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Palavras: 5019
Acessos: 1329   |  Postado em: 08/05/2021

Cumplicidade

 

Sábado, 13 de abril 一 09h35

 

Eu havia capotado noite passada graças à bebida. Meu consciente estava acordado, mas eu ainda não queria abrir meus olhos, e mesmo que o sol tentasse fazer isso, ao adentrar pelas frestas da cortina, eu simplesmente não conseguia parar de pensar no que aconteceu na noite anterior. O modo como as coisas foram ocorrendo me deixava à beira de um barco enfrentando uma grande tempestade chamada mar de dúvidas, em que alternavam a minha vontade entre ficar dentro dele e enfrentar o mar ou pular, e consequentemente, desistir.

Não posso negar e nem dizer para mim mesma que eu não havia gostado da atitude dela ao tomar meus lábios ontem à noite, mas também não conseguia saber se estava apaixonada por ela, e para ser sincera, nem eu sabia mais como me sentir em relação a tudo que envolvia Stephanie Riley. Será que eu estava sentindo algum tipo de pena e remorso devido aos acontecimentos anteriores ou eu realmente estava começando a desenvolver sentimentos por ela?

Stephanie me beijou e eu correspondi. Eu correspondi e lamentei com dor no coração por ter de interromper um momento como aquele. Será que eu tinha feito a coisa certa? E se eu não tivesse impedido, até onde teríamos ido? Independentemente das minhas dúvidas, no fundo eu não me sentia com a consciência pesada, mas me pergunto se ela teria feito isso se estivesse sóbria. Suspirei pesadamente, eu estava mais confusa do que antes.

Olhei brevemente para o lado e a visão que pude prestigiar era belíssima. Stephanie dormia de costas para mim, de bruços, e com a coberta cobrindo apenas metade de suas pernas. Seu short não era tão curto, mas deixava visíveis suas curvas, agora cobertas por sua camiseta larga e comprida. Abri um pequeno sorriso, isso tudo já estava fora de controle. Mesmo que eu não pudesse controlar meus sentimentos, eu não sabia ainda suas reais intenções, e acredite, meu subconsciente cria tantas teorias que cada uma fazia meu corpo arrepiar de medo só de pensar.

Balancei a cabeça freneticamente, tentando fazer com que esses pensamentos obscuros fossem esvaídos da minha mente. Peguei o edredom e a cobri até o meio de suas costas, em seguida virei para o lado contrário para poder me sentar, onde fiquei alguns instantes encarando o guarda-roupa até que decidi levantar e seguir rumo ao banheiro, onde fiz minha higiene matinal e tomei um belo de um banho quente.

Quando voltei para o quarto, agora vestindo um conjunto de moletom, Stephanie passou por mim e entrou em seguida de cabeça baixa, sem me dirigir uma única palavra, deixando-me completamente atordoada e confusa. Deitei na cama novamente e passei a mexer no celular até a hora em que ela saiu, sendo consumida antes disso pelo medo por pensar que talvez eu tivesse feito algo de errado ou a magoado. Nós precisávamos conversar, mas eu não tinha a menor ideia de como eu poderia começar a abordar esse assunto, e foi aí que sua voz me despertou para o presente novamente.

一 Você quer saber a resposta da pergunta que me fez ontem?

Ela me olhava de uma maneira diferente, com uma expressão triste, o que me levou a sentar na cama e cruzar minhas pernas, tentando controlar mentalmente meu receio apertando o lençol, temendo pela sua resposta.

一 Eu me apaixonei por você desde o primeiro dia que te vi, Clara.

Meus olhos saltaram de espanto, será que eu tinha ouvido direito? Eu estava em transe e chocada, tanto que não conseguia me mover, nem ao menos piscar. Não poderia ser verdadeira essa informação, acho que o efeito do álcool ainda não tinha passado devidamente no sangue dela, não é possível.

一 O quê? 一 perguntei ainda impactada por suas palavras, observando-a abraçar os braços na frente do corpo e mordendo o lábio. 一 Mas... Como?

