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Conexão por ThaisBispo

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Palavras: 3876
Acessos: 1332   |  Postado em: 08/05/2021

Contato

 

Eu normalmente já sou tímida, mas nesse tipo de situação eu me encontrava um pouco mais acanhada que o normal. Não que eu nunca tenha dividido minha cama com alguém antes, é que esse cenário ainda me era pouco familiar, sem contar que eu andava estranha desde o dia que a conheci e isso estava começando a me tirar o sono.

一 Não vai te incomodar? 一 perguntou ela juntando as mãos na frente do corpo encostando-se na parede, perto da porta.

一 Não se preocupe, você precisa descansar... 一 neguei ao ir em direção à cama e puxar o edredom. 一 Você prefere qual lado da cama?

一 Tanto faz, o que for melhor pra você.

一 Pode dormir perto da parede, assim não corro o risco de te empurrar pra fora dela sem querer... 一 Eu me apoiei na cama e ajeitei o travesseiro. 一 Fique à vontade.

Stephanie sorriu e caminhou até onde eu estava, tirando o tênis e se sentando na borda do colchão.

一 Desculpa te dar tanto trabalho... 一 suspirou frustrada.

一 Você não está. 一 Baguncei sua franja, fazendo-a rir com tal gesto. 一 Apenas descanse, ok?

一 Você é sempre assim? 一 Seus olhos buscaram os meus.

一 Assim como? 一 Dei um passo para trás, confusa.

一 Protetora.

一 Ah... 一 reagi surpresa. 一 Não sei dizer... Nunca tinha pensado nisso.

Ela nada respondeu, apenas segurou minha mão e a apertou levemente, soltando-a instantes depois para dar meia volta e aconchegar-se na cama. Em seguida, ela se cobriu com o edredom até a cintura e ajeitou a cabeça sobre o braço, fechando os olhos rapidamente. Seu cansaço era nítido, porém não deixei de sorrir com a pose dela, tão fofa.

Andei em direção à porta para apagar a luz, peguei meu notebook em cima da escrivaninha e voltei a me sentar na cama, arrumando meu travesseiro para que ficasse confortável. Olhei brevemente para o lado e, inconscientemente, puxei o edredom até cobrir as costas dela antes de voltar minha atenção para a tela e começar a trabalhar, tentando deixar a luz no mínimo para não a incomodar.

Já passava das dez da noite quando senti meu braço ficar dolorido por conta do esforço, momento em que deixei meu notebook em cima do pequeno móvel ao meu lado antes de me aconchegar no colchão. Espiei-a por uns instantes e vi que ela parecia estar dormindo profundamente com o corpo virado de frente pra mim, e fiquei um tempo pensativa sobre tudo que eu havia passado desde o dia que a conheci e quantas coisas ocorreram desde então. Sinceramente, eu não sabia dizer o que Stephanie tinha de diferente para despertar esse meu lado de me fazer sair da minha zona de conforto e arriscar meu anonimato.

一 Céus... 一 resmunguei ao me virar de frente para ela, retirando com delicadeza alguns fios da frente de seu rosto, me surpreendendo ao ver que havia um pequeno roxo abaixo de seu olho esquerdo. 一 Sua boba, não deveria ter deixado elas fazerem isso com você... 一 sussurrei fechando os olhos com força por me lembrar da cena de mais cedo, mas os abri rapidamente quando a senti segurar em minha mão.

一 Não sou tão forte quanto você... 一 Ela sorriu ainda de olhos fechados. 一 E não sei o que faria se não estivesse lá.

Surpreendi-me ao ver que ela provavelmente estava acordada praticamente esse tempo todo.

一 Pensei que estivesse dormindo... 一 respondi constrangida pelo simples fato de ela ter escutado o que eu acabara de dizer.

Ela riu ao abrir os olhos, momento em que engoli em seco ao ver que ela me fitava.

一 Apenas durma!

一 Não consigo... 一 murmurou. 一 Talvez você devesse fazer isso, seu dia foi cheio hoje.

一 Ah, francamente! 一 grunhi lhe dando um cascudo na testa. 一 Já sei!

Virei para o outro lado da cama e peguei meu celular à procura de músicas mais calmas que eu usava para descansar ou estudar. Coloquei em um volume médio e sorri ao ver que ela aprovava meu gosto.

