Capitulo 16
Acordei nas segunda com dor de cabeça e corpo dolorido:
“Só falta eu ficar doente!”
Tomei um banho e uma aspirina e fui trabalhar, minha cabeça estava melhor, mas sentia meu corpo cansado, assim que cheguei Lorenzo me chamou e entregou uma pasta, questionei o que era, ele brincou que era um dossiê da Marina, me animei, agradeci e o corri para minha sala, queria ler, quem sabe o maridinho não era tão perfeito assim. Quando ia começar a leitura, Lara entrou.
- Bom dia Dudinha!.
Escondi a pasta entre meus papéis, Lara percebeu mas não falou nada.
- Bom dia Lara.
- Você tá bem? Está vermelha.
Lara veio até mim e tocou meu rosto, disse que estava com febre, mas desconversei, falei que estava bem. Ela deu de ombros e me chamou para um café, fomos até a copa e no caminho encontrei Sophia, dei bom dia e segui meu caminho.
- Cara você tá doente!
- Não tenho nada Lara, que coisa! Respondi impaciente.
- Está sim, acabou de passar pela capivara e não esboçou reação, diria até que você a ignorou.
- Nem percebi, sério mesmo? Estava feliz, foi a primeira vez desde que Sophia voltou, que meu coração não disparou.
- Parabéns Duda, estamos evoluindo.
Dei risada e após o café precisei ir até o laboratório, minha leitura ficaria para mais tarde, trabalhei muito pela manhã, e quando saí para almoçar senti mais cansaço ainda e uma tosse chata me acompanhava. Lara estava comigo.
- E essa gripe Duda? Precisa ver isso, você não para de tossir desde que saímos.
- Nada demais, só um resfriado.
- Tá bom, mas é bom ver se não tá com febre.
Apesar de achar que não, realmente me sentia febril, dor no corpo, garganta incomodando...Enfim, estava mal, mas não ia deixar me abater por isso.
- Como foi seu fim-semana?
Mudei se assunto e conversamos bastante, não consegui comer e Lara estava preocupada, logo que voltamos ela foi aferir minha febre e estava beirando os trinta e nove graus. Mesmo contra a minha vontade fui mandada para casa. Logo que saí, fiquei parada sem saber o que fazer, não estava afim de discutir com a Cris, Flavinha e Bia estavam trabalhando, Silvinha nem pensar.
Saí dirigindo e parei na porta do prédio da Marina, fiquei olhando para janela, mas estava fechada, meu corpo todo doía, respirei fundo e decidi ir para casa, assim que dei partida, chegou notificação de mensagem e era Marina, perguntando como eu estava, agradecendo pelo dia de ontem, uma fofa...Respondi que estava indo para casa, pois me sentia mal, imediatamente ela me ligou.
- Já foi ao médico?
- Não precisa é só um resfriado. Disse tossindo.
- Está com febre? Tomou algum remédio? Está onde?
Eram tantas perguntas, que fiquei até perdida, mas seu tom preocupado, aqueceu meu coração.
- Sim, não e em frente à sua casa.
Marina ficou em silêncio e depois perguntou nitidamente confusa:
- Como? Não entendi...Você está onde?
Dei risada, imaginei aquela carinha confusa.
- Estou com febre sim, não tomei remédio e estou em frente à sua casa, esqueceu que moramos perto?
- Não esqueci, fica aí que estou descendo.
Foi a minha vez de ficar confusa:
- Como assim Marina? Não precisa...
- Shiii... Estaciona o carro, que já chego.
Fiz o que ela mandou e não demorou para ela aparecer, devo estar com uma aparência horrível, pois ela me olhou penalizada.
- Vamos subir, vou medicar você.
- Não precisa...
- Precisa sim, se você for pra casa, pelo pouco que conheço sua esposa, você não vai descansar nada.
Ela tinha razão, Cris sempre acha que faço corpo mole, aceitei a ajuda e subimos, Marina me ofereceu toalhas e um pijama confortável e fui tomar um banho, saí um pouco melhor, depois de medicada, tomei um chá e apaguei no sofá.
