POV BEATRIZ

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   Lívia me Arrastou pela mão até o estúdio onde varias pessoas aguardavam o tal fotografo, confesso que ver aquela quantidade de pessoa me deixou insegura. Eu fiz alguns trabalhos com fotografia, mas não era nada grandioso.

-Pessoal. – Lívia falou alto chamando a atenção de todos. – O Tiago não vem mais, A Bia vai quebrar o nosso galho.

-Lívia, eu não sou tão profissional assim. – Questionei meio acuada.

-Não se preocupe, vamos fazer um teste. – Ela começou a separar os equipamentos e me entregou uma câmera. – Confie em si mesma

     Sorri e ela foi organizar as modelos, íamos fotografar pra uma marca de calçado e a campanha já estava pronta era só pegar os ângulos certos mesmo. O que real estava me preocupando era a opinião da mulher que ficou com meu portfólio, saímos tão rápido que nem vi o que ela tinha achado disso tudo.

      Passamos o resto da manhã envolvidas nas fotos, Lívia era uma pessoa incrível, e eu estava mais confortável com a situação toda. Jaqueline apareceu pelo estúdio e nos parabenizou pelo trabalho que estávamos fazendo e isso me deixou bem feliz, ela avisou Lívia que precisava sair e não retornava mais, e pediu que eu passasse na sala de Marcela antes de ir embora. Estava rezando para que ela não achasse minha atitude abusada demais, mas eu só tinha intenções de ajudar.

-Biaa, as fotos estão ficando incríveis. – Lívia veio correndo e pulou no meu pescoço. – Sabia que podia confiar em você.

-Ai que bom que você está gostando. – Sorri enquanto trocava a lente da câmera. – Eu confesso que estava com medo de não saírem boas.

-Estão lindas, e não se preocupe eu já aprovei o seu trabalho. – Ela me sacudia pelos ombros eufórica. – Garanto que minha mãe também vai gostar.

      Seria tudo pra mim ser contratada, eu gostei muito do lugar e provavelmente eu iria conseguir mostrar meus talentos. Mas não posso criar expectativas, afinal a poderosa chefona ainda estava analisando melhor o meu portfólio. Quando terminamos já passavam das duas da tarde e eu lembrei que só estava com o café da manhã. 

-Pessoal, agradeço a todos a colaboração e pelo trabalho lindo. – A galera comemorou e alguns vieram me agradecer. – Tá vendo só, não foi só eu que gostei das fotos.

-Obrigada por essa oportunidade Lívia. – A gente tinha acabado de se conhecer, mas tínhamos criando uma intimidade mutua.

-Me agradeça indo almoçar comigo, estou morta de fome. – Ela pegou a bolsa e checou o celular.

-Também estou, mas antes preciso passar na sala da Marcela. – Sorri sem humor e com um friozinho na barriga.

-Ok, enquanto te espero vou encaminhado as fotos pra edição. – Concordei e peguei minha bolsa seguindo pro elevador. – Vê se não demora.

      O elevador se abriu e eu torcia para que Marcela não me dispensasse por eu ter ido ajudar Lívia. Algo naquela mulher era intrigante demais pra mim, o pouco de tempo em que ficamos na presença uma da outra eu senti umas coisas bem estranhas.

-Alice, eu terminei as fotos com Lívia. – A mulher estava concentrada na tela do pc e sorriu pra mim quando notou minha presença.

-Vou avisar a Marcela. – Ela pegou o telefone e ligou pra sala da mulher. – Ela, está esperando você.

      Agradeci e fui em direção à sala da Marcela, bati e ouvi a autorização minha entrada, ela estava sentada com o meu portfólio aberto em cima da mesa e uma como de uísque na mão.

-Feche a porta e sente aqui, por favor. – Ela em nenhum momento olhou pra mim, fiz o que ela pediu e me aproximei. – Olha Beatriz, hoje foi um dia incomum, não costumamos entregar trabalhos a pessoas em que não temos confiança.

-Eu peço desculpas, eu realmente só queria ajudar. – Estava envergonhada, não devia ter feito isso.

-A culpa não é só sua, Lívia também é responsável. – Ela tinha uma voz arrastada que me deixava estranhamente atraída pelo som. – Mas, no fim deu tudo certo, vi algumas fotos e gostei do resultado, E de todos os entrevistados, você se destacou. Parabéns, a vaga é sua.

-Nossa. – Fiquei sem palavras, pois estava jurando que ela iria me dispensar. – Eu agradeço pela oportunidade.

-Seja bem vinda a Cyber. – Ela pegou o telefone e interfonou pedindo Alice pra cuidar dos papeis da minha contratação. – Esteja aqui amanhã as oito.

