Capitulo 19
Convidei Daniela para dormir comigo, não a deixaria ir embora àquela hora e queria conversar um pouco, como eu tinha as chaves da casa dos meus pais, entramos sem fazer barulhos, tudo estava silencioso, fomos para o primeiro andar, passei em frente a porta do quarto deles, senti vontade de bater, mas decidi que acordaria cedinho para surpreende-los.
Depois de tomar um banho, desci para pegar uma fruta, e voltei para o quarto, Dani e eu conversamos até as 04:00 da manhã, meus pais costumavam sair de casa as 07:30, botei o alarme para 06:30, pois se bem conhecia a minha mãe, ela iria querer ter um dia normal até o horário da sua sessão.
Acordei com alarme do meu celular tocando, levantei e fui no banheiro escovar os dentes, depois fui até a cozinha e montei uma bandeja que continha tudo que meus pais gostavam, peguei a bandeja e subi para o primeiro andar, o quarto estava silencioso. Deixei a bandeja em cima de um aparador que tinha no corredor, e comecei a bater na porta, na terceira batida escuto a voz da minha mãe falando para entrar. Eu abri a porta com o peito apertado e falei.
- Oi mamãe, bom dia. – Ela estava com o celular na mão, portanto, não viu quem entrava, papai estava no banheiro, ela levantou a cabeça e no mesmo momento começou um choro alto, meu coração se partiu, fui até ela a abracei forte, eu também já estava chorando, escutei a porta do banheiro se abrindo, papai saiu de lá enrolado em uma toalha, ele nos olhou com surpresa, mas logo foi nos abraçar também, e questionou.
- Quando você chegou meu amor? Devia ter avisado, eu iria te buscar.
- Cheguei de madrugada, a Dani me buscou, eu queria fazer uma surpresa para vocês. – Mamãe estava mais calma e falou.
- Uma surpresa maravilhosa, me desculpa por fazer você voltar para casa justo agora.
- Mamãe, você não tem culpa de nada, e você não me fez voltar, eu quis voltar, quero estar aqui para papai e você, não conseguiria ficar longe, nem se tentasse.
- Obrigada por ser essa filha maravilhosa, e por nos encher de orgulho, meu amor. – Mamãe falou isso e papai concordou, logo eu disse que tinha feito café da manhã para eles, e estava na bandeja em cima do aparador, papai foi buscar.
Depois de tomarmos café, papai se arrumou e foi para a empresa, disse que voltaria para almoçar conosco, minha amiga ainda dormia, como eu sabia que ela tinha que ir trabalhar, fui acorda-la, depois de alguns minutos ela bateu na porta do quarto da minha mãe para se despedir e dizer que iria tomar café no trabalho.
Mamãe e eu passamos a manhã conversando em seu quarto, um pouco depois das 13:00h papai chegou para almoçarmos, a sessão da mamãe seria as 15:30h. Eu podia ver o quanto meus pais estavam apreensivos, eu não estava diferente, porém não quis demostrar, não queria que eles soubessem o quanto eu estava desesperada por dentro.
Faltando dez minutos para as 15:00h saímos de casa, assim que chegamos ao nosso destino mamãe foi atendida, sua sessão duraria 04 horas, papai e eu ficamos aguardando. Conversamos sobre várias coisas nesse interim, entre eles a minha relação com Suzana, falei a verdade, que ela sabia que meus dias no Canadá estavam contados, que minha vida era no Brasil. Ele também perguntou se alguém mais sabia da minha volta, falei que só Dani e o pessoal do escritório, que eu iria ficar de licença todo o período que havia solicitado para o meu pós-doutorado, eu não estava com cabeça para o trabalho.
Era quase 20:00 quando saímos do hospital, mamãe disse que estava sentindo-se fraca, fomos direto para casa, ao chegar ela disse que não queria jantar, tomou um banho e foi dormir, papai e eu jantamos sozinhos. Quando eu entrei em meu quarto, não aguentei, comecei a chorar implorando a Deus para que ele não nos tirasse a minha mãe.
Passamos o fim de semana com mamãe completamente sem animo, seus braços estavam roxos, ao redor dos olhos tinham olheiras. Me partia o coração vê-la daquele jeito, tentávamos de todas as formas anima-la, mas ela logo voltava a ficar quietinha.
