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Conexão por ThaisBispo

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Palavras: 6648
Acessos: 1283   |  Postado em: 08/05/2021

Desordem

 

A minha sorte era que o clima estava ao meu favor, caso contrário minha mão já estaria suando, e considerando o fato de que eu sou uma pessoa ansiosa, que não sabe muito sobre relacionamentos e sentimentos e a julgar a situação atual, podemos todos chegar à conclusão de que eu estava na merd*. Eu não sabia como me comportar e confesso que me sinto amedrontada por essa "chama" que vive acendendo dentro de mim a cada momento que passo ao lado dela. E se Samuel estivesse certo? E se eu realmente estava começando a desenvolver sentimentos por ela? Céus, às vezes tenho a impressão de que minha cabeça está em um estado pandemônico.

一 Não entendi nada desse filme... 一 Fiz uma careta após vê-lo colocar na página inicial do catálogo. 一 A menina que morreu encarnou na boneca, é isso?

一 Confesso que eu também estou confusa... 一 ela comentou pensativa. 一 Tem certeza que esse é o primeiro filme?

Alguns segundos depois...

一 Não tenho a mínima ideia... 一 disse ele fazendo-nos revirar os olhos. 一 Querem ver outro?

一 Um que não seja terror, faz favor! 一 pedi.

一 Bundona... 一 ele sussurrou balançando a cabeça.

一 Cale-se! 一 Empurrei suas costas com meu pé. 一 O que você quer assistir? 一 perguntei olhando para ela na expectativa de ela escolher algo melhor que esse gênero.

一 Eu prefiro um de suspense, ouvi falar que O homem nas trevas é muito bom! 一 Sorriu animada. 一 Podemos assistir esse?

一 Eu topo! 一 Dei de ombros.

一 Eu também! 一 Samuel fez o mesmo.

Após o filme ser colocado para rodar, rapidamente fomos fisgados pelo enredo dele, a história era realmente muito interessante e ao mesmo tempo agoniante, e fiquei surpresa por ela gostar desse gênero, acho que finalmente achamos algo em comum, todavia, dessa vez nossas mãos permaneceram longe uma da outra e novamente entrei em um dilema na minha cabeça do porquê eu estar sentindo uma leve abstinência disso.

Depois que o filme acabou, os dois foram preparar um almoço enquanto eu apenas observava sentada na cadeira. Admito que ela fazia bem para nós dois, visto que Samuel parecia tão à vontade em sua companhia a ponto de querer me irritar usando-a como cúmplice, deixando o ambiente muito mais alegre e proporcionando muitas risadas.

Depois de almoçarmos, Stephanie e Samuel decidiram fazer uma sobremesa maluca enquanto eu pedi licença e me retirei para poder descansar em meu colchão. Coloquei um desenho antigo na TV e levemente fui invadida pelo sono aos poucos, assustando-me hora ou outra com aqueles dois discutindo na cozinha, mas ainda assim entretida em meu próprio mundo, do qual fui tirada uma hora depois quando ele veio me acordar.

一 Hm... 一 resmunguei virando a cabeça para o lado contrário de onde ele estava.

一 Acorda, preguiçosa, a sobremesa tá pronta! 一 Bagunçou os meus cabelos ao jogá-los de um lado para o outro. 一 Anda, senão vai ficar sem!

一 O que vocês fizeram? 一 Virei meu corpo para olhar a cozinha e me deparei com uma zona enorme.

Era panela para tudo quanto é lado. A pia estava empilhada de coisas e a mesa cheia de produtos, sem contar a sujeira que tinha no fogão e no chão.

一 Mas que diabos... 一 Sentei-me no colchão antes de me levantar e caminhar em direção aonde eles estavam, lançando um olhar nada bonito. 一 Vocês sabem que vão limpar tudo isso, não sabem?

一 A culpa foi dela! 一 Samuel empurrou Stephanie pelo ombro levemente, dando um sorriso torto. 一 Ela que não quis seguir a receita que eu falei.

一 E desde quando você entende disso para saber seguir uma receita, garoto? 一 ela retrucou empurrando-o de volta.

一 Pesquisando no google o passo a passo, talvez? 一 Suas sobrancelhas arquearam e ele abriu os braços.

一 É, e ainda conseguiu queimar o fundo da panela! 一 Ela segurou o riso.

一 Outra panela?! 一 elevei meu tom de voz. 一 Olhem aqui, se vocês não arrumarem essa zona agora os dois irão dormir no corredor!

Eles arregalaram os olhos e engoliram em seco.

一 Ela tá falando sério? 一 perguntou a ele.

一 Sim... 一 respondeu soltando um suspiro. 一 Dá última vez eu tive que comprar um jogo de louças novinho senão ela iria quebrar meu videogame...

Reconheço que assistir àqueles dois brigando enquanto lutavam para deixar a cozinha brilhando era bem divertido. Samuel resmungava o tempo todo enquanto Stephanie parecia querer socá-lo a cada trombada que ele dava nela, mas pelo menos eles conseguiram fazer o que eu mandei e sem matarem um ao outro.

一 Me lembra da próxima vez não fazer nada junto com ela...

一 A ideia foi de quem? 一 perguntei vendo-os se ajeitarem no colchão.

一 Minha... 一 Ele revirou os olhos e abriu um bico enorme.

一 Então não se faça de vítima! 一 Stephanie lhe deu um cascudo na cabeça e rapidamente caímos no riso.

