não tinha noção do quão idiota eu tinha sido, além de tola, preconceituosa, e burra por perder alguém como você.

            - O que faz você pensar que dessa vez será diferente?

            - Além do fato que eu ainda te amo da mesma forma de antes, eu quero mostrar para você que eu mudei, aprendi, que sou alguém que vale a pena ter na vida, quero ser não só sua namorada, quero ser sua amiga, sua mulher, sua amante, eu quero ser sua.

            - Não sei se posso esquecer o aconteceu.

            - Você não precisa esquecer, você só precisa ver que eu amadureci, aprendi com os meus erros e mudei para ser a mulher que você merece ter ao lado, conquistarei sua confiança aos poucos. – Pietra olhava em meus olhos, mas desviou o olhar.

            - Eu preciso pensar Luísa.

            - Estou disposta a esperar, não só que você pense sobre o que falei, mas também em irmos com calma se você decidir que quer tentar novamente. – Nesse momento ela olhou o relógio e disse.

            - Eu realmente preciso ir. – E virou para entrar no carro, eu falei.

            - Você não esqueceu de nada? – Ela voltou a me olhar e disse.

            - Oh meu Deus, eu não te entreguei o presente.

            - Não falo disso. – Sua cara era de quem não estava entendendo.

            - Não esqueci nada além de entregar o presente.

            - Você não se despediu de mim, só disse que ia embora. – Eu não esperava essa reação, mas Pietra deu um sorriso enorme e falou.

            - Você não tem jeito mesmo. – Eu me aproximei dela o bastante para invadir o seu espaço e disse.

            - Você pode ao menos me dar um abraço? – Estendi meus braços e ela encerrou a nossa distancia, encostei meu queixo em sua cabeça e depois a beijei sentindo aquele cheiro tão gostoso, a abracei bem forte, depois me afastei e beijei seu rosto bem próximo a boca, um beijo lento, e para encerrar, falei. – Pense na nossa conversa, e se sua resposta for não, eu irei respeitar, boa noite. – Virei e comecei a caminha de volta para a boate, quando me aproximei de Miguel, falei. – Quero que você ou Antony a siga até em casa, por favor.

            - Ok dra. eu irei com ela e Antony ficará com a senhora.

            - Obrigada.

Fim do capítulo