CAPÍTULO 27 AS CALOURAS
O Campus da Universidade era imenso, para circular dentro a prefeitura criou duas linhas de ônibus, uma que vinha do terminal do Papicu e outra voltando. Só transportava alunos ou qualquer um que fosse resolver algo no campus.
Marina tinha certeza, se não fosse ideia da mãe de trazê-la dois dias antes para conhecer o local, não saberia se locomover ali dentro.
Foram direto para a coordenação geral, ela precisava entregar a documentação que tinha faltado no dia da sua matrícula, mas pela a multidão ali presente tão cedo, não seria atendida. Muito embora tivesse espalhado oito mesas pelo ambiente com funcionárias recebendo documentos e concluindo a matrícula.
— Amor, aqui vai demorar. Eu vou lá no bloco C saber do meu professor o horário do meu estágio, se terminar cedo aqui você vai me encontrar lá. Se não, me espera aqui ou no restaurante universitário para almoçarmos. — Enquanto falava colocava uma mecha de cabelo da morena atrás da orelha.
— Vida, e se eu não acertar? — Esse era seu receio, se perder dentro do campus.
— Não se preocupe, assim que concluir a matrícula eles vão liberar um link para você. Com esse link você tem um mapa online de todos os blocos do campus. O meu bloco e o H, sala 01.
— Sendo assim, vá lá. Pelo que eu estou vendo aqui... Amanhã ainda vou estar na fila. — Falou com um traço de ironia velada.
— Exagerada, vou lá. — Antes de sair deu um beijo leve nos lábios da morena e saiu.
Marina ficou a olhando se afastar e percebeu que algumas garotas que estavam na fila ficaram olhando sua namorada passando enquanto se abanavam. — Senhor, ajuda essa tua filha que pelo que eu estou vendo vai ser preciso quebrar a cara de algumas galinhas aqui dentro. — Sorriu com o pensamento.
— Oi, namoram há pouco tempo? — Perguntou uma garota. Ela era uma menina ruivinha mais ou menos da sua idade vestida com roupas góticas e usando um batom preto combinando com as unhas; usava meia arrastão e uma sandália de salto, uma saia comprida chegando ao chão e uma blusa muito curta, quase não dava para cobrir os seios. Seu sorriso era deslumbrante, a conquistou no mesmo instante.
— Na verdade já faz quatro anos. Costumo dizer que somos almas gêmeas.
— Que barato, na hora que botei os olhos em vocês eu senti uma vibração boa e as ondas cósmicas que emanam energizar todos ao redor. Pessoas sensitivas são tiradas do eixo, entende? Aliás, me desculpe a grosseria, me chamo Sabrina e sinto que seremos grandes amigas. — Estendeu a mão à Marina que só fazia sorrir das palavras da garota.
— Não entendi nada do que disse, mas simpatizei com você. Meu nome é Marina, prazer. Vai estudar o quê?
— Designer de interiores, e você?
— Direito voltado para criminologia, quero ser Delegada Federal.
— Que barato, vai ter que virar noites acordada queimando pestana estudando. Deixar as noites de sex* quentes para depois, a namorada vai gostar disso?
— A gente conversa muito sobre nossas profissões e ela será médica, também vai ter que estudar muito. Uma das coisas que não abrimos mão é do nosso tempo juntas.
— Olha lá, a fila da letra M vai começar a ser organizada. — Antes da garota fechar a boca seu nome apareceu no painel. Marina se encaminhou até a secretaria entregando a documentação.
— Boa tarde mocinha, deixa eu conferir sua documentação. — O atendente primeiro pegou os documentos pessoais e conferiu, após isso pegou um papel para ir listando os recibos.
— Recibo do pagamento da matrícula; depósito da 1ª mensalidade; recibo do pagamento dos livros; material didático... Pronto, tudo ok. Aqui está a autorização do seu crachá, da carteira de identificação para entrar na faculdade e na sala e o link para baixar o aplicativo. Se seu celular for perdido, ou roubado, entre imediatamente em contato com a coordenação para cancelar seu número de matricula e para anular o aplicativo. Afinal, não queremos estranhos tendo acesso as dependências do Campos sem ser estudantes. Aqui os originais dos seus documentos, seja bem-vinda a nossa faculdade.
— Deu um sorriso mecânico, desses que a pessoa dá porque está sendo paga.
— Obrigada senhora, uma boa tarde. — Afastou para o lado enquanto chamava o próximo da fila.
Assim que terminou de baixar o aplicativo quando ouviu seu nome ser chamado e se virou para ver quem era, notou Sabrina vindo em sua direção com o celular na mão mexendo nas teclas.
— Vai para o lado do restaurante? Eu vou contigo.
— Vamos, assim se eu me perder seremos duas perdidas. — As duas caíram na gargalhada e saíram conversando como velhas amigas observando a quantidade de árvores e flores de todas as cores e formatos espalhado pelo jardim.
—Tudo aqui tudo é muito bonito. — Marina ia admirando a estrutura e arquitetura do ambiente, da fileira de prédios no total de 8 todos idênticos.
— E caro. Essa é a universidade mais cara de Fortaleza e nem é a melhor, só tem nome.
