CAPÍTULO 23 SE ORGANIZANDO
CAPITULO 23 SE ORGANIZANDO
— Posso ver a foto da casa outra vez? Talvez eu reconheça — olhou atentamente a fachada e uma foto onde a rua parecia.
— Conhece esse lugar? Lembra de já ter visto?
— Não, não faço a mínima ideia. Não temos imóvel fora o que moramos e as lojas.
— Estou indo lá agora. Não o convido para vir comigo, porque estamos numa investigação, mas seria bom, a cadela pode te reconhecer e não atacar. Os cachorros estão famintos e, como você diz reconhecer a fêmea, talvez ela obedeça a seu chamado.
— E muito importante o que o senhor vai fazer lá? Pergunto, pois se for uma coisa que eu possa fazer...
— Tudo é importante, mas nesse caso, meu homem está vigiando a casa e como só nós sabemos do que está acontecendo, ele vai entrar na casa para alimentar os cachorros.
— Eu posso fazer a entrega das carnes, — sugeriu Marcelo — enquanto o senhor cuida da equipe que vai fazer a segurança da minha mãe.
O delegado ponderou um pouco.
— Acho até melhor... Aqui está cheio de pepino para resolver, você entrega ou melhor se tiver como, você entra e alimenta os cachorros. Não posso invadir e tirar os animais de lá sem um argumento consistente. Qualquer pessoa pode criar animais em cativeiro. No máximo seu pai seria acusado de maus tratos.
O delegado pega um papel e rabisca algo entregando ao homem.
— Aqui está o endereço. Vou avisar o detetive que você está indo, quando chegar se identifique.
— Se os cachorros estão sendo maltratados, não poderia resgatá-los dentro da lei? — Perguntou Marcelo que ficou preocupado com a saúde mental da Duquesa, que antes era muito dócil.
— Não posso. seu pai e um homem inteligente, sabe que pó ter um canil tudo dentro da lei. Vou avisar o detetive que você está indo, quando chegar se identifique. ― O delegado levantou apertou a mão de Marcelo em forma de despedida e Marcelo saiu.
[....]
Faltava 15 minutos para às 16:00 quando Marcelo chegou em frente ao sítio onde Alberto está vivendo nos últimos meses, procurou o detetive e não o encontrou. Aproveitou que estava só e desceu do carro, antes, porém, tirou os sapatos ainda dentro do carro e desceu calçando apenas meias.
Procurou pisar sempre em cima de alguma planta ou grama, nunca na areia, não pretendia deixar seu rastro.
Fez o reconhecimento do terreno todo, não existia uma viva alma nas redondezas, luz apenas a da lua, isso se tivesse lua.
O cenário era perfeito para um psicopata pôr em prática seus planos, seu pai estava louco, ou na pior das hipóteses, sempre foi esse homem terrível e soube disfarçar muito bem. Como já estava ficando tarde, resolveu ligar para o delegado: — ―Senhor, faz uma hora que estou em frente à casa e nem sinal do seu detetive.
— Então venha embora, ele deve estar seguindo seu pai, ou deve ter recebido
um chamado da central e precisou sair às pressas. Venha, você tem uma festa para estar presente.
Marcelo examinou os arredores mais uma vez e voltou, não estava nem um pouco interessado em festa, queria saber o paradeiro do pai e acabar de vez com suas ameaças. Pensou em ir ao local onde a festa aconteceria para ver se estava tudo em ordem, hesitou um pouco, mas decidiu ir.
Chegando no buffet ficou parado em frente, quando foi abordado.
―Senhor, não pode ficar aqui parado, terá uma festa e precisamos do espaço desocupado. — Um policial abordou.
―Desculpe, policial. É que minha mãe está lá dentro dando os últimos
retoques na mesa, eu vim buscá-la, meus irmãos estão tendo sua colação de grau hoje.
— Não tem mais ninguém, já foram todos embora. Posso ver seus documentos, por favor. — Marcelo entregou prontamente. — Como se chama sua mãe? O policial tirou de dentro da viatura uma prancheta com a relação dos nomes das famílias que iam estar presentes no evento.
— Fabiana Carla Linhares de Barros, senhor. O policial conferiu o nome com o da relação, olhou para Marcelo e devolveu a RG que foi guardada no bolso da calça.
— Recebemos ordens para não permitir ninguém parado aqui este local vai ser usado para estacionamento. — Explicava enquanto mais dois agentes desciam da viatura e vinham em sua direção.
