A visão era demasiadamente explícita, pois a Elza subia e descia sobre o p*nis ereto do rapaz, e ambos gemiam bem gostoso.

- Filhas de égua! O quê vocês estão fazendo aqui? - a Elza gritou ao saí espavorida de cima do rapaz, que no susto acabou ejaculando, talvez precocemente.

- A gente mora aqui esqueceu-se? Porque não foi fazer as coisas no teu quarto? - a Eva perguntou brava, pra uma Elza que catava as roupas espalhadas pela sala, morta de vergonha, e sem mais palavras correu para o quarto.

- Está fazendo o quê aqui ainda bocó? Já pro quarto! - a Letícia falou, e saiu puxando a Eva para o quarto delas enquanto se desmanchava em risos.

- Culpa tua, eu falei pra gente ligar avisando que chegaríamos de madrugada! - a Eva falou aborrecida.

- Não se zangue com isso amor, nós estamos quites com a Elza agora. Lembra do quê ela fez com a gente? - 

- Está bem, mas foi feio vê aquela cena horrível da minha irmã trans*ndo no meio da sala. Toda vez que eu abri a porta vou ter alucinações. - a Eva falou séria e a Letícia riu. - Para de ri amor! -

- Está bem, vem cá, vamos descansar mais um pouco, e mais tarde já esquecemos isso. - a Letícia falou ainda risonha enquanto abraçava a esposa com carinho.

Ao ficar sozinho na sala, o Tarcísio vestiu-se e foi embora, pois estava muito envergonhado.

A Elza tomou um banho demorado, e depois que se acalmou saiu a procura do rapaz, que simplesmente não se encontrava mais. "Vocês me pagam por essa vergonha!" Pensou; e sem ter o quê fazer voltou para o quarto. Profundamente envergonhada, a Elza passou a semana que se seguiu ao episódio trabalhando fora, pois ficou sem coragem de encarar a irmã e enfrentar a zoação da cunhada. Falavam-se apenas através de mensagens o estritamente necessário. O Tarcísio se desculpou por ter ido embora sem se despedir, mas ela compreendeu o lado dele, pois também ficara completamente desnorteada com o flagrante; e com isso ficou envergonhada até mesmo para encontrá-lo novamente.

Passados exatos quinze dias após o ocorrido, a Elza chegou de viagem quase noite, encontrou a irmã e a cunhada na cozinha preparando o jantar, e ao senti o forte cheiro de peixe assando no forno ficou com náuseas e por pouco não vomitou alí mesmo; caso não corresse apressada até a área de serviços.

- Nossa Elza, você está muito pálida! Comeu algo que te fez mal? - a Eva perguntou preocupada ao vê o estado da irmã.

- Eu não comi nada de diferente, estava bem até sentir esse cheiro de peixe assando. Eu vou tomar um banho, antes que eu vomite novamente, não estou suportando esse cheiro. - a Elza falou e saiu da cozinha tapando o nariz com os dedos.

- Ué, mas ela amava esse peixe assado! Bom, ainda tem filé de frango grelhado, dá pra ela comer com um pouco de arroz e salada. - a Eva falou pensativa.

- Será que a Elzinha não está grávida? A Alanis ficou assim quando engravidou do Alan, não podia sentir o cheiro de fritura que enjoava. - a Letícia pontuou.

- A mamãe falou que também não suportava o cheiro de peixe assado, nem crú quando ficou grávida da gente. Será que ela engravidou do Tarcísio? Melhor a gente nem querer saber sobre isso, se não a minha irmã vai sumir daqui de vez; você viu como ela fugiu da gente uma semana inteira depois daquela noite. - 

- Mas se for gravidez não tem como ela esconder. E com certeza é do Tarcísio, eles estavam bem juntinhos naquele dia! - a Letícia riu ao lembrar do episódio, e a Eva fez uma careta engraçada, mas depois riu também.

