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  • Um Novo Começo: O Despertar de Alice
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Um Novo Começo: O Despertar de Alice por maktube

Ver comentários: 3

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Palavras: 4504
Acessos: 4060   |  Postado em: 25/04/2021

Capitulo 2

 

Alice

            Quase um mês se passou desde o ocorrido na boate. Anna e eu continuamos sem comentar sobre o beijo. Não é que o assunto fosse algo que devesse ficar escondido, apenas não tinha nenhuma importância para nenhuma de nós. Mas claro que antes de deixarmos o ocorrido de lado eu contei sobre a conversa no mínimo inusitada que tive com Marcela. E minha amiga fez questão de xingar a magnata da sociedade com muitos palavrões que prefiro nem repetir.

            Enquanto isso Matheus e eu estávamos sem tempo para nós ver. Já que ele estava fazendo provas e eu também o que ocupava grande parte do nosso dia. Passamos a semana sem nos encontrar, e para meu espanto ele pouco me ligou durante aqueles dias.

- Anna, estou pensando uma coisa.

- Desde quando você pensa, pequena Alice? – mostrei o dedo do meio e ela apenas sorriu.

- Eu disse ao Mat que estou pronta.

- Para? – indagou confusa. Levou a caneta até a boca. – Espera! – levantou-se exasperada. – Para trans*r? – falou mais alto do que deveria. Alguns olhares na biblioteca se voltaram para nossa direção. Eu queria um buraco para me esconder ou uma arma para tirar a vida da linguaruda da minha amiga.

- Shi!! Quer falar baixo? – repreendi.

- Você vai enfim perder o cabaço? – comentou com um meio sorriso.

- Às vezes me pergunto se você tem mesmo dezoito anos, parece os meus irmãos. – sacudi a cabeça indignada.

- Meu pequeno gafanhoto quer cantar? Minha lagarta quer virar borboleta? A rosa quer desabrochar. – continuou por longos minutos com suas comparações infantis. – Tá. Parei. Quando esse evento vai acontecer?

- Aí que está o problema, desde que eu tive essa conversa com o Matheus sinto que ele tem me evitado, sei que ele está fazendo provas, mas não justifica nem ao menos me mandar uma mensagem.

- Que maricas. – comentou atirando-se no encosto da cadeira. Lancei um olhar de reprovação. – Desculpa. Vai ver ele é virgem. Espera, você não sabe se ele é virgem? – neguei. De fato, nunca tive curiosidade para saber do passado dele. -  Que namoro mais estranho.

- Não me recordo de termos tido essa conversa. – conclui entre dentes. Os olhares continuavam presos a nossa mesa.

- Novamente, que namoro estranho. – ela prendeu o olhar em direção a porta de entrada.

            Virei-me para olhar na direção e lá estava a “profamante” nos fitando com uma cara de poucos amigos, se é que ela tem algum amigo. Sua simpatia para comigo assustaria qualquer pessoa menos a mim, claro. Entendia perfeitamente que na cabeça profana da mulher era impossível que Anna e eu fossemos apenas amigas, já que sempre estávamos juntas e tínhamos muita intimidade. E nunca nos importamos em trocar carinhos em público.

- Se eu tirar nota baixa por ela querer se vingar de mim eu vou te matar. – falei entre dentes.

- Ela não faria isso. – desviou os olhos dela e me fitou. – Faria?

- O que você acha? Ela não se importou com a presença do marido aquele dia na boate e resolveu dar um show, imagina o que ela pode fazer com a minha pobre pessoa.

- Acho melhor irmos embora. – Anna comentou fechando os livros e jogando-os dentro da mochila.

            Passamos pela mulher que nos fitou com a cara fechada. Ao chegarmos ao carro Anna tomou a chave da minha mão e deu a volta indo para o banco do motorista.

- Hoje eu dirijo, já que você sempre reclama de ser a motorista.

- Quero ver você fazer isso quando formos para alguma festa. – dei de ombros entrando e ocupando o banco do carona.