Passamos o resto da tarde comendo a sobremesa que eles fizeram mais as guloseimas que havíamos comprado. Depois de um tempo, eu apenas fiquei observando os dois jogando videogame e brigando igual duas crianças, até olhar para a janela e perceber que o sol já estava se pondo.

一 Que horas começa o festival? 一 Olhei meu celular para checar o horário. 一 São seis horas agora.

一 Começa às sete, eu acho... 一 disse Stephanie entretida no jogo enquanto virava o controle de um lado pro outro. 一 Vocês querem ir?

一 Por mim, eu topo. 一 respondeu Samuel fazendo altas caretas, totalmente concentrado na TV.

一 Isso quer dizer que você conseguiu folga? 一 Sentei-me no sofá.

一 Ah, é! Esqueci de falar esse detalhe. 一 Ele sorriu. 一 Consegui sim, trabalho só domingo agora.

一 Bom, então acho melhor a gente ir se arrumando. 一 Soltei um longo suspiro, porém os dois continuaram no mesmo lugar, quase quebrando o console de tão empolgados. 一 Hey!

一 Já vai! Já vai! 一 os dois responderam em uníssono.

一 Mereço, viu... 一 Revirei os olhos e me levantei, caminhando em direção ao meu quarto. 一 Mais fácil eu me arrumar primeiro, isso sim.

Abri o guarda-roupa e tirei uma calça branca, uma blusa de manga comprida fina e justa da mesma cor, minha jaqueta jeans preta e meu coturno. Peguei uma toalha também e fui em direção ao banheiro para que eu pudesse tomar um banho morno, saindo de lá devidamente vestida vinte minutos depois com a toalha em mãos.

一 Samuel, vai tomar banho! 一 falei ao passar por eles e caminhando em direção à lavanderia, voltando instantes depois após pendurar a toalha para secar.

一 Tô indo! 一 ele elevou o tom de voz ainda segurando o aparelho.

一 Samuel! 一 chamei-o novamente.

一 Já vou, Clarinha! Eu não posso perder pra ela!

一 Ok, já chega! 一 Caminhei até eles pisando em cima do colchão e desligando o aparelho.

一 Hey!!! 一 Os dois reclamaram me olhando de cara feia.

一 Qual é, Clara, eu estava ganhando! 一 Stephanie cruzou os braços.

一 Não tava não! 一 Samuel rebateu.

一 Calados! 一 gritei desligando a TV. 一 Você! Já pro chuveiro! 一 apontei pra ele. 一 E você! Vai escolher sua roupa enquanto isso! Se não estiverem prontos daqui a meia hora, eu vou sair e vocês dois vão ter que ir sozinhos de moto nesse frio, entenderam?

一 Que palhaçada, eu sempre sou o primeiro a sofrer as consequências nessa família... 一 Ele levantou e saiu pisando firme em direção ao corredor.

一 O que disse? 一 perguntei atordoada fazendo-o parar repentinamente e me olhar confuso.

一 O quê?

一 Você disse que somos uma família... 一 Stephanie repetiu abrindo um largo sorriso. 一 É o que você pensa sobre nós?

一 Sem dúvida! 一 afirmou como se fosse óbvio. 一 Não sei por que ainda estão surpresas, por mim a gente até moraria junto.

Ele deu de ombros e saiu andando, deixando-me completamente boba com aquele comentário, o qual me fez até sentar no sofá pensativa.

一 O que foi?

一 É a primeira vez que ele diz isso. 一 Apoiei meu queixo sobre a mão, lançando um olhar curioso pra ela. 一 E se ele disse isso é porque realmente nos vê dessa forma.

一 Isso é bom, não? 一 Stephanie alargou mais ainda seu sorriso e não pude deixar de fazer o mesmo, era tão contagiante. 一 Significa que ele se sente em casa.

一 Sim, e quer saber?

一 Hm?

一 Não acho que seja má ideia.

Ela arregalou os olhos surpresa.

一 Pera, cê tá falando sério? 一 Abriu e fechou os olhos duas vezes, como se ainda estivesse digerindo a informação. 一 Morarmos juntos, nós três?

Fiquei abstraída por alguns instantes. Samuel mora atualmente com a mãe, porém eles não têm um bom relacionamento, já que ela o culpa por seu marido ter ido embora quando ele nasceu, alegando que ele não queria um filho sendo tão novo. É difícil crescer em um ambiente onde alguém é obrigado a aguentar acusações sem fundamento algum, ainda mais quando não se é culpado, inclusive já perdi as contas de quantas vezes ele reclamava e se sentia mal por conta do modo como ela o tratava. Talvez esse seja um dos motivos de nós dois termos uma conexão tão boa, e fico surpresa em ver como ele se dava tão bem com Stephanie também, para não dizer chocada, porque mesmo sendo brincalhão e sarrista, Samuel não é uma pessoa tão aberta a ponto de fazer amizades tão fácil assim.

一 O que você acha? 一 questionei-a ansiosa.

一 Eu acho que vocês deveriam sim morar juntos... 一 concordou com um sorriso gracioso. 一 Mas não comigo inclusa.

一 Quer dizer então que você não gosta da gente? 一 Franzi a sobrancelha tentando parecer brincalhona.

一 Não é isso... 一 Ela suspirou e se sentou ao meu lado segurando minha mão. 一 Veja bem, há quanto tempo você me conhece?

一 Duas semanas?

一 Exato, Clara! 一 afirmou soltando uma breve risada. 一 Como que em sã consciência alguém iria querer morar com uma pessoa que mal a conhece ainda?