Acordei sem saber onde estava, ouvi vozes vindo da cozinha, me sentei meio tonta e foi quando me dei conta que estava na casa da Marina, será que o marido tinha voltado? Quando pensei em levantar, Marina apareceu.
- Olha quem acordou! Está melhor Duda?
Olhei atrás de Marina e tinha uma senhora simpática, que sorria para mim.
- Estou bem melhor, mas apaguei no seu sofá, desculpe.
- Não tem problema, vamos ver essa febre.
Enquanto Marina colocava o termômetro, a mulher observava tudo com interesse, e continuava sorrindo.
- Está sem febre, muito bem! Agora posso apresentar vocês, mãe essa é a Duda, Duda essa é minha mãe.
- Muito prazer Duda! A Marina fala sempre de você.
Opa Marina fala de mim, o que será?
- Como vai senhora? Estendi a mão, que foi apertada com firmeza.
- Só Laís! Sente-se melhor?
- Estou sim Laís, é só um resfriado.
- Filha prepara um café pra gente, fico aqui fazendo companhia pra ela.
Laís deu uma piscada para filha e começamos a conversar, como Marina ela era divertida, inteligente, a conversa fluía, não demorou a Marina voltou com café e bolo de fubá, estava morrendo de fome, devorei num instante, sob o olhar divertido das duas, passava das seis horas quando me despedi.
- Se cuida viu? Se não melhorar, vá ao médico.
- Não se preocupe, obrigada por tudo! Laís foi um prazer te conhecer apesar das circunstâncias.
- O que isso Duda! Qualquer dia marcamos algo, adorei te conhecer!
Laís era tão simpática, quanto à filha, mais uma amizade que ganhei, fui para casa realmente me sentindo melhor e quando entrei já senti cheiro de cigarro, de uns meses pra cá Cris voltou a fumar e por mais que pedisse que não fumasse dentro de casa, ela sempre fazia, pensei em reclamar, mas deixei pra lá, fui tratar de tomar um banho e sai para dar as minhas aulas.
Acordei no dia seguinte bem melhor, com tudo o que aconteceu, esqueci completamente do dossiê da Marina, iria ler com atenção, caso do marido fosse violento tentaria ajudar, caso contrário iria cultivar minha amizade com ela.
- No mundo da lua?
Cris já veio com ironia logo cedo, não respondi, a verdade é que precisava dar um jeito nesse casamento, precisava terminar, mas não sabia como. Quer dizer até sabia, mas não achava jeito.
Cheguei cedo e fui para minha sala, o dossiê era pequeno, mas tinha algumas informações interessantes:
“Marina Alves Portella, 28 anos, filha de Laís da Silva Alves e Vitor Oliveira Portella, paulistana, fisioterapeuta, estava com a habilitação suspensa por pequenas infrações...”. Dei risada com essa informação, quer dizer que minha ruivinha era barbeira...Sobre Marina não tinha mais nada de relevante, Lorenzo conseguiu até onde ela estudou e fez estágio, mudei de página e foi a vez do marido:
“César Augusto Miller Bianchi, 36 anos, filho de Arnaldo Rodrigues Bianchi e Matilde Maria Cavalcante Miller Bianchi, paulistano, arquiteto na construtora J&B , não tinha nenhuma infração de trânsito, ficha limpa, estudou em escola americana”. Uma chatice, o babaquinha era um cidadão de bem, nada que o desabonasse, joguei a pasta no lixo, Lara entrou logo em seguida.
- Bom dia, está melhor?
- Oi Lara, estou melhor sim.
- E essa cara?
- A mesma de sempre.
- Que mau humor, eu hein?
- Desculpa Lara, então, vamos tomar nosso café?
- Não vai dar Dudinha, só passei pra te ver, Lemos está querendo falar comigo.
- Boa sorte então.
Lara saiu e voltei a atenção a alguns relatórios, depois fui ao laboratório e tinha trabalho de sobra, não consegui parar para almoçar e quando percebi já tinha anoitecido, corri pra casa e foi o tempo de entrar e conectar tudo, os alunos me aguardavam, ao final da última aula, mal conseguia ficar acordada, estava morrendo de fome, fui até a cozinha e não tinha nada, fiz um lanche rápido, tomei banho e dormi.
