Música do capítulo:  Ls Jack – Amanhã não se sabe

A volta das férias foi cansativa, muito trabalho e pouco tempo para Marina, essa por sua vez a cada dia tornava-se uma companheira incrível, sempre me apoiando em tudo e mesmo com sua rotina intensa de trabalho, me ajudava, fazia compras, cuidava da minha alimentação, montou um cardápio mais saudável e não menos gostoso e com isso fui parando de pedir tanta comida e a economia no final do mês era grande.

Com a proximidade de seu aniversário, fiquei pensando no presente, queria surpreender a minha ruiva e depois de muito pensar, fui até a loja, comprei e deixei na casa da Lara.

No dia do aniversário, uma quarta-feira fria do mês de agosto, levaria Marina para jantar num restaurante recém inaugurado, fui buscá-la na casa de seus pais, pois Marina ainda morava com eles, dizia que no início do ano iria procurar um apartamento, mas se tudo desse certo, antes disso estaríamos morando juntas e de casamento marcado.

- Feliz aniversário meu amor!  Disse logo que cheguei à casa de Laís e Vítor e entregando um buquê de flores.

- Que lindo Duda, adorei!

Dei um beijo leve em seus lábios e entrei, Marina estava acabando de se arrumar.

- Pelo visto não voltam pra cá hoje.  Comentou Vítor.

Fiquei vermelha, depois de tanto tempo, ainda não tinha me acostumado com as brincadeiras dele.

- Acho que não, o restaurante é mais perto da minha casa e...

- Não liga para o Vítor, ele está enchendo seu saco. - Respondeu Laís.

Marina não demorou e voltou ainda mais linda, saímos e uma garoa fina envolvia a cidade.

- Estou morrendo de fome, onde vamos? - Perguntou segurando minha mão.

- Um restaurante novo, acho que vai gostar.

- Não precisava amor, poderíamos comer alguma coisa em casa mesmo.

- Que nada linda! Uma data tão especial como essa, deve ser comemorada.

Marina apenas sorriu e apertou a minha mão, chegamos ao local, um charmoso restaurante localizado no região central, fomos conduzidas até uma mesa mais afastada, Marina olhava tudo admirada, pois além de charmoso, o lugar tinha uma decoração de muito bom gosto.

- Que lugar lindo!

- Que bom que gostou.

Fizemos os pedidos e enquanto não chegava, conversávamos, eu fazia carinhos em suas mãos e Marina sorria com doçura.

O vinho chegou e brindamos à sua saúde.

- Que essa aniversário seja o primeiro de muitos, que passaremos juntas... Amo você Marina.

- Ai Duda você é tão especial, amo você!

Não demorou e chegaram os pedidos, optamos por um macarrão à carbonara, a massa ainda foi finalizada no queijo gigante e aquecida com maçarico. Não preciso dizer que estava divino.

- Amor domingo meus pais querem fazer um churrasco no sítio em Atibaia, para comemorar meu aniversário, topa?

- Claro linda, vou com certeza.

Marina sorriu e depois de um pigarro, falou:

- Estará grande parte da família Alves e Portella e infelizmente nem todos tem a mente aberta como meus pais e irmãos, não ligue se fizerem algum comentário desagradável, tá?

- Mas eles sabem da gente? – Perguntei insegura.

- Óbvio que sim e faço questão de apresentar você a cada um deles.

Marina mais uma vez me surpreendeu, ela falou de um jeito tão seguro, tão tranquilo... Maravilhosa!

Terminamos o jantar e levei Marina para minha casa, queria muito entregar o presente e ter minha ruiva em meus braços.

Assim que entramos, Marina me agarrou e beijou com volúpia, já foi arrancando minha jaqueta...A segurei delicadamente e a fiz sentar no sofá, a carinha de decepção foi impagável.

- Calma linda, vou pegar seu presente.

Não esperei ela responder, corri para o quarto e trouxe duas caixas, quando Marina viu abriu aquele sorriso que tanto amo.

- Espero que você goste. Disse entregando a primeira caixa – Parabéns meu amor.

Marina me deu um beijo e com os olhos brilhando abriu a embalagem.

- Não acredito amor!. Adorei!!. – Disse pulando no meu colo e me enchendo de beijos.

- Vamos maratonar juntas, que tal?.

- Ótima ideia.

Dei um box com as dez primeiras temporadas de Grey’s Anatomy, série da qual eu gostava e Marina era viciada.