Bom, meu senso crítico concordava com ela nesse sentido, tinha que admitir, entretanto, eu não achava a ideia uma loucura total. Digo, sim, a gente se conhece há pouquíssimo tempo, mas se formos olhar para o que já passamos e o que descobrimos uns sobre os outros, acredito que isso poderia se tornar um ponto relevante a ser colocado em pauta.

一 Eu gostei da ideia dele... 一 fitei-a com firmeza. 一 E gostaria que você morasse com a gente.

Stephanie sorriu ladina, mas com uma expressão que eu julguei não ser tão boa. Quando ela ia abrir a boca pra dizer algo, Samuel apareceu na sala.

一 Pronto! Tô bonito agora, satisfeita? 一 ele perguntou colocando as duas mãos na cintura.

O moreno apareceu vestindo uma blusa preta de manga comprida que ia até seu quadril, uma calça jeans e sua bota marrom em um tom mais claro.

一 Que rápido! 一 Stephanie o olhou surpresa. 一 Bom, vou indo então.

Ela levantou do sofá e nos deixou a sós.

一 Que foi que tu tá com essa cara de peixe morto? 一 disse ao se jogar do meu lado.

一 Eu disse a ela que gostei da sua ideia de morarmos juntos. 一 Suspirei.

一 Sério? E ela? 一 Abriu um sorriso ansioso.

一 Disse que concorda, mas só para nós dois...

一 Que absurdo! 一 protestou fechando o semblante. 一 Por que ela acha isso?

一 Porque nos conhecemos há pouco tempo. 一 Dei de ombros.

一 E o que você pensa sobre?

一 Não vou mentir em dizer que não gostaria da companhia dela... 一 enfatizei, e ele logo abriu um sorriso enorme. 一 Mas acho que deveríamos discutir isso mais pra frente, não estou com cabeça para pensar em algo assim no momento, ok?

一 Não se preocupe com isso. 一 Ele pousou sua mão em meu ombro. 一 Um dia de cada vez, certo?

Concordei com um aceno antes de ir para o meu quarto colocar uma leve maquiagem para não sair de cara lavada na rua, ainda mais em um local que estaria cheio de gente, apenas uma base e um blush era mais do que o suficiente.

一 Clarinha, me empresta teu secador? 一 Samuel apareceu batendo na porta.

一 Primeira gaveta à esquerda dentro do guarda-roupa. 一 indiquei com a cabeça enquanto dava um passo para o lado, já que eu estava usando o espelho.

一 Chega pra lá! 一 Ele trombou levemente em meu corpo. 一 Vamos dividir.

Fiz uma careta enquanto ele me olhava descaradamente, como esse menino gostava de torrar a minha paciência.

一 Vira esse ar pro outro lado, senão vai bagunçar o meu cabelo! 一 Ergui meu braço para afastar o objeto que zunia nos meus ouvidos.

一 Você nem penteou ele ainda para estar dizendo isso! 一 zombou.

一 Exatamente! Eu preciso arrumá-lo! 一 rosnei entre os dentes.

Durante o tempo em que eu ajeitava meu cabelo para tentar deixá-lo mais ondulado que o costume, também tinha que fazer esforço para não ficar surda com o barulho do secador, e ainda tendo que tirar os fios de cabelo dele que voavam em direção ao meu rosto. Após finalizar, eu caminhei em direção à porta e dei de cara com ela abrindo a do banheiro, expondo o seu look que me fez sorrir automaticamente.

一 Que foi? 一 perguntou ela arregalando um pouco os olhos e olhando para si mesma. 一 Algum problema?

Engoli em seco e desviei meus olhos para o outro lado.

一 Nenhum... 一 Puxei o ar bem fundo. 一 Você está bonita... não que você não seja, só que... acho que você entendeu... 一 Fechei os olhos por ver que me embolei em minhas próprias palavras, me odiando por alguns segundos quando a ouvi soltar uma risadinha.

Stephanie estava usando um short um pouco folgado que ia até metade de suas coxas na cor azul bebê e um cinto preto de fivela prateada com uma blusa branca de seda e um pouco decotada por dentro, além do coturno que tinha um pequeno salto.

一 Você não vai usar nada por cima? 一 questionei sentindo minha voz falhar ao final. 一 Vai esfriar bastante hoje...

一 Não sou uma pessoa muito friorenta 一 disse ela. 一 E eu acho que não trouxe uma jaqueta também, não tenho certeza.

Voltei em direção ao quarto e peguei a minha de couro, retornando com ela em mãos e lhe entregando, ainda tentando evitar o contato visual.

一 Toma! 一 estendi meu braço e ela segurou. 一 Não quero que fique doente, então pode usar a minha. 一 Pigarreei antes de ir em direção à sala, sentando-me no sofá e colocando os pés em cima da mesinha.

Por que diabos essa garota me deixava tão nervosa? Como uma coisa tão simples conseguia fazer com que eu sorrisse tão espontaneamente e tropeçasse em minhas próprias palavras? Eu sinceramente não sabia o que estava acontecendo, mas a presença dela parecia incomodar o meu ser de uma forma que nenhum ser humano conseguiu antes. Todas as vezes que ela sorria, me olhava ou me tocava, sensações diferentes cresciam dentro de mim, deixando-me ansiosa e insegura, e isso só vem crescendo desde o dia em que a vi sendo tocada por aquela pessoa.

一 Clara?

Ouvi sua voz e me deparei com ela parada ao meu lado, levemente maquiada e com seus cabelos castanhos claros completamente lisos, jogados discretamente para o lado direito.