Fui acordada por Cris, que me sacudia com força.
- Duda!. Acorda!
- O que houve? Me deixa dormir...
- Estão te ligando, é seu chefe.
Sentei rapidamente, olhei para o relógio e não eram seis horas, fiquei preocupada, retornei a ligação e Lemos pediu que eu o encontrasse imediatamente no extremo da zona leste, anotei o endereço e corri para o banho, quando saí Cris tinha preparado o café, agradeci e de pé mesmo tomei e comi uma torrada, segui até o local indicado e já estavam o médico legista, Lemos e Sophia.
- Bom dia gente.
Todos responderam e Sophia explicou as circunstâncias do assassinato, disse que por volta das quatro e meia da manhã, os moradores do prédio ao lado ouviram gritos e chamaram a polícia, como os gritos não cessaram dois moradores desceram e viram uma mulher sendo atacada por um homem, quando se aproximaram o homem fugiu à pé, a polícia chegou depois de quase quarenta minutos, junto com um carro de resgate, mas a mulher já estava morta.
Me aproximei do corpo e fui fotografar, a mulher aparentava uns vinte e poucos anos, estava nua da cintura para baixo, foram dadas várias facadas na região do tórax e pescoço.
- Ele só não a degolou, porque os moradores chegaram.
- Como você sabe?
- Olha as marcas no pescoço.
- Cheguei mais perto e tinha um corte lateral.
- A testemunha disse que ele estava começando a cortar a garganta... Desgraçado, conseguiu de novo!
Percebi o quanto Sophia estava frustrada, tentei consolar.
- Não fique assim Sophia! Sei o quanto você está empenhada, mas vocês vão conseguir pegar esse cara.
- Foi por pouco, se a polícia tivesse chegado logo...
Vimos Lemos pisando duro e nervoso ao telefone, ele falava com o superintendente e questionava a demora dos policiais em chegar, nunca tinha visto meu chefe tão nervoso.
Assim que terminei a perícia, dei uma carona à Sophia, ela estava abatida, tentei animá-la em vão. Assim que chegamos, Lara nos chamou e disse que tinha conseguido a imagem de uma câmera de segurança, onde o indivíduo entrava em um carro, nesse momento ela estava tentando conseguir rastrear o veículo.
Passei o dia no laboratório, a vítima lutou com o assassino e o DNA nas unhas, confirmou que era o serial killer, o corpo foi liberado no início da noite, saí da delegacia deixando uma Sophia cabisbaixa.
Cheguei em casa louca por um banho, Cris estava de bom humor e preparou uma macarronada deliciosa, conversamos um pouco e fui dar aula, como estava tranquilo, passei uma atividade para os alunos e fiquei de papo com Helena, ela estava animada e tentava me convencer a viajar com ela em janeiro, fiquei de pensar.
A verdade é que minha cabeça estava uma confusão, tinha a Cris, já tinha entrado no assunto divórcio e ela sempre se esquivava, mas a verdade é que passou da hora de resolver nossa situação. Tinha Helena que me enlouquecia com seu jeito bipolar de ser, nunca sei o que esperar dela, hoje está um amor, mas no dia seguinte parece que é outra pessoa. Tem a Lara, que é linda, inteligente, tem um beijo maravilhoso e já deixou claro que tudo depende de mim e por último tem minha doutora linda, mas de Marina não espero nada, ela já deixou bem claro o quanto ama o marido...Ah tem a Sophia....Capivara loira segundo Lara, com essa eu não crio expectativa nenhuma.
