Gente,
Hoje terminamos "O primeiro clarim", agradeço a todas que acompanharam e comentaram a minha história, fico feliz que ela mesmo sendo uma verdadeira colcha de retalhos tenha dado certo. Obrigada pelo carinho e participação.
bjs, Sabrina
Capitulo 32 - ULTIMO CAPITULO - O ULTIMO CLARIM
O Café de la paix foi o local escolhido para o lançamento do livro "O primeiro clarim", a arquitetura em Belle Époque com suas cabines vermelhas, espelhos amplos e o interior ornamentado com afrescos chamava atenção pela elegância e suavidade, várias pessoas se amontoavam no café, não apenas para comprar o livro de Anna é bem verdade, mas, para provar as delícias já bastante conhecidas pelos curitibanos e visitantes, todos estavam ansiosos para degustar o famoso chocolate quente, servido com uma pequena tigela de chantilly, além de um copinho de água com gás para limpar o paladar e uma de suas famosas sobremesas. No ambiente a música "O primeiro clarim" era tocada baixinho em horas determinadas, na suavidade da voz de Marisa Monte.
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Hoje eu não quero sofrer
Hoje eu não quero chorar
Deixei a tristeza lá fora
Mandei a saudade esperar, lá, iá, lá, iá
Hoje eu não quero sofrer
Quem quiser que sofra em meu lugar
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Inês recebia os críticos literários, enquanto Anna conversava com jornalistas e fãs. Quando Sophia e Renée chegaram ladeadas por Helena e Roberta, Cuca fez questão de pessoalmente atendê-las.
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- Olá sejam bem vindas, a mesa para quatro já está pronta, mas, por que não trouxeram o pequeno Bernardo?.
- Ah, esse lugar é um espetáculo para um pequeno desbravador, imagine todos esses cristais indo ao chão?. - Falou Helena rindo e lembrando que tudo em sua casa tinha que ficar bem distante dos olhos e principalmente das mãos do menino.
- Você está exagerando, ele não é tão agitado assim...
- Quer levar para passar uns dias com vocês?.
- Não agradeço, eu e Anna estamos reformando nossa casa e não temos tempo, mas, vamos...vou acomodar vocês... - Inês falou desconversando.
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Sophia sentou com suas mulheres como costumava chamar a todas e percebeu que ao seu lado estavam Vanessa e Rafaella, os anos pareciam não passar para Vanessa, já Rafaella apresentava levemente no rosto as marcas do tempo e do sofrimento, mas, também se percebia que eram felizes e agradecidas pela oportunidade de estarem juntas.
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- Oi Rafaella...Vanessa...pelo visto somos vizinhas de mesa, e como está o sobrinho?.
- Donatello foi ao banheiro, quando voltar faço questão de apresentar, olha, ele está vindo...
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Sophia olhou em direção ao menino de cabelos dourados encaracolados e lindos olhos azuis da cor do céu.
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- Donatello, venha conhecer umas amigas da sua tia...
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O menino mesmo de forma tímida acenou, avisando que daqui a pouco tocaria "O primeiro clarim" no piano, depois sentou de forma educada chamando a garçonete.
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- Senhorita, por favor me traga o "Café Gourmand".
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Rafaella sorriu e explicou, "ele sempre foi assim, um verdadeiro cavalheiro". Sophia sorriu em aprovação perguntando.
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- Querido, o que vem nesse café?.
- Ele é maravilhoso, é um prato de mini sobremesas acompanhado de um cafezinho com leite no meu caso, vem com um bolinho, chocolate e um sorvete a sua escolha, e claro, o café.
- Donatello, quantos anos vocês tem?.
- Sete...agora com licença que minha sobremesa chegou.
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O menino voltou a ser criança ao olhar as delícias que estavam em sua frente, mas, se deu conta que estava cercado de mulheres e de uma forma cavalheira ofereceu. "Servidas?", com a negação voltou a se concentrar na sobremesa, quando terminou pediu um água e saiu para lavar as mãos, encaminhando-se ao piano, deixando que a voz infantil tomasse conta do ambiente.