一 Sim? 一 Ajeitei-me no sofá ainda mantendo contato visual.

一 Preciso te dizer algo...

一 Já podemos ir! 一 Samuel invadiu a sala impedindo que ela continuasse. 一 Que foi? 一 Ele nos olhou curioso.

一 Nada. 一 ela me antecipou sorrindo. 一 Vamos!

Stephanie me olhou de canto, mas desviou de imediato, deixando-me mais confusa e intrigada do que antes, mas achei melhor não perguntar nada por enquanto por parecer particular.

一 Espera um pouco! 一 levantei-me e chamei a atenção de Samuel que estava pegando a chave do carro. 一 Você vai beber? 一 fitei-o seriamente.

一 Um pouco...? 一 ele respondeu fazendo uma careta que eu julguei ser esperançosa.

一 Então nada de chaves! 一 Estendi minha mão e ele as colocou ali. 一 Vamos de uber.

一 Às vezes você parece uma mãe... 一 Fez bico.

一 Ela está certa, Samuel! 一 Stephanie apareceu ao meu lado, colocando sua mão em meu ombro e apertando-o delicadamente. 一 Ou você quer infringir a lei e colocar nossas vidas em risco?

Ele a olhou incrédulo e eu comecei a gargalhar.

一 Não precisava ser tão dramática também! 一 O garoto deixou escapar uma risada. 一 Misericórdia...

Samuel precisava ser colocado nos eixos de vez em quando, ainda mais quando está animado com algo ou alguém, senão as coisas poderiam ficar complicadas. Stephanie pediu o carro pelo aplicativo e em menos de cinco minutos ele apareceu para nos buscar. Sentamos todos no banco de trás, sendo eu na janela atrás do motorista, Stephanie no meio e Samuel na outra ponta.

一 Vocês estão indo ao festival? 一 perguntou o homem de meia idade olhando-nos pelo retrovisor e nos direcionando um sorriso.

一 Sim! 一 respondemos em uníssono.

一 Está bem cheio por lá, tomem cuidado já que é feriado!

一 Não se preocupe, moço, temos guarda-costas particular! 一 disse Samuel.

一 É mesmo? Você que é o responsável por essas jovens?

一 Não, é a mocinha que está sentada atrás do senhor mesmo!

Eu, que até então estava mexendo no meu celular, parei subitamente ao ver que todos me olhavam com um sorriso nos lábios.

一 Eu? Por que eu? 一 Olhei para os dois surpresa.

一 Você sempre está salvando alguém, mesmo que inicialmente não seja sua intenção. 一 Stephanie sorriu ao meu lado e eu a fitei surpresa.

Senti um calor surgir pelo meu corpo deixando-me completamente desconcertada com esse comentário, ainda mais por perceber que o motorista e o Samuel ainda me olhavam sorridentes.

一 Céus, ainda falta muito pra chegarmos? 一 Tampei parte do meu rosto com a mão, encostando a cabeça na janela e olhando através da mesma enquanto os ouvia dar risada, até o momento que senti uma mão pousar em cima da minha coxa, chamando a minha atenção.

一 Você realmente não sabe receber elogios, não é mesmo? 一 Ela sorriu brincalhona.

一 Quieta! 一 resmunguei tentando impedir que meu rosto ficasse vermelho, dando um leve tapa em sua mão, mas ela a segurou.

Fiquei inerte por alguns segundos, apenas olhando sua mão por cima da minha e sentindo meu corpo esquentar cada vez mais. Engoli em seco quando ela a apertou de leve antes de puxá-la de volta, contudo, eu não conseguia mover meu braço, então apenas fiquei do jeito que estava, com a palma virada para cima esperando que ela talvez pudesse segurá-la novamente, o que não aconteceu.

Próximo ao local, ao observar uma grande quantidade de pessoas preenchendo as ruas e calçadas, meu coração começou a bater um pouco mais rápido. Não é como se eu tivesse fobia ou algo do tipo, simplesmente não gostava de lugares cheios, e aqui tinha gente demais pro meu gosto. Após pagarmos ao gentil motorista, eu abri a porta do carro e estendi minha mão para Stephanie após eu descer, que me arregalou um pouco os olhos, porém, logo sua surpresa foi substituída por um lindo sorriso. Ela apoiou sua mão na minha e eu a segurei, ajudando-a sair do carro e fechando a porta em seguida, ainda sem soltá-la.

一 Por que estão de mãos dadas? 一 Samuel arqueou uma sobrancelha após vê-la sair pelo outro lado.

一 Nada. 一 Eu a soltei imediatamente, desviando o olhar para longe. 一 Só... Só ajudei ela a sair do carro, só isso.

一 Desculpe, Clarinha, não consegui te ouvir, tem muito barulho aqui! 一 Ele se aproximou e cutucou meu braço.

一 Vai à merd*, ok? 一 sussurrei rangendo os dentes e lhe dando um beliscão em seu mamilo. 一 Você adora me provocar. 一 bufei.

一 Não nego que é meu passatempo preferido! 一 Deu de ombros gargalhando. 一 Mas, sério, cuidado para não se perderem aqui. 一 Ele puxou Stephanie para perto de mim acarretando em nossas mãos se encontrarem novamente através de um toque superficial.

一 Realmente, não achei que estaria tão cheio assim. 一 concordou ela.