- Não precisa abusar da minha boa vontade. – respondeu dando partida. – E quanto ao Matheus, acho que esse namoro de vocês é morno.

- Morno?

- Sim, sem graça. Sem emoção. E posso ser sincera? – acenei para ela continuasse. – Sem amor.

- Mas eu o amo.

- Alice, você está acostumada a companhia dele. Se acomodou, apenas isso. Você acha que o olhar que vocês trocam é o mesmo que as suas mães trocam quando estão juntas?

            Fiquei em silêncio encarando os prédios que passavam como vultos ao nosso lado. Nunca havia feito tal questionamento, mas Anna plantou a sementinha da discórdia. Era fato que a troca de olhares entre as minhas mães era de puro amor e cuidado. E quem poderia me dizer se Mat e eu também tínhamos aquilo?

- Não quero colocar coisas na sua cabeça, mas acho que você já perdeu tempo demais vivendo por metade. Você merece um amor que te faça realizada e feliz. E para mim o Matheus quer que você seja como a mãe dele.

- Credo.

- Eu falo sério. Pensa comigo, em todos os eventos ele te leva para te exibir como um troféu. Assim como o pai faz com a “mãegera”. – novamente fiquei em silêncio.

            Não havia como rebater o que ela falava. De fato, em alguns momentos me sentia uma Marcela 2.0 sendo exibida para fotos. E foi impossível não perceber que a maioria das vezes que saíamos sempre era para festas onde a impressa estaria e Saulo também. Suspirei cansada.

            Ao chegarmos à casa de Anna fomos direto para seu quarto. O covil como ela carinhosamente chamava, era uma verdadeira zona. Depois de tirar algumas coisas de cima da poltrona eu me sentei na mesma. Ela tirou a blusa ficando apenas de sutiã, foi impossível não rir com o pensamento do que Paula imaginaria se soubesse que ela fica assim na minha frente.

- Quê? – indagou confusa.

- Imagina a cara da profamante se soubesse que você fica pelada na minha frente. –deu de ombros atirando-se na cama.

- Vem deita aqui. – bateu ao seu lado. Me encaixei no pouco espaço já que minha amiga estava esparramada com as pernas abertas.

- Você acha que o problema sou eu?

- Claro que não. E nem ouse falar sobre não ser bonita suficiente. Já falamos sobre isso. – me repreendeu. – Alice, pequeno gafanhoto, o problema não é você, é esse namoro. Experimenta ficar com outra pessoa.

- Mas eu...

- Namora, eu sei. Se não quer terminar pede um tempo.

- Não acredito nessa coisa de tempo, parece que a pessoa quer terminar, porém não tem coragem. – conclui encarando o teto.

- Mas é isso que você quer. Sabe o que eu acho? – ela virou-se apoiando os cotovelos na cama e me fitando séria.

- Não, nem começa... Eu conheço esse olhar. – sabia bem o que ela iria dizer.

- Então já que não quer minha opinião não me torra a paciência. – deitou-se colocando as mãos sobre a barriga.

            Ficamos em silêncio. Ela perdida em pensamentos e eu em minhas incertezas. Anna respirava profundamente, acordei com um flash me incomodando os olhos, os esfreguei na tentativa frustrada de acordar. Fitei a imagem de Miguel me sorrindo com o celular nas mãos.

- Vocês formariam um belo casal. – comentou divertido.

- É melhor você apagar essa foto antes que eu apague sua existência neste mundo cão. – resmunguei tentando me mexer. Virei para o lado e Anna dormia me babando inteira.- Eca. – puxei de uma vez o meu braço.

- Vocês podem fazer silêncio? – comentou sem abrir os olhos.

- Sim, mas eu acabei de postar essa foto linda de vocês dormido agarradinhas no meu Instagram. Acredito que profamante vai ser a primeira a curtir.

- Você ainda tem amor a sua vida. – levantou-se de um salto em direção a Miguel que saiu do quarto e trancou a porta. – Abre essa porta sua bichinha miserável.