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Quero me afogar em serpentinas
Quando ouvir
O primeiro clarim tocar
Quero ver milhões de colombinas
A cantar
Lá, iá, lá... lá, iá, lá
Quero me perder de mão em mão
Quero ser ninguém na multidão
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Ao ver a movimentação no café, Anna se aproximou de Inês com o sorriso no rosto.
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- Obrigada meu amor, esse sucesso todo você sabe, eu devo a você...
- Eu que tenho que agradecer meu bem, você tirou de dentro do meu peito uma ferida que nunca fechava, eu não sei te explicar o que causou tamanha mudança em mim, só sei que nunca fui tão feliz depois que cruzamos naquele barco. - Falou a Cuca em pleno ato falho.
- Barco?, nos conhecemos em um hotel...não lembra mais meu bem?.
- Anna, nós precisamos conversar...eu posso ir e voltar no tempo, como você queria me conhecer em uma outra ocasião eu dei um jeito...e...
- Não me importa, você vai me deixar?. - Anna falou com um biquinho pronto para chorar.
- Não, de forma alguma...sei que esse nem era o momento adequado para conversar sobre isso, acho que estou com essa tal crise de ansiedade que os seres humanos falam tanto. Bom, o fato é aproveitei minha falha e te contei porque quero estar contigo sem ressalvas, quero que conheça meus amigos. Anna, existe um mundo mágico convivendo entre as pessoas ditas comuns...eu sou uma encantada, fiquei presa entre os dois mundos em um estado de quase morta...ou meio viva, se é que me entende.
- Você disse uma vez...é a Cuca, não é mesmo?.
- E você nunca acreditou...
- A Cuca para mim sempre foi uma jacaré, com seu rabo verde, dentes enormes e cabelos loiros, não essa mulher linda que está na minha frente.
- Sim, você está fixada na Cuca criada pelo Monteiro Lobato, mas, eu posso me transformar em qualquer animal...no entanto, desde que te conheci, eu cansei disso, sabe?, enfim, posso abrir mão da minha imortalidade, da minha magia e viver uma vida totalmente humana ao seu lado...eu sei que tem um ritual a ser feito, só que esqueceria de tudo...você não quer registrar essas histórias todas antes que eu a esqueça?.
- Inês, você tem certeza do que está querendo fazer?.
- Sim, mas, antes tenho uma missão para concluir, fica ai, recebe os convidados, eu volto, no mundo espiritual o tempo é relativo...
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Antes de sair Inês sentiu um braço lhe segurando.
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- Vanessa?.
- Eu sei o que vai fazer agora, vou com você...
- De jeito algum, você está em um corpo de carne, está mais frágil, você sabe a trabalheira que tive para ficar assim?, então, nem pense nisso mocinha, não vai estragar meu trabalho, se acontecer alguma coisa no umbral, você vai desintegrar na mesma hora, tem noção?, então, eu agradeço, sei de coração que continua a mesma pessoa boa e dedicada, mas, não precisa se arriscar, eu vou sozinha...
- Obrigada Inês, eu devo tudo a você, mas, eu vi o escudo que fez ao seu redor, me deixa ir com você, eu quero ajudar.
- Agora não tenho tempo para discutir, vai lá Vanessa, sua mulher está te esperando, pensa um pouquinho em você, lembra que eu ainda não sou totalmente humana, aliás, quero vir a ser e nessa ocasião vou precisar de você.
- Tudo bem, boa sorte!.
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A Cuca saiu deixando uma pequena borboleta de luz na mão de Anna, que logo se desintegrou, a escritora sorriu e voltou a atender seus convidados. Não demorou e Inês chegou ao umbral como uma borboleta azul, mas, voltando quase que automaticamente a sua forma humana, abriu os grandes olhos negros e suspirou fundo quando percebeu que estava em frente a um enorme templo denominado de "7 Pecados", o espaço era dividido em sete ambientes, nem foi preciso pensar muito para se encaminhar até a boate Luxúria.
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- Olá Cris...
- Inês, veio se divertir um pouquinho aqui agora que sei que prefere as meninas também?.
- Guarde sua ironia para você que aliás sabe muito bem que eu vim te resgatar.
- Ora, mas, não seja ingênua...tenho tudo o que quero aqui...se sinto fome vou ao restaurante "A Gula", se preciso dormir vou no "Hotel Preguiça", se preciso lutar e tirar minhas tenções vou a "Academia de lutas Ira", e se preciso de sex* venho a "Boate Luxúria", o que mais preciso além disso?. Claro que eu poderia falar dos outros ambientes, mas, esses são os meus pecados preferidos.
