CAPÍTULO 26 A FACULDADE
Marina vestia um jeans preto colado no corpo mostrando suas curvas; uma blusa social com as mangas enroladas até o meio do braço uma mochila e um tênis feminino completavam o look. Conferiu se na mochila a documentação necessária para a matrícula estava completa, e concluiu que tudo estava pronto. Aguardou enquanto Biatriz terminava de se arrumar, sentou e pode observar Virginia no canto da piscina falando no telefone.
A conversa parecia ser bem interessante, a garota sorria e articulava, voltando a sorrir. Numa das mãos segurava o caderno e em um dado momento o abriu, tirou uma foto e enviou, voltando a falar tranquilamente.
Passos na escada a fizeram voltar sua atenção para o primeiro degrau da parte de cima, de modo que avistou uma Bia estonteante. Ela estava usando um jeans simples, todo rasgado, uma blusa de tecido floral com botões na frente, uma correntinha de ouro com um pingente feito de duas letras iniciais com um lado todo de pedras preciosas; a letra B era de esmeralda, da cor dos olhos de Biatriz, a letra M era de quartzo fumê, da cor da pele de Marina. O pingente havia sido encomendado por Luíza, foi seu presente de dezoito anos.
Ela também usava um relógio preto, presente que Marina mesmo fez questão de escolher e dar na passagem de seu aniversário, quando Bia completou 18 anos.
Biatriz estava linda, como poderia ter ficado tanto tempo sem sentir nada por ninguém? O coração de Marina disparava descontroladamente com o simples aroma do perfume de Bia, ou o som do seu sorriso. Como pode um dia achar que não tinha coração? Hoje ele transbordava sentimentos.
Marina foi até ao primeiro degrau, e abraçou a namorada.
— Você está de arrasar quarteirão. — Abraçou enquanto olhava no seu próprio relógio pensando se ainda dava tempo de namorar mais um pouquinho.
Constatando ser impossível, já que os ponteiros acusavam ser 10:20, respirou conformada, isso teria de ficar para a noite. Grudou no pescoço de sua namorada cheirando o seu pescoço do ombro ao pé do cabelo, sem esquecer de dar uma sabidinha no lóbulo de sua orelha, sentiu o corpo de Bia ficar rígido ao seu toque, sorriu disfarçando o desejo.
— Se continuar com essa coisinha aí que está fazendo... A senhora vai perder o dia. — Sussurrou no ouvido da morena enquanto fazia um esforço tremendo para desgrudar Marina de seu corpo que gritava por mais contato.
— Mas é que minha deusa grega está um arraso. — Piscou um olho para Virginia que tudo olhava admirada.
— E você não fica atrás, minha deusa negra. Agora é sério, pegou tudo? Não falta nada? Hoje eu vou te mostrar o Campos e vamos conhecer sua sala. Sua mãe já assinou tudo e, como amanhã é seu primeiro dia, para não ficar muito perdida vamos passar o dia por lá. Assim você já vai se enturmando. — Falava e ajeitava um cacho do cabelo de Marina que teimava eu ficar nos olhos dela.
— Está tudo em ordem, podemos ir. Deixa só eu avisar na portaria para o seu James entrar em contato com o José para ele ir de moto. Agora que minha namorada pode dirigir, eu não quero ir com motorista.
— Sim, mas o José é o seu segurança e não seu motorista, lindona. Se mamãe souber que está andando sozinha ela vai ter um piripaque, principalmente agora que ninguém sabe notícias do pai do Marcílio. — Virgínia, que observava a irmã, falou com um sorriso nos lábios. Ultimamente quando iam se referir ao pai, todos diziam que era o pai do primeiro irmão que visse, ninguém queria ser filho dele.
— O pai do Márcio mesmo. — Respondeu Marcílio do outro lado da piscina chutando uma bola para o caçula que não respondeu nada.
— Mas ele vai seguindo a gente, só não vai é dirigindo. Aliás, maninha, como pode ouvir a conversa da gente se estava toda romântica no celular? — No momento em que falou, notou que a irmã ficou encabulada e com o rosto vermelho.
— Nada a ver, eu estava falando com uma amiga sobre o namorado dela. — Tentou explicar visivelmente nervosa, o que não passou despercebido por Marina. Observando a irmã,
Marina ainda continuou na esperança de descobrir qualquer coisa que denunciasse quem seria o correspondente. Não que quisesse bisbilhotar a privacidade dela, mas estava realmente preocupada com as amizades que Virgínia estava se envolvendo nos últimos meses. Não queria que ninguém enganasse ou fizesse algo para magoá-la.