- Calma, cão raivoso. – ele segurava a porta pelo lado de fora.

            Eu comecei a gargalhar dos xingamentos que os dois proferiam cada um de um lado da porta. Pareciam duas crianças implicantes e teimosas. A discussão demorou longos minutos até que Miguel acabou cansando, Anna era bem mais forte do que ele, isso era fato.

- Me rendo. – colocou a meia na ponta dos dedos e acenava pela fresta da porta em sinal de paz.

            Anna caiu na risada quando ele apareceu com um pé no tênis e o outro descalço, e na mão a meia branca.

- Veja pelo lado bom, poderia ter sido a cueca. – comentou e rimos juntos.

- Espero que tenha feito a chuca.

- Sempre. – rimos cumplices.

            Ficamos conversando amenidades até que a noite caiu. Cecília, mãe de Anna chegou do trabalho e foi até o quarto sorriu simpática ao nós ver.

- Olá, vão ficar para o jantar? – indagou com metade do corpo passando da porta.

- Não tia, eu preciso ir. Nem avisei em casa. – Miguel falou já ficando de pé. – Se eu atrasar dois minutos é capaz de Dona Fernanda aparecer aqui com uma viatura.

-  Seria cómico se não fosse verdade. – Fernanda era mãe solo, o pai de Miguel abandonou a mulher logo que esta contou sobre a gravidez. Como meu amigo era sua única família ela sempre era superprotetora com o filho. – Tchau. – mandou beijos no ar, tocou o rosto da mulher mais velha e saiu.

- E você? – me encarou. – Fica para jantar?

- Não, tenho que terminar umas coisas da faculdade. – sorriu para mim.

- Então seremos apenas nós duas, coração. – comentou olhando Anna.

            Me despedi da minha amiga e tomei o rumo de casa. Parei o carro na garagem e antes que eu pudesse sair do mesmo. O carro da mamma parou ao lado. Pelo horário e a cara de cansada ela estava chegando de Ouro Preto.

- Oi filha, está chegando ou saindo? – perguntou segurando a pasta com  um dos braços e me abraçando com o outro.

- Acabei de chegar. Estava na casa da Anna. E a senhora chegou agora?

- Sim. Pousei agora a pouco. Mas o percurso até em casa foi mais longo do que a viagem de Ouro Preto até aqui.

- Ainda acho que aquela ideia da tia Mile de fazer o heliponto aqui era uma boa. – comentei lembrando do caso.

- Pois é, vou tentar convencer sua mammy. – sorriu abertamente.

- Boa sorte. – respondi e ela me abraçou.

            Na época a mammy disse que não era necessário e que o espaço poderia ser usado para outra coisa mais útil. O que ela não esperava era que Samantha deixasse a presidência da empresa. E desde então a função tem sido exercida pela mamma Lari, que tem trabalhado ainda mais nos últimos anos.

            Deixei a chave na mesinha ao lado da porta de entrada, e avistei os meninos e a mammy conversando no tapete da sala. Era comum esse tipo de coisa por aqui, já que sempre após o jantar acabamos vindo conversar quase todas as noites.

- Que festa. Quero participar também. – deixou a maleta em cima da cadeira e caminhou até eles. – Oi meu amor. – as duas beijaram-se e eu lembrei do que Anna havia falado sobre a troca de olhar entre elas.

- Você deve estar cansada.

- Sim, estou. Mas o que importa é que estou em casa com os meus tesouros. – sorriu beijando a cabeça dos meus irmãos. – E precisamos falar sobre o heliponto que você não permitiu ser feito.

- Agora não é hora, vai tomar um banho, que eu vou mandar Maria servir o jantar daqui a pouco.

- Sim senhora.

            Aproveitei e também resolvi tomar um banho. Quando retornei todos já estavam na mesa, Arthur contava animado sobre um jogo de futebol que havia acontecido aquela manhã. A mamma escutava atenta aos detalhes, os dois eram loucos por esportes.

- Esteve com o Matheus?