一 Eu vou lhe contar a história para que assim você possa entender. 一 Caminhou até se sentar de frente para mim. 一 Só que precisarei voltar um pouco no passado pra isso, e...

Sua voz falhou e seus olhos desviaram do meu para encarar o teto.

一 Não precisa fazer isso, tudo bem... 一 Eu me aproximei dela até colocar minha mão em seu ombro.

一 Eu me lembro da noite passada. 一 Seus olhos fecharam parecendo apreciar aquela memória e isso fez com que meu coração acelerasse, como se eu estivesse revivendo aquele momento junto com ela. 一 Era uma coisa que eu queria fazer há muito tempo, mas eu não tive coragem, e também não podia.

一 Por que diz isso?

一 Olívia e eu namoramos desde a adolescência, mas digamos que nossa relação levou a proporções que não deveria. 一 Uma longa pausa. 一 Olívia é uma pessoa tóxica que abusou de mim, Clara.

Não, eu não posso ter ouvido isso, impossível.

一 Oi??? 一 Elevei meu tom de voz e franzi minha testa incrédula com o que acabara de ouvir.

一 Olívia sempre abusou de mim em diversos sentidos e quesitos 一 Seus olhos começaram a marejar, fazendo com que eu segurasse a sua mão com firmeza, mas uma lágrima escapou. 一 Nós estudamos juntas desde sempre, e nos tornamos próximas quando ainda éramos crianças, porém, com o passar do tempo, as coisas começaram a tomar rumos diferentes.

一 Steh... 一 chamei-a quando percebi que ela fazia menção de segurar o choro. 一 Não tenha vergonha, apenas deixe isso sair!

Ela me fitou mordendo o lábio aparentando estar hesitante até conseguir puxar o ar com força.

一 Eu não podia fazer amizades e quando tentava criar novos laços, ela os cortava, alegando que não precisaria de mais ninguém além dela. E eu acreditei. Não só acreditei como passei a confiar nela assim como ela pediu. 一 Stephanie tremia de nervoso, então rapidamente entrelacei nossos dedos na tentativa de acalmá-la. 一 Todos os planos que eu fazia para me divertir e me entreter ela fazia o favor de estragar, e insistia que eu deveria fazer o que ela faz para ser feliz, e isso foi ficando pior à medida que atingimos os dezoito anos, quando comecei a frequentar lugares que não deveria.

一 Céus... 一 Puxei-a até encaixá-la em meus braços, não queria mais ouvir aquilo, tudo isso só me fazia sentir mais raiva e asco por aquela garota.

Stephanie enlaçou minha cintura e a apertou, onde aos poucos pude sentir suas lágrimas caindo em meu pescoço até molhar minha roupa.

一 Eu comecei a beber e usar drogas muito nova, por ela alegar serem coisas de adulto e que éramos livres para fazer o que bem entendíamos. Contudo, eu me recuperei e parei de usar um tempo depois, brigamos feio e, com isso, eu ganhei essa cicatriz. 一 Ela se desvencilhou de meus braços para me mostrar um arranhão de no máximo dez centímetros pouco abaixo de seus seios. Ter essa visão fez com que eu gelasse. 一 Ela me arranhou tão forte que nem uma faca talvez teria ardido tanto, e isso foi só o começo. Eu era sua marionete, frágil e tola. 一 proferiu abaixando sua blusa com as mãos trêmulas.

一 Por que você...?

一 Eu tentei! 一 Seus olhos encontraram os meus. 一 Mas eu não consegui, Clara, não consegui porque cheguei ao ponto em que eu não sabia mais quem eu era. Não sabia como agir, não sabia sobre mim mesma, nada. Era como procurar por um ponto preto em um quarto branco, inútil e cansativo.

Eu não suportava mais ouvir uma palavra daquela história que minha vontade de matar a Olívia só crescia. Como pode uma pessoa ter vivido esse tipo de coisa? É algo inimaginável.