-Estarei sim, e muito obrigada novamente. – Ela acenou com a cabeça me encarou por alguns segundos e me entregou meu portfólio. –Até amanhã.

-Até amanhã senhorita Beatriz. – Ela sorriu de canto e senti um frio percorrer pela espinha, apenas por esse meio sorriso.

      Sai da sala dela com um sorriso enorme e uma sensação boa de que agora minha vida ia mudar.  Alice me parabenizou e me desejou boas vindas, eu estava explodindo de felicidade e doida pra ir pra casa pra contar ao Bernardo o que tinha acontecido. Mas antes iria almoçar com Lívia, como havíamos combinado.

-Vamos? – Encontrei Lívia no estúdio organizando as câmeras.

-Vamos, estou morrendo de fome. – Ela pegou a bolsa e saímos.

       Chegamos a um restaurante bem próximo a Cyber, fizemos os pedidos e ficamos conversando sobre a vida. Lívia me contou que tem 19 anos e que acabou de voltar de Nova York, depois de seis meses de intercambio e que pretendia voltar.  Me contou também que a mãe dela quer que ela fique no Brasil pra assumir o lugar dela na Cyber, mas ela ainda tinha que pensar nessa possibilidade.

-Mas e você Bia? Solteira? – Ela deu um gole no suco e sorriu.

-No momento sim. – Sorri de volta e dei uma garfada no meu risoto. – Relacionamentos são complicados.

-Não posso opinar, até por que eu nunca tive de fato um relacionamento. –Lívia sustentou olhar no meu. – Às vezes acho que não nasci pra isso.

-Você nunca namorou? – Questionei a ela.

-Não, nem nunca me apaixonei.

-Queria muito ser assim, maas sou intensa demais. – Ela sorriu e perguntou qual era o meu signo. – Sou canceriana!

-Sabia! Você tem cara de canceriana, talvez eu nunca me apaixonei por ser aquariana.

-Agora faz muito sentido, mas pode ter certeza que qualquer dia desses algum boyzinho aqueça esse seu coração.

-Ou boyzinha. – Ela sorriu de lado e eu ruborizei.

-Meu Deus, me desculpe Lívia. – Coloquei a mão na boca envergonhada. – Eu não tive a intenção.

-Relaxa linda, você não é obrigada a saber minha sexualidade. – Eu não tinha feito por mal. -Mas e você?

-Meu ultimo relacionamento serio foi com um homem, bem babaca por sinal. – Ela fez uma cara de deboche. – Mas eu já tive algumas experiências na faculdade.

-Haha, meu sensor não falha. – Ela fez um movimento com as mãos por cima da minha cabeça. – Foi a mesma coisa quando eu vi Marcela, e olha que eu só tinha doze anos.

Sorri sem graça e ela mudou de assunto, não era certo eu estar ali conversando sobre a sexualidade da minha nova chefe, ainda mais com a filha de uma delas.

-Linda, preciso ir. – Ela puxou a bolsa pra pagar a conta e eu fiz o mesmo. – Nos vemos amanhã, certo?

-Claro, e muito obrigado novamente pela oportunidade. – Segurei a mão dela por cima da mesa.  

-Eu quem agradeço você salvou meu dia. – Tirei algumas notas da carteira, mas ela não deixou que eu pagasse. – Fiquei ofendida, se você não deixar que eu pague pelo menos seu almoço.

-Tá bom, mas a próxima eu pago. – Nos levantamos e fomos caminhando em direção ao estúdio.

-Vamos ter vários almoços, quem sabe até um jantar. – Ela piscou e senti minhas bochechas queimarem. – Agora preciso subir Marcela com certeza está me esperando pra alguma bronca.

-Até amanhã Liv. – A abracei sem jeito e ela me deu um beijo no rosto.

        Cheguei em casa louca pra contar tudo o que tinha acontecido ao Bernardo, conversamos e falei sobre todos os detalhes, inclusive sobre o frio na barriga após conhecer minha chefe Marcela. Ele disse que a Cyber seria incrível pra minha carreira e que estava muito feliz por mim. Bernardo era quase um irmão e nós dois nos entendíamos como ninguém.

-Precisamos comemorar. – Tudo para o Bernardo era motivo de comemoração.

-Nem vem, amanha tenho que estar as oito no estúdio. – Me levantei indo ao banheiro.

-Por favor, amiga, tomamos duas cervejas e voltamos. – Ele fez suplicas com as mãos.

-Tá bom, só duas cervejas. – Ele me abraçou e eu fui pro quarto organizar minhas coisas.

Fim do capítulo