Nós estávamos em algum local perto da avenida principal de São Paulo, não sabia dizer exatamente onde porque tinham muitas coisas em volta, não só barracas, mas também brinquedos e diversos carros estacionados por todo lado, me levando a puxar o ar bem fundo e minha jaqueta para cima, ajustando a tipoia em volta do meu pescoço, porém ela havia prendido no meu cabelo.

一 Eu arrumo pra você.

Stephanie levou suas mãos até meu pescoço e ao entrar em contato com minha pele senti um arrepio percorrer por meu corpo, eriçando-me. Acompanhei o trajeto dela até ficar de frente para mim e arrumar minha jaqueta impedindo que ela caísse, quando fui capturada por seus olhos castanhos claros que me fitavam com atenção, como se estivesse procurando por algo através deles. Minha mão estava suando de nervoso por ver que estávamos um pouco próximas, fazendo com que minha respiração entrasse em colapso e meu coração acelerasse mais ainda.

一 Vocês vêm ou não? 一 Samuel que estava mais a frente nos despertou. 一 Stephanie, segura na mão dessa criança senão ela vai se perder!

Eu queria esganar esse garoto por sempre colocar um sorriso descarado no rosto para me provocar, a vontade que eu tinha agora era de jogá-lo no primeiro brinquedo inflável que aparecesse na minha frente para que as crianças pulassem em cima dele sem dó.

一 Você está bem? 一 Ela apoiou a mão em meu ombro.

一 Detesto quando ele faz isso... 一 resmunguei por impulso. 一 Ele sempre quer me deixar envergonhada quando estou perto de você.

Ops, acho que falei demais. Arregalei meus olhos e me arrependi no mesmo segundo quando vi que ela cobriu a boca para abafar uma risada gostosa enquanto eu fazia uma careta e abaixava a cabeça, pensando se era possível ou não enfiá-la no chão para esconder minha vergonha, quando de repente lembrei que ela queria me dizer algo antes de virmos para cá.

一 Hey... 一 chamei-a erguendo minha cabeça e indo de encontro aos seus olhos novamente. 一 O que você queria me dizer mais cedo?

Stephanie piscou aparentando estar espantada por eu ter lembrado desse pequeno detalhe.

一 Não é nada demais, não se preocupe. 一 Ela tentou abrir um largo sorriso, mas falhou. 一 Vamos? 一 perguntou estendendo a mão para mim.

Franzi o cenho intrigada, com certeza ela estava escondendo algo de mim, contudo, eu não queria forçá-la a dizer nada para apenas matar minha curiosidade. Olhei para sua mão e engoli em seco, eu queria segurá-la, e realmente não sei o motivo por detrás de tudo isso, mas acho que se tratava de uma vontade interna que meu coração estava ansiando desesperadamente por um contato mais íntimo.

一 Vem! 一 Ela passou meu braço em volta de mim para me puxar, me soltando depois.

Protestei internamente por ser tão idiota. Eu pensava demais, calculava demais e, categoricamente, colocava todos os meus pensamentos ligados a uma ação que com certeza iria gerar uma reação. Patético, não acham? A única parte curiosa nessa história é que Stephanie conseguia inibir um pouco essa minha característica de ser tão racional com um simples sorriso, e eu não fazia ideia de como ela conseguia fazer isso, tipo em situações como essa.

Eu estava diferente. Reconheço isso. E confesso que estava começando a desenvolver instintos protetores por ela também, só não tinha consciência até que ponto eles iriam. Suspirei fundo e aproximei minha mão trêmula até entrar em contato com a dela e mordi o lábio quando percebi seu olhar cair sobre mim, todavia, isso não me impediu de puxar seu dedinho, depois o anelar, até finalmente entrelaçar seus dedos nos meus.

一 Clara... 一 ela me chamou, e com muita dificuldade e receio, eu a fitei.

一 Eu... 一 Tentei procurar pelas palavras certas, mas parece que todas elas evaporaram da minha mente. Sem contar que era difícil dizer algo enquanto estava presa por aqueles olhos tão magnéticos e encantadores, tão brilhantes como as constelações. 一 Não posso? 一 perguntei receosa abrindo meus dedos no intuito de soltá-los, mas ela os segurou, diminuindo qualquer espaço que ainda houvesse entre eles.

Stephanie sorriu para mim como no primeiro dia que a conheci, e por Deus, isso estava acabando comigo, sentia que a qualquer momento eu entraria em colapso diante de tantas informações não processadas.

一 Vocês vão querer beber? 一 Ouvi Samuel se aproximar de nós com um sorriso nos lábios. 一 Tem uma barraca enorme e fechada lá dentro vendendo todo tipo de drink, mas tem comida também!

一 Com certeza! 一 falei prontamente, quase desesperada.

一 Eu também, apesar que sou meio fraca pra isso.

一 Não se preocupe, sua guarda-costas está em serviço hoje! 一 Ele piscou para nós antes de nos guiar até a entrada da barraca, onde procuramos por uma mesa vazia, coisa que estava bem difícil de achar.

一 Me sinto endividada por sempre receber seus serviços! 一 Sua risada me fez gargalhar.

一 Não sou fã de lugares fechados, sabem? 一 comentei insegura observando toda aquela gente conversar e dançar animadamente com a música agitada que tocava de fundo, me fazendo imaginar, por alguns segundos, se eu estava em um festival ou em uma balada.

一 Achei uma mesa, vamos! 一 Ela me puxou pela mão, caminhando à minha frente e eu observando aquele contato um pouco mais atrás.