- Eita, se for gravidez a Elza vai pirar, e nos deixar loucas aqui nesse apartamento. O papai sugeriu que ela procure um apartamento ou uma casa pra comprar, mas a Elza sempre dividiu esse apartamento comigo, então vai sentir dificuldades em ter um lugar só dela. - 

- Porque ela não compra o apartamento de dona Teresa Sodré? Os meninos não vão ficar aí, e ela não se sentirá tão só. E caso esteja grávida, é claro que o Tarcísio vai querer assumir logo um compromisso mais sério com ela. O apartamento dele é uma kitnet que ele alugou desde os tempos da faculdade. Ele estava construindo uma casa junto com a Luna, mas com a morte dela, ele não quis mais saber de terminar, e acabou vendendo a sua parte do imóvel para os pais dela. - 

- A Elza não vai querer casar por causa da gravidez, se prepare que teremos uma guerra, caso o fato se confirme. - a Eva concluiu.

****

O Bruno foi condenado a trinta anos de cadeia por homicídio com requintes de crueldade, corrupção ativa no exercício da função como policial militar, formação de quadrilha e tráfico de entorpecentes. O Gutierrez foi condenado a sessenta anos, mas devido ao seu estado debilitado ficaria em prisão domiciliar, e parte dos seus bens adqueridos de forma ilegal foi para instituições que cuidam do tratamento de ex dependentes químicos. O ex delegado Medeiros foi condenado a quarenta e cinco anos. O ex investigador Siqueira também foi condenado a trinta anos, e os demais envolvidos entre trinta a dez anos. O Ângelo Corrêa recebeu advertência por revelar parte das ações das investigações para o irmão, e teve a sua pena convertida em serviços sociais, cursos de reciclagens e treinamentos para trabalhar de voluntário em ongs que tratam da reabilitação de dependentes químicos.

A doutora Alanis Carreras Handara, recebeu junto com a sua equipe; honras do governo do Estado de Pernambuco, além de medalhas, diploma de honra ao mérito, e junto com a Letícia o título de cidadãs beneméritas pela prefeitura do Recife e demais secretárias municipais.

- Vocês estavam lindas meu bem, e mereceram cada reconhecimento. Eu adorei o teu discurso, enfatizando que os governantes deveriam cuidar melhor do seu povo. Até o secretário de segurança com aquela cara sisuda dele, limpou as lágrimas escondido. - a Ayla falou ao a abraçar a esposa, depois que a multidão de repórteres e fãs se afastaram de perto delas.

- Você sabe que não me importo com essa pompa, e logo estarei migrando para a vara federal. O quê significa que talvez passemos um tempo em Curitiba. - 

- Eu sei meu amor, por isso estou adiando entrar para a faculdade de desenho artístico publicitário. - 

- Não faça isso meu bem, caso tenhamos que mudar, é só fazer a transferência, quero que aproveite o tempo livre, pois logo teremos outros planos. - a Alanis falou se referindo ao fato de terem conversado sobre ter mais filhos, e a Ayla sorriu.

- Eu quero muito que dê certo, e vou te mimar muitíssimo de barrigão. -

- Eu vou tentar engravidar primeiro pois sou a mais velha, mas se não der certo, você poderá usar os meus óvulos ou fazer a inseminação com a doação do meu irmão; de qualquer forma os nossos filhos terão os nossos traços. - a Alanis sorriu feliz.

- Ei casal cuti, cuti! Vamos pra nossa festinha particular, que o pessoal já está esperando na fazenda do tio José, faltando apenas a tropa de elite da polícia civil. - a Letícia sinalizou.

- Já estamos indo casal hot, hot! - a Alanis provocou animada e todos gargalharam enquanto seguiam para os carros.

- Parabéns minhas filhas! Eu sou muito grato a Deus por me permitir vê vocês sendo reconhecidas pelo povo, e pelo governo, não só como funcionárias públicas de qualidade, mas como pessoas íntegras diante de uma sociedade tão incorreta. - o avô Fernando Carreras falou após cumprimentar e parabenizar a todos.

- Ah vovô, assim o senhor nos faz chorar! - a Letícia falou ao abraçar o senhor com muito carinho. 

Enquanto todos se divertiam com um churrasco em volta da piscina e dançavam alegremente, a Helena sentou-se pensativa numa das espreguiçadeiras. - Leninha, porque está com essa carinha pensativa? Levanta daí mulher, vamos tomar um chopinho, comer uma carne assada, e depois gastar as calorias no forró! - a Maria falou ao aproximar da amiga.

