CPÍTULO 22 SE PROTEGENDO
CAPÍTULO 22 SE PROTEGENDO
Sales, que do alto do pé de mangueira via tudo, deu um sorriso satisfeito.
— Peguei você, Alberto — sussurrou para si.
Em todo tempo de polícia, nunca tinha visto um ser com tamanha frieza e inteligência para arquitetar um plano perfeito. Agora era correr contra o tempo.
Procurou o celular e deixou na linha privada, um tipo de código que os investigadores usavam para falar diretamente com o delegado, evitando serem grampeados, era usando esse tipo de comunicação que conseguiam derrubar os cartéis de drogas ou sequestro em andamento. No segundo chamado o delegado atendeu ainda meio sonolento.
— Sales? O que tem o que para mim?
O delegado atendeu o telefone e já foi se sentando, buscando a arma embaixo do travesseiro.
— Delegado, pegamos o homem. Estou enviando uma gravação de agora, junto com as fotos e vídeos. Ele está planejando sequestrar a loira hoje à noite, ainda não sei como, mas vou ficar na cola dele.
— Eu acho que sei, hoje é a festa de colação de grau de dois dos filhos dele, eles terminam o segundo grau e todos vão a festa. Imagino que ele vai tentar hoje. Vou conversar com a família e colocar eles a par do que você descobriu, só para eles ficarem em alerta.
— Vou esperar ele sair e dar uma geral na casa, se ele deixar o cachorro que fica na frente da casa trancado eu consigo. Se não... Como eles estão com fome, vou jogar um pedaço de carne com sonífero para eles dormirem.
— Espere, eu vou mandar alguém entregar a carne aí, quero você na cola dele, la pelas horas da tarde venha para delegacia vamos formar um grupo de confiança para ficar por ali caso ele tente algo — dito isso encerrou a chamada
Sales sabia exatamente do que o companheiro falava, trabalhavam juntos há mais de dez anos e já viram de tudo e, muitas vezes, tiveram que plantar o flagrante para que o bandido pudesse ser preso e lá permanecer. Dessa vez, sem intromissão de advogado porta de cadeia, que em pouco tempo e muito dinheiro liberava a cara de qualquer um, como tinham feito da última vez que Alberto foi preso. Dessa vez ele não saia, não com vida.
[....]
Alô? Por favor o Sr. Marcelo Linhares... Diga que é o delegado do 9º distrito... Está bem, eu espero.
Admirava os rapazes daquela família e aquele em particular, um rapaz calmo, inteligente, bom filho e cuidadoso com a mãe. Se sua filha não gostasse de mulher, aquele seria o genro que sonhava em ter, mas a menina era mais homem do que ele e tratou de dar uma nora linda. Aceitaram com a mesma alegria, fazer o quê? A gente cria os filhos para o mundo.
— Bom dia Marcelo, temos novidade sobre o paradeiro daquele senhor — diz assim que o rapaz pega a linha.
— Que bom delegado, vai prender quando? — Perguntou ansioso.
— Você pode vir aqui para termos uma conversa, tomar um café — fez o convite e no olhar havia uma certa malícia.
— Claro, vou só receber umas mercadorias lá pelas duas horas e eu passo aí. Vamos largar mais cedo. É a festa da minha irmã, todos estão se embonecando para a festa de hoje à noite.
— Então está combinado, as duas da tarde. Até logo mais — desligou o telefone.
Ficou pensando com seus botões qual a melhor forma de resolver aquela questão de uma vez por todas, estava ficando de saco cheio do Alberto.
Marcelo estava preocupado, assim que desligou entrou em contato com a mãe.
— Mamãe, peça um dos meninos para passar na lavanderia. Eu vou na delegacia, parece que o delegado tem novidades e das grandes, não quis conversar por telefone deve ser coisa grande sobre o paradeiro do papai. ― Assinava alguns papeis para a liberação da quinzena do seu grupo de funcionários e das outras duas lojas, ainda bem que contava com três excelente gerente que estavam na casa a quase quinze anos. Cabendo a ele só assinar a parte do fazer acontecer e com eles.
— Então tá — Fabiana disse, talvez um pouco aliviada — eu me viro por aqui, tomara que ele prenda o Alberto, só assim a gente vai ter paz. Às vezes eu acho que... Deus me perdoe, que eu só vou ter paz quando esse homem morrer, enquanto ele for vivo minha vida vai ser assim sempre, com medo do que ele possa fazer com vocês e com a Lu. Ele sabe que vai me quebrar se ele fizer algum mal a ela, ele sabe disso, por isso ele ameaça tanto ela, porque sabe que ferindo ela está me ferindo duas vezes mais. Só Deus com aquele homem.
