Luz e Escuridão por Thaa
Capitulo 4
Capítulo 4
— Seja quem for pode ir embora. Não necessito de ninguém nesta casa.
Samantha sentiu um arrepio na espinha ao ouvir a voz grave da linda mulher.
— Samantha? — Roman chamou. Samantha estava sem voz. — Esta é a Alessandra.
Sim, sabia perfeitamente quem era ela.
Alessandra apenas se matinha em silêncio. Piscou. Podia sentir o cheiro do perfume suave da mulher sem rosto.
— Sim...
Samantha a fitou mais de perto.
Seu coração doeu.
Fora a causadora de toda a desgraça na vida daquela mulher. Se ela um dia soubesse quem era iria lhe odiar. Deveria ir embora imediatamente. Sair dali. Ir para bem longe daquela mulher.
— Podes ir embora.
Alessandra ordenou.
Samantha se assustou e sentiu um arrepio na espinha ao ouvir a voz baixa, rouca, carregada de um sotaque grego. Mesmo sem querer deu um passo à frente e seu coração e a razão lhe mandavam ir embora dali urgentemente, mas havia uma força maior, uma razão mais forte que lhe fizeram permanecer.
— Ir embora?
Ela falou num fio de voz.
Estava confusa.
Roman deu alguns passos até ela e cochichou em seu ouvido: “desculpa por não ter te falado como era ela...mas preciso que aceite o trabalho, Samantha. Será bem paga. A Alessandra acha que pode viver só aqui, mas ela não pode enxergar, então não pode viver só. Ela está inválida, como pode ver, mas mesmo assim insiste em viver sozinha aqui.”
Samantha ainda estava em choque. Não conseguia assimilar o fato de que Alessandra era a mesma mulher a quem havia cegado.
— E mesmo que ela não me queira eu vou ficar aqui?
— Sim, porque na realidade você estará trabalhando para Ariela, não para Alessandra. Por favor...essa mulher já mandou todas as outras moças embora, mas você eu acho que tem pulso firme para lidar com Alessandra.
Samantha suspirou.
Sua vontade era de sair correndo dali.
— Por que acha que consigo lidar com ela?
— Tenho certeza de que dentro da prisão você já conviveu com mulheres bem piores do que Alessandra Katsaros.
— Ora, Roman...isso aqui é completamente diferente de tudo que já vivi.
— Por favor, mesmo que não queira a Alessandra precisa de alguém. Ela vai morrer se ficar sozinha aqui e...no fundo eu acho que é isso que ela deseja: a morte!
Eles falavam em sussurros.
Samantha fitou a bela milionária.
Não soube explicar o porquê, mas queria ficar naquele emprego, não apenas pelo fato de que precisava, mas porque algo dentro de si pedia por isso. Queria saber como era a vida da mulher a quem havia cegado.
— Eu não sei se conseguirei...
— Se você pensar que estará trabalhando para a dona Ariela, não para Alessandra, tudo ficará bem mais fácil.
Roman ouviu o celular tocar e pediu licença para atender. Em segundos ele regressou para junto das duas mulheres.
— Já foram embora de minha casa?! — A empresária exclamou.
— Dona Alessandra, eu sinto muito, mas as ordens são da dona Ariela.
— A tua patroa não manda nesta casa, Roman. Aqui quem manda sou eu.
Falou com muita raiva.
A mulher parecia um animal selvagem.
— Samantha, preciso ir até o aeroporto. Meu sobrinho vem hoje da Grécia e preciso ir buscá-lo. E, se eu não vier te buscar em duas horas, mandarei um táxi.
Com um olhar de desespero Samantha o encarou.
“Por favor, não me deixe aqui com essa mulher”, pensou, aflita.
— Tudo bem?
Roman insistiu.
Ele não sabia a saia justa na qual havia colocado Samantha.
— Tudo.
Roman sorriu e deixou a casa.