一 Eu não consegui me afastar dela até você aparecer 一 Suas lágrimas caíam com força. 一 E eu me apaixonei por você antes disso, muito antes! Mas evitava contato para te proteger, pensando que talvez com o tempo o que eu nutria por você iria desaparecer, mas não foi o que aconteceu.

一 Aquele dia, o que houve?

一 Quando o Samuel disse que ela tinha feito isso contigo, eu fui tirar satisfações com ela quando saí daqui. 一 Suspirou. 一 Mas...

一 Steh... 一 Meus olhos buscaram os dela, mas ela os desviou.

一 Ela me ameaçou dizendo que iria fazer algo contra você novamente se eu não voltasse com ela. 一 proferiu enxugando seu rosto. 一 Disse que acabaria com você, que te machucaria... E eu... Eu não podia deixar que ela chegasse perto de você novamente, Clara, mesmo que a gente passasse a não se falar mais.

Meu peito doía como se uma bala tivesse acabado de atravessá-lo. Meus olhos começaram a encher de água, trazendo à tona o quanto eu estava arrependida por não ter feito nada antes e por ter dito todas aquelas coisas. Como que ela permitiu ser machucada dessa forma apenas para me proteger? O que ela tinha na cabeça?

一 Se eu tivesse feito algo antes... 一 murmurei entre os dentes e uma lágrima involuntariamente caiu na minha perna. 一 A culpa é toda minha.

一 Você não entende, não é? 一 Ouvi-a soltar uma pequena risada, fazendo-me erguer a cabeça para fitá-la. 一 Não importa o que você teria feito, eu não deixaria que ela te tocasse mesmo se você não soubesse da minha existência, e aquele dia eu só a apresentei pra vocês porque ela me obrigou.

Eu não tenho palavras para descrever o que estava acontecendo naquele exato momento, sinceramente. Parece que minha mente explodiu com essa declaração, me deixando impossibilitada de dizer ou pensar em algo.

一 Quando eu vi que você estava acobertando o que aconteceu, mesmo eu não tendo certeza absoluta de que ela realmente tinha feito aquilo, eu fiquei furiosa, porque sabia que ela teria te ameaçado de qualquer forma só pelo pouco contato que estávamos tendo. 一 Ela cerrou a outra mão que estava apoiada em cima da cama. 一 Então eu fui tirar satisfações com ela, e quando abri o jogo dizendo o que sentia por você e que estava cansada de ter que passar por isso, ela... Ela me agrediu.

Nunca que em meus sonhos eu iria imaginar que teria todo esse iceberg por trás do que meus olhos conseguiam ver. Encontrei-me agora perante uma corda bamba que se conectava a outras, todas ligadas a pontos diferentes que faziam referência ao meu ser, onde eu me encontrava no meio, completamente assustada.

"O que eu deveria fazer?", pensei atordoada abaixando a cabeça e passando a mão pelo meu cabelo, visivelmente nervosa.

一 Eu... 一 Respirei fundo tentando encontrar as palavras certas, passando a derramar mais lágrimas. 一 Eu não sei o que fazer... O que você quer que eu faça?

一 Clara... Olhe pra mim! 一 Stephanie ergueu meu queixo com delicadeza, fazendo nossos olhares se cruzarem, pegando em seguida minha mão e colocando em seu peito. 一 Consegue sentir isso?

Assenti ao sentir seus batimentos acelerados.

一 É o que acontece quando te vejo, quando me toca. E ontem... 一 Sorriu tentando conter mais de suas lágrimas. 一 Eu não sei nem explicar, mas é como se eu necessitasse de você todos os dias, e eu não me importaria em ter que enfrentar a Olívia ou o mundo pra isso.

一 Eu não sei como... Eu... 一 balbuciei abaixando minha cabeça novamente, mas ela a ergueu gentilmente. 一 Eu me sinto diferente, não sou boa com relacionamentos e não sei se te faço bem, pra mim eu sou uma pessoa fácil e substituível.

一 Como pode dizer um absurdo desses?! 一 Ela enxugava minhas lágrimas com seus dedos. 一 Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci. É bondosa, inteligente, amorosa, protetora e uma amiga excepcionalmente fiel.

