Capitulo 28
Música do capítulo – Renée Dominique – La vi em rose
Os dias foram passando e a minha vida foi entrando nos eixos, quando não tinha aula ocupava minhas noites estudando, lendo, e conversando com Helena. Sim, ela apareceu novamente e virou minha companhia quase diária, quanto à Marina, era mais complicado, ela sempre que podia enviava mensagens ou ligava, numa dessas conversas ouvi o nojento reclamando de alguma coisa e depois disso ela meio que se afastou.
Numa terça chuvosa, cheguei às pressas para dar aula, só quando entrei lembrei de que nesse dia não teria as três primeiras aulas, pois havia uma palestra agendada.
“Corri à toa, podia ter ficado em casa mesmo!” – Pensei chateada, devolvendo meus livros ao armário.
Fui até o auditório, pois não queria ficar jogando conversa fora com os professores, depois entrei, sentei na última fileira e continuei escrevendo uma mensagem para Helena, mandei e voltei minha atenção para o palco, as cortinas estavam abertas e vi algumas pessoas organizando o espaço.
- Oi professora, podemos sentar? Perguntou uma das minhas alunas.
Afastei minhas pernas para ela passar junto com outras meninas, ela sentou-se ao meu lado e começou a tagarelar, nem dei muita atenção, estava de olho no meu celular, Helena tinha visualizado a mensagem, mas não respondia. Bem típico dela.
Pensei em levantar e ir comer alguma coisa, quando as luzes foram apagadas e a palestrante anunciada, não acreditei quando vi Helena entrando...Linda, linda, linda...Era mais baixa que eu, usava um vestido tubinho verde musgo e uma sandália de saltos, os cabelos soltos e uma maquiagem leve...Linda!
Não sei o assunto da palestra, só conseguia reparar em Helena, sua voz, desenvoltura, simpatia e um carisma de fazer inveja, depois de quase uma hora, ela fez um intervalo de dez minutos, pensei em ir até o palco, mas não queria atrapalhar, então peguei o celular e liguei.
- Oi Má!. Desculpa não posso atender agora.
- Você fica linda de verde. – Brinquei.
Helena olhou em volta assustada, acenei de longe e ela me viu, sorriu e acenou de volta.
- O que você está fazendo aqui?
- Te conto na hora do jantar.
- Que jantar?
- No jantar que vou te pagar, depois da palestra.
Helena deu risada, aquela risada rouca que tanto gosto e respondeu:
- Te espero no estacionamento então.
- Combinado.
A palestra foi retomada, eu estava hipnotizada, não só eu, como muitos que a assistiam, um engraçadinho soltou uma piadinha, outro chegou a dizer que Helena era o tipo dele, mais velha e toda malhada. Olhei para o moleque, não devia ter nem dezoito anos ainda, o rosto era cheio de espinhas... Dei uma risada e pensei:
“Tadinho, se ele soubesse!”
Assim que terminou a palestra, avisei que precisava sair mais cedo, deixei algumas atividades para os alunos e corri para o estacionamento, a chuva tinha dado uma trégua e vi de longe Helena encostada num carro me aguardando.
- Má que prazer, tudo bem? Helena se adiantou e me abraçou forte.
“Eita que pegada é essa?. Senhorrrr!”
- O prazer é meu Helena. Helena era ainda mais baixa de perto, ela me analisava de cima abaixo e tinha um sorriso...Ah que sorriso.
- Então onde vamos jantar? Perguntou sorridente.
- Você escolhe, estou à sua disposição!
“Duda sua tonta, como você fala uma coisa dessas?”
Helena deu risada e disse:
- Tô afim de uma comida japonesa, topa?
- Claro conheço um ótimo. Vamos no meu carro ou você me segue?
- Vou com você, o pessoal da equipe tá terminando de organizar tudo, peço para uma dos rapazes levar o carro para o escritório amanhã.
Entramos no carro, liguei o som e uma música suave começou a tocar.
- Não sabia que dava aulas aqui.
- Voltei a dar aulas presenciais esses ano.
Ficamos um tempo silêncio, até que falei.
- Só assim pra gente se encontrar.
- Assim como?
- Por acaso Helena.
Helena ficou sem graça e respondeu:
- Desculpa Má, mas é que...eu meio que fujo quando as coisas começam a ficar mais sérias.
Parei o carro no semáforo e encarei Helena.
- Por que?
- Medo...medo de sofrer, sei lá!
Apertei a mão dela e seguimos até o restaurante, escolhemos uma mesa mais afastada e fizemos os pedidos.