一 Agora feche os olhos! 一 Tentei fazer uma cara de mau enquanto passava minha mão pelo seu rosto.

一 Hey! Eu não sou criança! 一 Ela franziu as sobrancelhas e fez bico.

一 Então não aja como tal! 一 Repeti o ato soltando uma risada.

一 Você tá toda torta, desse jeito vai acabar piorando o estado desse braço!

一 Obrigada pelo consolo, mas não consigo dormir direito de barriga pra cima sem abraçar alguma coisa.

Meu comentário foi inocente, pois não imaginaria que ela se aproximaria de mim, pegaria meu braço bom e o passaria por trás de sua cabeça, enquanto deitava em meu ombro.

一 H-Hey! 一 protestei sem depositar minha mão em seu corpo. 一 O que está fazendo?

一 Resolvendo seu problema, agora fique quieta! 一 Sua voz foi abafada pelo meu pescoço, me causando um arrepio ao sentir sua respiração bater contra minha pele.

Eu não conseguia me mexer, e não, isso não é engraçado, ok? Eu não tinha o costume de ter muito contato físico com as pessoas, especialmente aquelas as quais eu ainda não conhecia tão bem. Jesus Cristo, se o Samuel entrasse aqui e visse essa cena aí que ele insistiria nas ideias malucas dele. Eu tentava respirar devagar ao mesmo tempo que meu coração parecia querer dificultar a minha vida por fazer meus batimentos aumentarem, porque até isso eu tava com receio de fazer, agora que ela repousava sobre meu corpo. Suspirei fundo e coloquei minha mão por cima de suas costas de uma forma desajeitada, instante em que ela se ajeitou ao passar a mão pela minha cintura.

"Deus me proteja", pensei fechando os olhos de nervosismo, até começar a relaxar aos poucos para finalmente cair no sono.

 

Sexta-feira, 12 de abril 一 08h40

 

Acordei com meu braço formigando e por alguns instantes mal consegui me recordar do porquê. Abri os olhos lentamente devido à claridade invadindo o quarto aos poucos entre as brechas da cortina, e me deparei com Stephanie dormindo em meus braços.

"Não é possível que dormimos assim na mesma posição a noite toda..."

Tentei me desvencilhar de seu corpo, mas não achei que ela fosse pesada, e com um braço engessado as coisas já não facilitavam tanto, então apenas desisti e passei a ficar deitada, até que senti ela se mexer e resmungar alguma coisa que estava longe de ser a nossa língua.

一 Steh... 一 sussurrei e a mesma abriu um pouco seus olhos no mesmo instante. 一 Precisamos levantar.

Ela nada respondeu, apenas abraçou minha cintura com firmeza enquanto afundava seu rosto mais ainda entre meu pescoço. Eu não sabia muito bem como agir, então, por impulso, comecei a acariciar seus cabelos, tentando transmitir o máximo de aconchego possível para que ela não se sentisse mal, independentemente se o motivo era por conta do que ocorreu ontem ou não.

一 Você precisa desabafar...

Eu apoiei minha cabeça na sua e a abracei ternamente por alguns minutos até sentir que o seu braço havia folgado em volta do meu corpo, indicando talvez que ela já estava um pouco melhor.

一 Eu depositei minha confiança nas pessoas erradas... 一 Ela se desvencilhou dos meus braços, sentando na cama e passando a abraçar seus joelhos. 一 Por que os seres humanos às vezes são tão cruéis, Clara?

一 Acho que são tão amargurados e infelizes que não conseguem ver outra saída a não ser tentar destruir a felicidade do próximo. 一 suspirei ao me sentar também.

Stephanie sorriu por cima do ombro pra mim, fazendo-me prender o fôlego por alguns instantes e fiquei me perguntando como que um gesto tão simples conseguia causar esse tipo de efeito tão grande em mim, a ponto de eu não conseguir fazer a coisa mais fácil desse mundo que era simplesmente respirar.

一 Foi culpa minha, eu deixei isso acontecer.

一 Não foi culpa de ninguém, Stephanie, muito menos sua.

一 Você não entende... 一 Seus olhos começaram a brilhar devido às lágrimas que tentava segurar. 一 Olívia e eu temos um passado muito conturbado, ela...

Meu corpo enrijeceu quando eu a vi tremer, seja lá o que tenha acontecido, com certeza não era uma história que se passa em conto de fadas. Isso estava muito além disso.