- Não, mammy. Fiquei o dia na faculdade e depois fui para casa da Anna. – ela assentiu e logo fomos envolvidos em uma conversa amena.

- Ele não vindo aqui. – indagou com a sobrancelha erguida.

- Tem muita prova. – dei de ombros. Ela me sorriu e voltou sua atenção para a mamma.

            Observava atentamente as duas mulheres rindo cumplices de algo que o Tutu falou. Era notória a felicidade que emanava delas, e um olhar virava um carinho singelo na mão, no braço e sempre que isso acontecia as duas sorriam abertamente, mas não parecia um simples sorriso, era um sorriso com a alma como se o fato de estar na companhia da outra fosse a melhor e mais preciosa coisa do mundo.

            Eu precisava disso, precisava que alguém me amasse como elas duas se amam. Mas a indagação se Matheus era essa pessoa pesou sobre minha mente. Tentei forçar recordações que eu pudesse sentir metade do que senti observando-as e minha conclusão não foi das melhores. Pedi licença e sai da sala de jantar.

            Cheguei à varanda, a noite estava fria e eu senti a brisa gélida tocar minha pele. Fechei os olhos respirando profundo e pesadamente. O cheiro da grama molhada e o barulho dos bichos na terra me davam uma sensação gostosa de calma. Escutei passos e me virei em direção ao som. Não demorou para a cabeleira loira da minha mãe aparecer.

- Está tudo bem, filha? – indagou sentando-se na cadeira ao meu lado.

- Sim. – menti e ela sorriu torcendo os lábios.

- Sabia que desde pequena você não consegue mentir? – encarei-a confusa. – Sempre que você aprontava alguma coisa e nós te questionávamos você mentia e dizia que não tinha feito nada, mas sempre esfregava as mãos como está fazendo agora. – observei os movimentos involuntários que estava fazendo. – É igual a sua mania de mexer o cabelo quando fica nervosa. – apontou para meus dedos que enrolavam os fios castanhos.

- Eu não sei o que está acontecendo. – confessei.

            A mamma Lari sempre foi uma ótima ouvinte. Foi para ela que contei quando dei meu primeiro beijo. E depois fiquei de castigo uma semana quando a mammy descobriu. Dona Isabella não conseguia aceitar que eu estava crescendo. Quando disse que estava namorando foi um verdadeiro terror para ela. Apesar de depois se acostumar com a presença de Matheus aqui, ela nunca parecia se importar muito com o nosso relacionamento. Mas sempre que estávamos sozinhos no quarto éramos obrigados a manter a porta aberta.

- Sinto que meu relacionamento já não faz sentido.

- Pensei que vocês estavam bem.

- Estamos, mas esse não é o caso. As coisas entre nós continuam na mesma. E eu não tenho certeza se ainda o amo.

- Está apaixonada por outra pessoa?

- Não.

- Você precisa conversar com o Matheus e dizer como se sente.

- Você está certa. – conclui. – Mamma, você acha que vou ter um amor igual ao de vocês?

- Claro que vai. Matheus é seu primeiro namorado. Você ainda tem coisas para viver, pessoas para conhecer. No tempo certo tudo vai acontecer como tem que ser.

- Obrigada pela conversa. – sorri agradecida e ela afagou meus cabelos e saiu.

            Na manhã seguinte sai cedo de casa. Depois de uma noite mal dormida e sonhos confusos com a moça que dançava na boate. Não entendia o porquê de tantos sonhos com ela, afinal eu não fazia a menor ideia de como era e muito menos quem era. Parei o carro na faculdade, encarei o meu reflexo no retrovisor interno.

            Tentei esconder as bolsas em baixo dos olhos com maquiagem, porém de nada adiantou. Os olhos fundos e vermelhos indicavam a minha noite conturbada. Me assustei ao escutar batidas no vidro do carro.

- Vai entrar? – acenei e sai do carro. -Nossa que cara de zumbi.

- Bom dia para você também. – reclamei batendo a porta.

- Você não dormiu?