一 Eu não enxergo isso... 一 Segurei sua mão, ainda em contato com o meu rosto. 一 Eu não sei se posso te fazer feliz como você merece ser...

一 O que quer dizer?

一 Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu... 一 Minha voz foi falhando à medida que mais lágrimas caíam. 一 Como posso saber se estou apaixonada?

Stephanie inclinou o corpo um pouco para trás, aparentando estar surpresa.

一 Você não tem como saber. 一 disse com um sorriso nos lábios. 一 Você sente.

一 O que você sente? 一 Minha pergunta inocente lhe rendeu um pequeno riso, fazendo meu coração dar um salto quando ela fechou os olhos.

一 Eu sinto uma ansiedade muito grande quando não estou perto de você, e fico nervosa quando estou. Sinto uma onda de calor quando nos tocamos e quando você sorri. Sinto meu coração palpitar desesperadamente quando te vejo mesmo que de longe, como se ele estivesse gritando por mim o que penso em relação a você... 一 Ela acariciava meu rosto, me levando a fechar os meus olhos também. 一 Sinto também uma enorme vontade de ser sua, mas não sei se tenho esse direito... 一 Sua voz saiu trêmula, e quando ela fez menção de recolher sua mão, eu a segurei contra meu rosto.

一 Stephanie... 一 chamei-a agora buscando respostas em suas íris que aos poucos me foram expostas.

一 Sim?

一 Faça aquilo novamente... 一 pedi tentando impedir que minha mente me sabotasse e me fizesse desistir do que estava prestes a dizer. 一 Me beije.

Ela arregalou os olhos, criando alguns pequenos instantes de silêncio entre nós.

一 Você tem certeza?

Confirmei ao abrir um pequeno sorriso, eu estava decidida e sabia que devia ao meu coração uma explicação. Ela sorriu e acariciou minhas bochechas, causando-me arrepios por todas as minhas extremidades. Nossos rostos foram se aproximando até o ponto que nossas respirações se mesclaram, momento em que meu peito começou a se movimentar junto com o dela em ansiedade, e ao encontrar com seus olhos novamente eu soube a resposta que sempre estive procurando quando nossos lábios foram de encontro ao outro simultaneamente.

Diferente da noite anterior, dessa vez nosso beijo se formava por uma fórmula composta de carinho, urgência e paixão. Suas mãos passaram por cima de meus ombros e eu busquei sua cintura. Eu não sei descrever o mar de sensações que estava surgindo por todo o meu corpo, era como se o contato com seus lábios me tirasse de onde eu estava e me puxasse para um mundo paralelo, onde eu não era atormentada pelo meu subconsciente. Eu me sentia segura, mas ao mesmo tempo vulnerável por me entregar tanto assim a alguém tão rápido.

Aos poucos percebi sua mão caminhar em direção a minha nuca, causando-me mais arrepios ao acariciá-la, arrepiando minha pele, até perceber que ela a segurou para me puxar e aprofundar nosso beijo ainda mais. Eu puxei suas pernas para cima do meu colo e trilhei o caminho das suas coxas com a minha mão, explorando-a e tentando fazer com que nossos corpos se aproximassem ainda mais. Por fim, ela levou suas mãos até meu rosto, segurando-o com cuidado enquanto diminuía a intensidade de suas investidas, até afastar sua boca da minha, deixando apenas nossas testas unidas em meio a nossas respirações totalmente descompassadas.

一 Acho... Acho que eu sempre soube a resposta, só estava com medo por ter acontecido rápido demais. 一 confessei abrindo meus olhos, buscando pelos dela alguns segundos depois. 一 Me perdoe...

一 Por que está me pedindo perdão? Você não fez nada de errado! 一 protestou ao segurar minha mão.

一 Eu fiz você sofrer, eu não tinha ideia que isso estava acontecendo...

一 Ter me apaixonado por você foi o que me deu forças para quebrar as correntes que me prendiam ao passado, Clara. 一 Seu sorriso parecia estar cada vez mais encantador, porque eu simplesmente não conseguia me enjoar dele. 一 Você me libertou.