- Agora esse presente é seu, mas vamos usufruir juntas. – Disse entregando a outra caixa.

Marina abriu rapidamente e outro sorriso se formou naquele rosto lindo. Era um kit pipoca, para assistir filmes e séries, vinha almofada, balde pipoca e dois copos.

- Adorei, agora vem, tô louca de vontade de você. Disse colocando o presente no sofá e me puxando para ficar de pé.

Fomos até meu quarto aos beijos, as roupas foram ficando pelo caminho e quando chegamos a minha cama, já estávamos nuas. Nos entregamos, nos amamos, sem pressa ...Estava vivendo um sonho, Marina me completava em todos os sentidos.

Acordei mais cedo no dia seguinte e preparei o café, tomei um banho rápido e me vesti. Como sabia que teria uma reunião com o secretário de segurança, coloquei uma calça social preta, camisa branca e blazer preto.

- Bom dia linda! Hora de acordar. – Disse entrando no quarto e sentando na cama.

Marina se espreguiçou, abriu os olhos e sorriu:

- Bom dia amor, já de pé?

- Sim, vai tomar um banho, daqui a pouco trago o café.

- Tá bom, antes meu beijo de bom dia.

Dei um beijo na minha ruiva e fui para cozinha terminar de arrumar a bandeja, ouvi quando Marina saiu do banheiro e segui até lá.

- Nossa Duda, você está sexy pra caramba!  Disse assim que me viu entrando.

Dei risada e fui até ela.

- Tenho uma reunião chata, por isso toda essa formalidade.

- Linda demais.

Marina terminou de se arrumar e na cama mesmo, tomamos o café, conversamos e fizemos planos. Deixei minha ruiva na porta da clínica e fui trabalhar.

O trânsito daquela quinta-feira estava caótico por conta de um acidente, a reunião era as dez, olhei para o relógio do painel, oito e trinta e sete.

“Ainda é cedo.”  Pensei batucando o volante.

Meia hora depois e eu tinha andado pouco, já estava ficando nervosa, liguei para Lara e expliquei a situação.

- Dudinha, tenta sair daí, o acidente foi grande, tá passando na televisão.

- Como vou sair, tô presa! Respondi brava.

- Entra na rua dos Pinheiros segue reto e vira na Rua dos Andrades, de lá você pega a avenida de novo.

- Vou tentar.

Embiquei o carro para a direita e fui entrando devagar, ouvi buzinas e gritos desaforados, não dei atenção e depois de dez minutos consegui acessar a rua dos Pinheiros e mais vinte minutos cheguei na polícia. Lara me aguardava com uma xícara de café, agradeci e sentei soltando um suspiro alto.

- Duda depois precisamos conversar.   Disse séria.

- O que houve? Liguei o sinal de alerta.

- Por enquanto nada demais.

- Então fala.

Quando Lara ia falar, Lorenzo chegou e disse que o secretário já estava esperando, fomos para a sala de reuniões e logo que entrei fui abordada por ele.

- Grande Maria Eduarda, que prazer! - Disse num gesto exagerado.

Estranhei, mas o cumprimentei, logo Lemos entrou e começamos a reunião.

Depois de meia hora de chatice, meu chefe pediu para explicar ao secretário com detalhes como a perícia estava agindo, detalhei de forma didática, falei sobre os detalhes dos anéis, pois até aquele momento, ninguém além de nós sabia sobre o símbolo da organização. Tive a leve impressão que o secretário ficou um pouco desconfortável com a minha explanação.

- Muito bem Duda, obrigada. - Disse Lemos.

Dei um sorriso e sentei, Lara pediu a palavra.

- Importante frisar secretário, que essa informação é muito sigilosa, ninguém além de nós sabe.

- O que é isso Lara? - Perguntou Lemos bravo.

- Nada demais, mas é que o secretário tem vários assessores e essa história não pode vazar de jeito nenhum.

Lemos ficou vermelho, parecia que ia explodir, mas o secretário sorriu e disse:

- Ela tem razão Armando, temos que tomar cuidado, vocês têm a minha palavra, que não vou comentar isso com ninguém.

Lemos anuiu e Lara continuou falando das descobertas por parte de sua equipe e depois foi a vez de Lorenzo falar sobre o andamento das investigações.

Depois de duas horas a reunião terminou, corri até Lara, mas ela estava conversando com Lemos e o assunto parecia sério, deixei para mais tarde.

Nesse dia não vi mais Lara e na sexta pela manhã fui até a sua sala e esperei ela chegar.