- Ah Maria, eu queria tanto que a Azira morasse perto. Tem poucos dias que ela voltou pra casa, e eu já estou morrendo de saudades. Que sorte a tua, a Bernadete mora logo alí! -

- Porque você não diminue essa distância? Aluga a tua casa, o restaurante, e abre um novo lá em Petrolina! - a Joana que ouvira a fala da amiga opinou.

- Não é tão fácil assim Jojô! Se a Azira tivesse me pedido isso, eu até seria capaz de vender tudo e me mudar para lá; mas e se eu for apenas uma aventura na vida dela? - 

- Esse é um risco que você terá de correr, igualmente a mim com a Bernadete, mas se não tentar nunca vai saber. - 

- A Azira não tem cara de aventureira, ela é uma mulher prática, e diante do quê já passou é natural não entrar de cabeça numa relação nova; principalmente nesse universo colorido. A Tássila está procurando uma casa, ou um apartamento pra dividir com a Nati; porque não oferece pra elas? Acredito que será um bom negócio para ambas. - a Joana opinou novamente.

- É verdade Jojô, eu até havia esquecido desse detalhe! Leninha, a Nati como você está cansada de saber está fazendo um curso de gastronomia, então a tua casa é perfeita pra elas. Anda mulher, resolve logo isso! Aluga tudo para as meninas! - a Maria encorajou.

- Pode ser quê dê certo. Eu vou conversar com os meus filhos e vê a opinião deles. - a Helena falou meia insegura.

- Pela parte que me cabe opinar, a senhora já pode começar a arrumar a mala tia, e acredito que o João e o Pedro não criarão nenhum obstáculo. Eles sempre deixaram claro que a senhora deveria arrumar alguém, foi uma escolha tua criar a gente sozinha, mas agora a senhora encontrou alguém que vale a pena. Vai por mim mãe, a Azira gosta da senhora, mostra pra ela quê a quer de verdade! - a Letícia sentenciou.

****

Dois meses depois de ter voltado da sua última viagem ao Recife, a Azira descansava em sua rede na varanda da casa do sítio, as crianças brincavam com os dois netos da dona Lucy que ela trouxera consigo; era um domingo de sol, já tinham almoçado, lavado a louça e agora ela aproveitava o silêncio para tirar um cochilo até a hora do lanche. - Mainha! - a Azira acordou assustada com o grito do Ailton e pulou da rede.

- O quê foi filho? - perguntou atordoada.

- Alguém tem uma água de moringa fresquinha pra me oferecer? - o coração da Azira que já estava disparado por causa do susto, quase parou de bater ao ouvir aquela voz. E ao vê a figura se materializar na sua frente esfregou os olhos pois parecia um sonho.

- Era isso que eu ia dizer mainha, mas a tia Leninha foi rápida! - o Ailton explicou olhando de uma para a outra, e contente voltou a brincar com a irmã e os amiguinhos deixando as adultas a sós.

A Azira não conseguiu elaborar uma palavra por alguns minutos, mas o seu olhar foi como o brilho do sol ao encontrar o da Helena que a fitava encantada. - A cada dia que passa tu fica mais linda cabocla! - a Helena estava com o coração a galope quando finalmente venceu a pequena distância e teve o seu corpo envolvido num abraço pra lá de quente.

- E você mais cheirosa do que nunca! - a Azira falou ao cheirar o pescoço da mulher e sentir a suave fragrância do perfume preferido da Helena, um JLO legítimo.

- Vamos entrar, você deve está com muita sede, pois está fazendo bastante calor! - a Azira falou enquanto conduzia a mulher até a sua cozinha por uma porta lateral.

- Eu estou com muita sede sim, mas antes quero beber dessa água! - a Helena falou assim que entraram na casa, e tomou os lábios da Azira num beijo saudoso que se transformou em ardente em poucos segundos.- Nossa! Melhor bebermos água mesmo. - a Helena falou ofegante e se abanando quando conseguiram se afastar.

- Porque não me avisou que vinha? Um dia inteiro sem falar contigo, até liguei lá no teu fixo do restaurante, e a Cissa me disse quê você teria viajado, não sabia pra onde, nem quando voltaria. -

- E perder essa cara linda de surpresa ao me ver? Valeu a pena cada minuto dessa viagem tão longa. -

- Você veio de carro, não acredito! Sozinha? -

- Não, vim com o Dico, a Kate, e o Tico acompanhando o caminhão de mudança. Encontramos com a Antônia na cidade de Petrolina, deixei os meninos na casa dela aqui perto, e voltei para cá. - 

- Safada! Por isso ela não veio nesse final de semana! Então quer dizer que o Tico vai mesmo vim morar aqui e trabalhar na colheita com o seu Frederico? Que amor heim! - a Azira falou melancólica.