As duas ficaram sozinhas.
Por um determinado tempo o silêncio predominou entre elas. Nenhuma das duas falou qualquer coisa. Até que Alessandra deu as costas para Samantha, que tentou ajudá-la.
— Não me toque. — Falou bruscamente e puxou o braço. — Quem te deu permissão para me tocar?
— Desculpe, eu... só quis ajudar.
— Por acaso achas que não conheço a minha própria casa? — Disse, parando e olhando na direção dela.
Samantha a encarou. Como uma mulher podia ser tão linda e arrogante? Pensou.
— Não é isso...
— O quê então?
— Como já lhe disse, só quis ajudar.
— Não te chamei aqui e muito menos preciso de uma estranha para ser minha babá. — Falou em tom puramente arrogante e debochado.
— Eu sei que não... afinal, nem sei por que estou aqui. — Parou perto dela. Era alguns centímetros mais baixa do que Alessandra e também alguns anos mais velha. A empresária devia ter uns 28 a 29 anos de idade.
Samantha já tinha 36 anos.
— Nesta casa não preciso de ninguém, nem muito menos de ti, uma completa estranha. — Falou orgulhosamente.
Samantha suspirou.
Não sabia o que ainda lhe impedia de ir embora dali imediatamente!
Alessandra passou tão distraída por um cômodo que acabou por derrubar sua bengala. Sem nada ver ficou tentando achá-la.
Samantha meneou a cabeça.
— Vais me ajudar ou ficar aí parada feito uma idiota?
Impaciente, Samantha se abaixou para pegar a bengala. Andou até ela e lhe segurou a mão, colocando-a sobre a bengala.
Alessandra sentiu o toque da mão macia sobre a sua...o perfume suave dela ficou ainda mais perceptível.
— Achei que não precisasse de mim...— falou bem pertinho dela, provocando-a.
Aquela proximidade causou uma fúria efusiva em Alessandra.
Ela estreitou os lindos olhos.
— Você é muito é atrevidazinha e petulante.
— Tem certeza de que você consegue?
— Tenho. Não preciso de sua pena. — Falou em tom sarcástico.
— E quem disse que estou com pena de você? Vejo que é uma mulher poderosa e não precisa disso.
Alessandra não respondeu mais nada.
Aquela mulher inútil já estava lhe enchendo a paciência e sua paciência tinha limites.
Apenas andou bruscamente na frente dela e entrou no escritório. Foi até a escrivaninha e sentou na cadeira que havia atrás.
Samantha apenas ficou olhando para a bela mulher.
Para o perfil forte.
A expressão sempre fechada, carregada, carrancuda.
Sam fechou os olhos por um momento. Precisava ir embora. Dizer que não ficaria. Que não iria ficar. Como conseguiria olhar para a cara daquela mulher todos os dias sabendo do que fez. Sabendo que a cegara e que matara a esposa dela, bem como a criança que ela trazia no ventre.
Como?
Não conseguiria!
Jamais!
Olhou para ela e não conseguiu sair. Podia ver a dor naqueles olhos negros...a expressão de abandono. Sentiu pena dela. Não conseguiu ir embora. Apenas isso.
— Certo! Qual será o meu trabalho?
Alessandra franziu o cenho.
— Nenhum. Não preciso de ti aqui. — Ironizou.
Samantha estava agoniada com aquela escuridão toda dentro daquele cômodo.
Gostava de luz!
— Bom, levando em consideração que estou trabalhando para a dona Ariela...
Nem conhecia essa “dona Ariela”.
— Escute — colocou a bengala de lado e baixou o tom de voz — , a Ariela está fazendo isso apenas para me desafiar. Posso te pagar bem mais para sumir desta casa e nunca mais voltar. — Sentou majestosamente na cadeira. — Então, o que me diz? — Franziu o cenho de modo maquiavélico.
Samantha a olhava perplexa, enquanto ouvia a voz em tom quase diabólico.
