CAPÍTULO 37 TINTA GUACHE
SABRINA
Déb confirmava os últimos detalhes do seu plano quando Sabrina passava vindo da sala de xerox aonde tinha ido pegar sua apostila de cenografia e perspectiva, que já estava pronta, e ao mesmo tempo pedir para xerocar o livro de Conforto Ambiental. Vinha tranquila e quando ouviu a voz de Déb, não pode de deixar de ouvir a conversa.
— Francys, você inventa que não está se sentindo bem, ela não vai negar te ajudar. Quando isso acontecer eu vou estar na outra sala, no momento em que a Biatriz for pegar seus instrumentos eu me tranco com ela. Vou estar nuazinha! E você, Ayo, vai chamar a namoradinha dela discretamente. Quero ver ela perdoar quando vê a namorada trancada com uma garota nua na sala de aula.
— Déb, minha família deve muito favor a sua, fomos criadas praticamente juntas, mas isso que você quer fazer é errado — Ayo falou olhando dentro dos olhos da amiga.
Estava discordando de toda aquela situação.
— Eu não pedi sua opinião, só pedi um favor, mas se não pode fazer um favor para sua amiga, então não me atrapalhe — afastou Ayo com as mãos dando as costas para a mesma.
Continuou falando como se nada tivesse acontecido:
— Caliope, você vai então. Consegue fazer esse favor para sua amiga? — ajeitava os cabelos que nesta posição entravam dentro da boca com a forte ventania vinda do mar.
— Eu também estou fora, Déb. Isso é coisa de criança, onde já se viu perseguir alguém dessa forma? Ela tem namorada, elas se amam, o que diabos você quer se metendo no meio? — a garota falou de uma só vez antes que a amiga a fizesse parar.
— Eu gosto dela e ela vai ser minha. Alguma coisa aquela cabelo de bombril esticado deve ter de sujo e eu vou descobrir o que é — destilava veneno nas palavras.
— Você não gosta não. O que você tem é o ego ferido por ela ser a única pessoa que te deu um fora a sua vida toda, nunca ninguém te disse não. Justamente a pessoa que você se interessou não te quis, esse é o seu problema, não amor — Ayo falou séria.
— Você devia ser era agradecida! A sua família teve aquelas lojas de produtos contrabandeados e foi meu pai que emprestou o dinheiro. Para você entrar no colégio, foi no da minha tia, já que você não tinha documento nenhum por terem entrado no país ilegalmente — todas ficaram admiradas com as verdades que a Déb jogava na cara da chinesinha.
— Sua família ajudou muito a minha, mas meu pai falou que quando o seu foi estudar na China, foi na casa do meu avô que ele morou por seis anos. Eles têm sentimentos de irmãos igual eu aprendi a ter por você, mas parece que isso a grande Déb não sabe o que significa – balançava o corpo com uma expressão de deboche, imitando as personagens do filme “As branquelas", filme que todas adoravam.
— Eu não preciso da sua amizade! O que não me falta são amigas! Façamos o seguinte, não me dirija mais a palavra que eu vou fazer o mesmo.
— Para mim está ótimo! Eu só te aturava por causa dos meus pais que insistiam mesmo eu sabendo a cobra falsa que você estava se tornando. Só para o seu governo, tudo que entra nas lojas da minha família tem nota fiscal e nós já somos todos oficialmente legalizados, então tudo o que disse não me ofende em nada — disse é virou as costas se afastando do grupo.
Caliope, que ouvia tudo e não concordava em nada com a garota, correu atrás de Ayo que chorava baixinho. Passou o braço por cima do seu ombro e continuaram andando caladas até o momento que mais alguém se juntou a elas.
— Me desculpe gente, mas não deu para não ouvir o que a tal Déb estava dizendo. Como vocês podem ser amigas de uma pessoa com uma áurea tão carregada como aquela?
Perguntou olhando e apontando para o local onde a Déb tinha ficado com outra amiga maquinando algum plano.