— Eu vi você mandando umas coisas para ele, eram fotos? Tem certeza que não quer falar a respeito disso comigo, ou com a mamãe, ou com qualquer um aqui? Nós somos sua família e se alguma coisa está acontecendo, dívida com a gente. Está bem?
— Não tem nada acontecendo e eu já tenho 15 anos, na minha idade você já vivia junta com a Bia. Então eu estou dentro do padrão familiar. — Falou sem conseguir olhar para a irmã.
Marina se aproximou e abraçou a caçula dando beijinhos em seus cabelos lisos.
— Eu estou e vou estar sempre aqui por você, nunca esqueça disso. — Beijou as maçãs do rosto e a cabeça da irmã. Sentiu ela balançar a cabeça de um lado a outro em sinal afirmativo e se virou para Bia. Ambas entrelaçam as mãos.
— Vamos embora vida, hoje o dia vai ser puxado. Vou entregar essa documentação na coordenação e receber o cronograma das aulas e a relação dos livros. — Despediu-se dos irmãos e saiu em direção onde estava o C3 Cítreo vermelho. Comprou usando parte da sua mesada que era depositada todo mês na sua conta, deposito feito por sua outra mãe, a francesa. Já estavam dentro do carro quando Fabiana desceu as escadas chegando à porta.
— Espera, minha flor. Quero desejar boa sorte. — Abraçou a filha que desceu do carro e foi ao encontro da mãe.
— Cadê o segurança? — Procurava com os olhos o rapaz contratado para tal serviço.
— Ele vai seguindo de perto, já pedi na portaria. — Explicou a decisão tomada.
— Só tome cuidado. Alberto não faria mal a você, mas pode fazer a Bia. Não confio nele.
— Vamos ser cuidadosas. Sua benção, mamãe.
— Deus te cubra de felicidade. — Abraçou beijando a filha já ia voltando quando se virou outra vez.
— Já ia esquecendo, minha flor. Rosely ligou avisando que encontra vocês lá e o Marcos já está lá, ele acordou cedo e pegou carona com a Luíza.
— Então até mais tarde, vamos passar o dia por lá. Não se preocupe, qualquer coisa é só ligar no celular. — Beijou mais uma vez, entrou no carro, sentou e colocou o cinto novamente.
— Vou deixar você na coordenação, ou em qualquer local do campus onde estiverem fazendo as matrículas. Eles costumam espalhar mesas e cadeiras ao longo do pátio para agilizar. Ai só separam por inicial do nome.
— E você vai para onde? — Não queria admitir que estava nervosa. Era um mundo novo e não conhecia ninguém, e se forem chatos e metidos? Se não gostassem dela? Tudo era possível.
— Vou procurar meu professor, esse semestre começa meu estágio no hospital das clínicas e 35% das minhas aulas serão ministradas no hospital.
— Ainda bem que desisti de fazer Medicina e encontrei o que realmente eu quero. — Confessou enquanto olhava no retrovisor. Queria conferir se José estava seguindo de perto, não confiavam andar sem segurança. Alberto, o homem que chamava de pai, andava por aí à espreita para fazer mal a mãe a Luíza e Biatriz.
— Também fiquei feliz, advocacia tem tudo a ver com você, devemos fazer o que nos motiva. Eu desde que me entendo eu quero ser médica de criança, assim que terminar vou fazer especialização em oncologia, quero fazer a diferença. — Era impossível negar o brilho no olhar quando falava da profissão escolhida.
— Eu não vou advogar, amor. Vou estudar leis para o concurso de Delegado e, se eu pegar gosto mesmo pela coisa, faço para juíza; vamos ver como eu me saio. Delegada eu sei que quero ser. — Se perdeu em pensamentos com as possibilidades oferecidas após ter cursado a profissão escolhida.
— Eu sei que você se sairá bem. Também, se não postar ou se mudar de opinião, pode começar do zero ou fazer um curso que aproveita as cadeiras.
Estavam absortas com a conversa que não perceberam que já estavam dentro do campus, quando se deram conta o manobrista estava batendo na porta pedindo a chave.
Bia passou a chave, desceu e foi para o lado onde Marina estava, abriu a porta entrelaçaram as mãos e seguiram sem pressa.
Fim do capítulo
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