— Não... não posso aceitar.
Disse e viu o belo rosto transfigurado de ódio incontido.
— Não a quero aqui. Não a desejo nesta casa. Sua presença aqui não é bem-vinda. Você deveria estar bem longe daqui. Se ficar garanto que se arrependerá amargamente de suas decisões. — Apontou-lhe o dedo.
Samantha respirou fundo.
Ela parecia uma criança mimada.
— Ficarei!
Foi só o que disse e viu o olhar escandalizado da bela mulher.
Apenas a olhava com um grande peso no coração.
O que fizera àquela mulher, Deus?
Alessandra estava em silêncio. Parecia maquinar alguma coisa em sua mente perturbada. Tinha de arranjar um jeito de fazer aquela mulher ir embora dali. Sumir de sua casa de uma vez por todas. A vontade que tinha era de pegar Ariela pelo pescoço e apertar aquele belo pescocinho até ver a vida se esvaziar por seus belos olhos.
Como ela ousava passar por cima das suas ordens?
Como ela ousava lhe enfrentar?
Desafiar-lhe?
Como ela fora capaz de mandar aquela mulherzinha para viver sob o mesmo tento que si?
Como ousava se intrometer na sua solidão?
Desgraçada!
Maldita um milhão de vezes!
Precisava se livrar daquela mulher!
Urgentemente!
O cheiro do perfume dela também lhe irritava profundamente.
Passou uma das mãos pelos cabelos negros.
Respirou fundo!
Agoniada!
O silêncio se alargava pelas escuras paredes daquela venerável mansão. Não havia nem um som insigne... sequer um ruído. Tudo parecia tão frio e solitário, igual a frieza que via presente nos olhos negros e reluzentes daquela mulher. Aquela biblioteca era ainda mais escura do que os outros cômodos daquela propriedade que datava de anos antigos. As paredes monumentais eram repletas de empoeirados exemplares. Alguns até mesmo datavam do século XVII. Havia móveis de mongo, como a grande mesa de madeira negra, na qual ela se sentava majestosamente diante. Fitou-lhe o rosto bonito e de traços delicados, sutis, mas a expressão era forte, carregada. O nariz era afilado, os lábios carnudos e tão vermelhos quanto uma delicada cereja. Os cabelos eram longos, lisos, lhe faziam lembrar do próprio ébano...os fios escorridos molduravam um rosto lindo...a pose era senhoril, nobre, aristocrática. Ela agia como se fosse a dona do mundo, a dona de tudo e de todos. Os olhos eram negros, solenes, substanciais, frios...
Era um ser lindo!
Jamais imaginara que a herdeira de Alessandro fosse assim tão bela de perto.
Samantha passou uma das mãos pelos finos cabelos dourados... tão finos que poderiam ser comparados ao mais caro ouro. Estava eufórica, nervosa. Seu estômago embrulhava toda vez que olhava para aquela mulher e se recordava do que havia feito.
Destruíra a vida dela!
Nenhuma cadeia no mundo seria capaz de lhe tirar aquele peso dos ombros.
— Você vai me mostrar a casa? — perguntou a fitando, porém, a resposta que recebera fora um maxilar rígido e um par de olhos semicerrados, cheios de fúria contida.
— Eu desejo que você suma daqui.
Samantha já estava perdendo a paciência.
— Bom, levando em consideração que não trabalho para você. Vou tratar de conhecer a casa sozinha.
— Você é muito é atrevida!
A empresária retrucou de maneira irascível.
— Ah, por favor!
Dito isso deixou Alessandra e saiu da biblioteca. Estava quase sem respirar.
Seu rosto ardia, parecia em chamas crepitantes.
“Samantha, vai embora!”
“Vai embora, enquanto é cedo”.
“Se um dia essa mulher descobrir o que você fez aí sim você estará completamente ferrada!”
Mas havia um razão mais forte que não a deixava ir!