一 Hey... 一 chamei-a enquanto aproximava-me ao seu lado, passando meu braço por seu ombro. 一 Não precisa me dizer nada, eu vou entender e esperar seu tempo caso um dia queira me contar, ok? 一 Tentei abrir um sorriso confiante, mas vê-la naquela situação acabava comigo.

一 Obrigada... 一 disse ela mantendo a cabeça baixa.

一 Pelo quê? 一 questionei confusa.

一 Por ser meu porto seguro. 一 Seus olhos foram de encontro aos meus.

Já falei o quanto sou péssima em reagir a esse tipo de situação? Pois então, eu sou, e muito, tanto que a única coisa que consegui fazer foi sair da cama e oferecer minha mão para que ela levantasse também.

一 Pode ir usando o banheiro primeiro, eu vou ver se o Samuel já está acordado. 一 falei abrindo o armário e lhe entregando uma toalha. 一 Fique à vontade. 一 Abri um pequeno sorriso antes de deixar o cômodo.

Caminhei pelo pequeno corredor até me deparar com a TV ligada, o garoto conseguia dormir apenas cinco horas e acordar com uma disposição maior do que uma criança de sete anos, não era nenhuma surpresa ele estar acordado.

一 Bom dia, Clarinha! 一 Samuel se espreguiçou em cima do sofá com sua famosa cara babada e amassada de toda manhã.

一 Que pijama de bolinhas é esse?

一 Lindão né? Minha tia que me deu de aniversário. 一 Sorriu todo felizardo de orelha a orelha, exibindo seu traje preto com bolinhas vermelhas.

一 Ah, é sim, fantástico. 一 Segurei o riso enquanto balançava a cabeça.

一 E como foi a noite?

Samuel se sentou e passou a me encarar com um sorriso enorme, e além dos olhos estarem semicerrados, suas pernas cruzadas o faziam parecer uma criança por completo.

一 Ela dormiu nos meus braços 一 Meu rosto ferveu ao ver a cara de empolgado dele. 一 Mas não aconteceu nada se é o que você está pensando! 一 Atirei uma almofada nele.

一 Vocês ainda vão ficar juntas, sério!

一 Por que acha isso? 一 perguntei sentando-me de frente pra ele, porém com uma expressão um pouco mais séria. 一 Às vezes acho que você tá falando sério...

一 E eu estou! 一 afirmou. 一 Clarinha, ela é uma pessoa maravilhosa! É carinhosa, inteligente, tem um alto astral mesmo passando por poucas e boas, e te faz tão bem!

一 Mas...

一 Eu sei! 一 Ele revirou os olhos impaciente. 一 Mas se for pra ser, vai ser! Apenas seja verdadeira consigo mesma e com seus sentimentos.

O garoto se referia ao pequeno detalhe de eu nunca ter tido ou tentado um relacionamento com uma mulher antes.

一 Meus sentimentos? Eles estão uma bagunça...

一 O que você sente?

一 Eu sinto que nós temos uma boa relação 一 admiti e logo pude ver que ele esperava o resto. 一 Eu não sei explicar, tá legal? Ela movimentou tanto a minha vida nessas últimas semanas que me deixou louca!

一 Você se arrepende?

一 Do quê?

一 De tê-la conhecido.

Um silêncio pairou no ar por alguns instantes. Em menos de um mês eu havia agredido o pai dela fisicamente, fomos parar no hospital, eu adquiri Olívia e Alice como inimigas, sofri um atentado em que quebrei o braço, parei novamente no hospital, tô me fodendo nos deveres por conta disso e agora eu não tinha a mínima ideia do que fazer e de como lidar com o que estava por vir, mas não, eu não me arrependia.

一 Não... É só que...

一 O quê?

一 Tenho medo de magoar outra pessoa mais uma vez por não atender às expectativas que ela coloca sobre mim...

Ele respirou fundo e se aproximou de mim até me envolver em seus braços.

一 Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci, e eu jamais vou deixar que alguém lhe faça mal! 一 disse se afastando de mim e segurando meu rosto com ambas as mãos, olhando-me seriamente. 一 Mas você precisa começar a escutar mais seu coração.

一 Eu sei... 一 Baguncei seus cabelos e ele fez uma careta.