- Se eles vão morar eu não sei, mas passarão alguns dias trabalhando na colheita e passeando por aqui. Agora se tudo dé certo como eu planejei, acredito que passarei o restante dos meus dias por aqui. - a Helena falou devagar após beber o copo d'água, e a Azira a olhou séria achando que tinha ouvido errado.

- Como assim? Não entendi! -

- Qual parte da minha fala você não prestou atenção? - 

- A parte que você disse: passarei o restante dos meus dias por aqui. - 

- Eu vendi a minha casa para a Tássila e a Natália, aluguei um lugar num local privilegiado aqui no centro da cidade, e quero saber se posso me hospedar em tua casa, enquanto o meu novo restaurante fica pronto. -

- Leninha você é maluca! Não te quero como hóspede na minha casa. Eu te quero na minha vida! Eu queria ter tido essa coragem tua de jogar tudo para o alto e correr atrás da felicidade; me perdoa por não ter acreditado em você. - a Azira falou com lágrimas escorrendo pelo rosto, e abraçou a Helena que mesmo confusa acolheu a mulher.

- Ei calma, não precisa chorar; eu te entendo. Por um momento eu pensei que tinha de ligar a marcha ré, mas me diga: eu posso mesmo morar na tua casa? - perguntou limpando as lágrimas da cabocla.

- Não foi pra isso que você veio? - 

- Sim, mas eu quero saber se é o quê você quer de verdade. -

- Eu quero você Leninha! Eu me apaixonei por você! Eu não sei como, não sei porque. Eu apenas quero. - a parti dali elas não precisavam mais de palavras. A Azira conduziu a Helena até o seu quarto, elas tinham pressa, os seus corpos clamavam por um contato mais íntimo. Os beijos se tornaram mais ardentes, as roupas foram dispensadas, as mãos ganharam vida própria enquanto acariciavam os corpos sedentos de desejos. A Azira gem*u baixinho quando sentiu o sex* quente e molhado da mulher se unir com o seu; a Helena também controlou os gemidos, apenas sussurrava palavras de carinho no ouvido da sua cabocla linda. "A Letícia estava certa, a Azira precisava da prova do meu amor para se entregar completamente, pois nunca fora amada de verdade, pelas pessoas com quem se relacionara." A Helena concluiu em pensamento.

- Eu quis te pedir isso Leninha, mas tive medo de ser regeitada. A Ayla me garantiu que você era uma mulher maravilhosa, e eu tive provas disso, mas sou tímida quando o assunto é pedir algo que vai mexer com as estruturas da outra pessoa. - a Azira falava olhando nos olhos da mulher enquanto fazia carinhos nos cabelos castanhos,cortados em estilo Chanel.

- Agora você sabe que pode me pedir tudo o quê precisar minha pretona. Eu me apaixonei por você Azira, desde que os meus olhos encontraram os teus e senti uma vontade enorme de te beijar. - as duas sorriram felizes ao relembrar o primeiro dia que se viram no hospital.

****

Pai, mãe me perdoem, mas estou grávida de um cara que nem sei se quero me casar com ele! Eu estou enjoada, não posso nem senti o cheiro dele, e a última vez que nos vimos eu o mandei embora, sumi da minha vida! - a Elza chorava copiosamente ao entrar na casa dos pais acompanhada da irmã e da cunhada Letícia.

- Calma filha, isso vai passar! Quanto ao rapaz, você só se casa querendo. Ele é um perfeito cavalheiro veio aqui pedi a nossa benção pra o namoro de vocês,  é de boa índole, família bem estruturada, e gosta de você. - a Gedalva falou abraçando a filha.

- Eu tive que trocar de perfume, pois era chegar perto da Gê e ela senti náuseas, mas do terceiro mês em diante foi diminuindo até desaparecer. Eu vou conversar com o Tarcísio, o coitado deve está meio perdido com essa situação. - o  Ernesto falou compreensivo.