Sentamos em uma mesa pequena perto da tela, deixando-me aliviada por não estarmos no meio daquela muvuca toda. Senti que ela soltou minha mão para pegar o cardápio, o que, automaticamente, levou-me a enxugar o suor da mão na minha calça, meus nervos estavam começando a entrar em guerra.

一 Já sabem o que vão pedir? 一 perguntou Samuel cruzando os dedos das mãos que estavam apoiados em cima da mesa.

一 Eu quero uma garrafa de Skol Beats. 一 respondi largando o cardápio. 一 E vocês?

一 O mesmo. 一 responderam juntos e soltando uma risada.

一 Bom, vou lá buscar, já volto. 一 disse Samuel se levantando da mesa e ajeitando sua roupa antes de sumir de vista.

De repente comecei a me sentir ansiosa novamente, e só piorou quando Secret Love Song, do Little Mix, começou a tocar de fundo. Acho que os deuses estavam tentando fazer duas coisas: a primeira era me enlouquecer, e a segunda provavelmente tinha as mesmas intenções que as de Samuel.

一 Adoro essa música... 一 ela comentou fechando os olhos e sorrindo ladina após quebrar alguns segundos de silêncio que ficaram entre nós. 一 É exatamente o que estou passando no momento.

一 Como assim?

一 Acho que estou apaixonada por uma pessoa... 一 Stephanie foi abrindo seus olhos aos poucos até encontrar os meus. 一 Que talvez eu nunca possa abraçá-la em público.

Meu coração parou de bater por um momento. Todo o ar que eu tinha escapou dos meus pulmões, levando minhas pernas a fraquejarem e minha mão a agarrar a barra da minha jaqueta. Estávamos lado a lado e, consequentemente, próximas uma da outra, tão próximas que era possível sentir seu perfume de rosas a me envolver, trazendo-me uma sensação de leveza, como se eu estivesse em algum campo aberto. Stephanie alternava o olhar entre meus olhos e minha boca, e isso me fez tensionar os ombros. Involuntariamente, senti todo o resto do meu corpo enrijecer de nervoso. Em um ato que julguei impulsivo, levei minha mão ao encontro de seu rosto, onde a depositei levemente em sua bochecha, passando a colocar alguns de seus fios de cabelo soltos para trás de sua orelha com delicadeza, quando experenciei meu coração ser preenchido por uma onda de felicidade ao vê-la fechar os olhos e repousar sobre ela, como se fosse o apoio mais confortável do mundo.

一 Clara... 一 ela me chamou por um filete de voz, mas como o som estava no último volume, eu apenas consegui entender lendo seus lábios. 一 O que está fazendo...?

一 Eu... 一 Perdi-me em meus próprios pensamentos, não consegui assimilar mais nada além de pensar no quanto meu corpo ansiava tanto pelo seu. 一 Eu não sei...

Seus olhos foram abrindo lentamente, revelando aquelas íris que pareciam me contemplar. Meus ombros encolheram quando a vi aproximar seu rosto lentamente do meu, porém não ousei me mexer, eu simplesmente não conseguia, e também não sei se queria. Seu contato visual não hesitava, era como se eu estivesse enfeitiçada por ela, e mesmo que eu estivesse confusa e não soubesse identificar muito bem o que ela queria dizer através dele, no fundo eu queria descobrir.

一 Steh... 一 Minha voz saiu trêmula por ver seu rosto a poucos centímetros do meu. 一 Você... 一 Estremeci da cabeça aos pés quando ela correu sua mão até minha nuca, aproximando cautelosamente nossas testas.

一 O que você sente de verdade? 一 ela sussurrou perto dos meus lábios, ainda mantendo nosso contato visual e acariciando minha nuca.

Meus olhos estavam arregalados. Eu não conseguia pensar, me mover, muito menos falar, tanto que tentei abrir a boca diversas vezes, mas nada saía, nem um mísero "a". Ela tinha um efeito estranho sobre mim, coisa que nunca senti antes. Seu sorriso aquecia meu interior. O contato com sua pele me trazia arrepios por todas as minhas extremidades, mas também uma sensação de conforto, como se todos os problemas não existissem mais. O que eu sentia era empatia? Não, isso é totalmente diferente, nem faria sentido. Desde o primeiro dia, ela havia mexido comigo e eu não dei atenção. Todos os pensamentos, atitudes e sensações que eu tenho e transmito, quando são em relação a ela, tornam-se de outro mundo, situação que eu nunca havia passado antes, nunca.

Samuel havia me dito uma coisa outro dia que me deixava mais atormentada como jamais estive, e a julgar pela situação atual, me atreveria a dizer que estou até assustada. Eu tenho um carinho enorme por ela e desenvolvi uma vontade imensa de protegê-la, especialmente depois do incidente com seu pai naquele dia. Isso que eu sinto então é normal, não é? Então acredito que faça sentido por conta disso, mas imaginá-la nos braços de outra pessoa 一 que por sinal era Olívia Willians 一 deixava-me em um estado de profunda raiva e preocupação.

Meu rosto estava começando a formigar, minha mão estava trêmula, mas não era por conta do frio. Só sei que esse ambiente que antes parecia agradável, agora começava a me dar falta de ar, dando-me a sensação de estar dentro de uma caixa de vidro minúscula. Eu definitivamente precisava sair dali, naquele momento.

一 E-Eu não sei... 一 Abaixei minha cabeça. 一 Eu... Eu preciso de ar, preciso sair. 一 Minhas pernas cambaleavam tanto que mal tive forças para me erguer.