一 E se quer uma dica pra saber como realmente se sente... 一 disse abrindo um sorriso sacana. 一 Tente imaginar Stephanie dormindo nos braços de Olívia ao invés dos seus. 一 Piscou sapeca seguindo em direção à cozinha, me deixando ali sozinha e perdida dentro da minha própria mente.

~x~

Passou-se meia hora até que todos estivéssemos de banho tomado; por fim, decidimos tomar café da manhã juntos no trabalho do Samuel, onde nos acomodamos e pedimos um cardápio enorme.

一 Assim que eu gosto, mesa farta! 一 Ele bateu palmas animado com a vista.

Tinham panquecas, waffles, frutas, pães, cereais e bolos de diversos tipos, quase que um buffet diante de nossos próprios olhos, e o melhor: tudo por conta da casa.

一 Tem certeza de que não vão tirar do seu salário? 一 perguntei preocupada, porque né, era comida para dar e vender.

一 Absoluta! Isso é pelas horas extras que tive que fazer um tempo atrás 一 afirmou depois de enfiar uma panqueca inteira na boca. 一 Que foi? 一 balbuciou.

一 Você e sua mania de falar de boca cheia, não te dei educação não, garoto? 一 massageei a testa envergonhada. 一 Você está bem? 一 direcionei meu olhar para Stephanie, a qual estava sentada ao meu lado, olhando as ruas pela janela da lanchonete.

一 Sim, estou sim 一 respondeu tentando abrir um largo sorriso. 一 Obrigada pelo que estão fazendo por mim, me sinto um estorvo na vida de vocês, só os meti em confusão até agora.

Nós ficamos em silêncio por um tempo, tocar no assunto sobre o dia anterior ainda era algo delicado e fingir que nada aconteceu acredito que seria pior ainda.

一 Você pode contar com a gente! 一 Samuel piscou de modo descontraído, o que a fez soltar uma leve risada. 一 Não somos populares, nem descolados ou algo do tipo, mas somos legais.

一 Deus me livre ser popular. 一 Torci o nariz.

一 É, só que nessa altura do campeonato vocês já devem estar rodando nos celulares de todo mundo do campus. 一 Ela apoiou o rosto sobre a mão e nos encarou.

Nós dois trocamos olhares rapidamente, não tínhamos pensando nessa parte.

一 Merda... 一 bufamos.

一 Olívia é popular, infelizmente 一 Os ombros dela caíram. 一 E eu realmente temo pelo que pode vir a seguir, ela é perigosa.

一 Não acho que ela tente algo tão cedo, a imagem dela ficou manchada. 一 disse o garoto enfiando um pedaço enorme de bolo de chocolate na boca.

一 Nem todo mundo ganha popularidade por ser boa pessoa...

一 Bom, já foi de qualquer jeito, o importante é a gente seguir com a nossa vida porque temos mais o que fazer. 一 enfatizei tomando um gole de suco de laranja.

Nossa manhã se estendeu em tamanha paz. De vez em quando puxávamos assuntos diversos para tentar fazer com que Stephanie interagisse e se descontraísse, nem que fosse pelo menos um pouco, e até que funcionou para nossa alegria, o que me deixou aliviada por ver que ela estava se soltando um pouco mais, mesmo que não soubéssemos ainda de toda a história.

Após terminarmos de comer, decidimos fazer uma maratona de filmes em casa, mas antes concordamos em ir ao mercado primeiro para poder comprar um monte de guloseimas, como pipoca, refrigerante e alguns doces.

一 Me sinto um motorista particular. 一 ouvi ele reclamar logo após ligar o carro antes de sairmos do estacionamento.

一 Dá aqui que eu dirijo então! 一 rebati batendo em seu ombro.

一 Tá maluca é? Eu quero viver, obrigado!

一 Então não reclama!

一 Tenho inveja de vocês dois, sabiam? 一 Ela, que estava sentada ao meu lado, sorriu.

一 Por quê? 一 perguntei curiosa.

一 Vocês se dão tão bem, se conhecem há tanto tempo e sei lá, saber que vocês têm um ao outro independente do que aconteça deve ser muito bom.

一 Não nos conhecemos há tanto tempo assim... 一 Samuel sorriu pelo espelho retrovisor. 一 Tem três anos na realidade, nem isso, não é Clarinha?

一 Sim.

一 E o que aconteceu para vocês se tornarem tão próximos?