- Oh pai, eu estava com tanta vergonha de encarar vocês, fiquei tão perdida quando fui me consultar com o doutor Mesquita e ele me disse que provavelmente eu estaria grávida; quando veio o resultado do exame corri feito louca pra o consultório dele, e ao constatar o fato chorei como uma desesperada, fui para o apartamento querendo desabafar com a minha irmã, mas só encontrei a Letícia com essa cara de safada dela, que mesmo sem eu dizer nada percebeu que não estava bem, e em vez de fazer piada simplesmente me abraçou e me deixou chorar no seu ombro por um bom tempo. Depois que a Eva chegou é que contei; e para a minha surpresa elas já estavam desconfiadas. - 

- Não era dessa forma que eu queria um neto, mas já que vocês colocaram o carro adiante dos bois, que Deus abençoe essa vidinha aí dentro do teu ventre, e que venha com saúde! - o Ernesto falou emocionado.

- Então vamos brindar com champanhe e suco de uvas! - a Gedalva falou muito feliz entregando uma garrafa para o esposo, enquanto servia o suco com a ajuda da Letícia.

****

Enquanto a Ayla se desdobrava na faculdade de desenho artístico publicitário, a Alanis que fora aprovada em primeiro lugar no concurso do TRF fazia o curso de formação de magistrados. A Letícia fora aprovada como delegada federal, a Quézia, o Ângelo, o Diogo e o Patrício como agentes da PF. O Ramirez foi nomeado o titular da narcóticos, e a Bernadete se tornou investigadora chefe responsável pelo treinamento dos novos integrantes da PC naquele departamento.

Os avós turcos fixaram residência na fazenda que fora do Armando Gutierrez. A justiça embargara a propriedade, que foi leiloada para o pagamento das dívidas com os funcionários, e o Nabil a arrematou para os pais. No período em quê esteve sem memória o Nabil se tornou um grande negociante dos artesanatos locais, e fundou uma cooperativa para ajudar as famílias. Agora com o surgimento dos pais ele passou a viver viajando com a Nadine para Istambul,  e Ancara capital da Turquia onde dividiam o tempo entre administrar os negócios da família junto com o primo Noah, e cuidando do seu próprio negócio.

Dentro do urso de pelúcia da Letícia estavam escondidos vários diamantes pequenos; os frutos da cobiça do Armando Gutierrez. Um dos homens de confiança de Nabil Salam que prestava serviços para o Gutierrez escondeu as pedras após perceber que o seu patrão descobrira o envolvimento da Nadine com o turco e planejava a sua execução, além de recuperar as pedras. Só não contava com a situação do desaparecimento da garotinha com o Bidu e os benditos diamantes; mas com a destruição da quadrilha do Gutierrez, e o esclarecimento dos fatos, o homem que vivia escondido resolveu aparecer e revelar a verdade para o Nabil sobre as pequenas pedras. O quê fez o turco também lembrar dos números gravados no pequeno pingente dos quatro filhos. NS1, NS2, NS3, e NS4. Os quatro pingentes pequenos eram na verdade quatro chaves para abrir um cofre num banco em Zurique na Suiça. Os portadores deveriam está de posse das medalhas, além de um documento comprovando que estas pertenciam a eles por direito, que era um certificado emitido pela joalheria. Todos deveriam está juntos no momento da abertura da primeira porta do cofre onde seriam inseridas as chaves; depois começando pela numeração em sequência os quatro discariam os seus respectivos códigos de letras e números, só então um armário de aço seria aberto, nele conteria quatro gavetas com seus respectivos códigos, e o orifício para introduzir novamente os pingentes. Etapa concluída, as gavetas se abririam e tudo que fosse encontrado lá seriam dos seus respectivos donos. Com essas informações; Nabil Salam e Nadine convocaram os filhos, explicaram a situação, e os presentearam com uma viagem com direito a acompanhante para Berna capital da Suiça e de lá para Zurique. Os impostos foram pagos, os diamantes calalogados, e levados para uma joalheria onde se tornaram jóias que triplicaram os seus valores em milhares de reais.