Quinta-feira, acordei cedo e Cris não estava em casa, dei de ombros e fui me arrumar, quando estava saindo, encontrei com ela chegando, bêbada e com um cigarro na mão, fiquei com ódio mortal, mas não falei nada, no caminho para o trabalho, Silvinha me ligou convidando para almoçar, disse que me pegaria, combinamos o horário, perguntei como ela estava e disse que na medida do possível bem, fazia sessões de radioterapia uma vez a cada quinze dias. Fiquei com pena da minha amiga, tranquilizei-a e disse que tudo ficaria bem. A verdade é que eu morria de medo de perder minha amiga, de nós três, Silvinha é que tem a vida “mais perfeita”, Rick é um marido maravilhoso e a apoia em tudo, as crianças ainda são pequenas, Bruno tem oito anos e Ricardinho quatro.
“Pensamento positivo Duda, ela vai ficar bem!”
Com esse pensamento estacionei o carro e quando saí, senti alguém me puxando, assustei e dei um grito.
- Calma Duda sou eu!
- Que susto Sophia! Nunca mais faça isso.
- Ei calma, é que você chegou tão linda, que não resisti.
Fiquei olhando para Sophia, vestida impecavelmente, maquiagem leve, saltos e um perfume maravilhoso, estava linda... Mas apesar de tudo, não senti arrepios e nem vontade de beijá-la, por mais atraente que estivesse, segundo Isabella minha terapeuta, eu estava em processo de cura , será mesmo?.
Virei em direção ao elevador com Sophia em meu encalço.
- Ei vai me ignorar mesmo?
- Só tenho muita coisa pra fazer. - Respondi sem olhar pra trás.
Assim que as portas abriram, Sophia entrou e ficou me olhando fixamente, como não dei atenção, ela apertou o botão de emergência e em seguida me puxou para um beijo, no início relutei, mas depois curti aquela sensação gostosa, Sophia me apertava em seus braços e tentava apalpar meu seio.
- Aqui não! Pedi ofegante.
- Vamos pro meu hotel. Pediu entre beijos.
A minha razão dizia pra negar, mas a emoção, essa grande filha da mãe gritava pra aceitar.
- Não dá, tenho muito trabalho.
Empurrei Sophia delicadamente, que me olhava sem entender nada.
Apertei o botão até o sexto andar e descemos em silêncio, Sophia seguiu em passos firmes até sua sala e eu fui tranquilamente até a minha, Lara entrou em seguida com dois copos de café e ficou me olhando de forma curiosa.
- O que foi? Que cara é essa?
- Nada Dudinha, só vi você e Sophia se pegando no elevador.
Gelei na hora como assim ela viu? Só estávamos nós duas lá dentro, tentei disfarçar, mas Lara é esperta demais.
- Eu estava olhando as câmeras do elevador e vi quando vocês entraram e como o elevador parou, fiquei preocupada...
Apesar do olhar de piedade, sabia que Lara estava mentindo.
- Preocupada... Sei...Conta outra!.
Lara deu risada, e acabou confessando que foi espionar mesmo, que sempre fazia isso.
- Quase chamei os bombeiros!
- Por que sua doida?
- Achei que Sophia estava te sufocando.
Acabei rindo também, era impossível ficar brava com Lara.
Na hora do almoço, Sophia apareceu no laboratório e fingiu que não me viu, ficou um tempão conversando com o outro perito, nem dei bola, tirei meu jaleco e saí, Silvinha estava me esperando.
- Oi Duda!
Silvinha me deu um abraço tão gostoso, não sei porque mas deu uma vontade de chorar, disfarcei as lágrimas e coloquei meu óculos de sol.
- Vamos pra onde? Estou com fome.
- Pra minha casa, deixei uma lasanha no forno.
- Ah mas não precisava vir me buscar, eu ia no meu carro.
- Não me prive desses pequenos prazeres, meus dias são monótonos, Rick leva os meninos para escola e eu vou para radioterapia e depois mais nada.
- Isso vai passar Sil, tenha fé!
Respirei fundo e tranquilizei minha amiga, fizemos planos de viajar nas nossas férias.
Almoçamos e ficamos conversando um pouco, percebi minha amiga com um olhar distante, mas não quis perguntar, tinha medo da resposta.
- Tá tudo certo para a ceia de natal você e a Cris?
- Por mim tudo bem, mas tem certeza de que a Cris também?