— Ele não vai fazer mais nada com a nossa família, isso eu prometo. Já chega o que ele já fez, basta né? Agora vá cuidar das suas coisas que vou trabalhar. Até a noite. Sua benção.
—Deus te abençoe e te cubra com teu manto, filho querido.
Às duas horas, como o combinado, Marcelo chegou na delegacia. Foi direto na mesa onde o escrivão estava e se identificou.
— Pode entrar, ele está aguardando o senhor, por aqui, por favor.
Se encaminharam por um corredor com umas quatro salas, todas fechadas. Quando chegaram numa sala ampla com uma mesa antiga, lotada de papéis em cima, o delegado examinando uma pasta, supôs que pudesse ser algum inquérito dado o interesse em que estava lendo.
Ao avistar Marcelo, afastou a pasta para o lado e levantou da cadeira indo ao encontro do rapaz.
— Pontualidade é uma das maiores qualidade do homem moderno, venha, sente-se aqui — apontou uma cadeira em frente à sua.
Os dois se cumprimentaram e Marcelo ficou aguardando para saber das novidades.
— Preste bem atenção. Temos em nossas mãos, gravações e fotos que comprovam que seu pai está planejando sequestrar a companheira da sua mãe hoje.
— Tem como prender ele antes disso?
— Se eu prender antes ele vai encontrar um jeito de sair e vai dar na mesma, dessa vez vou dar um flagrante nele, mas antes, olhe essa foto e veja se reconhece algum desses animais.
Espalhou as fotos dos cachorros e da casa no todo.
— Essa cadela, é a Duquesa, era da loja. A última vez que eu a vi foi lá mesmo, ela estava prenha, mas isso já faz mais de um ano.
— Então pode ser que os cachorros sejam os filhotes que ela pariu, o que leva a crer que ele vem mantendo a casa a mais tempo do que pensávamos — concluiu o delegado.
— O que o senhor pretende fazer? Eu não vou permitir que ele chegue perto da minha família. O senhor me desculpe, mas eu não acredito muito na justiça, vocês prendam aí um juiz qualquer manda soltar, ele vem até nós e começa o inferno outra vez.
Marcelo fechava a mão em punho, com tudo que ouviu, era difícil manter a calma cotidiana.
— Minha mãe está fragilizada, durante mais de dez anos esse homem estuprou minha mãe, fazendo filho nela como se ela fosse uma cadela. Minha mãe tinha filho em janeiro e outro em dezembro. Nunca planejou ser mãe, sempre foi a força e, mesmo assim, nos ama incondicionalmente, fez da gente os homens que somos hoje. E agora que está vivendo, sorrindo, fazendo suas escolhas, trabalhando fora, e ele vem ameaçar destruir tudo isso? O senhor me desculpe, mas eu não vou ficar aqui sentado enquanto minha família corre perigo — levantou e já ia saindo.
— Calma rapaz, calma. Vamos fazer a coisa direita dessa vez.
Marcelo se aquietou para ouvir.
— O local onde vai ser a festa vai estar cercado com um grupo de policial disfarçado da minha inteira confiança; são pessoas que estão afastado da corporação por estarem respondendo processos, nada ilegal.
―Por mim está ótimo quero minha família segura. E como o senhor está falando que esse grupo está afastado, suponho que o pagamento seja por conta da família a qual eles estejam prestando serviço, estou certo― o lado prático do Marcelo não deixava passar nada.
― Completamente certo, vai estar três homens e uma mulher infiltrado, vou passar a conta de cada um para você fazer a transferência, eles vão se apresentar a você na hora que chegar na festa e esse espalharem. Seu pai não vai ter chance de chegar perto de ninguém e vamos prendê-lo la mesmo. ― O delegado tirou uma folha da gaveta e mostrou.
― Essa folha está o nome de todos os funcionários da que vão trabalhar na festa e nessa todas as que vão participar. Tudo para evitar que ele entre antes se passando por funcionário ou garçom, todas essas fichas são das pessoas que vai trabalhar no evento, do zelador ao garçom.
Entregou as fichas e Marcelo foi analisando.
CONTINUA...
Fim do capítulo
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