****

O sol estava aparecendo enquanto eu andava na direção das minhas mães, madrinhas, tias, tios, meus avôs, e minhas avós maternas, primas, primos, irmãos, e até sobrinho; enfim uma mistura de gente de todo tipo. Eram tantos flashes de celulares e câmeras sofisticadas, uma disputa para tirar a melhor foto da belíssima morena de olhos verdes azulados; bom, nem eu sei qual é a cor certa dos meus olhos. Eu sou uma mistura das minhas mães. A minha cor morena puxou um pouquinho a da minha mãe artista, o meu corpo mais delicado, porém forte ao da minha mãe juíza federal, que na época que eu nasci ainda era juíza substituta.  Sim, eu sou a Aylanis Handara Salam Carreras, a primogênita das minhas mamães Alanis e Ayla; Eu estava completando dezoito anos naquele dia, gosto de vê o nascer do sol, o por, e não tem melhor lugar do quê a praia de Boa Viagem aqui do Recife; mas é preciso acordar cedo, e ocupar a parte onde a faixa de areia é mais extensa, pois a concorrência por aqui é grande. O meu tio Francisco, o Tico como vocês o conhecem se formou em jornalismo investigativo, mas a veia comercial permanece, pois possui alguns quiosques ao longo da orla, e ele com a tia Antônia que é agrônoma organizaram um grande buffet pra minha festa. As comidas e doces foram preparadas pela tia Nati, e minhas avós Azira e Leninha. A minha prima Hadassa estava morrendo de ciúmes, ela é a neta mais velha dos meus avós Carreras, nasceu dois anos antes de mim, e é filha do tio Tarcísio com a tia Elza, e tem os gêmeos. Não vou falar o nome de todos os meus primos, primas e sobrinho, pois não caberia aqui, mas fato é que as minhas madrinhas iriam me matar se não falasse sobre elas nesse final. A dinda Letícia e dinda Eva; elas tiveram três filhos também. A dinda Letícia deu a luz ao Abdul Soares Salam Vila Flor, e dinda Eva teve as gêmeas Ágata e Nayara, não são idênticas, uma é loira e a outra é morena, os olhos da Nayara e os do Abdul são iguais aos da dinda Letícia, já a Ágata é a cópia da dinda Eva em tudo. A tia Tássila tem um casal de filhos, e vivem entre a fazenda e o restaurante da tia Nati quê é a sua esposa. O meu irmão Alan casou com a minha tia Bruna; calma não é incesto, eles não são parentes biológicos, e a Bruna é irmã da minha mãe Ayla, enquanto o Alan é filho da minha mãe Alanis. Eles têm um bebê de dois anos. O meu tio Ailton casou com a sobrinha da tia Tati a esposa da tia Kika, a Candace filha do tio Cláudio. Tem também os filhos do tio Diogo, da tia Milena, do tio Patrício, do tio Túlio, do vô Ramirez, do tio Ângelo, os adotivos da vovó Maria e da vó Bernadete, da tia Flávia com a tia Quézia que agora também é delegada da PF igual a minha madrinha Letícia. A tia Kika também tem uma filha com a tia Tati. O meu tio Afonso foi o último a chegar na praia acompanhado da Kate que estava com um barrigão enorme, e junto com eles o primogênito Nabil Salam Neto, um pirralho de quinze anos que se comportava como se fosse um adulto paquerando as mulheres, e colocando os meus tios em constante saia justa. Mal coloquei os pés na parte de dentro da tenda que recebi um avalanche de areia; os responsáveis: os meus dois irmãos mais novos; Fernando Carreras Neto com quinze e Adalgisa com treze anos, ambos nasceram da barriga da minha mãe Ayla. Eu fiquei furiosa com os pestinhas, mas me acalmei quando fui abraçada pelo meu padrinho Geovane Candelare que me levou pra o chuveiro e me ajudou a tirar a areia do cabelo, enquanto os demais riam como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Quando voltei já arrumada, os dois me pediram desculpas, pois com certeza levaram bronca das minhas mães.