Ele começou a gargalhar em alto e bom som, fazendo meu rosto ficar vermelho de vergonha.

一 Presta atenção no trânsito, merd*! 一 Dei um cascudo em sua cabeça. 一 Quando me mudei pra cá, eu fiz o belíssimo favor de esbarrar nessa criança enquanto ele servia algumas mesas e derrubar tudo que ele carregava.

一 A jarra de suco foi parar na cabeça dela, foi hilário! 一 Ele segurava o riso enquanto se concentrava no trânsito. 一 Ficou presa!

一 É, e você acabou caindo de bunda quando tirou ela de mim, se lembra? 一 Sorri convencida.

一 Hey!

一 E no mesmo dia nós acabamos conversando um pouco por conta desse incidente 一 Dei de ombros. 一 A parte boa foi que ganhei um ajudante para fazer a mudança.

一 Exploradora!

一 Eu te dei comida, sua criança ingrata! 一 Puxei sua orelha com força, fazendo-o urrar de dor quando ele parou no semáforo. 一 Deveria me agradecer por sempre cuidar de você!

一 E eu agradeço, ora! 一 Franziu o cenho fingindo estar irritado. 一 Você que só me dá trabalho, preciso de ajuda pra cuidar de você, não acha, Stephanie?

Meus olhos desviaram discretamente para a janela onde ela sentava, mas mal consegui olhar para seu rosto sem desviar rapidamente para o lado contrário.

一 Não achei que ela desse tanto prejuízo! 一 Eu a olhei incrédula prestes a protestar, mas ela foi mais rápida. 一 Mas se não fosse por ela, nem sei o que seria de mim esses tempos.

Um silêncio pairou entre nós. Ela sorria pra mim com os olhos e isso fez um calor subir pelo meu corpo, uma ótima sensação inclusive, mas ainda estranha. Tentei retribuir o gesto, mas estava completamente sem jeito e perceber que Samuel estava sorrindo pelo retrovisor não ajudava muito.

一 Você está vermelha! 一 provocou o garoto.

一 Eu não sei receber elogios, cale-se!

Os dois caíram na gargalhada enquanto eu olhava para o famoso nada, ou seja, as lotadas ruas da cidade graças ao feriado. Após comprarmos tudo o que queríamos e chegarmos ao apartamento, Samuel foi organizar a parte dos filmes e deixar algumas opções para que pudéssemos escolher, enquanto eu fiquei encarregada de separar as comidas e Stephanie de arrumar o sofá.

一 Não vai caber nós três aí! 一 disse ele sentado no chão olhando os filmes um por um na TV. 一 Eu fico aqui mesmo.

一 Se apertar, cabe sim. 一 Stephanie sorriu pra ele.

一 A Clara precisa de espaço por conta do braço, não se preocupe, eu pego o colchão e fico aqui embaixo. 一 Retribuiu o sorriso enquanto se dirigia ao meu quarto, voltando instantes depois com o meu colchão.

一 Por que você não pegou o de solteiro? 一 perguntei cerrando os olhos, eu tinha muito carinho por aquele colchão.

一 E tem? 一 Arqueou uma sobrancelha confuso.

一 Não...

一 Garota?!

一 Meu colchão... 一 lamentei quando o vi largá-lo com tudo em cima do tapete. 一 Cuidado com ele, é ortopédico! 一 Pousei minha mão na testa.

一 Quanto você pagou nessa bugiganga?

一 Bugiganga?! 一 Ergui meu punho cerrado. 一 Ele custou cinco mil reais, ok?

一 Misericórdia... 一 Stephanie parecia achar graça da situação.

一 Não é? 一 Samuel fez o mesmo. 一 Idoso é foda!

Grunhi enquanto empurrava sua cabeça com meu pé, fazendo eles caírem na gargalhada.

一 Bom, vamos logo que já tô com fome! 一 reclamei ao ouvir meu estômago roncar, caminhando em direção à cozinha e trazendo as coisas.

Montamos nossa pequena mesa entre o sofá e o colchão no chão para as comidas e bebidas, e pegamos de tudo um pouco que se possa imaginar: doces, pizza, salgados, sucos e refrigerantes. Sentei-me rapidamente com meu prato ao meu lado para evitar ficar me mexendo e Stephanie fez o mesmo. Samuel colocou um filme de terror para assistirmos que se chamava Annabelle, e particularmente eu até gostava de filmes desse gênero, mas isso não queria dizer que eu fosse isenta de me assustar com facilidade.