Na tarde de domingo meus amigos apareceram por lá, Dani havia dito para algumas pessoas que eu estava em solo brasileiro novamente e comentou também sobre o estado de saúde de mamãe, meu celular não estava funcionando pois ainda não tinha resgatado meu número anterior, na segunda resolveria isso.
Por volta das 15:00h, chegou Dani, Sandra, Tânia e Fabricio, vinte minutos depois, chegou Claudia e Carlos. Até aquele momento eu ainda não tinha pensado em como seria meu reencontro com Luísa, mas depois de ver nossos amigos em comum junto, eu acreditava que se ela ainda não sabia da minha volta, ainda hoje ela saberia.
Com a chegada dos meus amigos, mamãe os cumprimentou e agradeceu pelo apoio, mas logo disse que iria para o quarto, papai foi junto, meus amigos não ficaram mais de duas horas em minha casa.
Depois que foram embora, subi para o quarto dos meus pais, bati na porta, logo mamãe respondeu que podia entrar, ela estava com o notebook no colo e papai lia um livro, deitei na cama entre eles, mamãe deixou o notebook de lado e começou a fazer cafune em meus cabelos, eu estava quase dormindo quando escuto ela dizer.
- Eu estou com medo. – Ao dizer isso ela deu um soluço de quem estava se segurando para não chorar, pai deixou o livro no criado mudo e desceu da cama indo para o outro lado, eu já havia me arrumado e abraçava a minha mãe, chorando tanto quando ela, eu disse o que estava preso em minha garganta.
- Eu também estou mamãe, não queria demostrar para vocês, mas eu estou com muito medo. – Papai nos disse exatamente o que precisávamos ouvir.
- Minhas vidas, vocês não são as únicas a se sentirem assim, eu também estou, mas sabem o que me conforta? – Balançamos a cabeça negando, ele continuou. – Descobrimos em uma fase que as chances de cura são imensas. Temos como oferecer o melhor tratamento que você precisar meu amor, se você quiser ir se tratar fora do país, nós iremos! Mas nós iremos superar essa provação! – Estávamos os três abraçados, eu me senti mais forte com as palavras de papai.
Luísa
Um pouco antes das 18:00h minha amiga Claudia me liga perguntando se estou em casa, falei que sim, pois os últimos dias tinham sido de grande correria, então eu queria descansar. Ela disse que queria conversar comigo, então iria até a minha casa. Ela chegou logo em seguida.
Eu estava na sala assistindo um filme com Larissa, quando ela bateu na porta e entrou, como o porteiro já a conhecia, liberou sua entrada sem anunciar. Eu logo levantei para cumprimenta-la, Lari fez o mesmo.
- Oi amiga, cadê o Carlos? – Beijei sua bochecha e a abracei.
- Oi, tia Cau.
- Boa noite meninas, Lari, você está mais linda a cada dia, e Carlos me deixou aí e foi para casa.
- Pensei que vocês ficariam para jantar.
- Depois eu ligo para ele e vemos isso. Lari meu amor, você me empresta sua mãe por alguns minutos?
- Claro tia, eu vou para o meu quarto para que vocês fiquem à vontade. – Minha filha beijou meu rosto e o da minha amiga e subiu. Sentamos no sofá e então minha amiga começou a falar.
- Luísa, sei que faz tempo que você me pediu para não comentar mais nada sobre a vida de Pietra, mas agora eu como sua amiga, preciso fazer isso. – Quando ela falou isso, senti meu coração acelerar e perguntei.
- O que houve com ela?
- Pietra está bem, pelo menos fisicamente, mas quem não está muito bem é a Antonele, ela está com câncer de mama, Pietra voltou para casa assim que ficou sabendo.
- Qual o estágio do câncer?
- O dois, ela iniciou a quimio na sexta. Mas está muito abatida.
- Quando Pietra chegará?
- Aí é que tá amiga, ela chegou na sexta de madrugada, queria está com a mãe na primeira sessão da quimio.
- Como ela está?
- Mais linda que antes. Mas deu para notar o quão assustada ela se encontra, ela é louca pelos pais.
- Você entendeu a minha pergunta. Rsrs.
- Entendi, mas quero que você se prepare, pois esse tempo fora, a deixou ainda mais linda.
Fim do capítulo
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