Além de está completando dezoito anos tinha entrado para a faculdade de jornalismo; e o meu primeiro presente foi um Maverick vermelho, ganhei das minhas avós Helena e Azira.  Eu amava passear nas férias de junho em Cristália, e com quinze anos já sabia dirigir o velho corcel azul da minha vó Azira, ela ainda possui esse carro e funciona muito bem. Eu gostava de pintura, fotografia, lia páginas policiais, e ouvia as conversas das minhas mães sobre que carreira eu seguiria quando crescesse. Bom, eu misturei de tudo um pouco. E tenho certeza que serei uma jornalista com veia publicitária diversificada, envolvida com moda, artes, viagens, e investigações. Desde que ganhei a minha primeira câmera fotográfica do meu padrinho que não paro de fotografar, e o meu presente da parte dele não poderia ser outra coisa senão uma câmera profissional e vários aparatos para fotografia. Aquele dia seria um dos mais felizes se não fosse a falta de três pessoas importantes; os meus bisavós Fernando Carreras, Nayara Salam, e Abdul Salam. Eles haviam partido para outro plano. O vovô Abdul faleceu quando eu tinha dez anos, o vovô Fernando partiu um ano depois, e minha vó Nayara alguns dias após eu completar quinze anos.  O meu tio Noah apareceu a noite no jantar com a sua esposa, pois o seu vôo atrasara. Os meus primos turcos fizeram uma chamada de vídeo me parabenizando antes que eu fosse me deitar.

Eu cresci ouvindo as histórias das minhas mães. Todo mundo que as conhecia tinha algo a contar, mas era o quê elas passavam pra mim no nosso dia a dia que me fazia admirá-las. Há um amor incondicional entre as minhas mães, elas se amam e se entendem até mesmo quando brigam. E de tanto eu ouvi as histórias resolvi escrever um romance. No início eu só queria contar a história delas, mas havia tanta gente envolvida que não tive como deixar de fora; então o meu romance virou uma novela com conteúdo lésbico. Eu estou finalizando o último capítulo. E não poderia deixar de fora um fato de grande relevância pra mim, pra nós. O Bruno pediu perdão à minha vó Azira, à minha mãe Ayla, e aos meus tios. Eu fui visitá-lo algumas vezes, e ele ficava muito feliz quando me via acompanhando os seus filhos. E foi da boca dele que ouvi parte do que escrevi sobre si. Atualmente ele cumpre pena em regime semi aberto. 

O Gutierrez foi encontrado morto na sua casa onde cumpria prisão domiciliar. Seis meses antes da sua morte, alguém entrou no seu quarto e lhe arrancou todos os dedos das mãos. Ele afirmava que fora a sua falecida esposa que voltara do além para se vingar, pois ela teria sido envenenada por ele, e morrera de causa desconhecida. A enfermeira que cuidava do Gutierrez foi a principal suspeita, mas nada ficou comprovado, já que as câmeras foram desligadas. A polícia concluiu que o criminoso agiu premeditado.

O Tavares não suportou a culpa pela morte da mãe, e a perda da carreira promissora de advogado, se afundou no alcoolismo, e alguns meses depois do julgamento morreu numa clínica de reabilitação. O senhor Belmiro Tavares voltou para Porto Alegre a sua terra natal e se casou novamente.

****

- O quê você está fazendo acordada ainda a essa hora? E que caderno é esse que eu nunca vi por aqui? - a minha prima Hadassa que estava viajando, naquele momento se materializou na minha frente.

- Boa noite pra você também! E respondendo as tuas perguntas: não te interessa! - respondi ríspida e arrebatei o caderno das mãos dela.

-  Bom dia Aylanis, quanta animosidade! Poxa, eu cheguei, mal passei em casa e vim correndo te vê, e é assim que me recebes? - a Hadassa falou, e só então eu prestei atenção nela. Estava diferente, tinha se tornado uma bela mulher com seus cabelos acobreados. Não que ela fosse feia antes, mas era magricela, e na escola os colegas lhe colocaram os apelidos de palito, e espeto quente por causa da cor dos cabelos. A Hadassa me olhava diferente também; fazia mais de um ano que a gente não se via pessoalmente, e também não nos falávamos por qualquer meio. Não sabia bem o porquê, mas na última vez que nos vimos ela me chamou de lenta, e que só pensava nas malditas fotos, e no meu trabalho de jornalismo, isso porque me recusei a fazer a tal viagem pra Holanda junto com ela. Agora ela estava de volta.

- Desculpa prima, não sei o quê me deu. - falei baixo. Os olhos azuis da Hadassa me encaravam.

- Me desculpa também Aylanis, por ter deixado de falar com você esses meses todos. - eu não entendia aquele jeito calmo, aquela não parecia ser a Hadassa.