Alessandra não saiu da biblioteca o dia inteiro.
A impertinente presença daquela mulherzinha dentro de sua casa já estava lhe deixando mais do que irritada. Podia sentir a presença inoportuna da intrusa por todo o lugar. O perfume dela parecia ter ficado impregnado em suas narinas. Queria matar Ariela com as suas próprias mãos. Aquela inútil! Como ela ousava fazer aquilo consigo? Colocar uma miserável desconhecida dentro de sua casa!
Semicerrou os olhos.
Passou uma das mãos pelos cabelos sentindo os fios sedosos lhe escorregando por entre os dedos longos e bonitos.
Respirou fundo.
Fechou o punho e o bateu forte na escrivaninha.
Samanta olhou de baixo para a longa escadaria de mármore branco que enfeitava a espaçosa sala da mansão. Estava tentando se antenar naquela casa tão grande. A maioria das coisas estavam empoeiradas, em que pese tudo estivesse no lugar. Subiu a longa escadaria e de repente se viu em um estreito corredor repleto de quadros antigos...eram quadros de pintores gregos. Aquelas obras deveriam custar um bom dinheiro. Havia muitas portas no corredor, certamente, eram quartos.
Samantha tocou em uma maçaneta empoeirada e abriu a porta branca. Do lado de dentro se deparou com um lindo quarto onde tudo era rosa... havia um berço, cortinas rosas, brinquedos... tudo rosa...mais uma vez fora acometida por aquele terrível sentimento de culpa.
Tinha certeza de que aquele quarto era da bebê...
Angustiada, saiu e fechou a porta do quarto.
Há tempos ninguém parecia tocar ali.
Ariela dirigia pela avenida movimentada. Hoje passara o dia inteiro em reuniões e conferências. O petróleo estava prestes a ser vendido para a refinaria e nesses dias eram sempre muito corridos. Sua cabeça latej*v*. Alguém parecia estar esmagando o seu cérebro.
Pensou em Alessandra.
A amiga lhe parecia irreconhecível.
Já não era mais aquele anjo que um dia conhecera.
Ela se transformara em uma outra pessoa, definitivamente.
Apertou as mãos no volante.
Suspirou.
Esperava que a pessoa que Roman arrumou suportasse o temperamento nada trivial de sua amiga.
Alessandra pegou a bengala.
Levantou!
Desejava que aquela mulherzinha já tivesse ido embora.
Sumido de sua casa!
Deixou a biblioteca e fora em direção da escadaria. Desejava tomar um banho e deitar em sua cama.
Samantha lavou as mãos.
Passara o restante da tarde conhecendo a enorme casa.
Aquele lugar era muito grande, poderia ser lindo, se não tivesse em estado de total abandono.
Já sabia bem qual seria o seu dever ali... empregada doméstica e um pouco mais que isso.
Que ironia!
De uma ilustre Oftalmologista a empregada doméstica.
Suspirou.
Será que suportaria lidar com a arrogante Alessandra Katsaros?
Até quando?
Mas também sabia que sua situação e de sua família não era das melhores. Então, precisava sim daquele emprego.
Com esse pensamento, começou a preparar um jantar para a “patroa”. Já havia tratado de conhecer a cozinha por inteiro. Tudo estava ao seu alcance e faria um jantar sim para aquela mulher.
Alessandra deixou o banheiro e vestiu um robe preto. Amarrou o laço na cintura e um decote ficou entreaberto deixando à mostra parte dos seios fartos e belos. Os cabelos negros estavam soltos... úmidos... algumas gotas de água lhe escorriam pelo belo rosto. Calçou uma sandália vermelha, tipo havaianas e pegou a bengala. Deixou o quarto e seguiu escadaria abaixo. No piso inferior, ouviu ruídos vindos da cozinha. Estressada, fora até ali. Sabia que ela, a intrusa que ousara importunar o seu santuário de paz.