- Entendo...mas, eu quero te ajudar existe um mundo espiritual bem melhor do que esse aqui, tudo isso é transitório, vai chegar um momento que vai se sentir vazia, sabe?, a Vanessa também queria vir, mas, ela está com um corpo físico então preferi não arriscar.
- É estou sabendo dessa escolha dela...uma loucura, mas, cada um é cada um, aconselho a voltar de onde veio, não estou disposta a abrir mão desse paraíso.
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Inês foi rápida, adormeceu Cris e a fez revisitar uma a uma todas as dores que tinha passado, promovendo um encontro com cada alma que a tinha magoado em sua vida, os pedidos de perdão era sempre carregados de forte emoção, e faziam com que o coração da loira fosse se tornando cada vez mais leve, era como se cascas de energia enrijecidas pelo tempo caíssem como lascas de árvores apodrecidas. Depois que Cris se recuperou Inês a levou para se desculpar com suas vítimas, e para sua surpresa a maior parte das mulheres concedeu o perdão, não porque Cris merecesse, mas, porque queriam se livrar do peso do ódio que carregaram.
E nesse clima de perdão Cris retornou a boate ao lado de Inês.
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- Então, como está se sentindo?.
- Bem melhor, mais leve...obrigada Inês.
- Então, vamos?.
- Sinto muito, mas, sou feliz aqui, é fato, essa é a vida que escolhi Inês, não vou sair daqui enquanto não sentir vontade, mande um abraço a Vanessa, agradeça tudo o que ela fez por mim...obrigada por tentar.
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Cris virou as coisas pediu um drink e saiu em busca de uma ruiva de olhar agateado que passou sorrindo por ela, ao mesmo tempo que pensou "Ah Cristina, você é incorrigível".
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Inês voltou conformada, abraçou Anna, sorriu e falou.
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- Anna, quer saber?, vamos deixar tudo como está, pois a felicidade está em aceitar quem somos e como vivemos.
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A Cucas sorriu aberto, saiu e voltou rapidamente vestida de Colombina, enquanto confetes e serpentinas mágicas invadiram o ambiente caindo do teto e se dissolvendo ao cair no chão, enquanto a música tocava pelo ambiente.
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Hoje eu não quero sofrer
Hoje eu não quero chorar
Deixei a tristeza lá fora
Mandei a saudade esperar, lá, iá, lá, iá
Hoje eu não quero sofrer
Quem quiser que sofra em meu lugar
Quero me afogar em serpentinas
Quando ouvir
O primeiro clarim tocar
Quero ver milhões de colombinas
A cantar
Lá, iá, lá... lá, iá, lá
Quero me perder de mão em mão
Quero ser ninguém na multidão
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https://www.youtube.com/watch?v=MjLDRRC9FEo
Fim do capítulo
Confesso que já estou com saudade das minhas meninas...
Novamente obrigada meninas, espero que gostem do último capítulo.
Comentar este capítulo:
Lea
Em: 19/01/2022
Uma coisa ficou pendente: a sobrinha da Renée. Você resolveu fazer como na vida real,que muitas crianças desaparem e nunca são encontradas??
Fiquei curiosa.
Resposta do autor:
Bom dia Lea, obrigada por seus comentários, eu pesquisei na delegacia e fiquei encantada com o trabalho da polícia. Te respondo com calma em casa, estou viajando, por isso a demora em responder um abraço
HelOliveira
Em: 24/03/2021
Perfeito o final, vindo de vc não poderia esperar outra coisa, foi linda do começo ao fim....
Suas meninas que se tornaram nossas vão deixar saudades. Mas a minha paixão é Van.
E só pra finalizar Cris sendo Cris né....kk
Parabéns e até a proxima bjo
Resposta do autor:
Obrigada mesmo por ter acompanhado essa história...Van vai me deixar saudades da sua leveza e bondade...
Cris seguiu exatamente como ela era....rsrsrs não podia ser diferente...
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kasvattaja Forty-Nine
Em: 24/03/2021
Olá! Tudo bem?