- Hadassa pedindo desculpas! Não, o quê você fez com a minha prima? - falei enquanto a sacudia levemente.

- Pára Ale, é sério! Foi infantil da minha parte, não me despedir de você, nem atender ou retornar as tuas ligações, mas por outro lado, eu precisava desse tempo longe para entender o quê estava sentindo. - a Hadassa falava tão perto que eu sentia o seu perfume, o seu hálito quente com cheiro de menta, eu olhava pra sua boca rosada, com os lábios entreabertos; ao prestar atenção nesses detalhes a minha boca salivou, eu senti vontade de beijá-la, e o meu coração disparou. Eu estava com vinte e dois anos, nunca tinha namorado, apenas beijado algumas garotas desde o colegial até então. Eu gostava da Hadassa, mas ela só falava nos meninos, então foquei nos meus estudos, e nunca disse nada pra ela. - Você escutou o quê eu disse Ale? - a Hadassa falou com a voz ofegante no meu ouvido, e eu me arrepiei inteira. Ale foi o apelido que ela colocou em mim quando éramos pequenas, por não acertar pronunciar o meu nome corretamente, e sempre se dirigia a mim dessa forma quando queria ser carinhosa.

- Ouvi, mas o quê você estava sentindo? - perguntei olhando dentro dos olhos dela que agora brilhavam intensamente.

- Eu gosto de você Ale. Eu não sei como, nem porque, mas eu me apaixonei por esse teu jeito lerdo, e lento de vê as coisas, e todas as vezes que te provoquei foi porque eu queria chamar a tua atenção, até quando eu te falava dos garotos, eu queria simplesmente que você me visse como uma das meninas que te beijava escondido no vestiário, ou no escurinho do cinema. Eu,... -

- Não diga mais nada Hadassa, mas parece que nessa questão não é só eu que sou lerda. - a minha mão tremia quando eu segurei o queixo da minha prima, e acariciei de levinho.

- Ale! - ela gem*u baixinho quando nossos lábios se tocaram, eu senti como se uma pequena descarga elétrica percorresse o meu corpo. Sempre fora bom beijar uma outra mulher, mas beijar a Hadassa foi incomparável. Os lábios mais finos dela se encaixaram perfeitamente nos meus um pouco mais volumosos. A língua macia era deliciosa, muito gostoso senti ela ch*pando a minha língua e maravilhoso ch*par a dela. - a minha mãe não queria que eu viesse hoje aqui, pois estava tarde, mas eu não conseguiria dormir ansiosa pra te ver. Quando a tia Ayla abriu a porta, eu pensei que talvez você tivesse saído, mas sem que eu perguntasse nada, depois de alguns minutos conversando, ela me disse que iria subir e que você estaria aqui no escritório. - a Hadassa quebrou o silêncio depois que as nossas respirações se normalizaram.

- Até que enfim as duas perceberam que se gostam, pois até a mamãe já tinha notado que existia algo mais na implicância da Hadassa com você filha! Dona Ayla, você me deve uma viagem para a Itália! Não te disse que aquele silêncio todo, e a Ale caseira demais tinha nome e sobrenome de rainha e flor! - a minha mãe Alanis falou divertida, enquanto a minha mãe Ayla me olhava séria.

- É, bom, a gente se gosta faz um tempinho já, mas nunca tivemos coragem de assumir o quê sentíamos. - Eu falei gaguejando, a minha mãe Ayla riu, e em seguida as duas nos abraçaram.

Quando a Hadassa pegou no sono, eu vim finalizar o romance. Essa parte não estava nos meus planos. Não sei se haverá um futuro para nós, não tenho como prevê, mas ela é o meu presente...

****

Eu dedico esse romance aos meus avós José e Joana, Nabil e Azira, que me ensinaram com suas ações o quê é amar;  as minhas mães Alanis e Ayla, as minhas madrinhas Letícia e Eva que me mostraram na prática o quê é andar por dentro da lei; ao meu padrinho Geovane Candelare por me fazer enxergar beleza e simplicidade além daquilo que a lente de uma câmera e os olhos conseguem ver. A memória dos meus bisavós e a todos da minha família biológica ou do coração. E por último, mas não menos importante a vocês leitoras, toda a minha gratidão. 

Att: Aylanis Handara Salam Carreras

FIM.

Fim do capítulo