一 É terror? 一 ela perguntou ao ver a sinopse do filme.

一 Sim, você gosta?

一 Não muito, mas tudo bem, eu assisto com vocês sem tentar dar uns gritos. 一 Riu constrangida ao se ajustar melhor no sofá.

一 Qualquer coisa, agarra a Clarinha, ela te protege! 一 Piscou em sua direção e eu senti meu rosto ferver, fazendo-me desviar o olhar para o lado rapidamente e fingir que não era comigo. 一 Apesar que ela é medrosa também...

一 Será que você pode fechar o bico e colocar o filme? 一 Senti uma veia saltar da minha testa. 一 Que ultraje...

一 Ok! Ok! 一 Ele ergueu as mãos para o alto em sinal de rendição e logo fez o que eu pedi.

As luzes da sala estavam apagadas e a janela com as cortinas fechadas, porque ainda era dia, e ter aquele sol atrapalhando nossa sessão não seria legal. Coloquei dois travesseiros atrás da minha cabeça e um sobre meu braço, ficando assim bem à vontade. Olhei brevemente para o lado e a vi deitada de lado e de frente para mim enquanto comia uma bacia pequena de pipoca doce, e foi neste exato momento que fui abduzida para a dimensão onde navegam meus pensamentos mais complexos e confusos em relação a ela. Havia certos momentos em que eu me sentia amedrontada, não exatamente pelo que aconteceu ou por conta da Olívia, mas sim no sentido de não saber o porquê minha respiração falhava quando ela sorria, ou quando meu coração acelerava quando ela estava perto de mim. Em outros momentos, por outro lado, tinha a sensação de que eu estava agindo como uma pessoa diferente, onde ao invés de ficar ansiosa pensando no futuro, eu conseguisse viver o presente.

O pior é que tudo está acontecendo tão rápido que não estou tendo tempo para filtrar nada, ou seja, era impossível chegar a alguma conclusão concreta sobre isso, ainda mais depois de ouvir as palavras que Samuel me dirigiu mais cedo que estavam começando a me incomodar. Eu realmente não queria pensar na possibilidade de ela ter que chegar perto da Olívia outra vez ou vice versa, sem contar que só de lembrar do que aconteceu ontem já fazia meu sangue ferver de raiva. É, talvez essa fosse a única parte em que eu tinha cem por cento de certeza do que queria, porque do resto, perdemos.

一 Clarinha? 一 disse Samuel.

一 Hã? Quê? 一 perguntei assustada olhando em sua direção, livrando-me dos meus pensamentos.

一 Você está bem? 一 Seu semblante era de alguém preocupado.

一 Sim, por quê?

一 Porque você acabou de amassar a latinha vazia com a mão... 一 Ele olhou para baixo onde se encontrava o objeto.

Arregalei meus olhos assustada, não tinha nem me dado conta de que havia feito isso, soltei então a latinha de refrigerante, deixando-a em cima da mesa e encarei minha mão ainda levemente trêmula.

一 Tem certeza? 一 Stephanie me chamou e eu a olhei rapidamente. Ela aparentava estar tão preocupada quanto Samuel.

一 Sim... Vamos ver o filme. 一 Balancei a cabeça e me aconcheguei, abrindo e fechando a mão algumas vezes para ver se a dor que comecei a sentir repentinamente sumia. 一 Saco...

一 Posso? 一 Ela abriu um enorme sorriso enquanto estendia sua própria mão em direção a minha.

Suspirei fundo e a estendi, sentindo um arrepio percorrer pelo meu corpo com seu toque, mas que parecia ter um efeito analgésico ao mesmo tempo.

一 Valeu... 一 suspirei aliviada.

Ficamos assim por um tempo, pelo menos até a primeira cena que nos deixou assustadas, quando rapidamente nossos dedos se entrelaçaram e nossos olhares se encontraram por alguns segundos, até ela desviar para nossas mãos e ficar imóvel, e foi aí que eu agi por instinto e comecei a fazer um carinho sobre seu dorso. Ela ergueu o rosto e eu sorri de canto, atitude que ela retribuiu rapidamente e assim permanecemos durante o restante do filme. Contudo, devo confessar que meus pensamentos já estavam muito longe dali. 

 

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