- Todos nós já passamos por momentos difíceis Helena, mas não podemos nos esconder e deixar que esse medo nos controle, a vida todos os dias nos dá uma chance, temos que aproveitar. – Retomei o assunto, assim que o garçom saiu.
- Eu sei Má, mas fui tão machucada nesses anos, que tenho medo de me envolver.
- Não tenha, se abra para a vida, ela vai voltar a sorrir novamente.
Nossos pratos chegaram, Helena não tocou mais no assunto, conversamos amenidades, era bom conversar com ela, o assunto surgia naturalmente e apesar de seu temperamento forte, consegui colocar meus pontos de vista.
Levei Helena para casa, já tarde da noite, parei o carro em frente ao seu belo sobrado, Helena virou de frente para mim e agradeceu pelo jantar.
- Agora sei onde é sua casa e você não me escapa mais. Disse brincando.
- E quem disse que quero fugir. Helena estava séria e me olhava com profundidade, fiquei perdida naquele olhar enigmático e quando percebi ela já tinha me puxado pela gola da minha blusa e estava me beijando.
“Presta atenção Duda, reaja!”
Agarrei sua cintura e correspondi ao beijo. Ficamos assim um bom tempo entre beijos e risadas, até Helena precisar entrar.
- Te ligo amanhã Má! Disse batendo a porta do carro e entrando.
Fiquei igual boba parada com a boca aberta.
Cheguei em casa leve, finalmente tinha conhecido Helena, ela era de fato fascinante, inteligente...Mas tinha um jeito de mandona, problemas à vista? Sacudi a cabeça para afastar esse pensamento.
No dia seguinte, contei para Lara sobre meu encontro.
- Nem foi um encontro, vocês por um acaso se encontraram, porque se dependesse da Helena...
Lara era tão sem graça, tão corta barato...Mas o pior é que era verdade.
- Deixa rolar Dudinha, não crie expectativa. Mas torço pra tudo dar certo.
Lara saiu e me deixou pensativa, vou seguir o conselho dela, vou deixar as coisas acontecerem naturalmente, sem criar expectativas.
Meio dia e até agora nada de notícias da Helena, nem um bom dia. Desgraçada, custa falar pelo menos um oi? Também não vou falar nada.
Uma hora, meus dedos estão coçando para mandar mensagem, será que eu mando? E se Helena estiver esperando por algum sinal meu? Peguei o celular do bolso da minha calça e quando comecei a digitar, Lara chegou me salvando.
- Vamos almoçar?
Saí dos meus devaneios e aceitei o convite. O almoço foi estranho, não entendi metade do que a Lara falou.
- Tá assim por causa da Helena? Pergunta no caminho de volta.
- Não, pensando em trabalho.
- Você não me engana Dudinha, tá aí se roendo de vontade de ligar para Helena. Liga ué.
- Será? Vou dizer o que?
- Sério que a senhorita lábia de fazer inveja a qualquer um, não sabe o que dizer?
Dei um empurrão em Lara, nem para me ajudar.
- Ai doeu. Brincou massageando o braço.
Fiquei quieta, voltei ao trabalho e fui direto ao laboratório acompanhar algumas análises, não tive tempo para nada, saí e fui direto para casa, estava cansada e confusa. Helena tinha o dom de me deixar assim.
E assim foi o resto da semana, Helena simplesmente sumiu, cheguei a ligar e mandar mensagens, mas nenhuma resposta da parte dela. Resolvi deixar de lado, mas volta e meia pensava nela, no brilho do olhar, na voz rouca, na braveza, no beijo e no meio de tudo isso surgia Marina, fazendo um contraponto com sua meiguice, sorriso na voz, o jeito leve de levar a vida.
Não estava fácil e para ajudar Marina também tinha sumido, andava as voltas com o curso de alemão e passava o dia inteiro com a nova amiga, uma tal de Susanne, andei fuçando nas redes sociais dela e as duas andavam pra cima e pra baixo, confesso que senti uma pontada de ciúmes, mas não podia fazer nada.
Saí para jantar fora com Flavinha e a Bia, falei do sumiço de Helena e Marina.
- De quem você está sentindo mais falta, da Helena ou da Marina?
A pergunta da Flavinha me pegou de surpresa, fiquei um tempo sem saber o que responder, o correto seria responder de pronto que era da Helena, mas Marina... Ah falar de Marina aquecia meu coração.
- Ih Duda tá tudo complicado aí no seu coração. Disse Bia.
- Não vou mentir que sinto muitas saudades da Marina, mas não dá pra achar que vai rolar alguma coisa entre a gente. E a Helena, sinto algo mais provável e o beijo dela é muito bom.
Bia não se contentou com a resposta e contra atacou:
- Se pudesse agora escolher entre Marina e Helena, quem você escolheria?