- Imagina, não está vendo minha cara de oito horas de sono?– fui irônica e me mostrou a língua, enlaçando meu pescoço em seguida. Paula passava ao nosso lado nesse momento e esbarrou em mim.

- Vaca. – comentei baixo.

- O que você falou? – a mulher parou virando-se com as mãos na cintura.

- Isso mesmo que você ouviu. Além de tudo é surda? – sem dúvidas ela havia escolhido um péssimo dia para vir me encher o saco.

- Paula, por favor. Agora não. – Anna segurava seu braço impedindo-a de se aproximar de mim.

- Você ainda vai defende-la? – indagou incrédula.

- Não estou defendendo ninguém além de você. As pessoas já estão nos olhando. – a mulher observou a nossa volta e de fato alguns alunos pararam para observar a discussão.

- Você tem razão. – soltou-se e caminhou na nossa frente.

- Você deveria ter evitado isso.

- Sério Anna? A mulher só faltou me empurrar para o chão e você ainda vem dizer que eu estou errada? – questionei indignada.

- Não é isso. Desculpa gafanhoto. Podemos ir? – estendeu a mão.

            A aula com a profamante não foi nada fácil. Mas tirei de letra as provocações desnecessárias. Eu precisava fazê-la entender que nada acontece entre Anna e eu, para assim ela desencanar de mim. Ao final da aula as duas saíram juntas o que foi um alivio. Talvez trans*ndo ela largasse um pouco do meu pé.  Entrei no carro e meu celular tocou. A foto de Matheus aparecia na tela.

- Oi princesa.

- Oi amor.

- Podemos almoçar juntos?

- Claro, estou saindo da faculdade agora. Aonde quer ir?

- Estava pensando que poderia ser aqui em casa. O que acha?

- Matheus, quem vai estar nesse almoço? – questionei imaginando que possivelmente era mais algum compromisso imposto por seus pais.

- Meus pais e o governador com a esposa.

- Não, eu não vou.

- Alice, você sabe que eu odeio essas coisas.

- Eu sei, mas eu não sou e nem vou ser a sua mãe.

- Como assim?

- Não sou um troféu para você me exibir para os amigos importantes do seu pai.

- Mas eu nunca fiz isso.

- Não só fez como ainda faz. Eu preciso ir Matheus. – encerrei a ligação.

            Eu precisava dar um basta nessas coisas. Anna tinha razão quando falou sobre eu ser igual a Marcela. Não admitiria que eu fosse tratada como algo a ser exibido como modelo de perfeição, sendo que nosso namoro é tudo, menos perfeito.

            Assim que cheguei em casa troquei de roupa e fui nadar. Precisava pensar e colocar as coisas em ordem na minha cabeça, ou simplesmente nadar até a exaustão e quem sabe assim conseguiria dormir tranquilamente aquela noite.

            Me sentia presa e sufocada. Como nunca antes me senti. Não fazia ideia de como não havia percebido antes as intenções de Matheus com nosso namoro. Mas ficou bem mais fácil pensar em todas as situações com mais clareza e compreensão quando percebi que só sou necessária quando ele precisa se exibir.

- Filha, você vai acabar se machucando. – escutei a voz da mammy na beira da piscina. Ela usava seus impecáveis ternos.

- Eu estou bem. – falei com a respiração ofegante. Meu peito subia e descia, o ar quente entrava e o frio sai com muita rapidez. – Pensei que estava trabalhando.

- Vim trocar de roupa, estou inda para casa da sua avó para combinar os detalhes da festa da sua mãe.

- Claro, já tinha esquecido. – com tantos acontecimentos acabei por esquecer que era o aniversário da mamma Lari no sábado.

- Você disse que ajudaria, lembra?

- Pode deixar.

- Ótimo.

            Ter nadado por longas horas funcionou para que eu dormisse bem depois de longos dias. Acordei com o celular tocando e na tela aparecia a foto de Anna. Desde o dia anterior não havíamos mais no falado, coisa que eu atribuo ao fato de que ela e Paula deveriam estar trans*ndo.