一 E você bagunçou meu mundo... 一 Sorri acariciando o canto de sua boca enquanto meus olhos passavam a admirar seu rosto, deixando uma lágrima escapar. 一 Você quebrou minha inércia.

一 É como se eu estivesse esperando por você a vida inteira 一 Ela beijou minha mão, colocando-a por cima do peito. 一 Mesmo que eu tivesse chegado ao ponto onde não conseguia sentir mais nada, você fez uma chama acender dentro do meu peito novamente. Eu sabia que provavelmente seria impossível poder ter você na minha vida independente de como fosse essa presença, mas parece que alguma voz aqui dentro dizia para eu não desistir. E quando eu contei ao Samuel como eu me sentia, ele...

一 Oi? Pera... Samuel sabia esse tempo todo? 一 interrompi-a completamente surpresa.

一 Sim... no dia em que nos conhecemos na lanchonete, que por sinal eu passei a frequentá-la depois de descobrir que ele trabalhava lá e vocês dois eram amigos 一 disse soltando uma gargalhada gostosa por me ver indignada. 一 Eu passei a te observar todos os dias, mas você é tão focada que o mundo ao seu redor parece não existir, então... Ele percebeu que eu te olhava de uma forma diferente e veio me encorajar para ir até você, mesmo ele não sabendo sobre a Olívia.

一 Aquele pivete! 一 Soquei o travesseiro. 一 Isso explica o fato dele ficar dizendo que faríamos um belo casal!

一 E fazem mesmo!

Ambas olhamos para a porta assustadas. Samuel estava com seu pijama de bolinhas encostado na parede, com os braços cruzados e nos direcionando um lindo sorriso no rosto.

一 Há quanto tempo você está aí? 一 perguntei cerrando os olhos.

一 Eu escutei pela porta, até que decidi entrar. E então? 一 Ele ergueu suas sobrancelhas ansioso. 一 Já posso comemorar?

Meu rosto não estava vermelho, estava roxo. Logo catei o travesseiro que estava atrás de mim e joguei em sua direção com toda a força que eu tinha, atingindo suas partes íntimas.

一 Argh! 一 arfou colocando as mãos por cima e deitando no chão. 一 Golpe baixo, Clarinha!

Stephanie caiu na gargalhada enquanto me observava ir até ele e depositar vários cascudos em sua cabeça enquanto ele tentava inutilmente se defender. Eu não estava furiosa, mas ele podia pelo menos ter me avisado. Deus! Esse pirralho é mais perigoso e esperto do que eu imaginei.

一 Você vai fazer o almoço e a janta de hoje e amanhã, é seu castigo por aprontar pelas minhas costas! 一 grunhi lhe dando um último soco. 一 Pilantra!

一 Será que você pode pelo menos tentar me salvar?! 一 Ele ergueu o braço como se estivesse se afogando, fazendo eu cair no riso ao olhar para ela desesperado e com cara de poucos amigos. 一 É isso que eu ganho por juntar um casal?

一 Tadinho dele, Clara! 一 Ela veio até nós enxugando as lágrimas e segurando meu braço. 一 Você devia estar acostumado com o lado violento dela, mas não se preocupe, eu te ajudo a cozinhar.

一 Mas é um anjo mesmo! Viu? Por isso eu disse que seriam um ótimo casal! 一 Piscou enquanto se levantava com a ajuda dela.

一 Não somos um casal... 一 falei em um tom de voz mais baixo e desviando o olhar pra cama, meu rosto estava prestes a explodir.

一 Ainda! 一 ele respondeu brincalhão erguendo o dedo indicador, mas fechou o semblante quando eu o encarei.

一 Vamos viver um dia de cada vez 一 disse ela com calma, atraindo minha atenção. 一 Não é?

一 Sim... 一 Sorri coçando a nuca.

一 Ela sempre faz isso quando tá com vergonha, já percebeu? 一 Samuel cochichou no ouvido dela, fazendo uma veia saltar de minha testa.