Flavinha deu risada e cruzou os braços aguardando minha resposta.
- Não é assim que funciona, não dá pra escolher...
- É uma hipótese Duda.
- Mesmo assim...Helena está a meu alcance e a Marina não.
- Não foi isso que perguntei.
A Bia tinha horas que era um saco, custava aceitar minha resposta?
- Deixa ela amor, a Duda está confusa. – Salva pela amiga maravilhosa.
Após o jantar, fomos dançar, mas não estava no pique. Enquanto Flávia e Bia se acabavam na pista, eu preferi ficar no bar bebendo e observando o movimento. Tentei ficar com uma menina, mas acabei desistindo.
Voltei para casa e dormi até o início da tarde de sábado. Passei o fim de semana sem sair, preparei algumas provas, corrigi trabalhos, mas o tempo todo olhava para o celular, nada de mensagem da Helena, já tinha enviado algumas e ligado...Filha da mãe!
Acordei na segunda-feira disposta a esquecer Helena, quem ela pensava que era para agir assim? Pois bem, eu Maria Eduarda Fagundes de Melo, à partir de hoje volto para a minha vida de solteira e pegadora. Vou aproveitar o feriado prolongado e irei para Búzios, lá tem Ágata e se não tiver, tem um monte de mulheres.
Com esse pensamento saí para trabalhar, passei o dia fora, houve um assassinato num bairro nobre de São Paulo e meu chefe queria que eu colhesse as provas, pois segundo ele, o caso iria gerar uma enorme repercussão, achei que era besteira, mas quando cheguei ao local, fui cercada por repórteres e cinegrafistas que enfi*ram os microfones na minha cara e dispararam a falar, não entendi nada e a única coisa que falei foi:
- Nada a declarar.
Entrei às pressas, a casa parecia um palácio e o defunto era um político muito conhecido, a causa da morte foi estrangulamento e o médico legista calculou que o crime ocorreu entre meia noite e uma hora da manhã. Comecei meu trabalho, junto com Edu e Marcele, dois peritos que estava treinando.
Passamos a manhã toda por lá, de volta ao laboratório passamos a tarde toda analisando as provas colhidas. Com toda essa correria, não consegui ver nada para a viagem, pensei em chamar a Bia e a Flavinha, ao menos poderíamos revezar na direção.
Com esse pensamento cheguei na faculdade, estava muito cansada e só pensava na hora de ir embora, aproveitei que era prova, para ficar sentada o máximo possível.
Finalmente terminou a última aula, meu pensamento era banho e cama, nem comer eu queria. Quando cheguei até meu carro, escutei uma voz atrás de mim.
- Oi Má!
Olhei assustada para trás e Helena me olhava sorridente com um buquê de flores do campo.
- Vim te convidar para passarmos o feriado juntas.
A minha cara de assustada deve ter sido hilária, porque Helena deu risada. A mulher sabe usar e abusar do charme.
- E então Má, você aceita? Perguntou chegando mais perto.
Fim do capítulo
Olá meninas!
Helena na área e aí?
Beijos e um ótimo fim-de-semana!
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fernandail79
Em: 23/04/2021
Oi, Gabi,
Poderosa a música do capítulo! :) Só conhecia nas versões da Zaz e da Piaf.
O que a Skybrina tem, que nenhuma mulher quer nada sério com ela? Que karma!
Se ela não quiser passar o feriado com a Helena, eu quero! Pôxa, mas também é outra que beijou e saiu correndo. Diabo é isso? Marina também é outra que já está com piriguete. Tem jeito, não. Skybrina vai terminar sozinha.
Resposta do autor:
Oi Fernanda!
Essa cantora tem versões maravilhosas!!
Tadinha da Duda, ainda não achou seu par ou será que achou?
Helena é complicada, mas te garanto que a real é bem pior.
E não julgue a Marina viu? Vai que a alemã é só amiga.
Beijos
Socorro de Souza
Em: 23/04/2021
HELENA NAOOOOOO aff
Resposta do autor:
Ela não!! Helena é complicada e nada perfeitinha! Kkkkkk...
Beijos
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brinamiranda
Em: 23/04/2021
Aceita não Duda, é GOLPE kkkkkkk
Helena é o maior gole de todos os golpes kkkkkkkkkkkkk. Mas, vá ela é linda, inteligente e envolvente pra caramba.
Gabi e Gaby seguem sentindo um carinho especial por Heleninha que continua doidinha rsrsrs.
bjssss
Resposta do autor:
Eu tentei avisar, mas ela pagou pra ver... Kkkkk...
Helena é tudo isso e também insuportável!
Beijos
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