- Espero que alguém tenha morrido, para você me acordar antes do meu despertador. – reclamei me sentando.

- Será que você pode me buscar?

- Você está ferida?

- Não.

- Está em perigo?

- Não.

- Então eu não tenho motivos para ir te buscar. – reclamei. – Eu vou dormir os pouco minutos que me restam.

- Alice, se alguma coisa acontecer comigo você será culpada. E se eu morrer viro sua obsessora.  – arregalei os olhos, se Anna já me metia em enrascada viva, imagina se morresse e de fato resolvesse me perturbar por toda minha existência. – Me manda a localização.

- Sabia que podia contar com você.

            Não demorou para a mensagem aparecer. Ainda era pouco mais de cinco da manhã, a casa estava silenciosa. Desci as escadas e esbarrei em Maria.

- Alice? Aonde você vai tão cedo?

- Preciso ir pegar a Anna.

- Aconteceu alguma coisa?

- Espero que não, para eu poder matá-la com mais tranquilidade.

- Você vem tomar café?

- Não. – respondi terminando de descer as escadas.

            Levei alguns minutos até encontrar o endereço que Anna havia me mandado. O lugar era bem mais distante do que pensei. Encontrei-a sentada no meio fio. Usava as mesmas roupas do dia anterior.

- Você vai mesmo até o fim do mundo por uma trans*. – comentei baixando o vidro.

- Não começa com as piadinhas. – reclamou colocando o cinto.

- O que aconteceu com o seu rosto? – questionei olhando a face avermelhada.

- Nada. Podemos sair daqui?

            Não fiz mais nenhum questionamento. Peguei a direção da casa dela.

- Não me leva para casa.

- E aonde você quer ir?

- Podemos tomar café em uma padaria, e depois vamos para a minha casa. Preciso deixar minha mãe sair para trabalhar.

            Fiz o que ela pediu. Nos servimos e escolhemos uma mesa. Anna comia calada. Observei mais atentamente sua face, ela apresentava um pequeno corte próximo a boca, e o local que antes estava avermelhado adquiria agora um tom roxo.

- Vai me dizer o que aconteceu?

- Eu fui para a casa da Paula ontem.

- Ela fez isso com você? – ela apenas balançou a cabeça confirmando. – Eu vou matar aquela filha da mãe. Ia chama-la de vaca, porém seria uma ofensa a vaca, claro. – ela esboçou um sorriso.

- Nós trans*mos, e ela me disse que o marido estava viajando, que eu poderia ficar lá.

- Já te falei que ela não presta.

- Eu sei.

- Continua.

- Hoje pela manhã ela acordou desesperada dizendo que o marido ia chegar a qualquer momento. Eu falei que não iria mais aceitar metades e que eu preferia dormir com um homem do que ficar com ela de novo. Ela ficou descontrolada e fez isso. – apontou para o rosto.

- Anna, eu vou esganar aquela mulherzinha. – comentei com raiva.

- Só deixa isso para lá, okay?

- Como deixar para lá? Olha o que ela te fez. – liguei o celular e coloquei na câmera. Ela arregalou os olhos surpresa com o estrago.

            Nesse momento senti um cheiro de perfume amadeirado próxima a nós. Acompanhei a moça que passou ao nosso lado, os tão conhecidos cabelos escuros que dominavam meus sonhos estavam bem diante dos meus olhos e tinha um cheiro quase que irresistível.   

            Acompanhei a moça até onde meus olhos puderam ir. Ela usava uma calça jeans com uns detalhes rasgados. Uma camiseta larga preta e tênis, os cabelos soltos e bem arrumados.

- Alice? Estou falando. – Anna passou as mãos em frente aos meus olhos.

- Oi. Desculpa eu me distraí.

- Percebi.

            Anna voltou a falar sobre ter decidido a não mais ficar com Paula. Mas eu não conseguia prestar atenção em nada que ela falava. Simplesmente não conseguia tirar os olhos da moça. Agora sentada em uma mesa próxima a janela, pude ver seu rosto de relance, mas não foi o suficiente. Não demorou para que outra moça se juntasse a ela.