— O que fazes aqui ainda?
Samantha se assustou ao ver a figura da bela mulher parada no vão da porta da cozinha segurando a bengala.
Fitou-a!
Por que sempre vestia preto?
Parecia algo sombrio.
— Nossa! Que susto! — Levou a mão ao coração.
— Disse para ires embora.
O tom de voz era baixo, rouco, mas não deixava de ser autoritário.
— Só estou preparando o seu jantar.
Alessandra deu alguns passos à frente. Tateou o cheiro dela e conseguiu encontrá-la. Segurou-lhe o braço e a trouxe para junto de si. Sentiu o cheiro suave ainda mais incisivo. Por um momento os cabelos dela tocaram seu rosto, deixando um cheiro de frutas vermelhas para trás.
Os corpos se tocaram pela primeira vez.
Samantha a fitou mais de perto notando que ela parecia ainda mais linda e perversa.
— Quanto ela está te pagando? Eu posso te pagar muito mais para você sumir daqui. — Sussurrou no ouvido de Sam.
— Me solta. — Tentou puxar o braço.
— Te dou cinquenta mil para você não pisar mais os pés nesta casa.
Samantha se soltou, pois aquela proximidade estava lhe incomodando e muito.
Fitou-lhe os lindos lábios vermelhos... úmidos... pareciam uma rosa desabrochando.
Inalou o cheiro do perfume dela...era uma fragrância divina, maravilhosa.
Os lábios praticamente colados em seu ouvido lhe causaram um arrepio incômodo.
— Não quero.
Samantha respirou fundo e foi tirar a chaleira do fogo para colocar o café na garrafa.
— Diga-me...— a voz grave soou mais baixa do que o normal. — Quanto ela está te pagando? — Insistia.
— Não sei quanto ela está me pagando.
— Você não passa de uma desclassificada. — Humilhou impiedosamente.
Samantha a encarou já no limite da paciência.
— Não sou obrigada a ouvir sua maquinações.
— Então suma desta casa! Não me importune mais!
— E se eu não quiser sumir? — Desafiou-a. — Seu jantar já está pronto. Se quiser pode sentar para comer ou então dormir com fome.
A empresária a fuzilou com o olhar.
— E então, como vai ser? Vai comer?
Alessandra teve ganas daquela petulante.
Samantha passou por perto de Alessandra e mais uma vez a bela morena sentiu o cheiro suave do perfume dela.
Irritou-se!
— Você por acaso sabe o que gosto de comer, dona Samantha? — Franziu o cenho de modo debochado.
— Não...
— Eu gosto de comer muitas coisas, algumas até afrodisíacas...— disse em tom de deboche.
Samantha ficou muito sem jeito e vermelha.
— Eu fiz o melhor que pude...
— E então, Roman?
Ariela perguntava, preocupada.
— Eu não sei como andam as coisas dentro daquela casa, senhora, mas deixei a pessoa que arrumei com a senhora Alessandra.
Ariela deu um suspiro.
— Que Deus abençoe a mulher que você arranjou para trabalhar na casa de Alessandra.
— Não vai sentar? Não coloquei veneno na sua comida.
Alessandra torceu o nariz.
Estava com fome. Não comera nada o dia inteiro.
— Você é muito engraçadinha. — Sentou à mesa.
Samantha apenas a ficou olhando fixamente.
— Por que me olhas? Achas que não posso sentir?
— Você não consegue enxergar nada mesmo? Posso ver seus olhos?
Alessandra ficou em silêncio, depois respondeu.
— Não. Achas que se eu conseguisse enxergar alguma coisa eu estaria andando para lá e para cá com uma bengala?
Samantha se aproximou um pouco mais dela.
— Você quer que eu coloque a sua comida?
Alessandra ouviu a voz melodiosa, mansa.
— Não será necessário. — Ergueu o queixo.