- Tenho sim, vai ser bom pra ela, ano passado ela passou sozinha e natal é uma festa de família.
Silvinha não existia, até com a chata da Cris ela se preocupava, prometi que traria, quando estava saindo as crianças chegaram e foi uma festa, brincamos um pouco e Bruno me fez prometer que voltaria logo para jogaram videogame.
Cheguei tarde do almoço e levei uma bronca daquelas do meu chefe, Sophia resolveu passar a tarde no laboratório exigindo um monte de coisas, não dei atenção e continuei meu trabalho.
O resto da semana passou voando, Sophia mal olhava na minha cara e eu estava gostando e melhor não sentia falta dela, falei para Cris sobre o convite de Silvinha, ela ficou emocionada, disse que ia ligar para agradecer e prometeu se comportar. Acabei falando sobre casamento de Renatinha, Cris adorou a ideia de viajar, pedi a ela que respeitasse minha família e que evitasse bebida e cigarro.
- Não sou criança Duda, sei beber e não vou dar vexame.
- Outra coisa, tia Lídia é asmática, então nada de fumar por lá.
Cris revirou os olhos e não falou nada, foi para a varanda com um copo de vinho e seu inseparável cigarro. Fiquei olhando enquanto ela tragava distraída, Cris tinha envelhecido muito nos últimos meses, parecia sentir o peso da idade, ainda era muito bonita, mas o consumo de cigarro e de bebidas todos os dias, estava acabando com ela, até sua voz estava mais rouca...Naquele momento senti pena, Cris era uma mulher de cinquenta e seis anos sem nenhuma perspectiva de vida, estava sobrevivendo a vida, fui para o escritório e liguei para Carol, expliquei a situação, disse que não tínhamos mais um casamento e que não era mais possível viver com Cris, a filha estava casada com um empresário e tinha um consultório dado pela mãe, disse que ia ver no que podia ajudar, pois a mãe tinha um gênio difícil e seria complicado viverem juntas, falei da possibilidade de alugar um apartamento para ela, Carol disse que era muito caro, e que a mãe não queria sair de São Paulo. Suspirei cansada, vi que não podia contar com a família, Felipe era um inútil e Carol indiferente, desliguei desanimada.
No sábado pela manhã fui ao parque me encontrar com Marina e para minha surpresa sua mãe estava junto.
- Que prazer revê-la Duda!
- Como vai Laís?
Marina estava linda com roupa esporte, os cabelos presos, óculos de sol e claro o sorriso que iluminava tudo. Fizemos uma caminhada e depois sentamos na sombra em frente ao lago, foi inevitável lembrar da Sophia, sacudi minha cabeça e voltei minha atenção à elas.
Laís contou que depois de trabalhar por muitos anos como funcionária pública, resolveu se aposentar depois de dois infartos, atualmente se dedicava a uma ONG na região central, sorriu e me convidou para conhecer qualquer dia desses.
- Vou sim, vocês cuidam de que?
- Mulheres em situação de risco, seja por morar nas ruas ou por viverem em lares violentos.
- Que interessante e vocês contam com algum apoio?
- Sim, algumas empresas privadas nos ajudam mensalmente e temos voluntários em várias áreas, inclusive a Marina vai sempre ajudar.
Olhei para Marina que sorria para a mãe, não sei se era impressão minha, mas senti que ela estava tensa, mas não comentei nada.
- Vou buscar água, vocês querem?
- Queremos sim. Respondeu Laís.
Assim que ela se afastou, Laís comentou:
- Hoje ela está distraída, o César volta de viagem à noite.
Fiquei sem saber o que dizer, se o marido vai voltar, ela devia ficar feliz.
- Não sei se ela comentou, mas fomos contra esse casamento, honestamente sempre achei que minha filha fosse casar com uma mulher.
Laís falou com tanta naturalidade, que acabei dando risada, estava estranhando a conversa, mas não interrompi.