一 Tá legal! 一 gritei fazendo eles se assustarem que nem crianças quando são pegues na cena do crime. 一 Os dois pra fora! Vão fazer o café da manhã também! Vai! 一 Comecei a empurrá-los para fora do quarto e seguindo o corredor até a cozinha.

一 Mas eu ainda nem tomei banho! 一 protestou o garoto olhando para trás.

一 Não é problema meu, se vira!

Tomamos nosso café da manhã tranquilamente, ou pelo menos em partes, porque Samuel não conseguia calar a boca de tantas perguntas que estava fazendo. Stephanie felizmente se sentia mais leve depois de ter desabafado sobre os fantasmas do seu passado e graças a isso conseguiu falar abertamente para ele, que ficou furioso por descobrir toda a verdade.

~x~

一 Maratona? 一 sugeri animada pegando o controle da TV depois de os ajudar a guardar a louça.

一 Com certeza! 一 Os dois sorriram da cozinha.

Larguei meu corpo em cima do sofá enquanto esperava pelas duas crianças que logo foram se ajeitando. Samuel deitou em nossos pés, enquanto Stephanie se acomodou ao meu lado.

一 Se quiser... 一 murmurei a olhando de canto tentando esconder minha timidez. 一 Pode deitar no meu colo, eu não me importo.

一 Ai meu deus, não acredito que vou ficar de vela! 一 elevou o tom de voz enquanto passava os filmes no catálogo do site.

一 Cale-se! 一 Dei um peteleco em sua orelha.

一 É brincadeira! 一 disse virando o corpo e sorrindo de orelha a orelha. 一 Estou muito feliz por vocês, sério!

Meus olhos fizeram menção de encher de água novamente, mas eu fui mais forte dessa vez. Eu estava feliz, não só por conseguir tirar todo aquele peso de dúvidas que me tiravam o sono, mas também por poder desfrutar tudo o que nunca senti antes, entretanto, tudo isso ainda era muito novo pra mim, então precisava ir aos poucos para não surtar e acabar estragando tudo.

Stephanie colocou uma almofada em cima das minhas pernas e se ajeitou, deixando seu corpo de frente para a TV, atitude essa que aproveitei para enlaçar sua cintura com meu braço, o que a fez de imediato capturar minha mão, entrelaçando nossos dedos e levando até seu queixo. Céus, como um simples gesto como esse conseguia fazer meu coração bater tão rápido?

E assim passamos o resto do feriado, assistindo a muitos filmes, batendo papo e também brigando como sempre, parecendo mais uma prova de revezamento de vez em quando pra ver quem enchia o saco do outro primeiro. Já eu e Stephanie conversamos bastante em relação a nós e chegamos à conclusão de que iríamos com calma, assim poderíamos nos conhecer melhor e também aproveitar essa fase inicial que é a mais importante.

 

Um mês e alguns dias depois...

 

一 Evite fazer esforço físico, isso inclui várias horas de estudo também, entendeu?

一 Sim, senhora... 一 suspirei aliviada dentro do consultório da médica. Finalmente tinha tirado esse maldito gesso que insistia em atrapalhar minha rotina. 一 Posso ir?

一 Ah, sim, pode! E não esqueça de tomar um analgésico caso sinta alguma dor. 一 Sorriu enquanto empilhava diversos laudos e os ajeitava do lado esquerdo da mesa.

Eu a agradeci e saí da sala, caminhando por um longo corredor até a saída do hospital para pedir um uber para casa. Era sexta-feira e a única coisa que eu queria fazer quando chegasse era tomar um banho e dormir. Avistei um dos bancos vazios no pátio que dava de frente para a avenida e ali esperei o motorista chegar, coisa que não demorou mais do que dois minutos, e em quinze eu já estava em casa.