— Ela está mudando agora. Antes era uma garota alegre, divertida, depois que conheceu a Biatriz ela mudou. Só pensa em conquistar a garota, isso para mim é perseguição — Ayo sentenciou.
Sabrina já ia responder quando sentiu braços fortes abraçar seu corpo e um perfume gostoso dançar no ar, seu coração bateu um tom acima e teve receio que o grupo ouvisse. Se virou lentamente fingindo uma calma que não sentia.
— Bom dia para você também, Marcos — virou dando dois beijinhos no rosto do jovem que mais rapidamente se virou obrigando Sabrina beijar na boca dele.
— A noite eu te digo se o dia foi bom — falava enquanto piaçava o olho para Sabrina
— Palhaço! Invente outra piada que esta já está batida, aliás, onde está a Rosely? Estou com as xerox dela e a sua também, a próxima vez é a vez dela, cada um me deve 50 paus — enquanto falava passava a apostila para Marcos — as meninas você já conhece, né? — perguntou rápido diante a falta de delicadeza do Marcos.
— Claro que sim! Como vão garotas? Por que estão só as duas, onde estão as outras? — Enquanto cumprimentava, dava beijinhos comportados no rosto das garotas.
Sabrina observava com satisfação em saber que ele tomava liberdade apenas com ela.
— Estão lá perto da xerox, planejando uma forma de conquistar a tua cunhada — Ayo falou rindo da criancice da amiga, aliás, ex-amiga.
— Deixa eu adivinhar, as duas foram expulsas do paraíso por não concordarem com a chefe. Estou certo? — passou o braço sobre os ombros de Sabrina que fingiu não perceber.
— Exatamente. O que ela quer já tem dona e não gostamos do que ela pretende fazer — dessa vez foi Caliope que afirmou.
— Deixa ela tentando, um dia ela cansa, minha irmã e a Bia são exclusivas, sempre foram. Isso é delas — caminhavam lentamente enquanto iam conversando.
Marcos deu de ombros e mudou o assunto:
— Garotas, todo domingo na minha casa tem um churrasquinho. Vocês não querem passar o dia com a gente? — olhava diretamente para a Sabrina.
— Você não precisa fingir que está me convidado para me impressionar e com isso eu me derreter toda e permitir que me dê uns amassos. A gente pode dar esses amassos sem tudo isso.
Marcos ficou todo animado. Sabrina tinha ficado marcada com tinta guache no seu peito, era fraquinha a marcação, mas tinha o impressionado muito. Seu sorriso, a forma de se vestir, a maneira despojada com que tratava as pessoas, sem interesse nenhum, e acima de tudo, a maneira de não dar importância ao que os outros falavam a seu respeito. Queria mesmo ficar com ela e sentir como era beijar uma garota tão diferente.
— Meninas, vocês ouviram a deusa aqui falando. A gente se encontra todos mais tarde no restaurante — pegou na mão de Sabrina que sorriu e não deu nem passo à frente ou atrás, continuou parada no mesmo local enquanto falava.
— Espere, meninas, e você Marcos. Eu falei que não precisava me convidar para ir na sua casa, para me beijar, que poderia me beijar aqui mesmo, mas não falei que quero ser beijada por você — Marcos arregalou os olhos e as meninas ficaram sorrindo.
— "MANOM" você me enfeitiçou e vai me jogar no desfiladeiro em queda livre? — fez uma cara de assombrado, conseguindo com isso mais gargalhadas, dessa forma chegaram no bloco da arquitetura.
— Meninas, já que vocês foram expulsa do clã da Déb, estão convidadas para sentar na mesa com a gente a partir de hoje. Não acredito que Marina e Biatriz tenham algo contra.
— Tudo bem. Você, objeto de prazer da “manom”, esqueça que te dei meu número. Aquilo foi só um flerte já que seu coração a bruxa mais poderosa do trono de vidro já fisgou — Ayo se referiu aos livros que Marcos citou homenageando Sabrina é comparando-a com a maior bruxa da história.
Os quatro se despediram e cada um foi para sua aula com a promessa de se encontrarem logo mais no almoço.
Fim do capítulo
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