- Não temos nada contra o César, é um bom rapaz, tem muito carinho pela minha filha, a trata como uma princesa...Mas Vitor e eu criamos nossos filhos livres para fazerem suas escolhas, o Samuel por exemplo, sempre quis ser bombeiro e mesmo morrendo de medo dele se machucar, sofrer algum acidente, demos total apoio, os dois anos de internato foram complicados, Vítor nessa época trabalhava em duas escolas e eu dava expediente o dia todo, com isso Marina e Fred ficavam mais soltos, pois antes desse período era o Samuel que cuidava deles.
- Mas Marina é bem resolvida...
Laís me olhou e deu um sorriso:
- Ela é sim, na adolescência ela teve a fase se apaixonar pela amiga, a bichinha sofreu tanto, quem percebeu foi o Vitor , que posteriormente me contou, chamamos nossa filha para uma conversa e ela só chorava, dizia que estava confusa, eu fiquei sem saber o que dizer, até que o pai foi categórico ao afirmar que ela era bissexual, Marina ficou receosa, com medo, mas nós a tranquilizamos, que ela podia ser o que quisesse e que estaríamos sempre ao lado dela.
- Admirável a postura de vocês, normalmente os pais são contra, minha melhor amiga foi expulsa de casa aos dezesseis anos.
- E deixar minha filha na rua? Jamais! Vitor sempre lidou muito bem com essas questões e eu também.
Fiquei admirada com Laís, segura, amorosa...Marina tinha sorte em ter pais assim, não posso reclamar dos meus, mas minha mãe passou uns meses sem falar comigo e meu pai perguntou várias vezes, se eu era feliz.
- Marina sempre sonhou em casar na praia, temos um apartamento no litoral, a praia é linda, o sonho da minha filha seria realizado, mas aí a família do César foi totalmente contra, os pais principalmente, disse que à Marina para ela ser firme, mas César soube muito bem lidar com a situação e aos poucos ela desistiu. Pra nós foi muito frustrante, Samuel ameaçou a não ir à cerimônia, disse que eram todos muito arrogantes, mas acabou cedendo.
Fiquei assimilando as informações, que família mais babaca, meu sonho sempre foi fazer uma cerimônia na praia, tinha essa ideia em mente, mas não levei adiante.
Marina voltou com as garrafinhas, estava novamente com aquele sorriso...
- O que tanto conversam?
- Falávamos de você, contei pra Duda suas aventuras de adolescência.
- Ai mãe que vergonha! Marina ficou vermelha, linda demais.
- Falei da sua paixonite pela Débora.
Achei que Marina iria achar ruim, mas não, ela achou engraçado.
- Só teve uns beijinhos e nada demais...Ela só me iludiu.
- E aí desistiu das meninas? Perguntei brincando.
- Na verdade diversifiquei, tinha mais opções. Tive uns casinhos nada demais, aí na faculdade comecei a namorar o Gabriel, minha mãe adorava ele, mas não deu certo...
- E aí foi pulando de galho em galho, cada semestre era um namorado novo!.
- O que é isso mãe? A Duda vai pensar o que?
- Que você aproveitou a vida, só isso.
- Fica tranquila Marina, a fase da faculdade é maravilhosa, tem mesmo que aproveitar.
- Acho que a Marina ficou nesse pula, pula, porque na verdade esse coração aí está atrás de uma moça linda, que vai fazê-la feliz.
- Que isso mãe, eu amo e César e somos felizes.
Marina ficou sem graça e mudamos de assunto, fomos almoçar no shopping próximo ao parque, seguimos no meu carro.
O almoço foi animado e acabei confessando que tinha a ficha de Marina e do César, achei que ela se chatearia, mas ela achou engraçado, já Laís ficou curiosa em relação ao César.
- Ficha limpa, nem multa de trânsito.
- Filho do mãe!
- Mãe! Pelo amor de Deus!
- Meu amor, você sabe que não gosto dele, seu pai sabe, a Duda sabe... Desculpa filha, é seu marido, mas não dá.
Marina ficou chateada e eu com pena dela, deve ser horrível saber que amamos uma pessoa que não é tão legal assim, tratei de mudar de assunto e comentei da falta de perspectiva da Cris, Laís disse que tinha recebido de doação duas esculturas que precisavam ser restauradas, não podia pagar um valor tão alto, mas se Cris tivesse interessada era só procurar por ela, dizendo isso entregou seu cartão.