一 Você está bem? 一 Ela se afastou de mim, pousando a mão em meu ombro, mas tudo que eu consegui fazer foi balançar a cabeça negativamente, e só após consegui perceber que ela me abraçava e me erguia da cadeira. 一 Vamos lá pra fora, vem, se apoia em mim!

Ela segurou minha cintura e me guiou até sairmos da barraca enquanto a música de fundo ia se distanciando, passando a caminhar em direção contrária à multidão até avistarmos um poste que estava um pouco mais distante. Ela me segurou para que eu sentasse e apoiasse minhas costas nele e ajoelhou de frente para mim. Eu sentia meu rosto ficar cada vez mais dormente, lágrimas começavam a cair de meus olhos e eu não conseguia pensar em uma única coisa que pudesse me acalmar agora, isso era realmente agoniante.

一 Clara... Tente respirar devagar, tá tudo bem! 一 Stephanie pegou minha mão e a colocou frente ao seu corpo. 一 Você está gelada!

A sensação de morte era real. Eu não conseguia parar de me mexer. Meu corpo balançava para os lados na tentativa inútil de fazer com que isso passasse. Meus batimentos estavam tão acelerados que eu sentia o músculo do meu pescoço pulsar abruptamente. Tentei puxar o ar bem fundo, tão fundo que achei que mal fosse caber tanto ar dentro de meus pulmões, e quando a vi colocar sua mão sobre meu peito, e puxar a minha para repousar bem em cima de seu coração, meus olhos encontraram os dela. Sua pele estava morna, causando um efeito tranquilizante em mim, que foi se instalando aos poucos, até o momento que consegui parar de me mover inquieta.

一 Isso! 一 Ela sorriu parecendo estar aliviada. 一 Consegue sentir ele batendo? 一 perguntou em um tom divertido e eu assenti. 一 Ótimo! Agora quero que tente entrar em sincronia comigo, como se estivéssemos escutando a mesma música.

Minha música favorita não era lá das mais felizes com melodias animadas e contagiantes, pelo contrário, inclusive, o que fazia essa analogia ser interessante pra mim, e graças a ela estava funcionando. Não tinha a mínima ideia de quantos minutos se passaram, mas no final das contas deu certo, o que ela havia feito deu certo.

一 Obrigada... 一 Tentei abrir um sorriso ao fechar os olhos aliviada ao inclinar a cabeça para trás até encostar no poste.

一 Passou?

Eu assenti novamente e em instantes depois abri os olhos e encarei minha mão, a qual ela segurava com firmeza.

一 É horrível, não? 一 ela perguntou enquanto a esquentava.

一 Sim...

一 Sei como é, já passei por isso 一 suspirou enquanto com uma das mãos removia a minha provável maquiagem borrada. 一 Vou buscar água pra você...

一 Não! 一 Segurei-a quando fez menção de levantar. 一 Fica... Por favor.

Eu não queria que ela saísse de perto de mim, não quando ela conseguia ser a única a trazer paz para o meu interior, pelo menos por agora.

一 Tudo bem... 一 disse acariciando meu rosto e retirando alguns de meus fios rebeldes da frente dos meus olhos.

一 Aquilo que você me perguntou mais cedo, o que queria dizer? 一 Engoli em seco novamente, temendo pelo que poderia vir.

Stephanie soltou um pesado suspiro e se sentou novamente de forma mais aconchegante à minha frente.

一 Pelo pouco em que convivemos até agora, já sei o quanto você é péssima em expressar seus sentimentos 一 Sorriu ao ver que eu fechei a cara. 一 Porém, assim como eu, você também deve ter os seus motivos, e acredite, não estou te julgando por isso, jamais!

一 Eu não sei como devo me sentir em relação a você... 一 Meus olhos encheram-se de lágrimas mais uma vez. 一 O que devo fazer?

一 E o que te faz pensar que deveria fazer algo? 一 sugeriu enquanto acariciava o dorso de minha mão.

一 Porque... 一 Desviei meus olhos para o ato. 一 Eu não consigo pensar em ver você nos braços de outra pessoa, especialmente nos dela.

Um silêncio pairou entre nós, e a única coisa que dava para escutar era o som do festival ao fundo. A essa altura do campeonato, eu já não ligava mais para o que resultasse, simplesmente cheguei à conclusão de que abrir o jogo seria mais fácil do que ficar presa nesse dilema entre minha mente e meu coração.

一 Clara, eu...

一 Mas o que diabos vocês estão fazendo aqui?! 一 Samuel surgiu ao nosso lado ofegante e com cara de poucos amigos. 一 Tem ideia de que procurei vocês por todo lugar?

一 Clara teve uma crise de ansiedade 一 Stephanie levantou e em seguida deu a mão para que eu fizesse o mesmo. 一 Então a trouxe aqui pra fora.

一 Crise? 一 Seus olhos se arregalaram. 一 Você nunca teve isso!

一 Acho que tudo tem uma primeira vez... 一 ressaltou tentando me recompor. 一 Acho que podemos ir curtir agora.

E assim o fizemos. Claro que meus pensamentos estavam longe dali, e Stephanie parecia mais dispersa do que eu, no entanto, o ocorrido não nos impediu de nos divertirmos um pouco. Samuel e Stephanie estavam bebendo bastante durante o tempo em que eu tentava segurar e aproveitar algumas comidas, chegando à conclusão de que deveríamos ir quando vi que ele estava fazendo menção de levantar da cadeira e ir dançar no meio de todo mundo.