O relógio marcava onze da noite, o que já era um pouco tarde, e como tive provas e trabalhos finais para entregar do primeiro bimestre, digamos que meu tempo foi muito bem sugado essa semana. Ao chegar no apartamento, tirei meu tênis e passei a andar cautelosamente pelo cômodo da sala para não acordar Samuel que havia chegado do trabalho há pouco tempo. A TV, como sempre, estava ligada, mas o garoto já estava em outro plano astral de tanto que babava no travesseiro. Desliguei o aparelho e fui em direção ao meu quarto, empurrando a porta semiaberta lentamente e logo a avistei mexendo em seu celular, a qual parecia bem concentrada, tanto que só notou minha presença quando me sentei ao seu lado.

一 Que susto! 一 Ela sorriu e abaixou o celular, colocando a mão sobre o coração. 一 Como se sente?

一 Livre, mas ainda dolorida. 一 Retribuí o gesto abraçando meu braço. 一 O que está fazendo?

一 Ah, estou lendo uns artigos que a professora pediu, nada demais... 一 Sua cabeça tombou para o lado, encostando no travesseiro. 一 Vem, você precisa descansar. 一 Apalpou o colchão.

一 Vou tomar um banho primeiro. 一 Bocejei enquanto me dirigia ao armário e tirava de lá meu pijama de moletom. 一 Já volto.

Desde o último feriado que passamos juntos, achamos que seria bom que nós três passássemos os fins de semana reunidos, ou seja, meu apartamento virou o ponto de encontro de três jovens adultos com os hormônios à flor da pele. Um pouco suicida essa ideia? Talvez, mas confesso que adorava vê-los aqui.

Nesse meio tempo, eu também a convenci em passar numa psicóloga para lhe ajudar em todo esse processo que ela sofreu, o que ela aceitou e concordou de bom grado, além do fato de ela ter arrumado um emprego de meio período em uma escola que ela estava de olho, deixando-a muito feliz. Além disso, Lara também se aproximou bastante de nós e virou quase que uma outra irmã para Samuel, a diferença é que eles pareciam querer se matar todos os dias, então confesso que sentia uma satisfação enorme por ver o garoto cair nas provocações dela e ser o motivo de muitas gargalhadas.

Entrei no chuveiro e deixei que a água quente caísse pelas minhas costas, o clima estava começando a ficar cada vez mais frio, visto que estávamos beirando o inverno, e como consequência minha conta de luz já tinha subido o dobro por conta disso. Saí vinte minutos depois e voltei para o quarto, tirando o chinelo e abraçando meu travesseiro enquanto a observava.

一 Sabia que você fica encantadora quando está séria assim? 一 perguntei sorrindo de canto e logo após dando risada ao ver que ela ficou constrangida com meu comentário.

Stephanie estava fazendo com que eu me apaixonasse por ela a cada dia que passava, e todos os motivos que levavam a isso eram simples. O modo como ela sorria quando estava feliz ou quando eu segurava em sua mão. O jeito como me abraçava todos os dias com afeto e ternura. A forma como ela dava risada quando eu a fazia rir, sem contar as diferentes personalidades que aos poucos iam se mostrando dependendo da situação em que se encontrava, e admito que a postura que ela assumia quando estava concentrada estudando era a minha favorita.

É, com certeza eu estava descobrindo mais sobre ela e me conhecendo melhor aos poucos também, mesmo que no começo tivesse sido um pouco assustador por não saber conduzir em meio aquele mar de sentimentos, agora estava tudo bem, estávamos bem.

一 Último ano não é fácil, não é? 一 Ela passou a mão pelo meu rosto, acariciando-o. 一 Mas já acabei também. 一 Sorriu juntando alguns papéis que estavam espalhados à sua frente, levantando e colocando em uma pasta dentro de sua mochila.

一 Vem cá! 一 Abri meus braços com um grande sorriso.