            As duas iniciaram uma conversa, que para mim aparentou ser uma discussão um tanto séria. Já que a moça de cabelos longos havia ficado inquieta com o decorrer do assunto. Percebi quando ela tocou levemente a mão da outra e levantou-se deixando-a sozinha e ao que me pareceu chorando.

            Passou próxima a nossa mesa e eu notei que ela também chorava. Nossos olhares se encontraram por um segundo e foi o suficiente para me deixar completamente desnorteada.

- Você a conhece?

- Quem? – virei-me para olhar Anna que me encarava sem nada entender.

- A moça que passou.

- Não. Eu não faço a menor ideia de quem seja ela. – respondi encarando a porta por onde ela havia passado.

            O cheiro amadeirado ainda ficou no ambiente alguns segundos e em seguida se dissipou. Pagamos a conta e fomos para a casa de Anna. Minutos depois já estávamos na faculdade. Durante todo o dia os meus pensamentos foram povoados pela moça desconhecida e seu cheiro amadeirado.

- Nem adianta Miguel, hoje ela está com a cabeça no país das maravilhas. – Anna comentou.

- O que deu em você?

- Nada.

- Então, está mesmo tudo certo para a festa da sua mãe?

- Sim está. No sábado à noite.

- Sua tia vai? – Anna comentou sorridente.

            Apesar de amar minha amiga, detestava esse jeito cafajeste que ela tinha. Desde que a tia Iara havia se separado Anna adorava jogar charme para cima dela. Não é que eu fosse acreditar que a tia iria ficar com ela, mas me incomodava essa insistência da minha amiga.

- Sim, e você não vai dar em cima dela.

- Então quer dizer que eu não posso dar em cima da sua tia, mas a bicha aí pode trans*r com seu primo?

- O assunto não sou eu. – Miguel defendeu-se.

- Você vai ficar longe da minha tia. – apontei para ela. – E você longe do Carlos Eduardo.

- Eu fico longe dele, mas ele que me procura. – deu de ombros.

- Pronto, a bicha delicia. Ninguém resiste.

- Isso mesmo, nem você resistiu. – provocou. – Sabe o que eu acho? Que você tem inveja por que eu já peguei um Magalhães e você não. – Anna arremessou uma almofada em sua direção.

            Passamos o resto do dia juntos. Não consegui me distrair, pois meu pensamento sempre era levado a padaria aquela manhã e a imagem da moça que povoava meus sonhos há alguns dias.

            Adoraria saber seu nome, saber como seria o tom da voz, a risada. E com certeza adoraria sentir aquele cheiro de novo. O que deu em mim afinal? Para admirar tanto uma pessoa que nem ao menos conheço. Suspirei voltando minha atenção ao filme.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Oie, voltei. Espero que gostem do novo capitulo. E me digam o que estãoa achando.

Boa semana a todas e boa leitura.

 


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Comentários para 2 - Capitulo 2:
Lea
Lea

Em: 11/01/2022

Espero que a Anna resista e não volte a se encontrar com a Profamante. Tinha que denuncia-la!

E esse namoro da Alice é realmente sem sal!!!


Resposta do autor:

Adorei vc maratonando a primeira história e agora a segunda. kkk

Obrigadaaaaa pelo carinho e por cada comentário.

Responder

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lay colombo
lay colombo

Em: 07/09/2021

Nossa mas q filha da p*** essa Paula, tomara q se foda futuramente.

Tô adorando a relação Alice x Ana x Miguel, muito bom eles juntos.

Alice já gamou sem nem conhecer kkkkkklll


Resposta do autor:

Paula é o tipo de mulher que nunca vai largar o marido e segue enganando as peguetes.

Responder

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Mille
Mille

Em: 26/04/2021

Parece que a Alice foi fisgada.

E esse namoro aí é maior teatro.

Bjus e até o próximo 


Resposta do autor:

kkkk. Parece sim.

Obrigada por comentar.

Responder

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