- Bom dia Duda!

- Oi Lara, trouxe café. Disse estendendo o copo pra ela.

- Obrigada. Você veio saber o que está acontecendo não é?

- Isso mesmo, quase não durmo de tanta curiosidade.

- Mentira! Você não dormiu porque a Marina estava com você. - Respondeu brincando.

Dei risada, Lara estava certa.

- Ok. Agora me diz o que houve.

- O Lorenzo voltou com sua equipe ao apartamento da Ivana na quarta e achou uma bolsa escondida no meio das roupas para doação, ele trouxe para ser periciada, só que ontem por conta da reunião não consegui entregar.

- Como essa bolsa chegou até você?  Não entendi.

Lara olhou para os lados e disse:

- Eu pedi. Deixa explicar, acho que o laboratório está contaminado, quando Lorenzo ligou me avisando da bolsa, você já tinha saído, pedi que ele deixasse em minha sala. Fiz uma análise rápida e encontrei um fundo falso e nesse fundo falso tinha isso.

- Um pen drive. Conseguiu ver o conteúdo? - Disse pegando o saquinho com o objeto.

- Não, quero que você faça a perícia pessoalmente, só toma cuidado tá?

- Se tem alguém contaminando meu laboratório, preciso saber quem é.

- É só uma desconfiança por enquanto, não posso provar nada.

Levantei preocupada, repassei membro por membro da minha equipe, eram todos de confiança, já trabalhavam comigo há anos.

- Não pode ser Lara.

- Sei que é difícil, mas lembre-se que essa quadrilha movimenta bilhões.

- Preciso que você me ajude a descobrir quem é.

- Fale antes com o Lemos, depois se ele autorizar te ajudo.

Fui até a sala do meu chefe, expliquei a situação, Lemos ficou nervoso, coçou a barba e depois de um tempo falou:

- Lara tem carta branca para descobrir se tem alguém repassando informações e quanto à você dá um jeito de ficar sozinha no laboratório e faça essa análise.

Saí e fui até a sala da Lara, passei o recado do chefe e fui ao laboratório, estavam lá Edu e Fabiano, além de Marcelle e Sabrina, essa última era estagiária e muito competente. Pedi à eles que fossem até a sala de provas e revisassem tudo sobre o caso Ivana.

Assim que eles saíram, comecei a perícia no pen drive, encontrei algumas digitais, mas a única que consegui saber quem pertencia, era da própria Ivana, vi uma marca de sangue seco, colhi o material e mandei para análise. Fiquei um bom tempo, até conseguir acessar o pen drive, tinham várias pastas codificadas, porém uma pasta chamada ‘momentos’ chamou minha atenção, abri e tinha cerca de quinhentas fotos, eram fotos do deputado em Ivana em viagens, jantares, em diversos lugares, uma das fotos foi tirada no jóquei clube e ao fundo aparecia uma figura que não era estranha, ampliei a imagem, mas mesmo assim estava bastante distorcida, pela data a foto era de janeiro desse ano.

Levei o pen drive para Lara, mostrei as fotos e as pastas codificadas, deixei a bomba para ela. - Estava exausta.

Cheguei em casa e pedi para Marina vir, sentia dor de cabeça e um cansaço absurdo, não demorou e ela chegou com remédios e chás. Fez um jantar leve e deitou comigo.

- Aconteceu alguma coisa amor?

- Um dia cheio, mais cansativo que o normal.

Marina não perguntou mais, tínhamos combinado de que eu não falaria do meu trabalho, por medida de segurança.

No sábado pela manhã fomos passear no Ibirapuera, andar de bicicleta e em seguida almoçamos na casa da Flavinha e da Bia. Aproveitei que Marina e Bia estavam na cozinha e disse:

- Amiga preciso da sua ajuda, quero pedir a mão da Marina em casamento, mas não sei como.

- Conhecendo você como conheço, jantarzinho romântico está fora de cogitação.

- Isso mesmo, quero surpreender a Marina.

- Já sei então, que tal...

Enquanto Flavinha falava, meu sorriso só crescia, era perfeito. Já imaginei a carinha de Marina.

As meninas voltaram e mudamos o assunto, o resto do sábado eu passei fazendo ligações e enviando e-mails.

“Tomara que dê certo!”

No domingo pela manhã seguimos para Atibaia, o churrasco foi ótimo, no geral fui bem recebida, um ou outro soltava uma piada ou fechavam a cara, mas o importante era a felicidade da minha ruiva.

Fim do capítulo