Ela deixou escapar uma risada gostosa e logo veio caminhando até a cama, colocando seu corpo sobre o meu com cautela, deixando seu rosto a poucos centímetros do meu. Eu passei minha mão por ele e joguei seu cabelo para o lado contrário, expondo seu pescoço e passando a admirá-la com afeição, deixando escapar um sorriso por ver que ela acompanhava todo o trajeto que meus olhos percorriam. Em seguida, fui em direção a sua nuca e a puxei de encontro aos meus lábios, iniciando um beijo lento carregado de carinho e delicadeza, mas rapidamente pedi permissão para intensificar com a língua, e assim ela concedeu. Minha mão acariciava seus cabelos enquanto a outra subia pelo seu quadril até chegar à cintura, onde a enlacei com firmeza para que eu pudesse ficar por cima dela, encaixando minhas pernas por dentro das suas ao mesmo tempo em que ela se aconchegava embaixo de mim depois que a puxei em minha direção. Aproximei-me lentamente ainda mantendo contato visual, sentindo aos poucos sua respiração bater contra meus lábios até eu capturar os seus mais uma vez. Fechei meus olhos para que eu pudesse apreciar esse momento enquanto sentia meu coração bater acelerado contra meu peito, porém o dela parecia estar mais ansioso que o meu, visto que sentia sua respiração ainda mais acelerada.

Ela riu por ver que eu estava a fitando de perto depois que me separei de seus lábios, e como em um estalar de dedos eu fui trazida para a realidade.

一 O que está fazendo? 一 perguntou enrugando a testa e com um sorriso de canto.

一 O que você acha? 一 Revirei os olhos e lhe dei um selinho, passando a depositar beijos por todo o seu rosto, fazendo-a rir. 一 Não posso mais te beijar? Então tá bom!

Eu saí de cima dela e deitei ao seu lado, cruzando os braços e fazendo bico, o que a fez soltar uma risada gostosa antes de passar a perna por cima do meu quadril e sentar em cima do meu colo, descruzando meus braços ao segurar minhas mãos e entrelaçar nossos dedos ao lado do meu rosto.

Ela foi declinando lentamente sobre mim até roçar seus lábios nos meus, porém seu alvo não eram eles, mas sim meu pescoço, fazendo-me fechar os olhos com força ao senti-la depositar diversos beijos pela região, acompanhados de vários arrepios que surgiam e atiçavam meu corpo a querer se movimentar contra o seu. Eu me desvencilhei de suas mãos e procurei suas coxas, e quando as achei, ousei apertá-las e trazer seu quadril para mais perto, não podendo deixar de sorrir vitoriosa quando a senti arfar.

一 Não devemos pular etapas, mocinha... 一 ela sussurrou em meu ouvido enquanto voltava distribuindo beijos pelo meu rosto, e quando chegou a centímetros da minha boca, aproveitei a chance para roubar um beijo e morder seu lábio inferior. 一 Golpe baixo! 一 sussurrou após eu soltá-lo.

一 Não irei pular etapas 一 Sorri ao lhe dar um selinho. 一 Não tenho com o que me preocupar.

一 Se preocupar?

一 Com o tempo... 一 Dei-lhe outro selinho. 一 Eu não tenho pressa, quero aproveitar todas as fases com calma. 一 Acariciei seus cabelos.

一 Nem parece a pessoa que conheci há dois meses atrás... 一 Ela saiu de cima de mim e se aconchegou em meus braços. 一 Fico feliz que pense assim. 一 disse erguendo o queixo e abrindo um grande sorriso.

一 Obrigada, senhora! 一 Beijei seu nariz e depois sua bochecha. 一 Você é a grande responsável por isso!

一 Só não te mando à merd* pelo "senhora" porque você foi muito fofa depois, ok? 一 Stephanie revirou os olhos e eu caí no riso. 一 Boa noite! 一 Ela me deu um beijo na bochecha antes de colocar sua perna entre as minhas e abraçar minha cintura.

Passei a acariciar seus cabelos volumosos com cuidado, vendo-a fechar os olhos aos poucos e relaxar seu corpo lentamente sobre o meu, fazendo com que eu a puxasse um pouco mais pra cima até encaixar sua cabeça entre meu pescoço, do jeito que ela gostava. Beijei sua testa e inclinei minha cabeça até encostar na dela, pegando o edredom em seguida e cobrindo a nós duas, até que enfim peguei no sono.

 

Fim do capítulo


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