— Como consegue andar sozinha por dentro desta casa? Ela é extremamente grande.
— Você faz muitas perguntas. — Samantha ficou muito sem jeito. — Acho que o teu marido não te aguenta.
— Eu...na verdade eu não tenho marido...— Falou, sem jeito.
Alessandra a ignorou. Apenas ficou comendo em silêncio.
— Amanhã não necessito de que volte mais. — Disse se levantando ao acabar de comer.— Posso lhe pagar um bom preço para que não venha mais a esta casa.
Samantha encarou a figura alta. Os olhos negros eram desafiadores, mas também havia neles alguma tristeza e dor. Outra vez fora tomada por aquele sentimento de culpa, de remorso.
— Eu...
— Não desejo que volte. É apenas isso. Deixe-me aqui...
Samantha morreu de pena. Deu-lhe uma vontade de abraçá-la. O tempo todo se sentia culpada. Isso era terrível.
— Você me ouviu, dona Samantha?
Samantha se aproximou um pouco mais dela e a fitou bem de pertinho. Ela era linda demais. Pegou um guardanapo e passou por perto dos lábios dela.
Alessandra ficou paralisada. Inclinou a cabeça para o lado de Samantha e ficou apenas em silêncio, enquanto a sentia limpar delicadamente perto de seus lábios.
— É... estava meio sujo do lado da teus lábios...
Samantha deu um sorriso doce e engraçado ao fitar os lindos e delicados lábios vermelhos dela.
— Qual a graça, dona Samantha? — Perguntou, de olhos semicerrados. — Amanhã não volte mais a esta casa.
— Eu não posso fazer isso...você precisa de alguém, Alessandra...
— Mas esse alguém não é você....
— Alessandra...
Alessandra ouviu seu nome ser pronunciado com doçura e se irritou ainda mais com isso. Por um momento teve curiosidade de saber quem era ela...como era aquela mulher, mas logo tratou de dissipar esse pensamento de sua mente.
— Não preciso que volte, dona Samantha.
Dito isso Alessandra deixou a cozinha e sumiu em meio à escuridão.
Já era quase noite, quando Samantha deixou a imponente mansão.
Ficou do lado de fora aguardando o táxi que havia chamado. Olhou ao seu redor. Aquela casa lhe dava pavor e a dona dela também. Tudo ali parecia precisar de luz. De sol. Olhou para o céu azul. Alguns pássaros sobrevoavam. O sol brilhava soberano, apesar de já ser cinco da tarde. Perguntava-se se deveria ter aceitado aquele emprego. Sua cabeça martelava fortemente. Como podia trabalhar para a mulher a quem destruíra a vida? Matara a esposa dela. O amor da vida dela. A filha que ela tanto esperava. Não sabia se conseguiria lidar com isso por muito tempo. E se um dia aquela mulher descobrisse? Sacudiu a cabeça negativamente. Não gostaria de pensar nisso. Saber que fora a causadora da destruição da vida de Alessandra De Lá Ó lhe deixava mais angustiada e arrasada do que já estava.
Por fim ela viu um carro branco surgir na estrada. Numa faixa amarela estava escrito o nome Táxi.
Deu graças a Deus por isso. Ficar ali estava lhe deixando muito angustiada.
— Dona Samantha?
O motorista do táxi disse.
— Sim. Sou eu. Vamos?
Ela parecia apressada.
— Quando a senhora quiser.
O motorista sorriu e abriu a porta do carro para ela entrar.
Samantha ainda ficou olhando para a mansão, quando o motorista fez a volta com o carro. Olhava pelo retrovisor, enquanto a propriedade se perdia em meio à mata fechada e aos belos coqueiros.
Seu coração estava pesado e sua alma parecia fragmentada.
Destruíra a vida daquela mulher!
Ariela estava em uma importante reunião de negócios, quando ouviu o celular tocar.
Não ia atender, mas quando se deu conta de quem se tratava, não lhe restou outra alternativa a não ser atender.