Voltamos para casa era em torno de onze horas, completamente exaustos e embriagados, tanto que, quando chegamos, a primeira coisa que fiz foi me jogar no sofá, enquanto observava o garoto ir em direção ao chuveiro.

一 Deus, tô podre! 一 Stephanie se sentou ao meu lado, completamente largada, inclusive sua mão, que foi parar em minha coxa. 一 Sabe...

一 O quê?

一 Eu acho que tenho a resposta para a pergunta que me fez antes.

Meu coração entrou em arritmia e meu corpo enrijeceu.

一 S-Sério? 一 gaguejei aflita.

一 Sim 一 Sorriu de canto. 一 Mas para isso, precisaria tirar a prova.

Senhoras e senhores, se eu contasse exatamente o que ela acabara de fazer, acho que meu rosto explodiria de tão vermelho que se encontrava. Ela estava bêbada, isso é um fato, mas eu também não estava completamente sóbria. A diferença é que ela parecia ser do tipo de pessoa que não se lembra das coisas que fez no dia seguinte, e isso me preocupava, porém não mais do que essa pessoa que acabara de sentar em cima do meu colo. Sim, ela estava sentada de frente para mim, em meu colo, e com os braços em volta do meu pescoço.

一 H-Hey... 一 Minha voz saiu mais trêmula do que vara verde. 一 O que você...

一 Shiu... 一 Seu dedo indicador pousou sobre meus lábios, passando a contorná-los com o dedão em seguida, mantendo seu olhar fixamente preso neles.

Eu me calei, ainda temendo pelo que estava por vir. Meu coração batia como um louco, acho que ele estava assustado demais, mas dizer que de certa maneira eu não estava gostando, isso seria mentira. Contornei minha mão 一 a que não estava engessada, claro 一 por sua cintura, pousando-a sobre aquela região e me atrevi, se é que posso dizer assim, a apertá-la levemente, o que a levou a arfar contra mim.

Aos poucos, a distância entre nós foi diminuindo, nossas respirações se misturando com o hálito forte de álcool, levando-me a pensar que isso não era algo certo a se fazer, mas o que eu poderia fazer se eu não conseguia me mexer? Fiquei inerte ao vê-la se aproximar aos poucos até sentir seus lábios roçarem sobre os meus antes de tomá-los para si, onde vagarosamente fui percebendo as tímidas investidas que ela tentava dar. Eu não sabia como reagir, mas não consegui deixar de retribuir também, então fui fechando meus olhos, deixando que aquela onda de imensas sensações invadisse e tomasse todo o meu ser. Dei mais espaço após notar que ela pedia permissão com a língua para aprofundar o beijo, e em poucos segundos ele se tornou feroz e necessitado. Sua mão acariciava minha nuca enquanto a outra ainda se encontrava em meu rosto, ao mesmo tempo em que eu apenas me concentrava em não perder a sanidade perante aqueles lábios macios e doces que sugavam os meus com fervor.

Meu corpo já não respondia mais aos meus comandos, era uma espécie de piloto automático, como se só o lado instintivo fosse ativado. Eu me desencostei do sofá e inclinei mais minha cabeça para aprofundar aquele beijo, quando fui invadida por uma corrente elétrica ao sentir que ela arranhava levemente minha nuca com suas unhas. Eu estava perdendo o controle dos meus atos, já que meus pensamentos estavam inibidos, como se estivessem todos trancados atrás de uma porta que não pudesse ser aberta, será que esse era o preço que eu estava pagando por pensar demais nas coisas e tornar tudo mais difícil?

Confesso que não queria interromper aquele ato, mas infelizmente eu não tinha outra opção, visto que estávamos bêbadas, fazendo-me pensar na possibilidade de ela me culpar no dia seguinte por conta disso, e sendo assim, decidi colocar um fim naquele momento, não era certo e também não sabia se tinha esse direito após presenciar tudo que ela passara nas últimas semanas.

一 Stephanie... 一 chamei-a quando separei nossos lábios, ainda de olhos fechados. 一 Não podemos fazer isso. 一 Minha mão repousou sobre seu ombro.

Nós abrimos os olhos simultaneamente quando escutamos o chuveiro ser desligado, o que significava que Samuel já havia terminado seu banho, e eu não queria que ele nos visse assim. Minha mão suava, meu corpo estava quente e minha respiração ofegante, quase batendo contra o corpo dela, visto que ela também estava da mesma forma.

O que eu estava fazendo? Será que perdi completamente o controle da minha vida?

一 Clara, me desculpe, eu...

一 Tudo bem 一 interrompi gentilmente, mesmo que isso me trouxesse uma sensação muito ruim. 一 Vem, vou te colocar no chuveiro... 一 Abri um pequeno sorriso ao acariciar seu rosto, deixando um beijo casto no canto de seus lábios.

一 Ok...

Stephanie saiu de cima de mim desconcertada, e eu, para tentar deixar a situação mais normal possível, mantinha um sorriso nos lábios. Samuel saiu do meu quarto devidamente vestido e passou por nós apenas dando um aceno com a cabeça, fazendo-me soltar uma gargalhada abafada, o garoto estava realmente muito louco.

Observei enquanto ela pegava as suas roupas e as colocava dentro do banheiro, onde a mesma tomou um banho longo de uns quinze minutos aproximadamente. Após ela sair de lá, eu fui em seguida. Despi-me e entrei rapidamente no chuveiro por conta do frio, e foi a partir deste exato momento que minha ficha havia caído ao mesmo tempo em que a água batia contra meu rosto.

Eu beijei Stephanie Riley.

 

Fim do capítulo


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