— Desculpe, eu já estou indo. — Marcelo saiu devagar. Quando estava manobrando viu ao longe, o carro do pai e, mais distante, um homem em pé numa parada de ônibus concentrado no jornal.
Rapidamente estacionou próximo, desceu e foi até o local, se apoiou na porta do carro de Alberto, que não deu a mínima importância para o filho.
— O que o senhor está fazendo aqui? Já está procurando confusão? — Chamou a atenção do homem. O pai não demonstrou surpresa em vê-lo. Enquanto conversava Marcelo pode observar no banco do carona um chaveiro com duas chaves e um controle remoto de portão, logo deduziu que só poderia ser a chave do local onde Alberto estava vivendo.
Marcelo conhecia os hábitos do pai, ele nunca guardava nada no porta luvas, sempre deixava no banco e sabia exatamente de onde era aquela chave e controle.
— Resolveu dar uma de macho, foi? — Alberto perguntou de forma debochada.
— Estou estranhando o senhor distante, escondido. Está querendo aprontar, Seu Alberto?
— Estou esperando ver meus filhos chegarem para a festa deles, já que a bela da sua mãe e a sapatão dela não me deixam chegar perto.
— Até parece que o senhor é esse pai amoroso, além do que, foi o senhor mesmo que procurou por isso.
— Olha, eu não quero saber de besteiras. Vá procurar uma mulher para você, se tiver capacidade de conseguir uma.
Na hora que ia responder a mesma viatura de antes veio também expulsar o pai do local e, como de costume, seu pai saiu do carro para discutir com os policiais. Foi a chance que Marcelo achou de pegar as chaves e o controle de cima do banco e, rapidamente, colocar no bolso da calça. Em seguida, dando uma volta pela frente do carro, se postou ao lado de Alberto, colocando descaradamente o braço por cima do ombro do pai como um filho amoroso.
— Pode deixar comigo, policial. Eu levo meu pai. — Sorrindo, cumprimentou os policiais enquanto se afastava com o pai.
— Agora... Vamos deixar os policiais trabalharem em paz. Se despediu mais uma vez do policial e a viatura seguiu em frente dobrando a esquina quatro quarteirões à frente, deixando os dois sozinhos.
Marcelo se dirigiu ao carro do pai ainda com a mão em seu ombro, quem passasse ali por perto veria um filho e um pai, amigos e confidentes, mas tudo era só fachada. Ao abrir a porta do carro Alberto fala para o filho:
— Já pode parar com o teatro de fingir que se importa comigo quando, na verdade, nem gostar. de mim você gosta, porque se gostasse, não ficaria do lado da safadeza da sua mãe. —Falou rancoroso enquanto se contorcia para sair do abraço do filho, como se o contato estivesse queimado sua pele.
— Eu tinha respeito e gostava do senhor, mas nunca o amei. O senhor nunca permitiu que nós o amassemos e fossemos amigos, como todos os filho. Afinal, Seu Alberto, qual o seu problema?
— Problema nenhum. Você e seus irmãos sempre foram umas maricas, ou doentes
nenhum arranja uma mulher, porque, na realidade, não tem competência.
— Aí que o senhor se engana, todos nós temos mulher sim, até a Marina tem uma mulher. Então não é falta de competência. — Marcelo disse se permitindo usar um pouco de deboche.
Alberto partiu para cima de Marcelo, mas o jovem se desviou e começou a rir, o que fez seu pai ficar ainda mais irado. O mais velho tentou alcançar novamente o filho para atingir com um soco, mas errou outra vez, o que faz Marcelo gargalhar.
As pessoas que estavam dentro do ônibus que parou ao lado, aguardando o sinal abrir para seguir sua viagem, olhavam pela janela e imaginavam um pai e um filho brincando pois a cada tentativa de Alberto seu filho ria mais alto.
Depois de mais uma tentativa frustrada, Marcelo olhou os arredores:
ninguém por perto, ou visível. Segurou o Pai pela gola da blusa, o erguendo mais ou menos a meio metro do chão.
— Se chegar perto da minha mãe, das minhas irmãs, ou da mulher da minha mãe. Eu mato você sem um pingo de remorso, entendeu? Ou quer que eu desenhe? — Soltou o pai, ainda por cima ajeitou a camisa do mais velho, passando a mão na parte em que o agarrou.
―Olha o machado defendendo a vagabunda da mãe. Vagabunda sim! Onde já se viu uma mulher casada, velha, com uma penca de filhos, que sempre gostou de pau, sim, ela gostava. De repente ficar se esfregando com outra mulher, não passa de uma vagabunda!
Continua.....
Fim do capítulo
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