Contente por você ter terminado sua história.
É chato, muito chato, extremante chato você começar a ler, empolgar-se com o que está sendo escrito e, de repente, quem escreve sumir, desaparecer, escafeder-se. Parabéns por você ter caminhado até o fim com sua história.
Quanto ao final desse livro — pelo que li nos comentários — não sei se iria gostar. Acredito que faria parte das ''viúvas choronas'': adoro finais ''sessão da tarde'', ''água com açúcar''...
''Sogni insieme
Oggi come allora
Come il primo giorno
È noi due per sempre''
Fazer o que: essa sou eu, eu sou essa.
É isso!
Post Scriptum:
''Felicidade é como uma borboleta: quanto mais você tenta apanhá-la, mais ela se afasta de você. Mas se você dirigir sua atenção para outras coisas, ela virá e pousará suavemente no seu ombro.''
Henry David Thoreau,
Autor Estadunidense, Poeta, Naturalista, Pesquisador, Historiador, Filósofo E Transcendentalista.
Resposta do autor:
Olá,
Olha eu concordo plenamente com você, imagina você começa uma história, se empolga e o autor não volta...tem gente que leva meses de um capítulo para o outro, eu deixo pra lá, por que não tenho paciência...rsrsrs.
O final foi feliz, mas, tem uma personagem totalmente psicopata, ela no final preferiu ficar no umbral, se sentia bem por lá, então o final foi feliz a sua maneira...escolhas, não é?.
Segue ai que em breve tem história novinha.
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Lara Lefevre
Em: 23/03/2021
Bri,
Escreve uma história comigo?. Topa?.
bj lindona.
Resposta do autor:
quem sabe Lalinha...bjsss
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brinamiranda Autora da história
Em: 23/03/2021
Obrigada a vocês meninas por acompanharem e comentarem essa história.
beijos e a gente se vê na próxima.
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florakferraro
Em: 23/03/2021
Sabrininha,
Sua gata literária, queria agradecer por mais um livro muito fofo.
Obrigada por finalizar a história da Cris, quer saber?, ela está certa, tem que ficar como e onde ela se sente bem, mania que as pessoas tem que todo personagem funcione bem quadradinho como se a vida fosse assim, amo a Cris com seus defeitos, ela é linda.
beijos beijos beijos.
ps quando a sua flor vai liberar para o próximo livro? kakakakakak
Resposta do autor:
Obrigada por acompanhar e gostar da história, principalmente por entender o final da Cris e curtir.
Valeu por acompanhar o Clarim.
beijos
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Gabi2020
Em: 23/03/2021
Oi Sá!
Que história maravilhosaaaa... Amei!!
Parabéns por esse projeto e que venham outros.
Beijos
Resposta do autor:
Minha amiga,
Obrigada por segui comigo até o fim, fico feliz que tenha gostado, é como falei por uma colcha de retalhos que deu certo...rsrsrsrs.
Agora estou de férias só para curtir a minha pequena e trabalhar igual um camelo. Mas, depois de um tempo regularmentar quem sabe??.
bjs
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Gabriella Herculano
Em: 23/03/2021
Minha amiga Bri, como vou ficar sem a Vanessa e PRINCIPALMENTE sem a Cuca?.
Aí amiga não demora para escrever não, vou ficar órfã da sua escrita?. Ninguém merece, cadê aquelas cartas na manga que sei que você tem? Kkk?.
Eu AMEEEEEEEI o final da Cris...CHUPAAAAAAA quem apostava em uma mudança k?kkkkkkkk
Bjs
Resposta do autor:
Amiga,
Quem sabe elas não voltam em contos? rsrsrsrs....
Ah, fico feliz que tenha gostado dessa história, que bom que acompanhou.
bjs
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Lara Lefevre
Em: 23/03/2021
Sá, eu não gostei, EU AMEI esse final, que tirada maravilhosa o final da Cris, achei bem coerente, agora as viúvas O CHORO É LIVRE kkk?? como diz Gaby podem chorar largadas.
Parabéns e obrigada por compartilhar um pouco do seu talento.
Beijos
Resposta do autor:
Ai Lara, só vocês mesmo, viu?. Tem razão, o choro é opcional e livre rsrsrsrs.
Obrigada por comentar, bjs
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