— Sério? Meus irmãos todos estudaram aqui, eu pensei que fosse a melhor. Então qual a melhor? — Marina ficou curiosa.
— A Universidade Federal do Ceará. É a melhor e é do governo, mas para entrar lá é difícil, as vagas são muito concorridas. — A garota ficou pensativa.
— Não sabia disso, mas já que estou aqui, vamos conhecer tudo. — Falou uma Marina entusiasmada.
— Veja só todos esses prédios idênticos, o que os diferencia é a letra do alfabeto em cada um seguindo a ordem alfabética indo da letra A, letra H. Será falta de criatividade? Ou quem projetou não sabia desenhar outro tipo, só esse? — Sabrina reprovava.
Marina observava o semblante da garota que demonstrava admiração e indignação ao mesmo tempo, achou muito parecida com seu irmão Marcos que estava sempre contestando qualquer coisa que fosse.
— Olha essa praça redonda cercada de flores, o desenho é o mesmo daquela outra lá que passamos. — Mostrava a praça, indignada com a falta de criativa do projetista.
— Mas em cada praça tem um edifício público e as rosas têm cores diferente, nessa por exemplo tem uma biblioteca. Ficaram pensando e perceberam que as praças eram todas iguais, mas a frente outros blocos com outra arquitetura no final dos blocos uma praça idêntica à anterior.
Em frente à praça um anfiteatro e Sabrina achava tudo imperfeito e ia explicando, dando seu ponto de vista. Marina não entendia nada, só achava bonito.
Nesse passo, passaram na academia, quadras de futebol, tênis, basquete e vôlei, para as turmas que estudavam educação física. Apreciaram duas lagoas imensas que não tinham certezas se era natural ou artificial.
Então, de repente alguém surge por trás e tapa os olhos de Marina, uma voz conhecida perguntando: “Adivinhe quem é”. Tateou as mãos e braços, passou pelo um anel no dedo indicador e ouro no anelar.
— Rosely, eu sei que é você. — A amiga retirou as mãos deixando seus olhos livres que sentiram a claridade forte ao abrimos novamente.
— Essa é minha mais nova amiga, Sabrina. Sabrina essa é minha mais velha amiga, Rosely.
— Prazer mais nova, mas o posto de melhor amiga é meu, não o tome por favor. — Falou rindo enquanto as duas se abraçavam
— Confesso que vou tentar um pouco, já que vou precisar de uma advogada para livrar minha cara das encrencas que arrumo por aí.
— Pois errou o caminho, Marina foge de confusão. Ela é do lado certinho.
— Não se preocupe velha amiga, eu no posto de mais nova amiga vou fazer de tudo para corrigir esse defeito. — As três caíram na gargalhada.
Quando já estavam entrando no refeitório, quatro garotas deram um esbarrão nas três, mais precisamente na Marina que só não foi ao chão porque Rosely a amparou.
— Saia do meio do caminho, novata lesada. Da próxima vez eu passo por cima. — Disse uma loura do grupo de quatro garotas belíssimas, só duas saíram rindo do que a loura comprida disse.
— Esqueci de dizer que a confusão é que procura Marina. Vou dar um tabefe nas fuças dessa aí... — Completou Rosely.
— Não me tire esse prazer, velha amiga. — Sabrina então se voltou ao grupo. — Oh! Bunda de silicone! Você mesmo toda trabalhada no silicone. — A loira babaca se virou e Sabrina apontou para ela. — Se atravessar nosso caminho, nós é que te jogamos lá embaixo naquela lagoa ali atrás.
— Está falando comigo? modelo de loja de fantasia, aí que nojo de você, fedorento a incenso de macumba. -A loira falava enquanto cuspia no chão.
— Déb... Para com isso, deixa as calouras em paz. — Pediu uma garota descendente de chinês com seus olhos repuxados.
— Prefiro feder a incenso de macumba do que ter peito e bunda siliconado, isso aqui ó... — Pegou na própria bunda e nos peitos. — É tudo original de fábrica. — A galera que estava ouvindo assoviava quando a garota sacoleja os peitos e a própria bunda com as mãos e a loira ficou mais revoltada.
— E garanto a quem quiser saber que a minha irmã, Marina, e essa reba que ela exibe por aí também é 100% original de fábrica. — Explicava um Marcos que chegou Derrepente e não pode deixar de ouvir a conversa das garotas, pegando na bunda da Marina enquanto mostrava a veracidade do que dizia.
— Marcos, por favor. Não precisa me defender. Você está me matando vergonha. — Disse mais baixinho. — Tira a não da minha bunda, seu palhaço.
Todos esperavam uma reposta da loira, mas esta não deu, pois viu que até as amigas estavam mais interessadas em babar por Marcos do que lhe dar atenção.
Marcos se apresentou a Sabrina que tinha, de repente, ficado sem voz. Ela só admirava o irmão que se aproximou pegando na mão da garota levando os lábios e olhando em seus olhos.
— Prazer, sou irmão dela. E sendo sincero, eu preciso conferir se o que disse e verdade ou propaganda enganosa. - As três reviraram os olhos ao mesmo tempo, enquanto Marcos, sem dar importância, passou o braço no ombro da irmã e o outro no de Sabrina. A trupe entrou no restaurante.
Fim do capítulo
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