Levantou, pediu licença e deixou a sala onde acontecia a workshop.
— Sim, Alessandra?
— Como você ousa me desafiar, sua inútil?!
O grito foi tão grande que chegou a doer no ouvido da bela Ariela.
— Alessandra, você sabe muito bem que não consegue sobreviver sozinha nesta casa, não no estado em que você hoje se encontra.
— E quem é você para me dizer do que sou ou não capaz?!
— Sou a sua amiga!
— Não quero mais que aquela mulherzinha pise nesta casa!
— Por quê?
— Porque ela me incomoda profundamente!
— Mas...
Alessandra desligou o telefone na cara dela.
Samantha pagou ao taxista e desceu do carro, assim que o veículo parou diante do seu apartamento. Ele deu obrigado, ela deu um de nada e logo seguiu apressadamente para dentro do seu imóvel. A única coisa que lhe restara. Na entrada se deparou com o ex-noivo, Jonh.
— Jonh? — Perguntou juntando as sobrancelhas.
O homem bonito a fitou demoradamente.
— Oi, Samantha. Senti saudades.
Tentou tocá-la, mas ela logo recuou.
— Sentiu saudades? Depois de ter me largado dois meses após eu ter ido para a prisão? — Falava indignada.
— Meu amor...
— Não me chame de meu amor. Já não sou o seu amor há muito tempo. — Disse, muito magoada.
Jonh a fitou naqueles lindos olhos verdes safira.
— Perdoe-me, eu não quis te deixar de lado.
— Mas deixou. Agora se me der licença preciso entrar e organizar a minha vida.
— Você quer jantar comigo? — Tentou beijá-la, mas Sam o empurrou para o lado.
— Não, eu definitivamente não quero jantar com você.
— Amanhã voltarei, sinto sua falta.
— Eu prefiro que você não volte mais.
Dito isso ela entrou no apartamento e trancou a porta com a chave.
Jonh mal deixou o apartamento dela o celular dele tocou.
Era uma das amantes, que também era policial como ele.
— Oi, amor.
Ele disse de um jeito cafajeste.
— Onde você está?
— Já estou indo aí, Alana.
— Não demore, quero jantar e ch*par você por inteiro...
Disse ela, safada.
Alessandra estava tocando piano.
I’II Never Love Again – Lady Gaga.
Gostava daquele música. Por alguma razão ela lhe lembrava Marina.
Samantha respirou fundo!
Ainda não conseguia acreditar que estivera diante de Alessandra De Lá Ó. A vida era cruel e até sádica, quando queria. Era melhor não voltar àquela casa ou para perto daquela mulher. Isso era perigoso para si. Se um dia ela descobrisse que fora a responsável pelo acidente que ceifara a vida da esposa grávida dela estaria perdida.
Sam tirou os saltos e jogou a bolsa em cima do seu sofá.
Droga!
Foi até a cozinha tomar um copo com água.
Bebeu uns dois copos, pois sentia a garganta seca.
Pensou em Jonh.
Como ele tinha tido a cara de pau de vir até o seu apartamento depois do que lhe fizera?
Ainda se recordava das duras palavras dele ao término do relacionamento de ambos.
Samantha suspirou.
Precisava de tomar um banho e fazer o jantar.
Já passava das seis da tarde.
Pensou em Alessandra... naqueles olhos negros... arrogantes, selvagens.
Na segunda-feira voltaria!
Não sabia o porquê, mas precisava ficar perto daquela mulher...
Fim do capítulo
Minhas queridas leitoras, de antemão, já começo vos pedindo perdão ora pela demora para com a atualização da história ora por, dispêndio de tempo, não ter respondido vossos comentários, mas em breve responderei a todas, pois amo seus feedbacks. Meninas, estou com muito trabalho, quem me acompanha no Facebook, viu um pouco de minha rotina, que agora não está fácil. Eu amo escrever e queria muito viver somente da escrita, mas a gente bem sabe que essa realidade é um tanto quanto distante.