- Nossa obrigada Laís, tenho certeza de que ela vai aceitar. Na idade dela é bem complicado.
- Ela não consegue se aposentar?
- Não sei, eu pago INSS todo mês, mas não sei quanto tempo de contribuição ela tem.
- Vê com ela, de repente ela já consegue se aposentar e fica mais tranquila e se precisar temos uma advogada previdenciária na ONG muito boa, doutora Rose.
Agradeci mais uma vez, essa conversa com Laís renovou meu ânimo, sorri para Marina, que estava feliz por mim.
Após o almoço deixei as duas na casa dos pais de Marina e fui até a casa da Silvinha, minha amiga não estava muito bem, sentia fortes enjoos e dores de cabeça, fiquei penalizada. Achei melhor deixá-la descansando com Rick e fui jogar videogame com os meninos, passamos uma tarde divertida.
Na volta pra casa, falei para Cris sobre as restaurações, expliquei que se tratava de uma ONG e o pagamento não era muito alto, mas ela se animou e ligou em seguida para Laís, ficou combinado que na segunda-feira ela começaria, fiquei feliz por ela.
Passei o domingo organizando meus livros e Cris no meus ouvidos me azucrinando, dizendo que eu tinha livros demais, que deveria doar a metade...Nem dei atenção. Durante a tarde enviei mensagens para Marina, mas não foram respondidas, deixei pra lá, ela devia estar cuidando do marido. Helena não atendeu e não respondeu minhas mensagens e de Sophia quero distância.
Perto do final do dia, Lara me chamou para um chopp e acabei aceitando, fomos a um barzinho na Augusta e quando cheguei ela me esperava com um sorriso enorme, de fato Lara é linda.
Bebemos e depois fomos comer um lanche, Lara estava tranquila, não tentou nada e não fez nenhuma insinuação, fiquei pensando que Lara seria uma namorada perfeita, linda, inteligente e parecia ter muita pegada...Mas Lara não é Sophia, nem Helena e muito menos Marina.
“Ê vida bagunçada Duda!”
Fim do capítulo
Bom fim-de-semana e se cuidem!
Comentar este capítulo:
brinamiranda
Em: 26/03/2021
Nada a ver Gaby rrsrsrsrs
A Rosa não é ruiva, a personalidade é completamente diferente...
Gabriella Herculano
Em: 26/03/2021
Marina é quase a Rosa se você pensar bem...kkkkkkkkk
Sophia é um boi sonso. Aparecia ou para fuder a vida de Duda ou para praticar o ato em si Kkkkkk. Peste.
Resposta do autor:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
[Faça o login para poder comentar]
fernandail79
Em: 26/03/2021
Oi, autora,
Onde eu encontro uma sogra como a Laís? Que senhora maneira!
Toda vez que vejo o sobrenome da Marina, não tem como não rir. Por falar nisso, muito hilário o apelido "capivara loira"! Perfeito.
A Silvinha aparece e já fico triste. :(
Aquele amasso no elevador aconteceu? :) Ousadas, hein?
Adorei o capítulo!
Resposta do autor:
Oi Fernanda,
Laís é gente boa demais!!
Esse apelido é perfeito mesmo e combina com a fulana!
Rapaz esse amasso no elevador? Elas eu não sei... Kkkkkk....
Beijos
[Faça o login para poder comentar]
brinamiranda
Em: 26/03/2021
Eita que essa Sophia não é fácil...rsrsrs tudo bem que a verdadeira Sophia também não era, demorou para chegar esse momento de não ter vontade de beija-la e de resistir aos seus encantos...
Marina é uma fofura...adoro essa ruivinha.
E Lara....ela bem merecia uma chance real...rsrrsrs mas, não mandamos em nossos corações.
beijos amiga
Resposta do autor:
Sophia é uma peste!
Marina e Lara são duas fofas!
Beijos Sá!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]