PS: Para quem ainda não leu ou deseja reler:
Uma Linda Mulher segue o link: https://www.amazon.com.br/dp/B08XPCL3HV
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O Refúgio segue o link: https://www.amazon.com.br/Ref%C3%BAgio-Thaa-Caldarelli-ebook/dp/B08YXYCWPQ/ref=mp_s_a_1_2?dchild=1&qid=1616336579&refinements=p_27%3AThaa++Di+Caldarelli&s=digital-text&sr=1-2&text=Thaa++Di+Caldarelli
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A Dona, A Indomada, Os Herdeiros Del Monte, Pérola Negra, Amor Acima da Lei, Pecado de Mulher e as inéditas Dois Mundos e Infinitamente serão lançados daqui para o fim do ano na Amazon. <3
Um grande abraço e um ótimo domingo a todas!
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Anny Grazielly
Em: 22/05/2021
Genteeeee... sua escrita eh perfeita... amo todas as histórias...
cara... acho que a pessoa que vai fazer Ale voltar a enxergar será nossa Sam... tenho certeza que logo logo essa luta de braço... pernas... e tudo mais... vai se transformar em uma linda história de amor e grandes superações...
Espero que quando a verdade vier a tona, não traga grandes sofrimentos... apesar de ser necessário para que o passado realmente fique no passado... e ja vejo que a tia dela vai fszer isso ... como forma de acabar qualquer possibilidade de revivencia de Ale...
HyaleLisboa
Em: 14/04/2021
Voltaaaaa a escrever pfvvvv
Resposta do autor:
Oie! :)
Volto hoje, desculpe a demora.
Beijo!
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Thaa sua linda! Que bom que esteve aqui por esses dias.
Acredito que o amor vai pairar sobre elas, mas antes disso teremos muitas lágrimas.
Bjs
Resposta do autor:
Darque, meu bem. :)
A tempestade antes do sol...a luz cortando a escuridão, rsrs.
Beijão!
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Val Maria
Em: 24/03/2021
Ola Thaa!
Que enredo perfeito!!!!!
San e Ale irão passar por muitos perrengues ate descobrirem quem esta por trás de todo esse maranhado de maldades.
Ainda não tive o prazer de ler essas duas historias, Amor Acima da Lei, Pecado de Mulher, mas espero um dia ler.
As inéditas você vai primeiro postar aqui no lattera ou vai postar direto na Amazon?
Um Beijão autora, pois eu estava muito ansiosa para que você voltasse, e graças a Deus vc veio com esse capitulo maravilhoso.
Amo demais o teu trabalho,pois é uma autora admiravel.
Resposta do autor:
Val, meu bem, depois de uns dias, hoje estarei de volta.
Acredito que tanto a Sam quanto a Ale terão uma longa caminhada pela frente.
Em breve teremos 5odas as histórias na Amazon, Val.
Voltei, igual @/
Rsrs
Beijão!
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Mille
Em: 22/03/2021
Oi querida Thaa
Sam está numa sinuca onde se ficar e Ale descobrir que ela foi a causadora de tanto sofrimento. E uma força a fazendo aceitar a ficar lá.
Esse Jonh é um cheio de si, abandona e depois vem correndo como esse fosse a última coca cola.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oi, querida, Mille. :)
A Sam tem uma longa caminhada pela frente. oque mais pesa nela é ver também a dor da Alessandra, e o quanto ela perdeu com a morte de esposa grávida.
Jonh acho que perdeu a chance dele rsrs
Beijão!
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Marta Andrade dos Santos
Em: 21/03/2021
Nossa Samantha respira fundo e cai pra dentro.
Resposta do autor:
Oi Marta. :)
Kkkk a Samantha precisa respirar bem fundo.
Beijo!
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